quarta-feira, 16 de setembro de 2020

20) O Drama no Hospital

 20) O Drama no Hospital  

Meus amigos que me acompanham nesse blog,

Embora o título seja Drama, e devo assim chama-lo por se tratar de um período de 22 dias em que estive hospitalizado no Hospital Mãe de Deus em POA, na minha visão “otimista de viver”, relato um dado momento que apesar de todas dores de um multi-fraturado, conseguimos rir muito após o desfecho!


O Drama no Hospital !                                                                           

Se investigarmos cuidadosamente nossa vida, veremos que até em momentos de drama e dificuldade, se acham lances engraçados, senão tragicômicos. Tive um acidente sério dia doze de setembro de 1999. Estava fazendo um salto de demonstração de pára-quedas antes de um Grenal no estádio Olímpico. Cometi alguns erros, nem tão graves, mas em grande quantidade e tive que posar fora do Estádio. Para com três companheiros de salto, foi um enorme vexame. Não dá para dizer “pousei”, bati e bati forte. Resultado geral dá para afirmar que foi de muita sorte: - 1) Fratura cominutiva do fêmur direito [partido em dezoito peças]. 2) Fratura exposta do fêmur esquerdo. 3) Fratura exposta do calcanhar direito. 4) Amassamento de duas vértebras. Pouca coisa se comparada a acidentes de PQD de outros colegas que não viveram para contar, com óbito!

Durante a hospitalização, minha rotina de internado, havia um momento crítico, o pós-banho, de onde  voltava a cama em uma cadeira adaptada para aquele fim. Esse era o ponto crítico. Ser recolocado na cama. Necessário três pessoas habilitadas: Um Enfermeiro Técnico a levantar o tronco e outros dois um para cada perna quebrada. Essas não podiam ter a menor oscilação em nenhum ângulo. Levantar reto e ajustar na cama sem movimentos paralelos, senão as dores eram terrível. No calcanhar tinham dois fixadores de ação externos de aspecto horroroso. Espetos de aço que trespassavam o pé que se assemelhava aquelas antigas antenas de TV. Visão angustiante, mais feio e desconfortável do que propriamente dolorido, entretanto, intocável.numa manhã a Equipe que me banhava - isso mesmo uma equipeatrasou e eu ansioso, exigi voltar logo para cama. Com isso a Uke - minha parceira da época - pressionou a Irmã Iris, uma enfermeira bem das antigas responsável naquele turno a me coloca na cama.

Ela se prontificou a cuidar justamente da perna com aquela “grade” de aço. Freira de uns setenta e muitos anos, português misturado com alemão, sotaque de padre mesmo. Pobre senhora cuidava somente de atividades administrativas no hospital, ha muito longe do operacional, foi se meter... Mesmo com a chegada da auxiliar de enfermagem encarregada que faltava, ela não se deu por vencida:

- Tô costumata a facê totos us tia, uma veiz!

Sinceramente, me caguei de medo e não deu outra: - No momento que a desgraçada colocou minha perna na cama, perdeu o equilíbrio e caiu com tudo em cima dessa perna, aquela perna da fratura cominutiva e do pé com todas aquelas hastes externas de aço cravadas. 

ÃÃÃAÃÃEEEEEE!!! 


Dei um urro de leão para todo o andar ouvir! Ela arregalou os olhos e prontamente se justificou:

- Não foi nata. Eu xá fi coissa pem pior nessa hóspital!

O Hospital inteiro ficou sabendo da "coisa bem pior"! De gozação,  após o evento enfermeiros cobravam a Uke, por que não fez aquilo que seu olhar dizia? Olhar de ódio extremo. Vontadea esganar e jogá-la pela janela do oitavo andar. Foi acalmada, mas ainda vociferou:

- Não me bota mais os pés nesse quarto, senão eu te mato!

Agora rimos muito daquele momento especial, mas como tudo: Passou! Hoje caminho muito bem graças a Deus e ao grande período - quase dois anos - de intensa fisioterapia e exercício muito puxado.

Tudo resultado de um esporte espetacular que pratiquei com entusiasmo enlouquecido tamanha a paixão que desperta aqueles que o praticam. Estou falando em voar livre ao vento. Isso é pára-quedismo. Foi pouco mais de meia década em que tive nos céus de muitos lugares, com trezentos e tantos saltos. Período de grandes euforias com muita adrenalina, que mesmo eu aos cinquenta anos, sentia rejuvenescido a cada fração de segundo de vento forte na cara - recusava uso de  capacete - emoção indescritível, quase violenta. Recomendo!!!

 

7 comentários:

  1. Nossa que aventura, vc nasceu de novo! Nem dá para imaginar a dor alucinante que vc sentiu. Essa vc não esquecerá jamais!

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  2. Uma aventura,que se tornou muito dolorosa!Mas o importante, que tu escapou,do pior! Abraço

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  3. Estou no aguardo do livro um sonho de um Pára-quedista !

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    1. Na verdade esse livro está pronto há mais de dez anos. Creio que o que está faltando é "coragem do Autor" para colocá-lo em edição!...

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  4. As dores também integram e emolduram as belas experiências e lembranças de nossa existência.
    Fiquei com pena da freira....

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  5. Pobre da freira! Mas fiquei mesmo com pena foi de ti! 💪🏻💪🏻🥰

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