terça-feira, 27 de outubro de 2020

26) Saia Curta.

26) Meus amigos leitores,


Dentro do plano inicial desse blob, me propus colocar acontecimentos em que vivi de verdade e de "forma ridícula". Tratam-se portanto, de histórias verdadeiras vividas e não apenas estórias... As que me contaram (essas eu não garanto serem verdadeiras!) como o da Estação, por exemplo, embora aquela, alguns ex "Ferrinhos" (*) me ligaram para afirmar que a história - em seu núcleo - é verdadeira!

Essa de hoje, posso afirmar com todas as letras, foi minha maior gafe desses "últimos 71 anos"! Um horror... A cábula tomou um tamanho, que pensei mais de uma vez se devia publicá-la. Como a origem de tudo, vem do meu "quase livro" intitulado "Contos de um RIdículo" A primeira sílaba "RI" é em maiúsculo mesmo, porque depois de tudo passado, me dou o direito de rir de mim mesmo, então vou em frente!

(*) Carinhoso apelido daqueles que trabalharam ou trabalham nas ferrovias...

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26) Saia Curta.

A situação de “saia curta” é aquela que a gente se mete numa enrascada, que mais parece um brete. Por mais que se procure não tem saída, sente-se uma imensa inveja da tartaruga, que em apuros simplesmente se recolhe para dentro da casca ou a avestruz que enterra a cabeça da areia, deixando o resto de fora. É, o “resto” fica de fora. Já me senti assim. O interessante, é que lá se vão mais de meio Século e toda a vez que me recordo, ainda fico um pouco corado, da vergonha que senti.


Vamos ao fato; - Todos os dias, enquanto morei com meus Pais em Jaguari, fui durante o intervalo do almoço ao Correio (EBCT) buscar a correspondência e o jornal Correio do Povo na caixa postal 56, que o Papito assinava. Ele exigia que ao acordá-lo da sesta, ter o seu jornal disponível.

Em 1966 eu voltava dessa missão, pela Rua Sete de Setembro, totalmente vazia, momento em que todo mundo sesteava, especialmente no verão, e encontrei com um jovem conhecido – minha idade – morador da cidade vizinha de Santiago, de férias em Jaguari. Contei a ele, num misto de pesar e orgulho, que ao me alistar, fora designado a servir ao Exército em Santiago, sua terra e onde como Soldado, ficaria por um ano numa “posição social” em que as gurias desprezavam, no que ele concordou de imediato:



- É. "Elas", definitivamente não gostam de “milico”! Ser apenas soldado é brabo, as gurias não olham nem de longe. Sentem nojo. Acham que são todos bagaceiros, ignorantes, gente grossa do interior. Andam sempre em grupos fazendo algazarra, gargalhadas e gritaria nas ruas... Parece que não têm vergonha de nada! Tu tens é que ter amigos que sejam pelo menos Sargentos e solteiros para sair, aí as gurias te "dão bola"...

- Mesmo?! Que bom saber. Coincidentemente tenho três amigos Sargentos, dois são solteiros. Todos foram no ano passado para o Exército e já são Sargentos!

- Te aproxima dos solteiros e vais te dar bem! Elas adoram Sargentos!

- É? Farei isso. Tenho pena do que se casou. Coitado, é um arigó! Nunca teve namorada, não ia a baile, cinema, nada. Foi servir, conheceu uma que lhe esfregou a perereca na cara, comeu e em meio ano se casou. Inexperiente! Dizem que em Santiago ela DAVA para todo mundo. Agora é uma senhora, imagina, uma baita galinha!

Afirmei com todas as letras e convicção, próprio de um adolescente pleno de conhecimento, malandro e que tudo sabe, dono da verdade!

- Hehehehehe... Nossa, quem é ele? Me diz quem é, talvez eu conheça o otário! Vou pros amigos e me divertir muito com essa...

Perguntou curioso, os olhos brilhando e sorriso maroto estampado, ávidos de uma revelação que daria uma bela fofoca! Disse-lhe o nome completo!

- É o Sargento “Tal”!

- Ah sim! Conheço!

- Verdade?

- Sim. É casado com minha irmã!

Silêncio sepulcral! Não tinha competência para puxar assunto novo. Pensei que se eu tossisse um pouco, disfarçaria. Tossi bastante, mas não ajudou. Talvez acender um cigarro, não pois eu já estava fumando. Assoviar, não deu pois os lábios estavam petrificados. Ainda faltavam dois quarteirões para a minha casa. Os dois quarteirões mais longos e demorados da minha vida. Era uma saia curta desgraçada, salto alto, espinho de peixe na garganta, dor no pé! 

Caminhava desajeitado. Vontade de sumir do mapa. Nenhuma palavra mais, nunca mais. Também jamais voltei a vê-lo, felizmente. Se isso acontecer hoje, fujo, desapareço da frente dele...

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

25) Humor Negro.

 

25) Meus amigos que me prestigiam com suas leituras,

A cada crônica, eu sinto um certo compromisso de justificar minha postura, especialmente quando a julgo inadequada, no entanto em se tratar de um conto de algo que verdadeiramente já aconteceu, não cabe mais se desculpar, não tenho mais o "alvo" da ocorrência para minhas, ainda que sinceras escusas.

Nessa crônica de hoje que leva esse título merecidamente, não tenho "culpa em cartório" e se tiver, o único é de ter levado comigo dois elementos, ou melhor, dois amigos que fizeram toda a fuzarca de que tanto me envergonho. Não fossem esses dois amigos que mantive por toda minha vida [o Gordo já nos deixou em agosto de 2018] de valor tão alto, talvez já os tivesse esquecido e no embalo dos esquecimentos os teria abandonado também. Nada disso. São autênticos "Amigos para Sempre", sem ser piegas, mas amigos valorosos que jamais serão esquecidos, Graças a Deus!


25) Humor Negro.

Enquanto morei com meus pais em Jaguari sempre tive, como meus irmãos, responsabilidade de trabalho. Meu velho, além de sócio de um curtume e fábrica de calçados, era Distribuidor Autorizado da Cia. de Fumos Santa Cruz para Jaguari e Santiago. Minha primeira atividade profissional, foi a de fazer tamancos e foi desse trabalho que comprei orgulhosamente minha primeira bicicleta! Outra de minhas tarefas - só quando obtive minha carteira de motorista - era o de “fazer a praça” todas semanas, que consistia em visitar todos os botecos, restaurantes, clubes e cigarrarias da Cidade vendendo cigarros à pronta entrega. Antes de ter o Direito de Dirigir, fazia-o na companhia de meu irmão mais velho ou do meu próprio pai. Para isso usávamos um caminhãozinho Opel ano 1951 de cor verde, mais adiante uma Ford F1 carroceria tipo bau - apelidada de Tufuma - que eu babava de prazer em dirigir.

Então, quando Maior de Idade sempre me fiz acompanhar de um ou dois amigos, para que o trabalho se misturasse com divertimento, e era. Nesse dia estava comigo o Gordo, que assim o chamávamos pela sua forma arredondada e o Kolvinko. Todos com uns dezoito anos de idade. Na saída da Cidade  de Santiago tinha um boteco de um senhor que tivera um mal na garganta, lhe tirando o som da fala. Respirava por um terrível cano na garganta e por ali emitia alguns sopros que pela força do hábito, eu até entendia como se houvesse o precioso som de sua voz. Algo tétrico.

Sempre que o atendi, saía de lá deprimido. Neste dia antes de entrar na loja, adverti aos amigos da situação, para que eles não se surpreendessem e nem fizessem qualquer tipo de manifestação. Evitem olhar, que é melhor! Após os cumprimentos de praxe, perguntei se precisava de alguns de nossos cigarros ao que ele prontamente respondeu com sons que se confundiam com silvos ou discretos assovios, tipo um:

- Pfih, pfih, pfih..

Era apenas algum deslocamento de ar naquele caninho de seu pescoço, acostumado entendi. Olhei para os "meus ajudantes" e falei em alto em bom tom:

- Três pacotes de Tufuma, dois de Paquetá e um BR!

Os dois indignados com minha tradução simultânea, se entreolharam e voaram porta a fora do bolicho lá para
o meio da rua e explodir em ruidosa gargalhada. Eu ouvia suas risadas. Tive que segurar firme, sério obviamente. Fiquei puto da cara com os dois que choravam de tanto rir. Descarreguei os cigarros sozinho, porque nenhum daqueles moleques de merda tiveram coragem de voltar lá dentro. 
Passados muitos anos, todos maduros, sentimos remorso pelo ocorrido, mas toda vez que se lembra daquele som, discretamente rimos, mas nos repreendemos mutuamente. 

Com a Graça do Criador, é que esse senhor, viveu ainda por mais de trinta anos!!!

 

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

24) O Grandalhão de Gramado

Meus amigos Leitores, em especial aos ligados ao Karatê que praticamos, devem estar lembrado desse Encontro em Gramado-RS, cujo momento de arte, foi reservado para revelações das ocorrências no período. Esforcei-me para não fugir aos fatos durante o conto, principalmente porque aconteceu algo que aqui relato, de uma simplicidade absurda, mas que por muitos foi visto como algo especial, daí virar crônica e embora passados 26 anos permanece memorável!

24) O Grandalhão de Gramado   



Foi no outono de 1994 que eu e Norbi participamos do Gasshuku Internacional no Recanto da Juventude, defronte ao Lago Negro em Gramado. Trata-se de Encontro Anual feito com a presença do nosso Mestre vindo do Japão, para desenvolvimento de Artes Marciais e Meta Filosofia Zen. O Mestre MTS, Monge Budista, Faixa Preta Oitavo Dan de Karatê-Do estilo Wadô, faz destes encontros um autêntico retiro para desenvolvimento Técnico do Karatê, Intelectual e Espiritual. Preciosas palestras  com o silêncio dos participantes, como marca definitiva, importante e obrigatória a todos. Com muita concentração fala-se estritamente o necessário e indispensável. Ouve-se e se apreende  os Ensinamentos Preciosos!

Grupo de oitenta e poucos atletas, tudo que é idade, ambos os sexos, na mais absoluta concentração, vindos de todo Brasil e com participantes também do Equador e Chile. Alvorada às 05:00hs e recolhimento às 22:00hs. Dorme-se cedo sim, mas geralmente exaustos pela atividade do dia todo.

Num início de noite, atividades formais encerradas, um pouco de descontração “longe do Mestre”, um jovem eufórico me chamou:

- Seu Fausto venha ver uma “coisa” no banheiro.

Fui. Correria e aglomeração: - Lá estava para minha surpresa um pequeno grupo à porta de um box do vaso sanitário. Tinha um familiar “depósito” nesse vaso que pelo seu tamanho descomunal, debruçado ou colado na parte profunda do vaso chamava atenção de todos. Era um enorme Cagalhão. Coloração 
escura digno de espanto. Tão grande que aos poucos mobilizou a pacata turma masculina a assisti-lo.


Até chegar um Estraga Prazeres que acionou a descarga na intenção de expulsá-lo, no entanto para alegria de todos, o Monstro não foi embora, na verdade nem se mexeu, reto sem nenhuma curva parecia rir de todos nós. Tive a impressão que ele debochava balançando os ombros, numa atitude nítida de desdém aos que queriam expulsá-lo de tão nobre impostação... É, ele fazia "pose"!

Ombros sim, o Respeitável Dejeto à medida que o tempo passava e a multidão que se acotovelava ao redor do WC para vê-lo, dava-lhe personalidade jurídica e sem exagero, respeito de todos. Um de seus admiradores, talvez até fã, buscava numa narrativa chula, um nome adequado ao Indivíduo.

Outros queriam homenagear o seu pai – no caso estávamos numa divisão exclusiva para homens – logo não tinha mãe. Um Fenômeno daqueles, compadecia a todos nós a quem lhe tinha dado à luz. Sem dúvida, lágrimas foram derramadas, por mais elástico que fosse o seu provedor, era realmente uma Obra de Arte de volume extraordinário. Um dos colegas que ao ser chamado a conhecê-lo, distraidamente passou direto pelo WC fatídico, indo para o WC seguinte, mas sem antes num rápido lance de olhar ao avistá-lo, inadvertidamente o cumprimentou com um respeitoso:

- Boa noite senhor!

Foram muitos minutos de contemplação, ovação, admiração e aplausos generalizados. Alertado pelo tumulto reinante chegou alarmado o dono da pousada com um porrete num gesto de tirano, preconceituoso, ditatorial, antidemocrático, alavancou o Trôço até que ele rolou lento e abatido aos confins do vaso sanitário. Olhar triste se deixou levar finalmente pela descarga ao seu destino final, como tantos outros – bem menores é verdade - que por lá se foram.

Foi-se para sempre o Enorme Cocô, que com seu carisma e o aplauso de todos os que o admiravam!  O curioso "nesses casos" é o preocupante anonimato da autoria, mas que concordo ser um pouco complicado, em especial a um homem, afirmar que teve a capacidade de através de suas intimidades, expelir tão volumoso corpo fecal, na verdade o volumoso que a todos nós chocou, foi do seu diâmetro e a exigência do referido "corpo" de pedir passagem, embora feito e gerado no interior daquele que podemos chamar de vítima! Creio firmemente que aquele Cocô, por sua expressão física, tinha até futuro político!

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

23) Gazelas na África

Meus amigos,

Na minha infância, adolescência e mesmo na fase adulta e por muitos anos, com o propósito de xingar algum amigo (?), chamávamos de viado! (*) "Ofensa" que era respondida com mil impropérios! Quanto mais antiga a época, maior era considerado o insulto, dando inclusive motivo suficiente para sair no tapa, socos e pontapés!

O mundo foi mudando e as comunidades gays dentro de seus Direitos foram defendendo a decisão como legítima e honrada através de passeatas, publicidades divulgando "quem era", especialmente alguns famosos e encantadores de mulheres e assim por diante, até nos acostumarmos com a ideia e aderir aqueles que julgam ser uma postura normal e simplesmente aceitá-la. Ponto final. 

Mais "modernamente", até criminalizaram a qualquer  manifestação jocosa dessa opção sexual: Homo fóbico. O nome até ficou elegante!

Durante a época crítica da crônica a seguir, eu sinceramente ficava muito incomodado se alguém me visse como homossexual, principalmente não sendo, né!

Vamos ao conto, sem absolutamente nenhum preconceito aqueles que... Sei que vocês entenderam! Mais, reconheço do risco que corro tão logo publique essa crônica, de "alguns sobrinhos" (HBJ, ASD + NCD) estarão forçando alguma "confissão libidinosa de tendências afrescalhativas"! Nada disso. Sabem que sou macho e não me encham o sapato...


(*) Está escrito corretamente sim. A pecha do "fresco" sendo chamado de "viado", não é nenhuma homenagem ao animalzinho semelhante ao cervo, que se denomina Veado e sim a uma música de Carnaval dos anos sessenta que insinuava que a "bicha", era um "transviado"! Adotado portanto o sufixo "viado" àqueles que "deram asas ao vilipêndio sexual entre masculinos"...



23) Gazelas na África.


Anabol, um amigo que fiz no paraquedismo, jovem com a metade da minha idade, muito alegre e divertido. Acompanhou-me à Flórida em novembro de 1997, para um Curso Prático de Aperfeiçoamento de Voo em  “Queda-livre” no Paraquedismo. 
Completamos treinamento feito em perfeita harmonia com extremo desafio. Tudo nesse esporte é radical. Entretanto quase no final, um grave incidente em sua Família fez com que antecipasse seu retorno ao Brasil em dois dias. Entendi que tínhamos composto uma parceria para aquela viagem e  antecipei meu retorno, acompanhando-o e encerrando tão vibrante programa. Isso, lhe impôs – em seu exclusivo juízo - um débito comigo pela abrupta interrupção ainda que no final, a um intenso, caríssimo e sensacional programa!

Passado quase dois anos, agosto de 1999, Anabol alegou que eu tinha perdido boa parte daquele programa de PQD e me presenteou com um "baita" pacote turístico em viagem à cinco regiões da África do Sul! 

Lá fomos nós. Agora cabe um relato - mote dessa crônica - que inicialmente curioso, mas real é de que hoje em dia há uma enorme a  frequência de “casais alternativos”, gays que viajam pelo mundo afora e chamam atenção, pela quantidade e pelas divertidas frescuras partilhadas, o que definitivamente não era nosso caso!

Em muitos momentos nos sentimos constrangidos pelos olhares que nos dirigiam, afinal, no Século Passado “esse tipo de dupla”, não era ainda tão comum. 

Um ponto importante da viagem foi a visita ao National Kruger Park a fazermos o tão cobiçado Safari Fotográfico. Fotográfico sim, não se atira em nenhum animal, por razões óbvias! Graças a identificação transmitida da dupla que compúnhamos pela agência de turismo, propiciou um “mal entendido”, gerando um mau começo! Na chegada a um rústico aeroporto em meio Savana, eu ainda com meu inglês meio turvo na mente, cometi a primeira gafe ao responder rapidamente ao guia que foi nos buscar quando ele, inferindo se tratar de casal, pergunta:

- Where is she?

Imaginando certamente que minha esposa estivesse por perto. Sem me dar conta, que “she” significa “ela” e não “he” que significaria “ele”, apontei imediatamente para o Anabol que se aproximava de nós já com sua bagagem de mão.

- Here is!

Senti o choque que o profissional levou, quando me dei conta que havia perguntado por “ela”, já era tarde... Ao perceber minha mancada, encabulei. Envaretado, meu vocabulário americano me traiu e não soube como reverter imediatamente o equívoco... Também nem disse ao Anabol  da minha comprometedora gafe.

A situação se agrava ao ocuparmos a cabana, com seu golpe fatal: Cama de casal! Pior: Havia carta de boas vindas para cada um de nós. Meu nome constava “senhora Diefenbach”... Aí não aguentei:

Com a voz mais grossa que pude, ordenei ao funcionário do hotel, fazendo cara de muito brabo, ofendido:

- Separa a cama, não somos “gays”!!!

- 

Yes of course!


Imediatamente atendido. No “louge”, padrão cinco estrelas não havia nenhum outro hóspede. Uns trinta funcionários que compunham a estrutura do excelente hotel, estavam exclusivos a nós, talvez em função da baixa temporada! Uma área verde espetacular contrastava em meio ao bege queimado das Savanas. Onde íamos sempre alguém a nos cuidar e servir na bandeja com lenços humedecidos e água para refrescar. O calor era forte e seco! Era até chato, não ficávamos à vontade nunca! Toda vez que percebíamos estarmos sendo vigiados. Já com medo de preconceitos sexuais, falávamos com a voz grossa, rouca. Frequentemente uma escandalosa coçada no saco e uma escarrada vigorosa no chão para ficar muito clara a masculinidade e grossura da dupla! Vai que lá na África, fundão de savana, desconfiem de alguma “viadice” da gente! Nem pensar. Seria essa postura uma discriminação sexual? Certamente sim, inconscientemente, mas sim. Medo de ser confundido com gay em primeiro momento procura-se  demonstrar claramente o "eu não sou, eu não sou"...

Num momento, o merda do Anabol inventa uma brincadeira chata: Vendo-me distraído, pisava no meu calcanhar descalçando o tênis. Repetida a idiotice, incomodado e cheio de razão rancei:

- Para com essa brincadeira idiota, seu bosta!

Isso só o estimulou! Ameacei-o. Só ria e repetia. Após um lauto e sofisticado jantar ao ar livre, fogo de chão e à luz de tochas, encerramos a noite e nos dirigimos a cabana para repousar. Dia seguinte madrugaríamos para nova sequência de Safari.  

Curioso silêncio de todos do restaurante a nos observar é claro, o procedimento protocolar combinado:  - Uma tossida com escarrada, caminhar de pernas abertas, tipo Klint Estwood ou John Wayne, bem macho. Num último momento da curta caminhada, o sacana repete a brincadeira do tênis. Perdi a paciência e lhe dei um soco forte – para machucar mesmo – ele se esquiva, quase vou ao chão desequilibrado e ele solta um fino e sonoro:

- Húúúúúúúiii!

Pula um arbusto rindo! Furioso, tentei um segundo golpe, ele esquiva novamente pulando mais arbustos dando mais gritinhos... Fiquei cada vez mais brabo aumentando o escândalo e a correria... Fim da brincadeira!

Vexame! Que encerramento de dia mais imbecil. Completamente destruída uma imagem tão bem elaborada de "Macho Raiz"! Os que assistiam se divertiram muito com aquele show! Lacônico! Que merda!