quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

39). Caminhar abraçado à namorada!

Meus estimados Leitores,

Entendo que não é adequado falar de intimidades que tivemos no passado com nossas namoradas, no entanto eu tenho uma passagem vivida há bastante tempo, que não fere os princípios de relação com a chamada “administração atual” e que possa provocar ciúmes ou qualquer outro tipo de sentimento. Então vamos revelando mais uma experiência minha – não é de terceiros – cuja “situação ridícula”, segue a linha das minhas crônicas:

 


Como contei na crônica de n.15, o “Como é Bom Mijar”, tive uma namorada em Porto Alegre, lá pelo início da década de setenta, cuja intimidade era extremamente restrita, policiada, severamente vigiada e eu não ultrapassava um centímetro das regras estabelecidas. Para mim, andar na rua de mãos dadas com ela era tão romântico e lindo que nada mais me fazia tão feliz! No escurinho do cinema, a história era completamente outra, se é que me entendem...

Havia uma “regra não escrita” afirmando que desfilar abraçado era Direito reservado a quem fosse noivo! Essa regra me perseguiu por muitos romances vividos! O curioso é que até hoje não consigo entender como acontecia, de amigos meus que eram apenas namorados – muitos deles nem frequentavam a casa, que é outro status no namoro – e subitamente a ingênua namoradinha, que só andava de mãos dadas com o namorado, estava esperando nenê! Difícil entender, (eu ainda sou muito bobinho!) mas isso é uma tese que podemos discutir mais adiante, com calma!

Voltando aquele meu primeiro namoro na Capital: - Como dá para imaginar, nosso programa predileto era cinema, o que ocorria no mínimo uma vez a cada final de semana. Época de grandes produções cinematográficas... É. Estou fugindo um pouco do assunto da crônica porque tenho um pouco de cábula de contar! Coragem, vamos lá:

Num sábado a cumprir o protocolo de um bom programa, decidimos ir ao cinema. Ela morava na Zona Norte da Capital e havia um cinema na região, que exigia uns quatro quarteirões de caminhada e depois um pegava um “humilhante”, merecido codinome dos ônibus urbanos da época.

Nessa noite extremamente agradável, ela me propõe irmos caminhando o restante do trecho, que era esticar o percurso pela Avenida Assis Brasil por mais uns oito quarteirões, nada demais, estávamos com tempo. Topei, ela deu um sorrisão feliz e me abraçou! Com aquele espontâneo abraço, minha mente, ou talvez na alma – sei lá – fazia eu escutar Vivaldi executando ao som de muitos violinos, As Quatro Estações! Sinceramente, Eu queria que aqueles oitocentos metros se convertessem em oitocentos quilômetros!

Nesse entardecer, quase noite, havia encerrado um importante jogo de futebol envolvendo


Grêmio ou Internacional, não lembro. Os ônibus que já rodavam sempre lotados, daí o merecido codinome de "humilhante", estavam absurdamente lotados. Rodavam sem chance de sequer fechar as portas. Multidão prensada, mas com grande alegria interna pelo resultado do futebol que haviam assistido. Gritaria, mãos para fora fazendo da pobre lataria dos ônibus seus tambores. Engarrafamento na avenida, fazia um “anda e para” constante.

Um desses ônibus rodando na mesma direção em que caminhávamos e dado sua baixa velocidade, emparelhou conosco. Um dos torcedores delirantes, talvez cheio de cachaça nos cornos, vendo o casal de pombinhos a caminhar lento e vigorosamente abraçados, tira pela janela mais de metade de seu corpo para fora e grita:

- Magrão, magrão, ho magrão!

Inicialmente não achei que a chamada fosse para mim, afinal eu tinha 1,81 metros de altura e pesava uns 63 kg mas não demorei muito para me dar conta que o título em questão me caia com justiça. Com o corpo calorosamente me esmagando contra o da namorada, aliviei um pouco e olhei o cara concedendo um sorrisinho amarelo, apenas para ser gentil, afinal eu estava flutuando de felicidade, nada me incomodaria e o cara dispara em alto e bom tom:


- Aperta que ela se peida!!!

Puta que pariu! Inconscientemente suspendi o abraço na velocidade da luz e passei a segura-la somente pela mão com olhar fixo no horizonte. Sério. Mudo. Furioso. Sei que odiar é pecado, mas... Ela fez o mesmo. Não conversamos nem nos olhamos mais no resto do percurso, tamanha a cábula e creio que até a metade do filme permanecíamos meio sem assunto... Depois, tudo voltou à normalidade!

Nunca tratamos sobre o incidente! Achei, e hoje tenho convicção que acertei, de que a diplomacia da melhor vertente me aconselhava silêncio definitivo sobre o assunto. Não contem para ninguém!

6 comentários:

  1. Eram outros tempos.Tudo era muito acatado.

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  2. Bahhh !!! rachei de rir... também pudera, quando ainda menino nesse mesmo período, tínhamos outra postura por conta das poucas informações, mas mesmo assim, valeu !!! Hoje em dia tudo está ao nosso parco alcance, na palma das mãos, tudo muito fácil e sem o gostinho da CONQUISTA... preocupo-me com a geração de meus filhos gerados nos anos 90 e netos recentes. O que terão para contar no futuro?

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  3. Kkķkkk naquela época qualquer coisa deixava a gente morto de vergonha. Muito bom como tudo que vc escreve.

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