40) A Arnica dá um excelente chá!
Meus queridos Leitores,
Os tempos mudaram demais. 2020 uma pandemia que não se tem a menor ideia de quanto tempo ainda vai durar se é que em algum dia acabará. Tudo indica que veio para ficar e cabe a nós a adaptação, felizmente essa é a forte característica do Ser Humano, só que dessa vez, “abusaram” demais da nossa postura diante ao Novo Normal! Não há o que fazer, senão deixar que a Ciência e a Medicina nos ajudem a sobreviver diante de tamanha ameaça.
Aqui, falarei da saudade dos tempos que passaram, das reuniões e alegres aglomerações sem nenhum constrangimento, sem máscara, sem medo.
Lembro de alguns eventos que me fizeram tanto bem no passado e que agora reservo-os no meu cantinho de saudades. São as caçadas de perdiz e pescarias, mas que nunca pesquei nada.... Pescaria, as poucas vezes que fui, foi unicamente para curtir a parceria. Observar a Natureza em lugar ermo que na noite fica coberto num magnífico céu estrelado [na cidade a gente não percebe as estrelas] e me divertir com fogo de chão sob uma trempe de ferro, panela de ferro, chimarrão, chaleira de ferro, café na cambona, barraca, lampião à querosene, mosquitos ao entardecer, uma garrafa de canha para arder a garganta (só no primeiro gole), silêncio interrompido pelo crepitar da lenha queimando e ouvir, especialmente dos mais velhos e jogar de conversa fora!
Vamos ao fato:
A Arnica dá um excelente chá!
Pescaria, me é muito claro, nunca foi da minha preferência, como já escrevi acima. Em meus primeiros vinte anos de vida, enquanto morei em Jaguari, gostava muito de acompanhar meu Velho nas caçadas. Ele, meu pai, “seu Waldemar” também tinha essa preferência, ao contrário dos meus três irmãos que gostavam e gostam de pesca.
Meu mano Percy Flávio – o Maninho - veio morar em Porto Alegre uns quatorze anos antes de mim e em parceria do tio Theo inventavam pescarias a lugares não muito distantes de Porto Alegre. Algumas destas pescarias fui convidado e aceitei a que agora narrarei. Aceitava principalmente pela fuzarca que acontecia ao redor do fogo durante o jantar e o farto consumo de vinho ou assemelhado... Amanhecia sempre de ressaca e a pesca em si, referindo à captura de peixes, para mim não tinha a menor relevância!
Conto desta vez em que meu mano programou pesca num açude bem próximo à rodovia BR 290, há uns 60 km da capital, no sentido Porto Alegre Uruguaiana. Nessa, meu mano levou seu Primeiro Filho, Norbi, com uns quatro anos de idade mais o tio Theo e eu convidei meu colega de apartamento e faculdade, o Fernando Z. Lá fomos nós.
A
primeira bronca - sempre são muitas para o ajuste fino da parceria - é quem dividiria a barraca com tio Theo.
Ele roncava mais do que "locomotiva no cio"! O resultado foi condenar o “roncador”
a dormir dentro de um dos carros, estrategicamente estacionado à uma distância
segura do som vigoroso de seu ronco.
Fomos em dois carros, ou melhor, dois fuscas. À margem desse açude havia uma única árvore, que nos cederia um pouco de sombra e lugar onde colorar “as coisas” necessárias para nosso acampamento. Descarregadas as tralhas, fui manobrar meu fusca para dar mais espaços à nossa movimentação no acampamento. Dando uma ré, ouvi um grito alucinante, desesperado do tio Theo:
- Para, para o carro pelo amor de Deus!!!
Minha nossa! Imaginei numa fração de segundo da desgraça que eu tinha cometido. Pelo desespero da manifestação do tio Theo algo muito grave aconteceu. Ao manobrar em ré não se tem uma visualização completa. Conclusão: Esmaguei a criança, meu sobrinho Norbi! Que sensação desesperadora! Freei o carro com toda a força e desembarquei quase chorando para ver o estrago que tinha feito! Pareceu longos minutos entre abrir a porta do carro e desembarcar. Que agonia se autojulgar um assassino de trânsito, no meio do nada, sem tráfego intenso, sem nada! Apenas um assassinato no campo. Que horror!
- O que foi que eu fiz, meu senhor!
- Você quase esmagou um pé de arnica com a roda do carro!
- Arnica? Arnica??? O que é isso?
Enquanto eu ofegante tentava trazer minha respiração ao normal e baixar o batimento cardíaco, tio Theo se acocorava para colher o tal de pé de arnica, que eu quase atropelei! Então ele me respondeu na maior calma do mundo:
- Arnica é essa planta! São folhas que dão um excelente chá!
- Excelente chá é? O senhor quase me mata do coração por causa de umas folhas para um excelente chá, é?!
- É. Mas tu paraste o carro à tempo! Dá um chá muito bom!
Tio Theo era pernóstico. Tinha um português requintado, especialmente no trato da segunda pessoa do singular!
Respirei fundo, procurei ficar calmo e entende-lo, afinal o tio é idoso e estamos em uma pescaria para nos divertir. Observei os demais parceiros da pescaria: - Percy fazia um sinal de negação com a cabeça, sem entretanto dizer uma palavra. Nandinho – do riso fácil - se mijava de rir do meu cagaço! Norbi nem entendeu o que estava acontecendo.
- Tá bom tio Theo! E esse chá milagroso é bom para que afinal e contas?
- Para que ele é bom eu não sei bem. Mas é muito bom!
Pronto!
Bastou essa inteligente resposta para que essa pescaria se tornasse inesquecível da sempre lembrada Anica! Do lucro maior foi que me trouxe um imenso conhecimento e aprendizado
fitoterápico: - A Arnica dá um excelente
chá! PQP!
Até parece que eu estava junto.Pois pescaria,com leigos pescadores,acontece de tudo.Hehe.
ResponderExcluirMuito bom! 🤣🤣
ResponderExcluirDelicia de narrativa. Obrigado.
ResponderExcluirLegal! Pescaria,sempre tem histórias! Kkk
ResponderExcluirMuito boa Fausto. A propósito, nunca esqueço de uma das minhas ptimeiras pescarias, ainda nenino e acmoanhado do pai e da mãe, feita no rio Jaguari, no campo que era do teu pai. Tinha um mato maravilhoso e muitos bugios que, em bandos, faziam um barulho enorme. Ali pegamos nosso primeiro Dourado. Bela lembrança que guardo com muito carinho.
ResponderExcluirTono, naquele campo - na verdade mais mata nativa do que campo - nós a apelidamos de Colônia, onde passei muitos momentos de extrema alegria na minha infância. Banhos no rio Jaguari faziam a farra ser ainda mais interessante, agora pescar, nunca peguei sequer um "Mandi" naquelas águas. Parabéns pelo dourado!!!
ExcluirMuito Bom! Chá de Arnica vc nunca mais vai esquecer... kkkkk
ResponderExcluirMuito bom conto Fausto.
ResponderExcluirParabéns!
E arriscar da mesmo um chámuito bom, o tio tinha razão....abs
ResponderExcluirMinha nossa, imagina de fosse um pé de Angico?!?!?!?
ResponderExcluir*se fosse*
ResponderExcluirE pra quê mesmo é bom o chá de arnica? Como era bom aqueles piqueniques na colônia.
ResponderExcluirCoisa boa estes momentos.
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