Recebi comentários – também inseridos no blog – de que já vivenciaram, trabalharam ou simplesmente lembraram daquele “modus”, depondo que bairros, mesmo de cidades grandes e até em capitais, essa prática era comum.
Minha vida acadêmica na Capital, foi em busca de desenvolvimento intelectual nessa desafiante área, o Marketing. Depois de cursar Administração de Empresas, estive na UFGRS fazendo um Pós-Graduação precisamente nessa matéria que sempre me encantou! Hoje refletindo a maneira como operavam meus avós e meu pai, vejo quanta Sabedoria tinham! Meu primeiro trabalho, não emprego, foi justamente ajudando “seu Waldemar”, meu pai no atendimento a clientes na venda de calçados e cigarros, esses, no atacado pois representávamos o fabricante gaúcho, a Cia. De Fumos Santa Cruz.
Volto a Jaguary, minha Terra Natal, para uma Crônica tratando daquela primeira metade do Século Vinte.
O transporte era majoritariamente animal, com seus cavalos, carroças e carretas às vezes tracionadas até por bois, dependendo do peso a ser carregado. Transportes entre cidades, esse sim, via trem, pois nosso modal ferroviário era muito superior ao atual, lamentavelmente!
Uma característica interessante, é que em toda a “Casa Comercial” disso ou daquilo, é que defronte ao prédio, diferente das sinalizações para estacionamento de carros de hoje, eram afixadas algumas traves de madeira, onde se amarravam os animais em trânsito. O comprador amarrava a rédea de seu animal ali e ia às compras. Isso poderia levar horas, então lá onde os animais ficavam por todo esse período, era o lugar de “suas necessidades”, o que gerava uma inconfundível “fragrância” de esterco por demais conhecido. A higienização do local, ficava por conta de próxima chuva...
Meu “Tio José”, cujo estabelecimento comercial – diziam ser forte - focava tecidos, roupas, calçados e mais algumas coisas para uso pessoal. Da mesma forma como o armazém do meu avô, relatado há duas semanas, a ritualística de atendimento do pessoal do interior era a mesma, as vezes até mais completa, incluindo um “quartinho”, separado da Família, entretanto com banheiro comum, de todos!
Pois Tio José teve um cliente vindo de longe, que obrigado a ficar na cidade até o dia seguinte, por lá se hospedou! O delicioso dessa ocasião, (delicioso unicamente de ser
- Buenas, seu José!
- Bom dia senhor
Fulano de Tal!
- Seu José, muito boazinha sua escova!
- Como?
- Eu disse que é muito boazinha a sua escova de dentes!
- Ah! Muito obrigado! Gostou é?! Podes ficar com ela, é sua, um presente da Casa!
- Não seu José, eu não queria abusar da...
- Já disse: A escova é sua!
A despeito de todo o constrangimento do meu tio, o cliente aceitou o mimo ainda sorrindo, contente! Digamos que o custo daquela hospedagem não foi muito agravado, afinal uma escova de dentes cedida exige baixo investimento. Valeu para a riqueza do folclore e da inocência das pessoas da época!
Concluindo
e para regozijar meu enriquecimento cultural, pois fui por doze anos Professor
de Marketing na Faculdade de Análise de Sistemas da PUCRS, ocasião em que
praticamente decorei o livro “Marketing Básico – Fundamentos”, de Cundiff,
Still & Govoni, que foca intensamente no dever do Professor: “Antecipar ao
aluno aquilo que lhe será ensinado, proceder ao ensino e, subsequentemente,
repetir a síntese dos ensinamentos ministrados! ” Entretanto, creio que ficou
para trás uma recomendação que faço HOJE: “Tenha sempre uma escova de dentes de
reserva! ”
Que tal essa, usar a escova dental de outrem!Kkkkkkk
ResponderExcluirAcontecia,falta de conhecimento de saúde e higiene.
ResponderExcluirEu já adoto essa prática há algum tempo, ter uma escova de dentes reserva. Alguém sempre esquece.
ResponderExcluirComo sempre tuas crônicas são o máximo. Nesta em especial "seu José" me contou pessoalmente esse episódio... Saiu-se muito bem nessa situação...!
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