Minha História no para-quedismo, começa quando fui despertado para essa paixão inebriante pelo meu sobrinho Waldemar, que descobriu a “Escola Evolução de Para-quedismo”, a Escola do Lasiê! Entretanto foi seu pai, o Percy que ao telefone me contou indignado que seu menino faria essa loucura. Também fiquei indignado, entretanto no sentido contrário à do meu Mano! Quis participar e sem qualquer comentário, solicitei que passasse o fone a ele, e antes do tradicional alô, já falei quase gritando:
- Vou junto!Também quero fazer! Quando posso começar o treinamento?!
Há medida em que aprendia um pouco mais, a altura da saída da aeronave aumenta e aumenta também o tempo de queda livre, obviamente com o para-quedas fechado! Isso evolui até 10.000 pés, equivale a uns 3.350 metros. A desafiante queda-livre se interrompe ao comando da abertura que deve acontecer ao atingir uns 4.000 pés.
Tornei-me um fanático pelo esporte e cancelei os prazos de encerrar a experiência. No auge do entusiasmo cheguei a viajar para Deland (EUA – Florida) para treinar. Foram dez dias para um novo posicionamento em queda-livre, a "Mantis Posicion - posição "louva-deus" . Saltos ocorriam em grandes aeronaves, com mais de vinte atletas e os saltos de até 17.500 pés. A queda livre supera a um minuto! Aquilo sim era um espetáculo à parte.
Dediquei uma verdadeira paixão ao esporte e não tinha um final de semana que não fosse a Sapiranga - RS, para saltar. A única preocupação era a meteorológica. Observando para que tivesse um "Blue Sky" com poucas nuvens e vento moderado! Foram muitos gloriosos saltos e demonstrações pelo interior do Estado, fazendo show em campos de futebol e praças públicas! Tudo em nome do alegre divertimento que a apresentação de um visual colorido lindo que os velames exibem no céu! Com isso, abrilhantavam-se os Festivais de Balonismo e festas diversas!
Velame aberto num domingo maravilhoso e ensolarado, tive as melhores emoções vividas no esporte. Algo raro foi avistar, há uns três quilômetros, a Esquadrilha da Fumaça da FAB, fazendo suas manobras no Hipódromo de Porto Alegre. Oportunidade única de ver essa demonstração “de cima”, pois eu estava bem mais alto do que a Esquadrilha!
Olhando para baixo via o Estádio “rugindo” de ansiedade pois o jogo estava a começar. Curioso, foi de tão alto, sentir o cheiro de churrasquinho que é vendido nas cercanias do Estádio. Adrenalina em alta, os sentimentos ficam mais aguçados e a percepção se multiplica!
O imperdoável, é que com toda essa "percepção mais desenvolvida", me distrai com o espetáculo e cometi uma série de pequenos erros de navegação, que me afastaram do alvo, o círculo central do campo. Tive que fazer um pouso de emergência, fora do Estádio. Estressado, percebendo a imperdoável sequência de erros, fiz o mais grave dos erros, uma curva muito forte para o pouso e meu velame “estolou”! Bati no solo com grande velocidade causando fraturas expostas no calcanhar e fêmur esquerdo e o fêmur direito com fratura cominutiva partindo-o em dezoito peças!
Vinte e dois dias hospitalizado, fisioterapia por ano e meio e aos poucos a habilidade do simples caminhar foi voltando. Não imaginam a alegria que desperta, levantar de uma cadeira de rodas e caminhar “parecido” com uma pessoa...
A Família integralmente comentava durante a convalescência:
- Agora chega né! Isso foi um "aviso"!
- Não. Eu volto a saltar! Podem apostar!
Semana
passada discorri nesse blog, sobre “El Grand Camino Inca” que
fiz acompanhado do Jardim, e que esse era o nosso objetivo. Entretanto o MEU
objetivo, era fazer o “Camino”, que me daria alta das deficiências
geradas pelo acidente. Pois a determinação
e imensa Força de Vontade de um homem de 50 anos fez, três anos dois meses e
três dias após o acidente, estar num Encontro de Para-quedistas do Mercosul, em
Salta – Uruguai, voltando a voar, sem asas, sem motor!
Como disse inicialmente, fui traído pelo para-quedismo. Tantas alegrias por tanto tempo, para depois mergulhar numa tristeza profunda, depressão, por tantas incapacidades geradas. Mas toda grande dor, propicia grande ensinamento e geração da verdadeira Sabedoria. Sabedoria aquela que não se obtém na escola, somente na Vida em seu dia-a-dia comum e em especial aos dias excepcionais! Portanto creio que em um amor profundo, o perdão se faz presente! Então, perdão concedido, para ainda dar mais uns 30 saltos pós acidente, totalizando uns 350 para aí sim, abandonar em definitivo o para-quedismo!
Hoje quando
sinto o cheiro de querosene ou da gasolina de aviação “queimando”, vem uma
grande “saudade boa” de um período em que aproveitei, vivi intensamente todas as
fortes emoções que fazem as nossas vidas e produzem mais valor ainda e que nos
dá o direito de fechar os olhos prontos a dormir, agradecer ao Criador, por tudo
o que tive e a cada passo que dei na Senda da Felicidade!
Esse guri foi muito arteiro. Deixou a família em polvorosa... Graças a Deus tudo acabou bem!... Só a descrição do salto já me dá dor de barriga....
ResponderExcluirBela história com lamentável desfecho. Levando pelo lado gremista, és um "imortal". Palmas é pouco, mereces o Tocantins inteiro.
ResponderExcluirEssa história é de arrepiar, vc nasceu de novo. Me dá um frio na barriga só de reler o acidente.
ResponderExcluirGrande fausto.abraco,está emoção de saltar e pra poucos.
ResponderExcluirLembro bem desse dia! Que susto nos deste!
ResponderExcluirSonho realizado,isso não tem maior satisfação.Emocionante.
ResponderExcluirExcelente Fausto.
ResponderExcluirSó quem saltou sabe da sensação!
Meu amigo Fausto, além de seres um paraquedista imortal, sempre fostes um Grande Consultor, tive o privilégio de realizar várias atividades, junto com você.
ResponderExcluirAbraços Fraternos
Muito obrigado pelas gentis considerações. Pena que não assinaste, para eu poder identificá-lo!
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