Retorno
ao meu decisivo e mais importante momento de mudança, metamorfose mesmo, quando abandonei a adolescência e me
tornei jovem adulto, construído durante onze meses e alguns dias de Serviço Militar,
no ano de 1967.
O
fato que narro agora, aconteceu numa celebração pela minha promoção a Cabo do
Exército. Na noite daquele honroso dia, fui me encontrar com amigos no bar “Cavalo
Branco” - inspirado numa conhecida marca de Scotch Whisky - no centro de
Santiago-RS. Eu era só alegria! Fui fardado orgulhosamente ostentando
pela primeira vez o Sinal da Graduação, na manga do jaleco! Finalmente deixara
de ser apenas um Soldado Raso!
Apesar
de ser em “dia de semana”, o barzinho lotou cedo, burburinho típico da jovial alegria coletiva, muita fumaça onde todos fumavam, desprendendo aquele cheiro
típico, hoje tão odiado e proibido em ambientes fechados. Nesse dia, ou nessa
época isso não só era permitido, de certa forma obrigatório, afinal de
contas, embora as damas também fumavam – e bastante – o gesto de fumar nos
fazia sentir mais macho!

Já
estava na minha segunda “Cuba Liebre” – o velho rum com Coca-Cola – quando chegou
outro jovem, amigo daqueles que compunham a minha mesa e ali se sentou. A alegria
quase eufórica se renovou, pois o novato na mesa, era um carioca que há pouco chegou em Santiago, vindo da ESA – Escola de Sargento das Armas, “Escola Sargento Max
Wolf Filho”! Estabelecimento de ensino Superior (Nível tecnólogo) do Exército. Ele, recém formado e promovido a Sargento o que animou mais a conversa com o cara. Seu sotaque era carregadíssimo o que claramente o identificava como um Carioca da Gema, “chiava
mais do que locomotiva no cio”!
Contaram-me
tempo depois, de que ele quando chegou em Santiago, de trem, avistou em um
verde campo, algumas ovelhas pastando, no que o provocou questionar:
- Que animaix são
essex pequenuix, que vextem pulovehhhr?
Na
Caserna – onde rola a chacota sem perdão - passaram a chama-lo de Sargento Pulôver, é claro!!!
Voltemos
ao inebriante festejo no “Cavalo Branco”: Assunto correu solto sobre o
Exército, as mulheres, em especial às que NUNCA PEGAMOS, sobre bebidas e finalmente sobre as comidas típicas de cada lugar e que nos provocam gula. Primeiro o carioca se esbaldou merecidamente, falando das deliciosas feijoadas do Rio de Janeiro, muqueca de camarão e peixes,
bacalhau dentre tantas. Foi o carioca que provocou o momento gaúcho de comidas
típicas, quando quis saber de como era o tal de chimarrão. Dado algumas
instruções primárias veio a hora de falar no carreteiro de charque, feijão
mexido, churrasco e foi quando um dos gaúchos falou de "picanha gorda ao
ponto", com sua capa de gordura amarela coberta de sal grosso que o carioca com
água na boca, inadvertidamente exclamou:
- Bah!
- Opa! Tu disse bah?!
- Eu? Não! Claro
que não rapá! Cê tá ouvindo dimaix!
- Falou sim! Todos ouviram. Carioca não fala bah! Bah é “nosso”! Só gaúcho fala...
Para
a desgraça e desmoronamento do “carioca” todos confirmaram o que tinham ouvido
e ele foi obrigado a se render!
Era
gaúcho nascido e criado em Passo Fundo que até para apreender a dançar, foi em
CTG -
Centro de Tradições Gaúchas! Depois de uma gargalhada geral, demos um festivo voto de bom retorno ao
Rio Grande do Sul!
Dali
em diante o ambiente ficou muito descontraído e ele passou a nos chamar de “tchê”,
quando milagrosamente parou de chiar e perdemos de ouvir o charmoso e Marcante Sotaque Carioca!!!
o caro gremista, nosso time vai pro buraco !!
ResponderExcluirMuito bom! Ninguém escapa de nossas fortes raízes. Viva a gauchada!
ResponderExcluirCABO FAUSTO.
ResponderExcluirO GRÊMIO DESCE DE DOIS EM DOIS DEGRAUS
PARA À SEGUNDA DIVISAO.
Como sempre, muito diverrtido o "teixto"
ResponderExcluirParabéns FauXXto!!!
Hehe,me lembro de um Crazy.
ResponderExcluirMuito bom!! Os sotaques são um charme, tanto dos gaúchos quanto dos cariocas.
ResponderExcluirComo sempre, ótimo texto amigo e Ir:. Fausto.Parabens.
ResponderExcluirChio com muito prazer... 😄
ResponderExcluirEstou em Porto Alegre desde meus 8 anos e as vezes me deparo falando com sotaque da
ResponderExcluirRegião das Missões do Rio Grande do Sul.
No próprio Rio Grande do Sul usamos sotaques diferentes.