quarta-feira, 13 de outubro de 2021

75) Carioca tem um Marcante Sotaque!



Retorno ao meu decisivo e mais importante momento de mudança, metamorfose mesmo, quando abandonei a adolescência e me tornei jovem adulto, construído durante onze meses e alguns dias de Serviço Militar, no ano de 1967.

O fato que narro agora, aconteceu numa celebração pela minha promoção a Cabo do Exército. Na noite daquele honroso dia, fui me encontrar com amigos no bar “Cavalo Branco” - inspirado numa conhecida marca de Scotch Whisky - no centro de Santiago-RS. Eu era só alegria! Fui fardado orgulhosamente ostentando pela primeira vez o Sinal da Graduação, na manga do jaleco! Finalmente deixara de ser apenas um Soldado Raso!

Apesar de ser em “dia de semana”, o barzinho lotou cedo, burburinho típico da jovial alegria coletiva, muita fumaça onde todos fumavam, desprendendo aquele cheiro típico, hoje tão odiado e proibido em ambientes fechados. Nesse dia, ou nessa época isso não só era permitido, de certa forma obrigatório, afinal de contas, embora as damas também fumavam – e bastante – o gesto de fumar nos fazia sentir mais macho!

Já estava na minha segunda “Cuba Liebre” – o velho rum com Coca-Cola – quando chegou outro jovem, amigo daqueles que compunham a minha mesa e ali se sentou. A alegria quase eufórica se renovou, pois o novato na mesa, era um carioca que há pouco chegou em Santiago, vindo da ESA – Escola de Sargento das Armas, “Escola Sargento Max Wolf Filho”! Estabelecimento de ensino Superior (Nível tecnólogo) do Exército. Ele, recém formado e promovido a Sargento o que animou mais a conversa com o cara. Seu sotaque era carregadíssimo o que claramente o identificava como um Carioca da Gema, “chiava mais do que locomotiva no cio”!

Contaram-me tempo depois, de que ele quando chegou em Santiago, de trem, avistou em um verde campo, algumas ovelhas pastando, no que o provocou questionar:

- Que animaix são essex pequenuix, que vextem pulovehhhr?

Na Caserna – onde rola a chacota sem perdão - passaram a chama-lo de Sargento Pulôver, é claro!!!


Voltemos ao inebriante festejo no “Cavalo Branco”: Assunto correu solto sobre o Exército, as mulheres, em especial às que NUNCA PEGAMOS, sobre bebidas e finalmente sobre as comidas típicas de cada lugar e que nos provocam gula. Primeiro o carioca se esbaldou merecidamente, falando das deliciosas feijoadas do Rio de Janeiro, muqueca de camarão e peixes, bacalhau dentre tantas. Foi o carioca que provocou o momento gaúcho de comidas típicas, quando quis saber de como era o tal de chimarrão. Dado algumas instruções primárias veio a hora de falar no carreteiro de charque, feijão mexido, churrasco e foi quando um dos gaúchos falou de "picanha gorda ao ponto", com sua capa de gordura amarela coberta de sal grosso que o carioca com água na boca, inadvertidamente exclamou:

- Bah!

- Opa! Tu disse bah?!

- Eu? Não! Claro que não rapá! Cê tá ouvindo dimaix!

- Falou sim! Todos ouviram. Carioca não fala bah! Bah é “nosso”! Só gaúcho fala...

Para a desgraça e desmoronamento do “carioca” todos confirmaram o que tinham ouvido e ele foi obrigado a se render!

Era gaúcho nascido e criado em Passo Fundo que até para apreender a dançar, foi em CTG -


Centro de Tradições Gaúchas! Depois de uma gargalhada geral, demos um festivo voto de bom retorno ao Rio Grande do Sul!

Dali em diante o ambiente ficou muito descontraído e ele passou a nos chamar de “tchê”, quando milagrosamente parou de chiar e perdemos de ouvir o charmoso e Marcante Sotaque Carioca!!!

9 comentários:

  1. o caro gremista, nosso time vai pro buraco !!

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  2. Muito bom! Ninguém escapa de nossas fortes raízes. Viva a gauchada!

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  3. CABO FAUSTO.
    O GRÊMIO DESCE DE DOIS EM DOIS DEGRAUS
    PARA À SEGUNDA DIVISAO.

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  4. Como sempre, muito diverrtido o "teixto"
    Parabéns FauXXto!!!

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  5. Muito bom!! Os sotaques são um charme, tanto dos gaúchos quanto dos cariocas.

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  6. Como sempre, ótimo texto amigo e Ir:. Fausto.Parabens.

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  7. Estou em Porto Alegre desde meus 8 anos e as vezes me deparo falando com sotaque da
    Região das Missões do Rio Grande do Sul.
    No próprio Rio Grande do Sul usamos sotaques diferentes.

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