quarta-feira, 4 de outubro de 2023

 130) Meu Primeiro Sonho: “O Meu Carro!”


Lá pelos meus quinze anos de idade, grudado no volante, fiz minhas primeiras “mudanças” de câmbio no caminhãozinho de quatro marchas de "caixa seca" do meu pai. Um Opel 1951, verde com para-lamas pretos. Foi o Percy, meu Maninho, que me entregou pela vez primeira a direção desse veículo a iniciar o encantador aprendizado de dirigir! Na sequência, Danilo e por aí fui me habilitando até obter a primeira Carteira de Motorista Profissional, patrocinada pelo Exército. Fiz os exames como Cabo, a Serviço das Forças Armadas, numa DKW Vemaget do cunhado Rainer! Agora eu podia dirigir, sem me esconder da fiscalização de trânsito da cidade!

Desde os primeiros metros a dirigir, me apaixonei pela arte da direção. Eu sentia no sangue o poder da máquina, a movimentar tamanho peso de um veículo no simples pressionar de um pedal, chamado acelerador! Era algo – ainda o é – impressionante ao mesmo tempo emocionante o domínio sobre rodas. Fazia-me sentir tão poderoso!

 


Ouvir o ronco da máquina, até hoje me seduz, em especial dos grandes motores. Fico babando quando uma moto de quatro cilindros acelera e faz seus câmbios em boa velocidade! Quando guri, gostava de ouvir um ônibus da Planalto que passava pela minha Cidade, que ao partir da rodoviária, eu acompanhava-o a ouvir a música que seu motor produzia, cortando o silêncio do “tarde da noite” de Jaguari!

No meu último ano “em casa”, 1968, passei a sonhar que um dia – quem sabe – teria meu próprio carro, que certamente seria o cobiçado “Fusca”! Passei esse período do ano todo, ouvindo na Escola, a chegada do Professor de Química, um Médico que tinha um Fusca azul, que ao se aproximar do prédio, reduzia a terceira marcha para uma segunda, e estourava aquele “potente motor”, um 1.200 cc, até a esquina e fazer o retorno. Aquilo era a glória de dirigir! A inveja quase perfurava meu estômago!

Ano seguinte vim morar na Capital, a perseguir o tal de obrigatório Curso Superior, senão, segundo minha Mãe, nunca seria ninguém!

Óbvio que o primeiro passo era arrumar um emprego! Três semanas morando na Capital e estava empregado, trabalhando. No primeiro salário e todos os outros, um pesado percentual era destacado à compra de uma Letra Imobiliária para no futuro – que seriam muitos e muitos anos à frente – comprar tão o sonhado carro. Quinze meses depois, buscando oportunidade de melhor salário num banco e lá fui eu cada vez mais obstinado em atingir o grande alvo!

Mais um ano nesse novo trabalho, um Banco de Investimento, surge o convite a ser Assessor de Operações com responsabilidade em venda de financiamentos, entretanto, o banco exigia ter o próprio veículo e facilitava generosamente com financiamento para sua aquisição e lá estava eu, 1971 comprando o Fusca branco usado, mas do mesmo ano, 1970 realizando tão sonhado alvo! “Aquilo” que parecia tão distante se realizou tão rápido que nas primeiras noites, como “proprietário de um carro”, não conseguia dormir!

A atividade profissional consistia em visitar empresas, indicadas por um banco comercial gaúcho – sócio do bando de investimento em que eu trabalhava – levando projeto para grandes investimentos em construção de indústrias através de suas fábricas, metalúrgicas, etc. Época de fomento muito forte a esse tipo de recurso. Trabalho prazeroso, isto é, também realizando sonho de empresários em seus empreendimentos!

Coberto as visitas agendadas para o Vale dos Sinos, chegou a vez de subir a Serra e a primeira cidade focada, Farroupilha. Eu estava há 45 dias na atividade e viajar, dirigir o MEU CARRO, era algo glorioso. Nesse dia preparei-o para viagem com verificação de óleo, calibrar pneus, abastecer e pegar estrada e quase sem me dar conta, eu fazia isso cantando! É. Na verdade não tinha rádio a bordo! Aquilo ainda era um luxo!

Viajando, em São Sebastião do Caí, na travessia da cidade o piso asfáltico  era esburacado, no entanto, logo na sequência, estrada nova de ótima qualidade. Logo ao entrar nessa nova pista, onde havia um posto de gasolina de onde sai, as pressas um Jeep da polícia, com “Zé Taioga” ao volante. Entra “a moda louca” na pista principal e me bate. Choca seu para-choques no para-lamas traseiro arrancando-o, desequilibrando a direção, fez capotar por quatro vezes, segundo testemunhas. Fiquei só com o susto! Minha ação prática, nem deu para frear ao prever o choque. Simplesmente pressionei fortemente o volante para me manter no banco e a “coisa rolou”! Não tive um arranhão sequer, mas meu fusca, destruído!



Levaram-me para o hospital contra minha vontade, para lá se confirmar que eu escapara ileso! Voltando ao local do acidente, o Jeep agressor tinha desaparecido e minha “sucata” esperando remoção. Soube mais tarde, que tudo foi feito às pressas por que o tal motorista tinha no almoço, ”comido muito churrasco”... Em outras palavras: Bêbado!!!Era para ser assim, carro, apenas um sonho! 

Nada disso! Bons sonhos devem ser preservados, não a qualquer preço, mas qualquer esforço. Numa época em que seguro de carro não era do cotidiano – óbvio que eu não tinha – mas contando com a boa vontade do meu empregador, novo financiamento, de novo com juros próximos a zero, lá estava eu um mês depois, com um novo fusca, dessa vez um 1970 “modelo” 1971, azul clarinho. Esse sim, só me deu alegria e o seguimento de um trabalho, viajando quase 5.000 km a cada mês, por todo o Rio Grande!

Assim foram os dois anos seguintes com muita estrada, muito pneu furado e muitos passeios até vir o carro seguinte, um Corcel preto me encorajando a viagens maiores e com o prazer de dirigir mantido até hoje!

11 comentários:

  1. Penso que até hoje, o carro é o sonho de todos adolescentes.
    Uma curiosidade! De quantos acidentes já escapou??? 🤭🤭

    ResponderExcluir
  2. Até hoje eu gosto do Fusquinha!

    Tida

    ResponderExcluir
  3. Teu anjo da guarda é poderoso hem? Graças a ele temos o prazer de todas as 5as feiras ler essas emocionantes estórias..

    ResponderExcluir
  4. Fiquei pensando também no teu anjo da guarda heim Fausto? Destes trabalho pro coitado!
    Mas graças a essas aventuras nos deliciamos hoje com teus “ causos”!!
    Beijos Lina

    ResponderExcluir
  5. Caramba, vc é um highlander! Sair ileso de uma capotagem é incrível! Imagino a sua frustração ao ver o seu fusca destruído! Mas valeu pela realização do sonho, que depois teve um final feliz!

    ResponderExcluir
  6. Mas foi um carro da polícia? Do exército? Não tinha seguro?

    ResponderExcluir
  7. Meu primeiro carro foi um Citroën ano1947 quando comprei já tinha 22 anos. A virtude dele é que não capotava primeiro por sua estrutura e segundo porque estava sempre estragado e eu não tinha recursos para consertar.

    ResponderExcluir
  8. Eu nunca dirigi , mas meu marido
    sempre teve carro: jipe , caminhãoxinho verde, pampa ......Mas a saudade que tenho é do jipe , que nos levou a tantos lugares !!

    Um
    Um
    Mas o amor aos
    O gosto poscsttos
    E o gosto pelos carros marca a

    ResponderExcluir
  9. Um carro marca a vida de uma pessoa. Minha cunhada tinha um Fuca azul e seus três filhos
    se criaram andando nele. Agora ,
    homens feitos, casados e pais,
    cada um tem um belo carro e , é
    claro, um Fuca azul !!


    ca azul





    claro

    ResponderExcluir
  10. Este guri sempre focado a realizar seus sonhos .

    ResponderExcluir