quarta-feira, 29 de novembro de 2023

138) La Carretera Pan-americana!

Em julho de 1974, aproveitando as férias da Faculdade de Administração, me matriculei na Academia Kidokan em Porto Alegre, para treinar karatê, estilo Wadô. Tive a oportunidade de participar da "Aula Inaugural" do Mestre Mutô Takeo Suzuki, que recém voltara do Japão para o Brasil para Ministrar seu Budô -  Metafilosofia do Zen Budista,  Jornada de Iluminação Espiritual – associada às Artes Marciais. A intenção na minha ingenuidade, ou ignorância sobre o assunto, era o de que em um mês aprenderia a lutar karatê e pronto! Não fazia ideia de que a Senda a ser Ensinada pelo Monge Budista, era longa e completamente distante da minha ideia idiota e malformada!

Percebi a realidade e despertado extremo interesse, me mantive treinando com Suzuki por cinco anos, até 1979! Parei por um tempo, quando aconteceu minha mudança, por razões profissionais, ao Rio de Janeiro, onde permaneci por três anos. Voltando a Porto Alegre, só retomei o karatê, em 1994 a treinar na academia do seu Discípulo, já que ele voltara ao Japão, seu melhor aluno, Professor (Sensei) Nelson Guimarães e com ele por mais cinco anos até o acidente no paraquedismo que me prejudicou severamente os "movimentos" e na sequência, preguiçosamente “relaxar”, guardar o Kimono e minha honrosa Faixa Preta!!

Diante disso, passei a praticar somente dos programas anuais de Encontros – esses Ministrados pelo Mestre Suzuki, vindo do Japão exclusivamente para esses eventos – denominados Gasshuku! (Significa todos sob o mesmo teto!) Onde é ricamente feito treinamento intensivo com a prática de “Zazen”,  exercício da difícil concentração a esvaziar a mente. Os treinamentos de karatê, pelos três dias inteiros, acontecem numa convivência fraterna onde o aprimoramento técnico e mental é muito eficiente.

 A cada ano muda o lugar onde o Mestre já esteve e tenha deixado um de seus Discípulos preparados. No Brasil, foram alguns em Gramado, Nova Petrópolis (RS), Ouro Preto, Brasília, Jundiaí e Ribeirão Preto. No entanto, o mais “curioso” Gasshuku que participei - pelo ineditismo do local - foi em 2003 no Equador, em um Mosteiro na pequena Montalvo, localidade retirada do meio urbano em meio às montanhas, pré-cordilheira dos Andes de uma cerrada selva tropical, distante 105 km de Guayaquil!


Nesse Gasshuku, sob responsabilidade do Professor Raúl Aveiga, estive a convite do Mestre Suzuki, a ajuda-lo com meu “espanhol ruim” na comunicação com os dedicados Equatorianos. Experiência única!

Ainda no Brasil, foi minha primeira dificuldade em como chegar a Guayaquil e em especial, a que cu$to! Aproveitei um saldo do programa de milhas da VARIG que me levaram até Lima, no Peru. Dali em diante, o melhor desafio: Ônibus até Guayaquil! Poderia até parecer um sacrifício imenso transitar por 1.465 km, durante quase vinte e quatro horas! Creiam-me, não foi.

A empresa de transportes local, "Linea de Los Andes" possui uma frota de ônibus leito novos, carroceria brasileira, a  Marcopolo, poltronas totalmente reclináveis (180 graus!) que se repousa com muito conforto, apesar da longa distância. Creio firmemente que o trânsito nessa estrada foi uma das coisas mais interessantes da viagem, pois avião é tudo igual, mesmo sendo na saudosa VARIG!

A Carretera Oficial Pan-americana no percurso da América do Sul, se inicia em Valparaíso, no sul do Chile e se estende até a cidade Panamá, no Panamá, por óbvio. Construção primorosa de excelente asfalto e trânsito por paisagens que valem a pena, algumas de semelhança a "paisagem lunar"! Não só beleza, mas coisas curiosas que glorificam a viagem e nos chamam atenção!

Cerca de 50% dessa rodovia - eu creio - passa pelo meio do nada. Transcorre em paralelo a duzentos metros do Oceano Pacífico, e a paisagem a Leste, nos reserva uma cor parda, sem vegetação, sem água, córregos ou rios. Dá-se a impressão de que ali não sobrevive nem lagartixa! Entretanto se passa por alguns vilarejos de absurda pobreza: Existe Humanos vivendo por lá! Durante o amanhecer, me chamou atenção que aquela região ainda meio desertificada, tinha pontos coloridos, multicores. Foquei e a percepção de que a intensidade do estranho colorido, não eram absolutamente flores, que aumentava rapidamente sua intensidade até seu abrupto ápice de cores! Era um "crime", nada mais nada menos do que uma montanha de uns dez metros (um edifício de três andares!) de milhares, milhões de frascos plásticos jogados fora. Copos, "pets" de refrigerante, bebidas, detergente, etc... Lixo, sem chance, sem mecanismo ou programa  de reciclagem! Lamentável!


Na sequência, uma parada em um pequeno vilarejo de controle aduaneiro. Estávamos saindo do Peru e entrando no Equador. Todos desembarcam portando seus passaportes para identificação e trâmites burocráticos regular entre Nações. Descendo do ônibus, ao pisar no solo, um ”ruído crocante”, de quem pisa sobre mais e mais vasilhames de plástico já esmagados pelos veículos e transeuntes. Uma grossa camada de “pets” reveste o solo numa quantidade de lixo assustadora. Aquele cheiro nauseante de plástico aquecido ou sendo derretido pelo rigor dos fortes raios solares sobre o asfalto. Dá dó de quem vive em tal situação intoxicada, constrangedora!

Quem viaja deve se preparar para encantos das paisagens bem como interpretar as mensagens de alerta e aos perigos de oque estamos fazendo com o nosso Planeta! Se não der para fazer nada, e não dá, por falta de força política, econômica ou qual seja, que pelo menos tentemos conscientizar os que nos cercam. É de fato triste ver que alguns setores da nossa sociedade parecem especializados em destruir nossa própria Casa! É a realidade dos nossos dias! 

Vivi, como resultado desse belo passeio, vigorosa aventura cheia de enriquecimento cultural com aprendizado que solidifica e me dá autoridade de chamar atenção a todos os que me leem, que viajar além de muito gratificante, é oportunidade viva de desenvolvimento pessoal e profundo aculturamento!  


quarta-feira, 22 de novembro de 2023

 137) Escute os mais Velhos![F1] 

Escutar os mais Velhos? Será legítima essa chamada do título, com tantos avanços que a tecnologia nos traz e aparentemente acessível com exclusividade aos jovens? É através da tão laureada Inteligência Artificial, recursos via WEB o resultado dos milhões investidos no desenvolvimento de equipamentos e ferramentas para facilitar nossa vida e assim por diante? São os jovens - melhor - os BEM jovens os que nos dão um verdadeiro banho no manuseio dos equipamentos de hoje. Seja o aparelho da TV, o painel do automóvel, o aparelho celular etc... Parece que os "maduros de hoje" estão condenados à margem desses estupidamente velozes avanços tecnológicos... Pode até ser triste, mas muito real, no entanto  uma saída prática se já tivermos um neto/neta! Peça socorro a eles...

Enquanto criança e ainda adolescente, ouvia isso com muita frequência de meus pais, tios, avós, enfim. Será que estavam todos somente tentando valorizar suas palavras e exigir seu minuto atenção? É. Provavelmente um pouco disso compunha suas campanhas para fazer valer suas opiniões com base em experiência anterior!

E hoje? Agora sou eu com meus 75 aninhos quem fica pensando que pode ensinar! Que ironia!

Semana passada postei nesse blog uma crônica me lamuriando da saudade da vovó, pai e mãe que se já foram! Cínico! Depois que “se foram” não adianta mais nenhum padrão de reverência! Mas será agora tão tarde assim? Talvez não. Meu sentido de ouvir os mais velhos agora, fica mais aguçado ainda e sorvo com sincero prazer a curtir passagens que nos trazem e despertam com seu conteúdo cheio de pura Sabedoria. Sabedoria que não é somente o sinônimo de acumular informações, habilidades diversas e conhecimento geral. Sabedoria é a habilidade que desenvolve ou não, de aproveitar esses conhecimentos convertendo-os em uma melhora inteligente de nós mesmos e de tudo e todos que nos circundam e que também, nem sempre querem nos ouvir ativamente... Tipo, isso é “coisa de véio”!

Hoje tenho a “cara de pau” de me considerar um bom ouvinte, que na realidade é resultado do quanto aprecio degustar palavras dos antigos! Como isso nos ajuda no crescimento pessoal a acumular nosso estoque de boas histórias na memória, afinal, muito parecido ao resultado da leitura de um bom livro! Não é exatamente isso? Unanimemente reconhecemos que a leitura de um bom livro é essencial para todos os passos de nosso crescimento intelectual, profissional, sentimental e até a confirmação de nossa Fé no Criador!

Adoro ouvir idosos com suas alegrias e convivo muito bem com suas tristezas. Assim procedo na Vida Real bem como ao de mergulhar nos livros e muito mais ainda, nos filmes! Sim, os filmes nos mostram e ilustram as Histórias e Estórias com muita riqueza de detalhes. Ah, como vale assistir a uma produção de um Mestre como o Cineasta Stanley Kubrick e todo seu percurso filmográfico! As comédias também encantam!

Reservo hoje o direito de registrar um desses relatos que divertem, pelo ineditismo do fato: - Outro dia, conversava com antigo amigo do bairro, que no mês passado chegou aos seus novena e seis anos de idade. Não me enganei não. Essa idade mesmo e ele, com uma lucides invejável. Contou-me uma interessante passagem profissional da década de cinquenta, que nos faz refletir de como o Brasil já foi tão bom e confiável: Hoje, é aposentado do BB, teve em uma de suas missões a de recarregar o caixa da filial do banco na cidade de Santiago-RS, trazendo esse aporte financeiro de Santa Maria, distante por uns 150 km.

Esse transporte de dinheiro vivo era feito por um funcionário de extrema confiança, viajando em um trem de passageiros comum, existente até meados da década de setenta. Teve designado um colega seu para acompanha-lo com a importante e valorosa carga, afinal de contas, carregava um enorme pacote, pasmem, enrolado em papel comum com alguns milhares de Cruzeiros – moeda brasileira da época – sem nenhuma a proteção especial, tipo pasta ou mala com chaves. Um pacotão simples mesmo!


Apesar da relativa curta distância - para os dias de hoje - esse percurso era feito por umas seis horas, não só pela lentidão dos trens “Maria Fumaça”, (Nem sei o que eu daria hoje, para sentir aquele cheiro da queima de carvão!), como também retardo por tantas paradas em minúsculas estações para embarque e desembarque de passageiros, algumas pequenas cargas, mais abastecimento de água nas caldeiras. Pior: Não havia linha de ônibus que unisse essas duas cidades.


Os dois zelosos funcionários sempre muito atentos ao valoroso invólucro que portavam! Numa determinada parada, meu amigo falou que iria desembarcar naquela estação para tomar um café, enquanto seu colega supostamente o aguardaria. Entretanto num dado momento esse colega foi ao seu encontro na lanchonete puxando um assunto qualquer, mas desesperadamente interpelado:

-  O que tu tá fazendo aqui vivente? E o “nosso pacote”?

- Fica tranquilo. Deixei no vagão marcando nosso lugar!

Pânico!  Voltaram em disparada ao vagão mas felizmente nada tinha se alterado. Lá estava o valoroso pacote intacto, reservando cuidadosamente seus preciosos lugares!

Como é bom escutar os mais velhos com suas histórias peculiares, tão  ricas! Daí minha exclamação convicta de que “o Brasil já foi tão bom e confiável!” Que saudades!


 [F1]

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

 136) Quando fecha a Porta da Casa da Vovó!

Vi hoje um texto encantador sobre esse assunto, “Quando fecha a Porta da Casa da Vovó!” Não recordo autoria, mas me deixou bastante pensativo pela profundidade que atinge. Faz-nos pensar da tamanha tristeza que se alonga por tantos anos da ausência dos pais de nossos pais. De quão acolhedora era a casa deles, de quanta alegria lá vivenciamos com aquele acolhimento da cozinha com delicioso cheiro de bolo, cheiro de canela em pó, de baunilha! E o bolinho de chuva? Ah, que delícia! Certamente éramos crianças e unânimes em reconhecer que foi a época da nossa mais expressiva alegria de viver.

Enquanto crianças, queríamos ser adolescentes, talvez adultos, mas não imaginávamos que ao amanhecer dessas idades futuras, viriam as tarefas, obrigação de ir à escola, as responsabilidades, as preocupações e bem mais adiante o ameaçador envelhecimento.

Em contrapartida a essa ameaça de ficar velho, li uma resposta lapidar dado a um reporte qualquer, que jocosamente questiona Michael Caine, ator inglês que apareceu em 160 filmes ao longo de sete décadas. Homem bonitão, alto, forte, elegante e com marcante sotaque de seu inglês bem britânico, na ocasião de seu aniversário em 14 de março desse ano (2023,) ao completar noventa anos:

- Como o senhor se sente ao ficar velho?

- Considerando a “outra alternativa”, me sinto ótimo!

É, ficar velho é até muito bom! Quantos amigos nos deixaram sem essa gloriosa oportunidade de ficar velho?!

Minhas perdas no caso da vovó, se vão quase sessenta anos e era a minha última avó, que tristemente se foi antes dos seus setenta anos! Curti o carinho da vovó Felícia até meus quinze anos e foi a única, pois, a primeira avó, Henriqueta se foi antes de eu nascer. O mesmo ocorreu com meus vovôs!

A expectativa posterior sempre será a dos nossos pais e esses também um dia nos deixarão rumo ao Oriente Eterno. Essa segunda defecção, perder os pais, tive como um choque violento ao perde-los em apenas oito dias. Sim, mãe se foi e praticamente uma semana depois meu velho, convalescente, também nos deixou sem sequer saber ou ter consciência de que estava viúvo. Decidimos preservar nosso Velho, ocultando a má notícia a poupá-lo, pois seu óbito era esperado para muito breve e foi. Sem dúvida, foi a semana mais pesada de toda minha vida e não seria diferente a ninguém!

O consolo, se é que se pode legitimá-lo, é que tudo isso passa, menos a saudade, é claro! E como toda a dor, basta surgir uma nova, para suplantar a primeira e assim os avós ficam na saudade mais distante para sofrermos a ‘ida” da mamãe e do papai! Entretanto, ”não temos o direito” à vitimização, como muitos procedem e mergulham em depressão profunda, abandonando todas oportunidades de voltar à vida e redescobrir alegria de viver com o que temos e com quem está ao nosso redor!

O mergulhar “chão a dentro” vai se cavando e a vida que já é curta, se torna sem graça, inválida, descartável. Pois essa depressão ainda que motivada, é atitude gerada pelo egoísmo de todos nós. Fui muito severo? Creiam-me que não!  Quem lembrou de ter em nossos avós, que nos davam tanta alegria, eles ficavam choramingando ou fazendo para nós, cara de abandonados pela perda de seus pais? Nossas bisavós – e isso que foram quatro casais - sequer soubemos ou lembramos seus nomes, pelo menos de todos eles. Certamente também deixaram saudades por um período e... Tudo passa! Cabe apenas orarmos por nossos antepassados para que encontrem uma Paz Verdadeira, onde quer que estiverem e sigamos em frente!

Então valorizemos o nosso hoje, como recomendou o poeta italiano Horácio (23 a.C.) em sua expressão latina “Carpe Diem”! Pois também somos ou seremos pais, depois avós e os nossos netos criarão expectativa de sermos vida ativa, alegre e com a firme promessa de “nunca morrer”! Construa-se um lastro de boas lembranças aos amados que herdarem nossos nomes. Desenvolvam habilidade para ter convicção de que pelo menos a longo prazo, iremos deixar boas lembranças, pois são mais importantes do que patrimônio material vultoso!

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

 135) Mi Buenos Aires Querido!

Vamos hoje a mais uma crônica de assunto mais brando e que definitivamente é de minha plena predileção: As viagens que fiz: - Mi Buenos Aires Querido! Coloque esse título no Google e ouvirás Carlos Gardel interpretando uma das canções mais icônicas do Tango Argentino, reverenciando sua bela e até um "pouco europeia" Capital!

Já postei aqui nesse blog, a admiração que tenho pelo rico território da Nação Argentina com seus lagos, sua fatia nos Andes, sua proximidade da Antártida e o que dizer de Buenos Aires e seu porto, que por consequência dá o codinome de “Portenho” aqueles que ali vivem? Buenos Aires é demais! Alguns amigos me dizem que chega ao absurdo o fato de eu já ter ido lá por dezenove vezes!

Foram tantos motivos! Duas vezes apenas por interesses profissionais via IBM, um show de Michel Jackson, encontros da Maçonaria, final da Taça Libertadores da América e simplesmente a passeio, diletantismo, muita diversão, enfim, turismo ! Vale o simples caminhar pela “Calle Florida” e visitar o shopping Atlantico. Reservar um domingo pela manhã para ir até San Telmo onde não são os artesãos que roubam a cena, mas pequenas apresentações do belo dançar tango. Até visitar Cemitério – o Recoleta – é visita obrigatória. É nele que estão depositados os restos mortais da adorada, endeusada Eva Peron!

Um capítulo à parte às casas de espetáculo e teatros. No tetro Colón, reserve um tempo ao seu Museu, onde guardam, dentre tantas preciosidades,  pelo menos uns sete violinos Stradivarius! Que no Mundo, desde 1666 foram fabricados apenas 1.116 unidades e são avaliados entre oito a vinte milhões de dólares americanos cada um!

Shows de tango são apresentados em dezenas de belíssimas e maravilhosas casas nas mais variadas pompas e preços. Com ou sem jantar! Com ou sem seu valoroso vinho! Até no famoso Café Tortoni, com seus 165 anos, tem que ser visitado. No seu subsolo acontecem espetáculos todos dias, que por ser de pequenos palcos, seu preço é bem conveniente... São muitos outros cafés e restaurantes que valem a pena! Mas o Tortoni...


 


Opções de lazer, cultura, excelente gastronomia, passeios em jardins e praças públicas são de uma riqueza invejável. Aqui justifico tantas vezes que visitei essa “europeia” cidade latino-americana. HOJE 2023, dado à série crise econômica reinante, com preços até convidativos!

E o Jardim Zoológico? Completíssimo, mas jamais voltarei e a nenhum outro! Lá, eu vi um “senhor” preso por mais de cinquenta anos, em uma cela de uns dez metros quadrados! Uma plaquinha dizia que era um gorila, mas estou convencido que era um Homem peludo e nu! Seu olhar – daqueles que fazem dentro dos nossos olhos – era de uma tristeza profunda, comovente! Contido por uma parede de vidro onde ele, no olhar, parece questionar a razão de sua prisão perpétua! Dói o coração! Hoje, passados quinze anos que o visitei, não esqueço sua profunda tristeza! Inesquecível! Não vá lá, a menos que possa ajudá-lo...

Ainda nos resta visitar a Casa Rosada, Palácio Presidencial que aos domingos, abre suas portas à visitação pública. O mais curioso está na sua coloração, que lhe dá o nome, "Rosada"! Trata-se do resultado de acordo entre os principais partidos políticos do País, partido Branco e o Partido Vermelho (Blanco & Rojo), pois toda vez que um Presidente era eleito, pintava o Palácio de sua cor... A negociação inteligente e econômica misturou as duas cores e a deu sua coloração definitiva!


Em agosto de 2019 estive por lá e selei, tristemente, a última vez! Se eu ia todos os anos, porque há quatro não volto mais e defini como derradeira visita? De fato triste, mas nessa data constatei convicto de que acabou o encanto! Decadência visível. Os shows com suas tradicionais “típicas” compostas com violoncelo, piano, bandoneón, contrabaixo, um casal de bailarinos e um bom cantor, hoje é substituído por um CD player e um rosto triste de um dançarino magro e solitário! Onde haviam as grandes orquestras, hoje apenas uma "típica" com aqueles cinco componentes!

Decadência da Nação de “los Hermanos” é visível, deprimente, monstruosa! Quando em 1960 Argentina produzia 37.9% do PIB gerado na América do Sul, em 2022 é de 15.5%, enquanto o Brasil foi de 26.4% para 50.4%! (Fonte: World Bank - FMI).

A pobreza reinante, que não me cabe avaliar sua razão definitiva, que o Mundo Inteiro conhece suas origens e seus motivos, faz com que a atração tão efervescente do passado, passa a compor apenas um sentimento de saudade imensa. Daquele clima de progresso, júbilo e alegria constante! “Mi Buenos Aires Querido”, hoje me angustias, me dá pena! Adeus!

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

134) Porte de Arma de Fogo!

Estamos aqui diante de um assunto polêmico, mas de grande relevância e necessária discussão, estudo e deliberação. Se sou contra ou a favor, me revelarei logo adiante, afinal de contas, “quem escreve, obrigatoriamente deve ter um lado”! Ouvi essa frase recentemente na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, quando concedeu ao brilhante Jornalista Alexandre Garcia, o título de Cidadão Porto Alegrense, no que adotei - a frase - orgulhosamente!

Primeiro e importantíssimo quesito é o de “saber atirar” e para isso, se multiplicam as Escolas de Tiro à nossa disposição, onde a habilidade de manuseio e tiro é ricamente estudado para eliminar riscos de acidente por mau uso do equipamento, isso sim, letal. Desde guri, já publiquei crônica nesse canal, pratiquei o tiro acompanhando meu pai, Waldemar Diefenbach na caça a perdizes, permitida na época e de resultado gastronômico invejável!

O “gostar” de atirar também é fundamental, pois meu caso de atração e intimidade com armas de fogo sempre foi muito presente. Período de Serviço Militar, enquanto servi ao Exército no Quarto Regimento de Cavalaria em Santiago-RS, os dias de exercício de “linha de tiro”, eu fazia com grande alegria e resultados compatíveis ao entusiasmo. As linhas de tiro com Mosquetão Mauser 7.62x51 mm, de fabricação Tcheca, alinhavam vinte soldados com seus alvos individuais à uns cem metros à frente.

   


Essa arma era de grande potência e precisão. Seu disparo ocasionava um forte recuo da soleira da coronha, que se não estivesse bem posicionada junto ao ombro, o “coice” era enorme. Os meninos não iniciados sofriam pancadas a ponto de ter seus ombros roxos e doloridos. Alguns desses colegas no momento dos tiros - todos deitados – faziam questão de se colocar ao meu lado para que eu usasse suas munições e alvejasse seus alvos, poupando-os do dolorido “roxeamento” de seus ombros e conquistando “pontuações convenientes”! Muitas vezes "seus alvos" obtinham pontuação curiosamente "melhores que os meus"... Nessa época, não se usavam protetores auriculares e o estampido, ensurdecedor. Parecia que o eco ficava retido dentro do capacete e pasmem, até isso eu gostava. Ainda sinto saudades daquele cheiro de pólvora que inundava o nariz e fazia sentir uma sensação de enorme poder! Como dizem modernamente: "Pleno Empoderamento"!

Registro com firme convicção, a minha aprovação de que o Cidadão Brasileiro deva ter seu Direito de possuir uma arma de fogo. Que a posse seja dentro da sua propriedade e cumprido todos requisitos legais e em especial de ser exaustivamente treinado para seu uso. Definitivamente importante é de não ter medo do equipamento. Desenvolva "intimidade" com a arma. Precisa "chamar sua arma de tu!" Se ela o assusta, nem toque. Fique longe!

Razões para o uso desse direito são muitas a começar pela atual violência reinante na nossa Sociedade, em que o Estado não tem estrutura suficiente para proteger seu Povo, impondo a ele, a necessidade de se defender com suas próprias mãos. Sem o exagero americano de portar arma de guerra em público e de maneira visível, ostensiva.  

Na Suíça, onde seu Povo é pacífico e ordeiro, o Cidadão ao cumprir seu Serviço Militar, leva para sua casa a arma que possuía enquanto militar. Assim sendo, sem o custo incalculável à Nação de manter uma Força de Defesa Nacional caríssima, assim, tem em cada Cidadão, um Militar de Reserva pronto e habilitado para eventual ação bélica de defesa, que sua Pátria necessite.

Charlton Heston – ator americano - afirmava: “Não existem armas boas ou armas más. Qualquer arma nas mãos de um homem mau é coisa ruim. Qualquer arma nas mãos de uma pessoa decente não é ameaça para ninguém – a não ser para as pessoas más!”

Armas de fogo são instrumentos de materialização da vontade de quem a utiliza, portanto, armas não matam pessoas. Pessoas é que matam pessoas. Sim. Eu quero, todos querem a Paz! Mas devemos estar preparados a nos defender, daqueles que não a querem! 

Até os Anjos portam espadas e não flores, isto é, nosso Deus reconhece que nem tudo se resolve na conversa!