135) Mi Buenos Aires Querido!
Vamos hoje a mais uma crônica de assunto mais brando e que definitivamente é de minha plena predileção: As viagens que fiz: - Mi Buenos Aires Querido! Coloque esse título no Google e ouvirás Carlos
Gardel interpretando uma das canções mais icônicas do Tango Argentino, reverenciando sua bela e até um "pouco europeia" Capital!
Já postei aqui nesse blog, a admiração que tenho pelo rico território da Nação Argentina com seus lagos, sua fatia nos Andes, sua proximidade da Antártida e o que dizer de
Buenos Aires e seu porto, que por consequência dá o codinome de “Portenho” aqueles
que ali vivem? Buenos Aires é demais! Alguns amigos me dizem que chega ao absurdo
o fato de eu já ter ido lá por dezenove vezes!
Foram tantos motivos! Duas vezes apenas por interesses profissionais via IBM, um show de Michel Jackson, encontros da Maçonaria, final da Taça Libertadores da América e simplesmente a passeio, diletantismo, muita diversão, enfim, turismo ! Vale o simples caminhar pela “Calle Florida” e visitar o shopping Atlantico. Reservar um domingo pela manhã para ir até San Telmo onde não são os artesãos que roubam a cena, mas pequenas apresentações do belo dançar tango. Até visitar Cemitério – o Recoleta – é visita obrigatória. É nele que estão depositados os restos mortais da adorada, endeusada Eva Peron!
Um capítulo à parte às casas de espetáculo e teatros. No tetro Colón,
reserve um tempo ao seu Museu, onde guardam, dentre tantas preciosidades, pelo menos uns sete violinos
Stradivarius! Que no Mundo, desde 1666 foram fabricados apenas 1.116 unidades e
são avaliados entre oito a vinte milhões de dólares americanos cada um!
Shows de tango são apresentados em dezenas de belíssimas e maravilhosas casas nas mais variadas pompas e preços. Com ou sem jantar! Com ou sem seu valoroso vinho! Até no famoso Café Tortoni, com seus 165 anos, tem que ser visitado. No seu subsolo acontecem espetáculos todos dias, que por ser de pequenos palcos, seu preço é bem conveniente... São muitos outros cafés e restaurantes que valem a pena! Mas o Tortoni...
E o Jardim Zoológico? Completíssimo, mas jamais voltarei e a nenhum outro! Lá, eu vi um “senhor” preso por mais de cinquenta anos, em uma cela de uns dez metros quadrados! Uma plaquinha dizia que era um gorila, mas estou convencido que era um Homem peludo e nu! Seu olhar – daqueles que fazem dentro dos nossos olhos – era de uma tristeza profunda, comovente! Contido por uma parede de vidro onde ele, no olhar, parece questionar a razão de sua prisão perpétua! Dói o coração! Hoje, passados quinze anos que o visitei, não esqueço sua profunda tristeza! Inesquecível! Não vá lá, a menos que possa ajudá-lo...
Ainda nos resta visitar a Casa Rosada, Palácio Presidencial que aos domingos, abre suas portas à visitação pública. O mais curioso está na sua coloração, que lhe dá o nome, "Rosada"! Trata-se do resultado de acordo entre os principais partidos políticos do País, partido Branco e o Partido Vermelho (Blanco & Rojo), pois toda vez que um Presidente era eleito, pintava o Palácio de sua cor... A negociação inteligente e econômica misturou as duas cores e a deu sua coloração definitiva!
Em agosto de 2019 estive por lá e selei, tristemente, a última vez! Se eu ia todos os anos, porque há quatro não volto mais e defini como derradeira
visita? De fato triste, mas nessa data constatei convicto de que acabou o encanto! Decadência visível. Os shows com suas
tradicionais “típicas” compostas com violoncelo, piano, bandoneón, contrabaixo,
um casal de bailarinos e um bom cantor, hoje é substituído por um CD player e um
rosto triste de um dançarino magro e solitário! Onde haviam as grandes orquestras, hoje apenas uma "típica" com aqueles cinco componentes!
Decadência da Nação de “los Hermanos” é visível, deprimente, monstruosa! Quando em
1960 Argentina produzia 37.9% do PIB gerado na América do Sul, em 2022 é de
15.5%, enquanto o Brasil foi de 26.4% para 50.4%! (Fonte: World
Bank - FMI).
A pobreza reinante, que não me cabe avaliar sua razão definitiva, que o Mundo Inteiro conhece
suas origens e seus motivos, faz com que a atração tão efervescente do passado,
passa a compor apenas um sentimento de saudade imensa. Daquele clima de progresso, júbilo e alegria constante!
“Mi Buenos Aires Querido”, hoje me angustias, me dá pena! Adeus!
Excelente descrição e uma conclusão cirúrgica. A decadência da Argentina é de doer a alma. Parabéns por mais um lindo texto! Bidart
ResponderExcluirMucha fiesta,y poco trabajo! Demasiados "gremios"- Leia-se SINDICATOS. Não há país que resista.
ResponderExcluirExatamente isso.
ExcluirGostaram de serem "mantidos" pelos governos! Não tem pais que resiste! Pobre Brasil .........,.,.......!!Será???
ResponderExcluirGilcervo
Fausto querido, mais um excelente relato. Compartilho em grau gênero e número embora tenha ido umas 8 ou 9 vezes. Faltou você citar um dos meus lugares preferidos. El Ateneu. Todas as vezes me "perdia" la dentro. "No más" é muito triste ver as lojas fechadas, os shows fracos e "Los hermanos" tristes.
ResponderExcluirBelo passeio contigo!..
ResponderExcluirComo sempre genial com as palavras.
Parabéns querido primo!
Aguardo novas viagens e aventuras.
Triste igual ao gorila
ResponderExcluirÉ, meu amigo, lamentável a situação dos nossos hermanos. Buenos Aires era encantadora, os restaurantes, os vinhos, a elegância do povo, o tango, as compras na Calle Flórida.... etc.. Mais um excelente relato seu. Muito bom ler as suas crônicas!
ResponderExcluirGorila, zoológico, animais presos é uma das maiores atrocidades que o ser humano comete. Captaste a alma do Gorila. O pior " nada pode-se fazer contra essas prisões". A liberdade é o maior bem dos seres vivos. Mauro
ResponderExcluirTriste mesmo. Aparentemente só nos restou passear pela Calle Florida e San Telmo.....
ResponderExcluirIr assisti o Grêmio na Final de libertadores ,que tudo indica que poder ser tri campeão brasileiro é maravilhoso
ResponderExcluirAmigo Fausto, saúde.
ResponderExcluirParabéns pela brilhante crônica!!!
Lembrou com rara perfeição todo o esplendor da antiga Argentina, principalmente da Buenos Aires que tanto aprendemos a admirar o onde sempre queríamos retornar.
Queira Deus que aquele povo consiga dar a volta por cima, aprenda a escolher seus governantes e volte à pujança que sempre foi sua caracteristica.
Nunca fui até lá , mas acompanhei muitas coisas pelas excelentes rádios que possuíam e apaixonei-me pelos magníficos tangos que meu tio Adil, pai do Rui, ouvia incansavelmente na sume encanto até hoje na sua vitrola, preciosas obras. Assisti também espetáculos na TV.. Tio Adil era doente pela Argentina , quase morreu a época na época da guerra das Malvinas! Eu até hoje me encanto ao ouvir um daqueles belos tangos!
ResponderExcluirPena que esteja se deteriorando como acontece com todas as belas memórias do passado neste mundo materialista e que só se importa com o "vil metal."
ResponderExcluirRevivi Buenos Aires pelas tuas histórias e recomendações.
ResponderExcluirObrigada por compartilhar tuas vivências conosco e nos inspirar a ganhar a estrada e ser mais feliz....
Valeu, tio Fausto.
Muito bom reviver as recordações de Buenos Aires umas 7 vezes o Fausto me proporcionou este passeio .
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