136) Quando fecha a Porta da Casa da Vovó!
Vi hoje um texto encantador sobre esse assunto, “Quando fecha a Porta da
Casa da Vovó!” Não recordo autoria, mas me deixou bastante pensativo pela
profundidade que atinge. Faz-nos pensar da tamanha tristeza que se alonga por
tantos anos da ausência dos pais de nossos pais. De quão acolhedora era a casa
deles, de quanta alegria lá vivenciamos com aquele acolhimento da cozinha com
delicioso cheiro de bolo, cheiro de canela em pó, de baunilha! E o bolinho de
chuva? Ah, que delícia! Certamente éramos crianças e unânimes em reconhecer que
foi a época da nossa mais expressiva alegria de viver.
Enquanto crianças, queríamos ser adolescentes, talvez adultos, mas não
imaginávamos que ao amanhecer dessas idades futuras, viriam as tarefas, obrigação
de ir à escola, as responsabilidades, as preocupações e bem mais adiante o
ameaçador envelhecimento.
Em contrapartida a essa ameaça de ficar velho, li uma resposta lapidar dado
a um reporte qualquer, que jocosamente questiona Michael Caine, ator inglês que
apareceu em 160 filmes ao longo de sete décadas. Homem bonitão, alto, forte,
elegante e com marcante sotaque de seu inglês bem britânico, na ocasião de seu
aniversário em 14 de março desse ano (2023,) ao completar noventa anos:
- Como o senhor se sente
ao ficar velho?
- Considerando a “outra
alternativa”, me sinto ótimo!
É, ficar velho é até muito bom! Quantos amigos nos deixaram sem essa
gloriosa oportunidade de ficar velho?!
Minhas perdas no caso da vovó, se vão quase sessenta anos e era a minha
última avó, que tristemente se foi antes dos seus setenta anos! Curti o carinho
da vovó Felícia até meus quinze anos e foi a única, pois, a primeira avó,
Henriqueta se foi antes de eu nascer. O mesmo ocorreu com meus vovôs!
A expectativa posterior sempre será a dos nossos pais e esses também um
dia nos deixarão rumo ao Oriente Eterno. Essa segunda defecção, perder os pais,
tive como um choque violento ao perde-los em apenas oito dias. Sim, mãe se foi e
praticamente uma semana depois meu velho, convalescente, também nos deixou sem
sequer saber ou ter consciência de que estava viúvo. Decidimos preservar nosso
Velho, ocultando a má notícia a poupá-lo, pois seu óbito era esperado para
muito breve e foi. Sem dúvida, foi a semana mais pesada de toda minha vida e
não seria diferente a ninguém!
O consolo, se é que se pode legitimá-lo, é que tudo isso passa, menos a
saudade, é claro! E como toda a dor, basta surgir uma nova, para suplantar a
primeira e assim os avós ficam na saudade mais distante para sofrermos a ‘ida”
da mamãe e do papai! Entretanto, ”não temos o direito” à vitimização, como
muitos procedem e mergulham em depressão profunda, abandonando todas
oportunidades de voltar à vida e redescobrir alegria de viver com o que temos e
com quem está ao nosso redor!
O mergulhar “chão a dentro” vai se cavando e a vida que já é curta, se
torna sem graça, inválida, descartável. Pois essa depressão ainda que motivada,
é atitude gerada pelo egoísmo de todos nós. Fui muito severo? Creiam-me que não! Quem lembrou de ter em nossos avós, que nos
davam tanta alegria, eles ficavam choramingando ou fazendo para nós, cara de
abandonados pela perda de seus pais? Nossas bisavós – e isso que foram
quatro casais - sequer soubemos ou lembramos seus nomes, pelo menos de todos
eles. Certamente também deixaram saudades por um período e... Tudo passa! Cabe apenas
orarmos por nossos antepassados para que encontrem uma Paz Verdadeira, onde
quer que estiverem e sigamos em frente!
Então valorizemos o nosso hoje, como recomendou o poeta italiano Horácio
(23 a.C.) em sua expressão latina “Carpe Diem”! Pois também somos ou seremos
pais, depois avós e os nossos netos criarão expectativa de sermos vida ativa,
alegre e com a firme promessa de “nunca morrer”! Construa-se um lastro de boas
lembranças aos amados que herdarem nossos nomes. Desenvolvam habilidade para
ter convicção de que pelo menos a longo prazo, iremos deixar boas lembranças, pois são mais importantes
do que patrimônio material vultoso!
Elaine
ResponderExcluirVerdade perdemos pessoas amadas muito jovens sempre perder é triste mas precisamos seguir em frente. Minha vó era mãe e vó e se foi com 47 anos e meu irmão com 13 anos mas acredito que estão bem.
ResponderExcluirQueria tanto ter curtido mais nossa amada vó Felicia! Lembro muito pouco dela! Mas é isso, lembrar com respeito de nossos antepassados e acreditar que estão em paz! ❤️❤️❤️❤️🙏🏻🙏🏻🙏🏻
ResponderExcluirBjos Lina
Realmente. Aqueles que conheceram seus avós. Foram privilegiados!
ResponderExcluirQue privilégio seu ter curtido a sua avó! Boas lembranças do aconchego do lar. Infelizmente as minhas avós não puderam me proporcionar devido às suas limitações. Mas mesmo assim curti muito a minha avó materna, ela tinha muita afinidade comigo.
ResponderExcluirFui criado ao lado de meus avós maternos e tinha bastante contato com minha avó paterna. A alegria era constante. Parabéns por mais um excelente texto, que me fez lembrar do quanto foi bom conviver com meus avós. E pensar no quanto posso ser bom como avô de 3 moças maravilhosas. Bidart
ResponderExcluirMeu amigo Fausto. Não conheci minhas avós. Uma faleceu cedo a outra morava longe em uma região com dificuldade de chegar. Não conheci como nossos filhos conhecem suas avós. Uma bela crônica Parabéns
ResponderExcluirBela crônica! Me fez lembrar o nosso maravilhoso convívio familiar na nossa querida Jaguari. Saudades!
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