141) Se Fui Assaltado? Claro, né!
Constante pergunta que nos fazem e na
década de oitenta, período em que morei no Rio de Janeiro, relatava “minha
ex” que sempre tinha uma nova história para contar trazida de suas visitas aos
familiares e amigos da época. Todos tinham uma dessas desagradáveis abordagens
do “amigo do alheio” para contar. Parecia uma disputa de quem tinha tido o mais
interessante evento em questão! E essa pergunta muito doida, era o “tema de
abertura” dessas gloriosas reuniões! Pauta obrigatória!
Pois passei ileso pelos três anos que
por lá morei, sem assistir a um assalto sequer, daí minha convicção de
continuar chamando minha morada passageira, de Cidade Maravilhosa! Em todos os
sentidos a antiga Capital da República me acolheu de forma absolutamente
maravilhosa, a ponto de guardar saudade sincera até hoje! Para mim, “O Rio de Janeiro
continua lindo!”
Pouco tempo depois do meu retorno a
Porto Alegre, tive uma imperdível oportunidade de me atualizar e me auto
incluir nessa estatística até então ignorada: - Era Verão e eu já estava em processo de separação da esposa, a Mth. Marcamos um encontro a noite, para discutir e acertar detalhes
materiais da separação, já que nessas alturas, era consensual. Depois de algumas discussões
ásperas próprias no trato do delicado assunto separação, foi possível o trato “civilizado”
entre as partes e os acertos foram concluídos de forma razoável...
Já tarde daquela noite, assunto encerrando e voltando ao local onde deixara meu carro estacionado, rua próximo ao Parque da Redenção em Porto Alegre e como gentileza eu dirigia o carro dela. Ao estacionar, em local, reconheço nada recomendado, em meio a escuridão e acontecia os últimos detalhes de conversa. Demoramos um pouco, tanto que por duas vezes senti uma estranha sensação de pânico passageiro, tipo um “arrepio na espinha", pois era tarde e o local de fato parecia ameaçador! Mais um minuto de conversa, foi quando abruptamente bateram forte nas janelas - na minha e da carona - e bateram com o cano de seus revolveres, dois criminosos, rosto limpo sem máscaras, sincronizados e com precisão. Quase quebraram os vidros, gesto propositadamente ameaçador, como manda o “protocolo dos assaltantes"!
Portas abertas e em ação muito rápida nos jogaram para o banco de trás do Escort e adentrou um terceiro assaltante, todos portando suas armas de fogo. Ao meu lado, um com o cano pressionado na minha axila; o bandido do banco do carona a frente, com um dos revólveres no meu pescoço e o outro na cabeça da Mth. Ordem aos gritos histéricos para nos abaixarmos e “calar a boca” e o carro zarpou cantando pneus!
Não consegui é ficar calado. Eles, em um nervosismo impressionante – afinal um tinha recém feito dezoito
anos – e foi esse mais jovem que me “assediava a axila”, quem engatilhou sua
arma me provocando um "novo calafrio no corpo inteiro, mas curiosamente e nem sei como, mantive a
calma e falei compassada e cautelosamente:
- Muita calma pessoal, o assalto de vocês já foi um sucesso! (Quando contei isso aos
amigos, riram questionando se àquela hora era adequada para "Palestra de
Motivação!")
- Cala a boca!
Resolvi concordar pacientemente e me
manter no silêncio! Foi quando começaram as ordens do me dá a carteira, tira
relógio, joias... Mth desesperada chorava de cabeça baixa. Esperta, habilidosamente tirava seus anéis, correntes, medalhas de ouro, etc. despejando
tudo dentro de seu sutiã, salvando gloriosamente suas joias!
Eu portava pouco dinheiro, mas tinha como “moeda de sorte” uma nota de vinte dólares e um relógio que agradou muito! Pouco mais de uns dez quarteirões após, pararam o carro e graças ao meu Anjo da Guarda, nos enxotaram para fora!:
- Vaza, vaza!
"Vazamos"! Meio tonto, zumbido profundo na cabeça mas com uma grande sensação de alívio, garanto, nunca antes
experimentado! Tentando me localizar, pois tudo estava turvo em minha mente, mas que depois de alguma aspiração profunda percebi que estava abandonado próximo ao Planetário da Universidade, bem perto da Central
de Polícia. Recomposto, fomos até lá “dar queixa” e acionar amigos para
nosso resgate...
O carro roubado, localizado no dia seguinte próximo de onde tudo aconteceu. Quase nem rodaram. Passado um mês, fomos chamados para tentativa de identificação de um dos suspeitos na mesma Delegacia. Mth cheia de “má vontade” com a identificação antecipou, que não falaria nada. Ao chegarmos diante do vidro espelhado com o menino sentado lá dentro, gritou:
- É ele!!!
Alegou na sequência que não tinha intenção de identificar o indivíduo, "porque de não adianta nada", mas levou um susto reconhecendo a cara do guri e percebeu que a "coisa" era real! Estava diante do jovem bandido! Daí
soubemos de sua tão precoce idade: Dezoito aninhos! Realidade cruel de nossos dias em que o crime tende a tomar o desgraçado rumo de que "vale a pena transgredir"!
Como tudo na Vida, foi muito ruim, mas passou!
Tudo passa! E a valiosa aprendizagem ficou por conta de que devemos acreditar
em um certo tipo de aviso, como o meu "arrepio premonitório"! É, tenho tido em importantes momentos da minha
vida, essa chamada premonição! Sim. Foram dois avisos em que tive o tal de “arrepio” e não
dei o merecido crédito. Não dei a importância ao Aviso daquele meu Anjo da Guarda, que
por menor que seja nossa Fé, “Eles” existem! Ah, existem sim! Creiam!