quarta-feira, 27 de março de 2024

149) Ilhas, as Pitorescas Áreas para se Viver!

Passados quinze dias de férias, prometi voltar a publicar minhas crônicas e aqui vai! O que fiz nesses poucos dias de descanso, será escrito precisamente em continuidade dessa que publico hoje, intimamente ligado às ilhas que tanto gosto. Sim as férias foram em uma ilha, que não tem nada a ver com a primeira ilha descrita a seguir, mas dos fatos vividos que “virão à tona” em uma semana. Então cronologicamente irei expondo a partir de agora:

A foto da ilha de areia, muito arborizada na foto abaixo, é a ilha do Rio Jaguari, muito próxima da casa onde nasci e vivi até meus vinte anos! Enquanto criança, as brincadeiras no Verão tomavam conta dos momentos mais alegres e fraterno convívio com meus amigos infantis. Veio a puberdade, os amigos – alguns deles – naturalmente mudaram e os momentos de alegria tomaram outro rumo. Foi lá minha primeira experiência culinária, que onde deveria ser um “arroz com galinha”, cujo responsável pelo “furto da penosa” fracassou e acabou se convertendo num quase frustrado arroz com carne, mas que modéstia à parte, ficou maravilhoso!


Fogo de chão, trempe, panela e chaleira de ferro foram os requintados apetrechos em uso, com a colher de madeira, é claro! O milho verde – esse sim com furto bem-sucedido – era assado diretamente na brasa com sua palha original. Duvido que tivesse criatividade maior para suplantar cardápio tão desejado. Nem aquele milho que se come na praia, chega aos pés do sabor de um desses feitos em meio ao fogo de lenha do mato e seu perfume inigualável!

Depois dessa gloriosa época, homem maduro e de dedicação profissional aguçada, obtive algum sucesso em vendas e passei a contar com a sorte e oportunidades de prêmios de reconhecimento através de viagens, na empresa multinacional que trabalhei. Dessas viagens, ao exterior me deram oportunidade de conhecer algumas ilhas bem mais expressivas daquela, ainda lá do “arroz com carne!

A mais curiosa de todas, principalmente por não constar com frequência nos anúncios de turismo, pelo menos no Brasil, foi a Ilha Bermudas. Colonização inglesa onde mantém tradição britânica, tendo a esfinge da Rainha Elizabeth na sua nota de um dólar. Algo notável no hábito de seus habitantes, está no fato de sua vestimenta militar ou traje de passeio – com gravata inclusive – vestirem calças curtas! Tornaram-se daí em diante muito conhecidas durante as celebrações das Olimpíadas, quando com essas curiosas calças curtas, NÓS a batizamos de “bermudas”! O melhor da viagem, é quando corre por conta de alguma instituição, pois quem viaja da América do Sul, terá que tomar um voo até Nova Iorque, pernoitar para depois voltar em direção ao Sul, até a famosa ilha!

Outra: Celebrei meus setenta anos em um cruzeiro com Elaine por algumas ilhas do Caribe: Jamaica, Cayman, Cozzumel e Bahamas. Nessa última foi no dia da comemoração e era minha terceira estada naquela curiosa ilha. Também de colonização britânica e de igual reverência a Rainha do Reino Unido na sua moeda, à exemplo de Bermudas...

Bahamas teve uma importância muito grande no Descobrimento da América, pois foi a primeira “parada” de Cristóvão Colombo que a denominou San Salvador, mas que os habitantes a chamavam de Guanahani. São dados de pesquisas, mas se tem por certo se tratar de uma das setecentas ilhas do arquipélago Bahamas! Em se tratando de muitas pequenas ilhas, seu grande problema é o uso imobiliário, uso de terreno mesmo, tanto que para exploração e adequação de seus “Campos Santos”, os Cemitérios, enfrentam grave dificuldade para sepultar seus Entes Queridos.

Próxima ilha a ser visitada, já pela segunda vez, será San Andrés. O “pacote” está comprado e pago pela Hurbano, para março de 2025. Também uma pequena e deslumbrante ilha de vinte e seis quilômetros quadrados, situada no Caribe Colombiano, muito próxima a Nicarágua, que pacificamente a reivindica como seu território, evidentemente negado pela Colômbia.

Foi em 1995 que eu e Homero estivemos no Japão e... Vou parar por aqui. Se meu Mestre Suzuki ler eu insinuando a Terra do Sol Nascente de ilha, acho que vai caçar meu Diploma e serei severamente punido! Japão então fica para uma crônica futura

E minhas férias que voltei ontem? Manhattan! Tinha que ser em uma ilha, talvez a mais famosa do Planeta, que faz todo o charme na cidade que nunca dorme: New York City! Trata-se de uma ilha com tamanhos atrativos, que merece uma crônica específica. Fica para ser publicada daqui uma semana!


quinta-feira, 7 de março de 2024

 

148) Minha Primeira Viagem ao Rio de Janeiro!

Como é bom viajar e em especial viajar “por terra”! Não é medo de voar, absolutamente, afinal sou paraquedista... Mas estou convicto de que o aproveitamento da travessia é, maioria das vezes, mais interessante do que o porto de destino. De carro, ônibus ou de trem, o que se vê e curte no transcurso é muito valioso. Paisagens, animais da flora local, povoados e povos, tornam a viagem muito interessante, cativante!

Em 1973 viajei com Mauro e Ernani (num pequeno Karmann-ghia) a Buenos Aires para passar a Páscoa, já contado em crônica anterior. Loucura plena. Ano seguinte uma solitária viagem em férias para o Rio de Janeiro com meu Corcel preto ano 1972 com pneus “BFGoodrich”, comprados usados, com intenção de preservar o fluxo de caixa em véspera das férias. Eu adorava essa marca, porque em curvas, mesmo em baixa velocidade, fazia uma gritaria enorme. Pneus “cantavam” encantadoramente! Fiz esse investimento recomendado pelo cunhado Rainer, que também me deu orientações de viagem. A primeira, na verdade foi uma ordem carregada de convicção, que  foi:

- Não vai viajar com esses pneus carecas, né guri!

(Ops!) Aceitem minhas sinceras esculpas, errei a foto! Mas de qualquer maneira, apesar desse na foto não ser "exatamente" do meu Corcel, vale como eu me sentia: Como se fosse num Mustang! Todos reconhecem que hoje em dia o que importa é como a gente se sente! Até a definir seu próprio sexo, isso é modernamente aceito e validado!

Ele, meu cunhado e minha irmã Eleonora moravam no Rio de Janeiro e viriam nesses dias das minhas férias do Rio para as suas férias no Sul, deixando o apartamento a minha disposição na Terra Carioca. Havia conveniência maior? Lá fui eu sem medo de ser feliz! As sugestões prosseguiam dando suas valiosas "dicas":

- Sai cedo e faça pernoite em Registro - SP!

Segundo o Rainer, seriam 943,5km, de boas estradas pela BR116 – nessa época o tráfego, principalmente de caminhões era mínima - dava para se manter velocidades constantes de grandes riscos. E lá fui eu! Viagem perfeita e depois do primeiro pernoite recomendado, prossegui até o complicado cruzar a cidade de São Paulo. Felizmente deu tudo certo como planejado. Ou melhor, como sugerido:

- Entra na Marginal Pinheiros e ...




Saí muito cedo de Registro e no meio da tarde do segundo dia de viagem eu chegava ao Rio, praia do Flamengo. Instalei-me no apartamento do cunhado e irmã, ao lado do Palácio do Catete! Foram vinte dias maravilhosos para um jovem de 25 anos, com um bom e vistoso carro (“Carro do Ano” pela Revista Quatro Rodas!), solteiro e uns bons trocados no bolso. Tudo o que diziam do Rio de Janeiro e suas delícias em todo sentido, foram por mim degustadas no melhor estilo! Como sabemos, tudo acaba e chegou o dia de voltar para casa: Domingo, 06hs da manhã, tanque de gasolina cheio, pneus calibrados e lá fui eu pela Rodovia Dutra pensando talvez pousar em Curitiba, com um bom desempenho de 857,3 km, razoável para uma viagem tranquila que depois restariam mais 751,7 km para chegar em casa e somente no dia seguinte a encerrar as férias no Banco Safra!  

Durante todos bem aproveitados dias na Cidade Maravilhosa, aconteceu uma intercorrência no "distinto Corsel". Isso foi a poucos dias antes de voltar para casa. Pane no carregador da bateria. Essa se descarregava sem alimentação de nova carga. Dava para rodar bem, mas que não ficasse dependendo do motor de arranque. Cuidado ao estacionar. Obrigatório ficar em alguma rampa para depois pegar “no tranco”! Uso de farol extremamente restrito bem como qualquer outro dispositivo que consumisse energia elétrica... Aqui desmoronou todo encantamento pelo veículo tão apaixonadamente referido no início dessa crônica.

Assumi os riscos inerentes e sem lá grande responsabilidade de um motorista maduro - que eu não era - peguei estrada e ao chegar já na suposta saída de São Paulo a tomar a Rodovia Régis Bittencourt, fiquei inseguro. Viaduto de onde deveria tomar rumo ao Sul, avistei um soldado e parei para pedir confirmação (Recomendado fortemente: SÓ peça informação a alguém fardado!) E o militar me respondeu:

- O senhor pode ir pela Régis Bitencourt, mas se prefere ir pela “freeway” direto, vai sempere em frente até Bauru e...

Ora, “freeway” me soou muito bem e dei clara preferência. Nesse caso, ele aproveitou meu rumo e foi de carona comigo até um determinado ponto que anunciaria na sequência. Creio que uns 200 km depois, próximo de seu destino se despediu agradecido e eu segui viagem, porém logo a frente parando em um posto de gasolina para abastecer e fazer um já tardio lanche de almoço. Foi quando, apenas para confirmar com o frentista:

- Curitiba então... Sempre em frente até Bauru, né?!

- Bauru não! Para Curitiba, o senhor tem que ir a São Paulo e de lá...

- Coooomo???

- Sim. 250 km. e pega rodovia a Régis Bitencourt e...

Surtei! Pois não é que o “respeitável fardado” que me orientou, na verdade me passou a conversa de "free way" a trazê-lo de graça para casa... (Seu desgraçado, FDP!) Quase chorando de raiva, retornei e para piorar tudo, chuva forte. Lembram da bateria? Pois é. Acionava o limpador de para-brisas só para ver alguns metros à frente e desligava. Assim foi por uma hora até parar a chuva! Não tinha alternativa. Um horror! Como eu tinha noção que deveria me dirigir ao Sul. Numa saída qualquer, decidi buscar um caminho alternativo ao Paraná, coisa de desesperado e furioso por estar andando à toa! Me perdi novamente em meio a estradas vicinais e assim rodei até ao anoitecer, quando finalmente achei a Rodovia Régis Bitencourt. Daí me direcionei a Curitiba, onde deveria parar em algum hotel à beira da estrada para pernoitar.

Dirigir a noite?! E a bateria! E os faróis? Simples, muito simples: - Seguirei algum ônibus e quando ele frear eu freio, acelerar eu corro e no primeiro hotel de beira de estrada eu paro e durmo onde for! Dilema número dois: Se estou com olhar focado na sinaleira do ônibus, como verei algum hotel? Assim fui até o destino final daquele ônibus, Blumenau. Obediente ao planejado, fui até a rodoviária seguindo-o. Carros parados fui falar ao motorista a razão de segui-lo. Ele deu um longo suspiro! Esteve o tempo todo, por quilômetros preocupado, "enquanto era seguido por um suspeito carro preto com luzes apagadas"... Bem, ali era seu destino final, então aliviado e sorridente, me conduziu a um colega,  motorista de outro ônibus que iria até Florianópolis e me daria o rumo certo! Lá fui eu!  

Fato novo na viagem: - Eu supunha que minha namorada da época, estaria com sua Família passando final de semana na Capital Catarinenses, hábito frequente com quem partilhei passeio por algumas vezes. Estando já em Florianópolis, fui ao provável hotel de costume e de fato lá estavam de malas prontas ao retorno a Porto Alegre.  Não me deixaram encerrar viagem ali. "Venha conosco"! Fui convencido a viajar - dessa vez em comboio - fazendo do carro dela, dirigido por seu irmão, como minha referência de freia/acelera e viajar o resto da noite meio às escuras! 


Ao amanhecer de segunda-feira, pouco antes das 07hs., eu finalmente chegava em casa aturdido com um estranho zumbido no ouvido e leve tontura depois de vinte e cinco horas dirigindo! O que deveria ser "apenas" 1.581,4 km. extrapolou para uma distância - em função de eu "me perder" em São Paulo – que não consigo avaliar com precisão... Essa foi seguramente minha maior e mais imbecil aventura automobilística!