quarta-feira, 4 de setembro de 2024

 170) Cavalo não é burro, nem o Burro é sempre burro!!!

Estava no sítio do meu irmão mais velho, a observar seu pomar e alguns animais no pasto. Subitamente um de seus cavalos – brincalhão, algo frequente nos equinos – disparou desenfreadamente em direção a uma cerca de arames farpados! Todos boquiabertos com a repentina e tresloucada corrida do animal, sem algo a justificar atitude tão espontânea e até violenta, rumo a um sério acidente!

Ainda em grande velocidade há uns dois metros da cerca, freou repentinamente como disparara. Suas patas energicamente travadas, se arrastaram por metros cavoucando a grama do solo fazendo grossa poeira! Ficou estático, cabeça erguida, orgulhoso parecia aguardar aplausos da perplexa plateia! Esperávamos aflitos seu acidente em meio a cerca afiada! Na sequência os comentários por todo aquele espetáculo, se iniciou pelo meu sobrinho caçula, respondido pela minha cunhada:

- Nossa! Mas que burro!

- Meu filho, não é um burro, é um cavalo!

- Espera mãe, eu quis dizer burro, do ”verbo não saber”!

Tudo esclarecido! Para melhor entendimento consideremos que tanto minha cunhada como meu mano, eram Professores de Português numa Escola local e habitualmente, com seus dons didáticos, observavam em complemento de algum adjetivo com o verbo de sua origem. Exemplo: "Dorminhoco, adjetivo oriundo do verbo dormir...”

Apesar de rirmos da intervenção do “pequeno” com menos de dez anos, me trouxe alegria por vê-lo herdar a atitude de seus pais, garantido que sempre terão na sua Cultura Geral um significativo enriquecimento, para mim,  elogiável. Nos dias de hoje, me parece estarem as crianças sendo desenvolvidas apenas a contestar a Sabedoria dos mais velhos, muitas vezes estimulados tão somente a uma vil discussão, nem sempre espontânea mas via de regra polêmica, para mim, um pouco duvidosa de seu resultado construtivo.


Sinto falta daquela cultura mais permeada de exemplos práticos, genuinamente oriunda das bases da Educação. Essa quando se mistura com à cultura urbana, tende produzir resultado muito rico. Jovens da "Cidade Grande", via de regra se fecham em si mesmo e em suas casas/apartamentos que apesar de desenvolvem habilidades às novas tecnologias, ficam habitualmente enclausurados em recintos fechados ou até mesmo em público, com seus olhos fixos numa pequena tela a jogar, brincar; por consequência isolados do “Mundo Lá Fora”. Frustrante, para mim e aos mais antigos! Não afirmo estarem errados ou no rumo certo. Parece-me não ser o caminho de luzes e flores, quando um aparelho celular substitui a conversa, a troca de "olha no olho", embelezando os bons relacionamentos!

Recentemente fazendo a travessia do nosso Rio Guaíba, em excitante embarcação de velocidade, observando e curtindo todas movimentações da interessante navegação, no entanto, especial às crianças que nos acompanhavam, todas, absortas naquelas nas telas minúsculas de seus celulares vendo ou jogando “não-sei-o-que-lá”! Para eles, visivelmente o passeio inexistia. Estavam unicamente aproveitando o "free wi-fi" disponível na embarcação. Senti dó de quem pagava por aquele passeio. No meu modesto entendimento, dinheiro jogado fora! 

Queria tanto saber recuperar a alegria das crianças brincado como antigamente! Hummmm! Bateu um sinal muito claro que a "velhice" está rondando na minha porta!




12 comentários:

  1. Parabéns meu caro Fausto, grandes verdades.

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  2. Belo texto, meu amigo! Também me preocupo com isso! Parabéns! Bidart

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  3. Parabéns pela grande verdade que narrativa tão bem.
    Não há nada à fazer.
    A gurizada só quer saber de celular...
    Forte abraço Ivan.

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  4. O tempo está para todos, sempre modificando o mundo. Isso pode ser adorável, eu pelo vejo assim!!! Zaira Longaray

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  5. Pois então, já trocamos uma ideia sobre esse isolamento social. A ocupação está nas redes sociais, realidade que consome tempo e não acrescenta nada e no meu caso dificulta , por exemplo, pedir assistência ao provedor da internet, é sempre pelo sistema digital e assim continuando, nossas mãos terão 10 dedos em cada uma e a boca usaremos apenas para nos alimentar. Não falamos com mais ninguém.
    Enquanto isso, continuarei neste momento ouvindo Perry Como , Billy Preston, Vickki Carr e Dean Martin , juntos.
    Amanhã terei nova seleção musical. Abraço. Mauro

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  6. A velhice sempre rondou e sempre rondara as vossas portas.

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  7. Já ouvi por aí que, o anticristo está aí, o celular. Não é uma grande verdade?

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  8. É verdade, as crianças de hoje tem uma infância muito diferente da nossa. É tablet e celular o tempo todo. Bela reflexão!!

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  9. Também fico mal, amigo Fausto, ao observar uma criança tornando-se vítima fácil de um artifício estranho a ela.
    Outro dia ouvi de uma mãe de duas crianças que não usam celular no recreio do colégio que não tinham com quem brincar por os coleguinhas estavam todos no celular.
    Parabéns por trazer à tona essa reflexão.
    Abraço.

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  10. A tecnologia tem que estar na vida da criança bem como a natureza, o interesse por pesquisa, o parque, a viagem de ônibus, as brincadeiras. Assim se forma um cidadão que vive e sabe como funciona a realidade.
    Tida

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  11. Falou tudo Fausto, também acho que vivem no mundo de ilusões, deixando a vida passar, saudades dos velhos tempos

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  12. Como tudo o erro está na dose! Não conseguiremos reverter mas tudo tem que ter medida! Até pra adultos!

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