quarta-feira, 27 de novembro de 2024

182) O Espetáculo é o Ator! A Natureza Completa o Show!

Na Crônica número setenta e dois, título “Quando Cantei uma Ópera do Exterior” de uns três anos passados – ainda disponível nesse blog – fiz do título uma brincadeira de quando reuni coragem extra ao tomar um banho ultra gelado, ao final da tarde em meio aos Andes, durante "El Camino Inka”, no Peru. O “chuveiro”, naquela crônica, era na verdade apenas um orifício onde supostamente houve ali no passado um cano, nos restos da parede de uma casa em escombros, abandonada que jorrava abundante água do degelo. É, a água não causava apenas frio cortante, mas causava dor onde batia cada gota d'água! Foi sem dúvidas um "banho heroico!"

Faço propaganda, estimulo a quem se propõe a essa Trilha Histórica no Peru, de árdua caminhada, de um dia juntar coragem, preparo físico e fazê-la. É de tamanha grandeza, um desafio sem ímpar. O ano foi de 2003, final do Verão quando dividi a aventura com meu querido amigo Jardim. Foi das maiores aventuras vividas ao ar livre. (Sim, existem "outras" vivias no interior da cabine de uma aeronave, que como paraquedista, conto outra hora...) A dificuldade e o enfrentamento de situações nunca pensadas, pautam cada um dos quatro dias de sua desafiadora e longa duração. (quatro dias, duas noites!).

Mesmo afirmando dos encantamentos a cada passo dado no percurso, faço uma ressalva advertido do amigo Padado, que me apoiou, "deu forças" para fazer a trilha. Problema foi o comentário feito após eu contratar e pagar o pacote turístico completo:

- Vai sim, Fausto! Bom que decidiste. Fiz a trilha e recomendo! É inesquecível, único. Entretanto no segundo dia, é o de trilha mais íngreme, vais me odiar por eu ter te recomendado...

E odiei mesmo. Muito. Não toda caminhada, mas especificamente nesse segundo dia! Foi demais, um exagero de dificuldades impostas! Como é feita a nossa Vida, composta de picos e vales. Entretanto nesses dezesseis quilômetros, é só de subida. Todos os milhares de degraus são ascendentes, talvez uns quatro ou cinco de descida em todo o dia! A dor nos músculos da perna e o pior, a asfixiante e Natural falta de oxigênio em seus doze mil pés acima do nível do mar! Uma parada para respirar, enche-se o pulmão mas não satisfaz! Olha para trás, faz duvidar da própria capacidade em percorrer tamanha subida. É um escalar constante! Observa-se grupos lentamente subindo a nos seguir, parecerem pequenos insetos - tamanha a distância - em meio ao desafiador pedregulho da trilha!

A cada dia se apresenta um novo e variável desafio. Desde o primeiro dia por se tratar do “debut” com suas primeiras adaptações de esforço físico, respiratório e mental! Depois vem o pior, o mais longo e difícil, na sequência o mais perigoso e o último, mais ameaçador feito a noite e acabar na madrugada, coroado com revigorante chegada aguardando o amanhecer, o inesperado e surpreendente nascer do Sol e destino final do místico Machu Picchu! Exuberante Sítio Arqueológico, final da caminhada, sem dar menos valor aos outros tantos Sítios Arqueológicos a encantar cada passo dado, a cada gota de suor escorrido e discretamente algumas lágrimas provenientes do emocionante sentimento de vitoriosa conquista !

Nesse ponto final da Trilha, são algumas horas de "relax" sorvendo o banho de endorfina a nos encantar e o sereno contemplar a Grande Obra dos Inkas. Sua Engenharia e Arquitetura são invejáveis merecendo um olhar de extrema admiração provocada em todos participantes da aventura. Depois desse período, se iniciam os preparativos para voltar a Cusco, encerrando o programa, no entanto, ainda existe um trecho a fechar com chave de ouro toda aventura: Será feito, convenientemente de ônibus a poupar os músculos exaustos. São quatro quilômetros de acentuada descida até ao vilarejo Águas Calientes, ou Machu Picchu Pueblo, às margens do rio Urubamba, onde se toma o trem rumo a Ollantaytambo, no Vale Sagrado dos Inkas e depois por sessenta quilômetros de ônibus até Cusco, de volta pra casa, melhor, de volta para o hotel! 

A surpresa: Trata-se de uma descida numa precária rodovia de quatorze curvas de cento e oitenta graus, numa formação de estrada de chão batido - os rípios - a se formar um curioso caracol em meio a vegetação nativa e pedregulho.


Aí estará o grande Espetáculo Humano: - Na largada do ônibus, se apresenta a sua porta, um menino de seus dez anos, esquálido, pouco mais de um metro de altura e seus quarenta quilos, abdômen a exibir apenas costelas sem nenhum músculo, magérrimo. Veste "Guerreiro Inka", rosto pintado em tinta vermelha e branca,  lança em punho e "pronto para a guerra". Grita em sua Língua Mãe - Quéchua – algum impropério não traduzido, e o inesquecível Ator desembarca e o ônibus parte! Um grave ponto de interrogação em nossas mentes! O que foi isso tudo?

Pois o Guerreiro também parte se lançando em desabalada corrida em linha reta montanha abaixo. Sua corrida atalha o curso cheio de curvas do ônibus nessa única linha, depois de longos minutos sua chegada acontece junto ao ônibus no final dessa deslumbrante descida! Novamente entra no ônibus e repete,  ofegante seu esganiçado grito de guerra! Olhar frenético a espera de uma resposta, no caso, "una propina"! (Gorjeta). Emocionei-me profundamente! Pão duro como sou, mesmo assim, enfiei a mão no bolso e lhe alcancei com reverência e extremo respeito, uma nota de vinte dólares, a remunerar parte da emoção vivida! Não foi nenhuma fortuna, mas de visível repercussão! Seu sorriso de gratidão, valeu cada centavo doado, e fomos pouquíssimos a lhe alcançar alguma cédula... 

Um suspiro de pulmão cheio a oxigenar forte emoção e assim se encerrou aquele Maravilhoso Espetáculo!


quarta-feira, 20 de novembro de 2024

 181) Você tem um Animal de Estimação?

O compromisso de manter um “PET”, pode ser oneroso com tudo o que circunscreve a vida de um animal, seja sua alimentação, vacinas e cuidados veterinários impostos no seu dia-a-dia. Hoje avalio não somente os custos financeiros – e não são poucos – a nos trazer compulsoriamente, mas algo mais profundo que é nossa postura de acolhimento fraterno.

Ouvi da minha irmã Eleonora, possui dois cães da raça Pastor Alemão, algo impactante. Algo a representar pela presença constante na vida dela e do meu cunhado Rainer, na verdade não foi nenhuma frase de efeito proposital, mas muito verdadeira sobre os bichos, e me pôs a pensar:

- Conviver com um animal, nos torna pessoas melhores!

Entendo a verdadeira validação desse pensamento, a nos levar considerações do motivo a tê-los. São peças de decoração? Elementos de segurança de seus bens? Instrumento de teste de audição e paciência a latidos? Tudo isso ou nada disso! Nada disso eu penso, sendo honesto. No caso dos cães guardiães essa provável segurança não é, contudo, de absoluto cumprimento. Eles podem falhar e falham. Espertamente por um “agrado” do invasor, leva a seduzi-lo ou até sua triste execução de um "agrado letal", o envenenamento!

Vamos além daquilo insinuado por mim, dos seus custos, existe algo fundamental por um lado e não deve nos custar nada monetário: O carinho! Não basta alegar, "ele está livre leve e solto" com água e comida no pátio ou no interior de sua casa. Ele precisa conversar e não é absolutamente loucura se conversarmos amigavelmente com nosso animal. É precisamente nesse detalhe onde eles, os animais nos tornam melhores. Creiam, eles entendem nossas palavras pelo seu tom pronunciado e seguramente retribuirão na forma mais honesta e afetiva a se imaginar!

No entanto, não fica somente nos cães essa troca de afetividade entre animal e seu dono/a. Felinos, domesticados muito tempo depois dos cães e estamos falando em alguns milhares de anos...  Quem são eles?

- Os gatos! Ah os gatos! Num passado distante eu pessoalmente os hostilizava e cometi maldades, crueldade enquanto tinha cães caçadores em casa e reserva com algumas caças vivas - perdizes, faisões e perdigões - preservados em gaiolas. Gatos de outras origens naturalmente agindo sobre seus instintos caçadores, assaltavam e devoravam nossas reserva. Quando possível, obtinham resposta de um “severo corridão” - alguns letais, que podem imaginar - patrulhado pelos cães perdigueiros do meu Pai.


Mas isso é passado e há uns quarenta anos adotei meu primeiro felino de raça indefinida – vira-latas mesmo - e preservo esse hábito até hoje. Todos tiveram o mesmo pelo em preto & branco e nome de Gothinho, somente o atual é totalmente preto. Basicamente - o uso do nome - é para eu não sofrer tanto com suas partidas, pois quando ficam velhos, deixavam de ficar vivos... Despedem-se deixando uma dor da perda de um amigo sincero, leal e fiel, mas só se recupera na sequência, com um novo afeto por outro vira-latas. Quando são "gatos nenês”, cativam até os mais empedernidos dos corações! Sim, nenê de cachorro desenvolvem uma habilidade de demonstrar carisma, como poucos animais! Então a "nova paixão", nos permite superar a morte do anterior e assim vamos curtindo nossos animais de estimação!

Então devemos ter um animal de estimação ou não? Considere duas coisas: O gato dá muito menos trabalho, por ser menos “espaçoso” e muito independente. Sua decisão deve se concentrar ao ter espaço suficiente no interior de sua casa, no pátio, mas especialmente em seu coração!

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

180) Enjoou de Polenta?

Enjoar de polenta para neto de Italianos, é algo inimaginável, um pecado mortal, diria o Papa! (Não o atual que é argentino!) Dos pratos de origem da “Bota da Europa”, é seguramente o mais simples e que tem maior número na composição em variados molhos, com mais tomate, menos tomate, enfim. Sentença final: Polenta não se enjoa, jamais!

Vamos aos fatos: Na versão de “polenta mole” coberta com um dos molhos escolhidos na minha infância, com Pai e Irmãos caçadores, minha mãe servia perdiz – ou codornas – hoje proibida sua caça. Essa caça gerava o melhor de todos almoços de domingo a se imaginar! Agora, exatamente nesse momento defronte ao teclado do meu computador, afastado da cozinha, me é sofrido pensar tamanha e pecaminosa gula! 

Ainda há, mesmo que raras, como comprá-las – aí sim com o nome de codornas - oriundas dos poucos cativeiros que as produzem. Mas podem acreditar, se acharem no supermercado, comprem, pois o resultado na panela faz valer todo e qualquer "investimento" a ser feito na compra!

Eram mesmo os almoços de domingo, eventos cuja mesa acompanhada de salada de radite, (lá no interior se chamava de radiche!) rúculas temperadas com vinagre tinto, sal e bacon. Recusar, impossível! Não esqueci o vinho tinto, presente em taças de qualquer tamanho, porque chegou o momento do "Manjar dos Deuses!"

Hoje em dia, na falta de perdizes nos resta ainda um recurso, trabalhar um molho feito com frango e se deliciar de muito boa comida! Os acompanhamentos se mantém, não abra mão do queijo parmesão ralado sobre essa maravilhosa "torta cor de ouro"! Fica indiscutivelmente, na minha visão, o maior orgulho da culinária italiana! O foco agora dessa crônica é a polenta, finjo esquecer o espaguete, penne etc, pois cada um deles, merece sua própria crônica!


A farinha de milho recomendada, é aquela que vem do velho moinho, hoje em dia difícil de se achar, muitos deles extintos.... No entanto, como sou de uma geração menos ortodoxa, uso farinha de milho de cozimento rápido. Perde na qualidade, dirão os mais antigos, mas é uma alternativa plenamente válida, porém aceito pacificamente o contraditório!

Da polenta mais firme, minha Mãe a colocava no “panaro” para depois fatiar com linha de costura fazendo cortes perfeitos e alinhados. Dessa polenta toda, evidente era feita a gerar sobras para o dia seguinte e então assá-las na chapa do fogão a lenha. (Sei que é mais charmoso chamá-las de polenta brustolada!) Aí era a vez do café da manhã a rechear cada fatia com queijo da colônia e mais, salame da mesma origem! 

Eu também não tenho fogão a lenha, mas uso chapas metálicas que se adaptam perfeitamente ao fogão à gás e a polenta será assada seguindo a mesma ritualística na hora de devorá-las!

Nada melhor do que uma boa mesa sem se preocupar pelos prováveis “quilinhos a mais” na próxima balança da farmácia! (*) Acreditem: - Não engorda! Eu acho... Pelo menos não deveria engordar para nossa alegria do “mangiare", sem causar remorso!

Cozinha Italiana, me perdoem as outras Nações também produtoras de pratos maravilhosos, mas se deem conta, eu escrevi somente sobre a polenta e tangenciei o espaguete. Se aprofundar sobre outros pratos, a crônica toma volume de um livro de culinária, mas aí excede meus conhecimentos de cozinha. São tantos pratos italianos a “decorar” nossas mesas – preferencialmente na própria cozinha – a me provocar abandono desse teclado e voar em direção às panelas e fazer meu jantar!

Valorizo em menor escala os pratos bem decorados, apoio com entusiasmo o tal de prato bem cheio! Não sou nem gordo nem magro, mas bem definido como um tradicional guloso de primeira grandeza! Aproveitem e comam, essa é a segunda melhor coisa que podemos fazer enquanto queremos ser felizes!!!

(*) As balanças mentem sem a menor vergonha-na-cara!


quarta-feira, 6 de novembro de 2024

 179) E Donald Trump volta à Casa Branca!

Todo o Planeta aguardava essa notícia e como o próprio candidato afirmava, “após a contagem, metade do Povo Americano ficará frustrado, a outra metade”... Creio que o Mundo todo acompanhava esse desenlace tão anunciado como de rígida disputa, quase um voto-a-voto para se chegar a um eleito, na realidade os números – ainda que parciais no momento em que escrevo – de 292 votos eleitorais para Trump e 224 para Harris, conta um resultado que não chega a ser avassalador, mas é bastante expressivo!

Não manifesto aqui minhas preferências, até porque não sou americano, não voto... Ao que tudo indica a tendência de vitória já pendia ao Republicano, pois estão elegendo seu vigésimo Presidente quando o primeiro foi Abraham Lincoln eleito pela segunda vez em 1865, enquanto os Democratas fizeram dezesseis Presidentes. (Wikipédia, a Enciclopédia Livre). Mas tudo isso são dados e estatística prova sua falibilidade mostrada através dos erros das previsões dessa eleição.

O Povo Americano é bastante politizado, o que não garante fidelidade partidária, Trump serve de exemplo no ganha/perde/ganha dos últimos oito anos. Apesar de ser politizado, fixa-se na existência mundial de seu País e “outros”! Culturalmente ignorantes em termos de geografia, não sei se pela natural soberba própria das Grande Nações, ou falta de estudo mesmo, não sabem sequer onde fica o “resto da América”! Por outro lado, esse orgulho todo, os torna leais patriotas e defensores inquebrantáveis de sua Pátria!

 


O Presidente recém-eleito tem muita história para contar de sua imensurável fortuna e de tantos inimigos conquistados, mesmo assim, eleito! Tem perpetuado em um de seus cinco livros, “Pense como um Bilionário”, que dedica aos seus pais, Mary & Fred Trump o seu sucesso nos negócios sempre voltado à prosperidade, onde ele próprio é o autor e não economiza nada em autoelogio... Na verdade sempre atuou como um empreendedor arrojado, inovador, muito corajoso e que trabalhou seu aprendizado ao lado de seu pai - construtor -  desde menino que o acompanhava nas construções e coleta de aluguéis dos inúmeros imóveis de suas propriedades.

Autoconfiante e arrogante? Claro que sim e se reforça seu lado não merecedor de tanto elogio, quando se revela no recentemente filme “O Aprendiz” com seu advogado Roy Cohen, maquiavélico e sem caráter algum, que o inspira. A canalhice rola solta e nos dá a franca convicção de que jamais apreciaríamos tê-lo como genro... Creio ser esse filme produzido exatamente para o denegrir – sob alguma encomenda de seus tantos adversários - seu nome ao Mundo inteiro. “Como Ser Humano”, é difícil se apaixonar por sua personalidade!

Mas a quem interessa o cidadão bonzinho e cheio de predicados? Isso fica distante da nossa realidade mundial. Presidentes que promovem invasão a outros Países, massacram, bombardeiam, saqueiam e cometem crimes de toda ordem, sem uma Instituição poderosa sequer a coibir toda essa realidade. A História já nos relata há mais de dois mil anos que os cheios de boas intenções acabam assassinados, Crucificados!

A ONU? Sim, tem um belíssimo prédio em Nova Iorque, ao lado do Hudson River, onde se perpetuaram alguns dos mais espetaculares discursos!

Que o novo Presidente Americano cumpra suas promessas em pronunciamentos de boas intenções de sua campanha, garantindo liberdade e democracia ao mais poderoso País do Mundo e que “de sobra”, outras Nações dependam cada vez menos de seus dólares americanos e tenhamos também progresso com liberdade, enfim, mais Democracia de fato e menos de meros discursos recheados de hipocrisia!