quarta-feira, 13 de novembro de 2024

180) Enjoou de Polenta?

Enjoar de polenta para neto de Italianos, é algo inimaginável, um pecado mortal, diria o Papa! (Não o atual que é argentino!) Dos pratos de origem da “Bota da Europa”, é seguramente o mais simples e que tem maior número na composição em variados molhos, com mais tomate, menos tomate, enfim. Sentença final: Polenta não se enjoa, jamais!

Vamos aos fatos: Na versão de “polenta mole” coberta com um dos molhos escolhidos na minha infância, com Pai e Irmãos caçadores, minha mãe servia perdiz – ou codornas – hoje proibida sua caça. Essa caça gerava o melhor de todos almoços de domingo a se imaginar! Agora, exatamente nesse momento defronte ao teclado do meu computador, afastado da cozinha, me é sofrido pensar tamanha e pecaminosa gula! 

Ainda há, mesmo que raras, como comprá-las – aí sim com o nome de codornas - oriundas dos poucos cativeiros que as produzem. Mas podem acreditar, se acharem no supermercado, comprem, pois o resultado na panela faz valer todo e qualquer "investimento" a ser feito na compra!

Eram mesmo os almoços de domingo, eventos cuja mesa acompanhada de salada de radite, (lá no interior se chamava de radiche!) rúculas temperadas com vinagre tinto, sal e bacon. Recusar, impossível! Não esqueci o vinho tinto, presente em taças de qualquer tamanho, porque chegou o momento do "Manjar dos Deuses!"

Hoje em dia, na falta de perdizes nos resta ainda um recurso, trabalhar um molho feito com frango e se deliciar de muito boa comida! Os acompanhamentos se mantém, não abra mão do queijo parmesão ralado sobre essa maravilhosa "torta cor de ouro"! Fica indiscutivelmente, na minha visão, o maior orgulho da culinária italiana! O foco agora dessa crônica é a polenta, finjo esquecer o espaguete, penne etc, pois cada um deles, merece sua própria crônica!


A farinha de milho recomendada, é aquela que vem do velho moinho, hoje em dia difícil de se achar, muitos deles extintos.... No entanto, como sou de uma geração menos ortodoxa, uso farinha de milho de cozimento rápido. Perde na qualidade, dirão os mais antigos, mas é uma alternativa plenamente válida, porém aceito pacificamente o contraditório!

Da polenta mais firme, minha Mãe a colocava no “panaro” para depois fatiar com linha de costura fazendo cortes perfeitos e alinhados. Dessa polenta toda, evidente era feita a gerar sobras para o dia seguinte e então assá-las na chapa do fogão a lenha. (Sei que é mais charmoso chamá-las de polenta brustolada!) Aí era a vez do café da manhã a rechear cada fatia com queijo da colônia e mais, salame da mesma origem! 

Eu também não tenho fogão a lenha, mas uso chapas metálicas que se adaptam perfeitamente ao fogão à gás e a polenta será assada seguindo a mesma ritualística na hora de devorá-las!

Nada melhor do que uma boa mesa sem se preocupar pelos prováveis “quilinhos a mais” na próxima balança da farmácia! (*) Acreditem: - Não engorda! Eu acho... Pelo menos não deveria engordar para nossa alegria do “mangiare", sem causar remorso!

Cozinha Italiana, me perdoem as outras Nações também produtoras de pratos maravilhosos, mas se deem conta, eu escrevi somente sobre a polenta e tangenciei o espaguete. Se aprofundar sobre outros pratos, a crônica toma volume de um livro de culinária, mas aí excede meus conhecimentos de cozinha. São tantos pratos italianos a “decorar” nossas mesas – preferencialmente na própria cozinha – a me provocar abandono desse teclado e voar em direção às panelas e fazer meu jantar!

Valorizo em menor escala os pratos bem decorados, apoio com entusiasmo o tal de prato bem cheio! Não sou nem gordo nem magro, mas bem definido como um tradicional guloso de primeira grandeza! Aproveitem e comam, essa é a segunda melhor coisa que podemos fazer enquanto queremos ser felizes!!!

(*) As balanças mentem sem a menor vergonha-na-cara!


18 comentários:

  1. Excelente texto, como sempre! Trouxe uma lembrança da infância, quando ia acompanhar os adultos na caça à perdiz, com cachorro perdigueiro e tudo. Lembrei-me também de um Cliente de Caxias do Sul, que me convidava para almoçar em sua casa, sempre com uma carne de caça, quase sempre de perdiz. Talvez seja por isso que moro no Bairro de Perdizes, em São Paulo. Parabéns! Bidart

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  2. Gostei da lembrança gustativa apesar da polenta não ser o que mais gosto da culinária italiana

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  3. Dá água na boca ao relembrar das perdizadas com polenta feitas pela tia Olga. Crônica q faz relembrar bons e suculentas refeições de minha infância.

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  4. belo relato amigo Fausto. Como descendente de italianos sou fã e grande consumidor. Uma polenta com passarinhos fritinhos e uma salada de raditi com bacon, maravilha. Claro que nunca desprezarei outras cozinhas. grande abraço

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  5. Polenta com perdiz!! Na casa da tia Olga e tio Waldemar!! Aquele sabor ficou marcado pra sempre na minha memória! Sabor de uma infância maravilhosa vivida com pessoas muito amadas! ❤️❤️❤️

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  6. Delícia lembrar das perdizadas com polenta na casa da tia Olga e tio Waldemar! Marcaram demais minha infância!! ❤️❤️❤️❤️

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    1. Gostei tanto que foram dois comentários 🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣

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  7. Beleza, Fausto, como sempre. No mínimo momentos ilariantes. Abraços. Elton Penna

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  8. Mas bah!,
    Fausto, polenta com vinho de Jaguari.
    Não era tão " brabo ", o vinho.
    Baita história !

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  9. Meu Deus! Agora tenho que ir para cozinha fazer uma polenta, enquanto lia teu relato minha boca salivava sem parar, cheguei a sentir o cheiro da farinha queimando na chapa do fogão.
    Tida.

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  10. Caramba, deu uma fome agora... vc descrevendo essas delícias da culinária italiana. Maravilha!!

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  11. Muito boas essas lembranças

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  12. Meu bom amigo


    Me criei comendo polenta com Perdizes em São Gabriel


    E de sobremesa polenta com leite

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  13. José João Maria de Azevedo18 de novembro de 2024 às 02:35

    Querido Mano Fausto nosso Kayser, lendo tua bela crônica somente hoje,
    Mas mesmo com atraso nunca deixo de ler, às vezes estou em lugares que não há sinal no aparelho telefônico, lembrei que fui um dos privilegiados, junto com meu Irmão de coração, Tono Marcone nossas esposas, a saborearmos umas codornas com polenta em tua casa🙌🙌🙌. Que Maravilha estava 😋

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  14. Quando criança, na colônia dos alemães predominava a a batata inglesa, por isso aprendi apreciar a polenta em seus vários sabores quando fui estudar em Caxias do Sul.
    Realmente, Fausto, o sabor da comida da nossa mãe permanece em nossa memória.
    Obrigado, vizinho Fausto, pelo seu esforço em nos fazer refletir sobre isso.

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  15. Fausto adora escrever e cozinha muito bem. Este prato adoro e quando vamos para santa Maria o almoço é no Restaurante vera cruz polenta assada ,frango . E ele sempre se alimentando bem e em forma.

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