quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

185) Então é Natal!

Então é Natal   se inicia o verso imortalizado na canção interpretada por Simone nas celebrações Natalinas dessa época, onde a maioria dos ouvintes – tomo o direito de auto inclusão -  atinge o nível máximo de “saturação auditiva”! É, se for com aqueles sininhos fazendo algumas notas musicais, aí sim, a gente simplesmente desliga o rádio, mas o inevitável é ouvir insistentemente em lojas de departamentos, shopping, etc...

Natal toma um significativo rumo comercial em uma Celebração tão Nobre, cuja expectativa mais antiga sempre foi de aproximação Familiar ao Culto Cristão atribuída ao nascimento do Cristo Salvador! Mas não, as atividades comerciais ficam enlouquecidas a promover a venda de seus produtos, aproveitando alguns restos do décimo terceiro salário, depositado há poucos dias... Não condeno frontalmente, porque toda economia depende desses movimentos monetários frente a algumas estagnações, no final, a alegria e prosperidade é também carregada pela economia em movimento, e isso acontece com necessário e grande vigor!

Papai Noel também é o culpado do sangramento de algumas economias de “almas carinhosas”, como a daquela vovó dando presentes com valores muito além de suas capacidades reais e aí surge uma onda ameaçadora e destruidora de poupanças e créditos! Pobre vovó querida, submissa aos caprichos e desejos do “neto abusivo”! Creiam-me, esse púbico é imenso e a Religião praticada não tem a menor relevância, sendo Cristão ou não, a venda resultante parece justificar tudo e se dá um viva à sobrevivência e glória do faturamento alto de gorduroso lucro!

Lembro-me de um Natal festejado há alguns anos em New York, cujo bairro do “Budista China Town”, fervia feliz seu exuberante movimento comercial, para alegria coletiva do balconista ao proprietário!

Felizmente, nem tudo é assim tão frio e calculista como escrevi até aqui. Recentemente participei de Celebrações Natalinas na Comunidade Luterana de minha filiação, quando fui tomado de profunda emoção a permitir minha mente voltar a um passado longínquo, da minha alegre infância, ao lado ou no colo da mamãe querida a entoar Canções Natalinas! Sempre as mesmas e até por isso inesquecíveis e tão valorosas! Ah, isso é impagável! Reforçar a Fé Verdadeira, nos dando esperança renovada de um Mundo melhor!

Sonho impossível? Pode até ser, mas a alegria de uma festa, nunca evite! Algumas pessoas não gostam sequer de seus próprios aniversários, isso sim é frio. Então, onde vamos buscar alegria nessa vida? Na vitória do meu time de futebol? Onde há sempre tantos “adversários” com a mesma expectativa?! Ou será na cerveja? Na promoção profissional? Pois junte tudo isso, desde essa “cachaça” e ofereça a si mesmo alguns momentos de alegrias, pois esse é o único caminho de uma Vida Feliz! Mesmo achando não ser merecedor, doe-se tudo isso! Merece sim!

Natal é tão envolvente e sua comemoração não é restrita unicamente a dois ponto quatro bilhões de Cristãos no Planeta. (A mais difundida de todas as Religiões, representando um terço da população mundial, sendo maioria em pelo menos cento e cinquenta e sete Países!) Todos, absolutamente todos juntos, alegremo-nos com brindes à vida e às pessoas ao nosso redor, com a Bênção do Eterno!

Entretanto, sempre tem um entretanto, não contraia dívida pesada, mas divirta-se e tenhamos todos bons momentos a comemorar enquanto aqui estivermos com nossos queridos a sorrir! Depois, dia seguinte, vamos ao trabalho construir bases futuras para mais momentos felizes e alegres. Isso vale a pena sim, acreditem!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

 184) Uma Viagem Tumultuada a Buenos Aires!

Minha primeira viagem ao Exterior, não precisava ser de tanta dificuldade. Talvez por falta de um planejamento adequado ou a vontade insaciável de aventura, de enfrentamento de dificuldades de toda ordem, mais a falta de experiência mesmo com o ímpeto da improvisação, própria da juventude vivida naquela Época! Sim, muito jovem. Estou falando na Páscoa de 1973!

Domingus, Ernani e eu todos na casa dos vinte e cinco anos, éramos colegas de trabalho em um Banco de Investimentos Gaúcho. Nosso programa era aproveitar o feriado da Páscoa e de carro, viajar a Buenos Aires. Decidimos por conta própria do tal feriado se iniciaria ao meio dia de quinta-feira. Sem necessariamente com consentimento do nosso Chefe...

Todos possuíam automóvel, no entanto o Karmann-Ghia do Ernani, tinha um motor adaptado para grande potência, isso nos permitiria, em tese, encurtar o tempo de viagem, aproveitando uma época sem controle de velocidade nas nossas estradas, de recente construção com ótimo asfalto e principalmente sem movimento algum! Caminhões a emperrar o trânsito, quase inexistentes. Então era “andar” no limite da potência daquele poderoso motor de 1600cc., com dupla carburação! O problema: Coexistir com o tamanho da cabine de apenas dois bancos! Éramos três adultos de porte médio!

Essa notável dificuldade seria suportada com a alternância no volante e da vítima acomodada sobre a palanca do freio de mão, cuidadosamente acolchoado com alguma toalha velha!

Viagem sem grandes alterações até próximo de Chuy, no Uruguai com o primeiro pneu furado. Sem problemas, deixamos numa borracharia – difícil foi entender o termo “gomerinero”, profissional a nos atender – e fomos jantar calmamente, até altas horas provocando ao retornar, encontro do estabelecimento fechado! Simples: Arrombamos o cadeado do velho e decrépito portão de tábuas – crime já prescrito - e resgatar a peça em conserto e seguir vigem. Agora em um traçado de estrada não tão moderna como nossa BR 290. Percurso sinuoso, mas de uma curiosa compensação de declínio compensatório em suas acentuadas curvas.

 

Chegada a Colônia, último ponto no Uruguai, no meio da madrugada para então aguardar o “ferry boat”, e somente ao amanhecer, seguir a travessia de cinco horas, pelo “Mar del Plata” até Buenos Aires. Essa noite de espera foi torturante naquela já mencionada minúscula cabine onde os três dormiram... Dormiram? Noite muito difícil!

Ao meio dia aportamos na Capital Argentina. Hospedado num hotel barato, saímos a rodar alucinadamente em suas largas avenidas de desconhecidos, até então, semáforos de acionamento progressivo. Foi o primeiro encanto a tão bela, elegante e bem organizada Capital Argentina! Fiquei seu fã, me motivando voltar lá por mais dezoito vezes, ao longo dos últimos cinquenta e um anos! Os restaurantes, bares, cafés com lustres de cristal, casas de espetáculo com preços convidativos num período de nossa moeda brasileira “valer muito”!  Isso fez tudo mais admirado e aplaudido!

O “zum-zum” do Povo Argentino desses dias, anunciava aproximação do esperado retorno do ex-Presidente Peron ao País! Era um “frisson” constante. Não conseguíamos avaliar a extensão política daquela excitada expectativa argentina... Mas perceptível a hipótese do retorno de uma Administração Populista recuperadora! E Peron voltou. O resultado político, econômico e Social, deixo para analistas especializados...

Chegou o Domingo de Páscoa, dia de voltarmos para casa. Iniciamos pela  manhã o exaustivo retorno a Porto Alegre com os três jovens já bem cansados. Durante a travessia de barco, nos aproximamos de um brasileiro, médico, solitário retornando a Porto Alegre com sua mudança, num IMENSO automóvel Opala! Dele combinamos e o convencemos da conveniência de dar carona a um de nós e o eleito foi Domingus. Na estrada, acertamos encontro na entrada de Montevideo. Largamos naquele padrão de velocidade, a dar inveja a Emerson Fittipaldi! No ponto combinado, a  espera foi de quase uma hora. Domingus estava enlouquecido:

- Não vou mais com esse desgraçado! Não passa nunca dos oitenta por hora. Uma lesma! Quando batuquei uma música do rádio com os dedos no painel, disse para eu parar, pois ia afrouxar os instrumentos do carro! Louco. Neurótico, filho da puta!

Diante de tamanha convicção do parceiro, Inventamos uma desculpa qualquer, combinando novo encontro na entrada de Piriápolis[F1]  e FUGIMOS em alta velocidade para "nunca mais" vê-lo...

Adiante, altas horas da noite, a enorme dificuldade foi controlar o sono estonteante! Já no Brasil, parada obrigatória em Pelotas, tomamos um forte café com lauto jantar, onde novamente à espera, dessa feita de uma substituição de pneu rasgado. A façanha foi comigo ao volante – os dois dormindo - ao descer a rampa da ponte sobre o rio São Gonçalo, quando na última curva bati roda traseira numa pedra enorme na via. Capotagem só não aconteceu porque... Não sei o porquê!!!

Após o jantar, segui dirigindo até o destino final, Porto Alegre, sempre no limite da potência daquele MOTORZÃO Volkswagen e eles dormindo profundamente! Chegamos a Capital lá pelas quatro da madrugada! Agora todos acordados para chegarmos felizes em casa! Na entrada da cidade, Avenida Castelo Branco totalmente vazia, após mil e cem quilômetros rodados, quem ultrapassei solitário na pista? Sim. Aquele metódico médico, irritantemente comedido com seu Opala sempre na mesma “lerdeza” dos oitenta km por hora, ironicamente, chegando junto ao “trio veloz” no despachado Karmann-Ghia branco, do seu potente motor de dupla carburação!

Alguém lembra, há de mais de sessenta anos, os educativos quadrinhos: “O Jaboti Moloide?! Pois é Jaboti chegou junto com o Coelho em sua competitiva corrida!


 [F1]





quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

183) São Francisco, na Califórnia!

Minha primeira viagem aos Estados Unidos, fevereiro de 1976, foi depois de participar – prêmio - em uma Convenção da IBM em Acapulco, México. Na sequência fui viajar a seis importantes cidades americanas acompanhado de três colegas. Muita novidade, muita emoção, suponho jamais sairão da memória. Situações celebradas nos grandes momentos da nossa Vida, cuja alegria é difícil aquilatar!

A chegada a cada aeroporto, primeira missão através de um inglês ainda precário, alugar um carro. Não depender de táxi com liberdade de ir e vir com praticidade. Como toda despesa era religiosamente dividida entre as partes, eu pulava a frente para fazer a locação, desse modo, doido para dirigir seria o único piloto, matando a sede de conhecer os carros com a fantástica mudança automática!

São Francisco - já na segunda parada - encantou do primeiro ao último minuto. Foi por onde mais rodamos em suas famosas ruas, algumas delas perpetuadas nas telas do cinema no icônico filme “Bulit”, de 1976 com Steve McQueen interpretando um policial, com uma simples tarefa de vigiar alguém! Menos simples, foi quando acontece a cena mais forte do filme numa ferrenha disputa de louca corrida  em perseguição em trânsito urbano! O Policial Bulit num Mustang a "buscar" o suspeito num Camaro, naquelas vielas acidentadas de um sobe e desce desafiador! Eu no entanto, em velocidade moderada, por óbvio...

Em São Francisco, fora da área urbana, há um passeios obrigatório: Sausalito. Região de exuberante beleza envolta em mata nativa, residências a dar inveja e uma área de portos de iates milionários! Desperta uma vontade imensa de ser bilionário! Especialmente na moeda americana. Bilionário em dólares no caso!...

Voltando para São Francisco: -  No trajeto a Sausalito, se avista a ilha de Alcatraz, prisão mais famosa do mundo, hoje desativada como penitenciária, mas aproveitada como museu de visitação pública. Nessa oportunidade, pelo nossos estado de espírito, não contemplava curiosidade ou vontade de ver um templo voltado ao castigo severo, ali representado! Dispensamos...

A melhor parte do passeio desse dia – para quem [eu] dirigia - foi a travessia da Golden Gate Bridge, ponte suspensa, cartão postal da cidade considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno! Aberta em maio de 1937 é hoje um dos vãos mais famosos do mundo. Seu comprimento de dois mil e setecentos metros e altura de duzentos e vinte e sete, torna-a única, fascinante!

Para prosseguir, um "aparte": - Lá pelos meus dezesseis anos de idade, apreendi a dirigir em um CAMINHÃO. Aconteceu num pequeno Opel ano 1957 com caixa de “mudança seca”. Isso significa pedalar duas vezes a embreagem para cada mudança. Aprendi também, para fins de economia de gasolina, como um bom caminhoneiro, em decidas acionar a embreagem e soltar o carro em ponto morto, a conhecida "banguela"! Perigoso e proibido pelas Leis do Trânsito! Hábito, me desculpem a infração, mantido até hoje! Serve também para baixar um pouco a temperatura do motor e consumir menos combustível... Coisas úteis especialmente em veículos mais antigos e de alto consumo, a despeito de todo risco...

Voltemos à Golden Gate: - Retornando a São Francisco e ainda encantado por dirigir um carro automático, acionei no meio e alto da ponte, onde inicia acentuada e longa decida, uma aceleração forte e CHUTEI aquilo, supostamente o pedal da embreagem! E "aquilo" não estava ali! Obviamente o único pedal, é o do  freio. Equivocadamente ao soltar a palanca de mudanças para o ponto morto... Foi uma freada brusca, violenta com "gritos dos pneus" arrastando em fumaça azul e cheiro de borracha queimada! 

Felizmente nenhum carro me seguia perto! Todos ocupantes voaram de seus assentos traseiros em direção aos bancos da frente, painel, para-brisas dianteiro, etc... O carona, sentado ao meu lado, quase entrou pra dentro do porta-luvas (exagerei). Por fração de segundo o caos se instalou na cabine em enorme confusão! Gritaria e na sequência muito tapas na cabeça desse pobre motorista, hoje contando a história de uma notável barbeiragem! Felizmente ficou só no susto! Enorme e inesquecível susto!

Nessa época, não dávamos a mínima para o cinto de segurança. Sequer sabíamos onde ele ficava... Atualmente, não usá-los, um absurdo e imperdoável atitude "semi suicida"!  Pode ser considerada tentativa de assassinato aos demais passageiros... Usem sempre! Obrigatoriamente e boa viagem!