quinta-feira, 24 de abril de 2025

 199)  Pucon – Um Alemão pagou meu “Rafting”!

A cordialidade ultrapassa fronteiras! Retorno a comentar da minha última viagem ao Circuito Andino, onde uma das paradas para recuperação de tantas horas ao volante, fez valer toda a viagem! Trata-se de Pucón, uma pequena cidade ao sul do Chile – La Araucania - distante oitocentos quilômetros da Capital, localidade entre vulcão e lagos, amada por aventureiros do mundo inteiro.

Lá se encontra a oportunidade de explorar cenários naturais deslumbrantes e uma imersão na cultura andina autêntica. Natureza exuberante com o Parque Nacional Huerquehue com termas, cascatas, vulcão ativo, trilhas, rafting e outros tantos tesouros. Tudo isso e mais, se encontra nessa Porta de Entrada da Patagônica Chilena.

Reservamos um dia para fazer esse rafting, termo inglês para “descer um rio em balsa”, cuja primeira tarefa foi convencer Elaine de ser um esporte dinâmico, absolutamente seguro e até um pouco calmo! Canoagem tranquila, garanti a ela!. Ingenuamente acreditou! Gosto muito, já revelei diversas vezes, de esportes radicais, produtores de “derramamento de adrenalina” em abundância. Esse, foi exatamente assim, mas se eu não mentisse, perderia a companhia e fazê-lo sozinho, não teria com quem comentar depois as crises de medo com alguém. É onde está a graça de tudo, eu acho...

No entanto, essa mentirinha bem-intencionada me causou prejuízo mais adiante, em meio à aventura: - Uma das cascatas a descer era de um nível destinado à categoria mais alta da aventura. Tipo exclusiva para competidores profissionais. Nessa, o timoneiro fez todos desembarcarem e trilharem à margem do rio por uns cinquenta metros, descendo na rocha íngreme de uns seis metros de altura. A sugestão entusiasmada, foi a de saltarmos daquele ponto nas águas profundas e retomar o embarque na balsa. Todos saltaram de pé. Fiquei por último, só para ser “exibido”, pois fiz de ponta cabeça aguardando aplausos! Que evidentemente não aconteceram... Pois nesse momento Elaine deu o vexame de se negar a saltar! Optou por descer pela rocha cravando as unhas nas pedras molhadas e escorregadias, numa atitude muito mais perigosa, provocando uma expectativa de acidente a todos! Felizmente tudo transcorreu bem sem maiores dores, trazendo a “heroína” pálida, branca como uma vela de vota a bordo! Na foto, enquanto deslizava na água agitada, ela está rindo bem a frente da balsa!



Um dia antes da aventura, fomos até o escritório de turismo, fazer a contratação do programa. Ao pagar, o sinal internet da máquina de cartão de crédito não funcionou e eu não tinha dinheiro em espécie. Impasse criado, pois o pagamento antecipado era obrigatório, sem outra chance. Daí que um “Alemão” com sua reserva já confirmada, prontamente tirou do bolso algumas notas de dólar e pagou, para um “acerto” no dia seguinte! Claro, alegremente aceitei!

Agradecido, apenas troquei um olhar com a esposa, com vontade de dizer: “Nossa!” Cortesia gratuita, sem sinal de segurança a gente não está muito acostumada! Maravilhoso conhecer outras Culturas, outros Povos que sempre nos trazem algum aprendizado, algum enriquecimento cultural!

quarta-feira, 9 de abril de 2025

198) Para-quedismo: Queda Livre com Chuva?!

Inúmeras vezes amigos, conhecidos, leitores me perguntaram o quão complicado é saltar de para-quedas com chuva! Todos sabem da minha paixão nutrida por esse esporte radical (Escrevi livro, ainda “não publicado”, do acidente em 1999) e foram uns seis anos de intensa prática – acima de trezentos saltos – alguns inclusive, fora do País.

Como todo esporte radical, esse tem a capacidade de nos deixar inebriado pela forte injeção de adrenalina no sistema, que ocorre durante o salto. É tão forte a provocar dependência química. O estado de euforia durante o voo, proporciona um prazer tão intenso, a ponto de provocar ansiedade num final de semana de “abstinência” ao PQD! Hilário, mas muito real!

Já ao amanhecer de um sábado qualquer, ou domingo ensolarado, vê-se o céu azul (blue sky) com poucas nuvens a nos chamar! Daí é irresistível! Juntar o equipamento, pega o carro e se manda cheio de alegria rumo a “Área de Saltos”! No meu caso, cidade de Sapiranga – RS, pouco mais de cinquenta quilômetros de Porto Alegre. Próximo ao aeródromo, ao ouvir o vigoroso ronco do motor de um Cessna subindo, o batimento cardíaco já altera seu ritmo para o acelerado, cuja superação só ocorrerá quando estivermos voando “lá em cima”, aos dez mil pés de altura. Abre a porta da aeronave e o ar gelado invade a cabine ,(dois graus de diferença a cada mil pés de altura!) um forte estresse ao olhar para baixo e “desembarcar”!

 


O choque físico na saída aeronave com o ar, é uma "paulada"! Depois, durante a queda-livre o corpo cai em velocidade superior aos duzentos e cinquenta quilômetros por hora. Toda aquela aceleração do batimento cardíaco na hora de sair da aeronave, diminui consideravelmente. O medo – muito conveniente – da saída é imediatamente substituído por uma sensação prazer indescritível. Desaparece milagrosamente o temido sentimento de “estar caindo”! A sensação nítida é de estar como uma águia voando numa velocidade absurda com inexplicável sensação de segurança. Por segundos, suponho que a alma assume um “endeusamento” único, cheia de coragem, até soberba! Perdoem-me, meus colegas de esporte, mas o para-quedista se torna arrogante através de seu soberano domínio às altíssimas velocidades - sem motor - propiciadas por esse esporte muito louco!

E a chuva? Bom, se a meteorologia não for favorável, avião nem decola. Visualizando a ameaçadora nuvem, apelidada de “cebezão”, flutuando absoluto nos céus, fica quieto no solo, e pronto! Trata-se das escuras e temidas “Cumulus Plumbum”. Respeitadas até por grandes aeronaves. Algumas dessas nuvens possuem energia no seu interior produzindo perigosa eletricidade. Quanto mais distância, melhor!

Algumas vezes acontecem formações inesperada de algumas nuvens, quando já se está no ar em busca da altura ideal para o lançamento. São nuvens a se dissiparem facilmente e passar no seu interior, é como correr na estrada sob forte cerração, nada além isso e garanto, é um “barato extra”!  Nessa situação, se algum colega está próximo, cria-se uma ilusão de ótica, com aquele colega envolto em uma áurea de luz, semelhante ao arco-íris! Simplesmente encantador!  

Pode-se casualmente, ter contato com pequenas rajadas de chuva, e o sentimento – melhor se saltando sem capacete, só de óculos apropriado – é de as gotas baterem no rosto com força extrema, pequenas agulhas, talvez grãos de areia, nada tão agressivo a causar dano físico, apenas curioso, surpreendente aos neófitos!

Então é clara a viabilidade de pegarmos chuva sem problemas de navegação. O prejuízo maior fica por conta de molhar ou de sujar o velame para uma trabalhosa missão de limpar e secar todo o tecido. Afora isso, vamos saltar, porque o prazer de voar – tão desejado por Ícaro, como nos conta a Mitologia Grega – afirmo convicto: 

- “Quem nunca saltou, não imagina o tamanho do prazer e quem já saltou, jamais encontrará palavras suficientes para descreve-lo!”

 

 

quarta-feira, 2 de abril de 2025

 197) Um Milagre: Ele me Chamou de Sábio!

Verdade, há uns dois anos ou mais, o sobrinho da Elaine, Henri, no alto de sua sabedoria de seus dez anos de idade, disse com todas as letras: “Tio Fausto é um Sábio”! Evidente, cabe relatar a circunstância, no final, até mereci!

Desde criança sempre fui orientado a certas cautelas quanto as ameaças e ações de sobrevivência. Cuidados com alimentos selvagens, dentre tantas coisas interessantes – meu Pai, seu Waldemar, foi afinal um “Chefe de Escoteiros” – ele ensinou como fazer fogo no meio da mata em dia de chuva, evitar cobras, olhar para o chão a evitar espinhos, nadar no rio, fazer um carreteiro dentre tantas coisas verdadeiramente úteis. Ele sim, verdadeiramente Sábio!

Também apreendi, quando se come melancia não se come uva... Depois da refeição, esperar pelo menos uma hora para tomar banho e assim por diante... Quanto “mito”! Pois foi diante desse mito do banho após o “buxo cheio”, onde obtive o maior elogio em vida, ao lembrar como aprendi em uma preciosa ocasião, na adolescência, após me deliciar um lauto jantar, oferecido pelo Dr. Edu, Paraninfo da Formatura em Contabilidade: - Empanturrado, comentei com ele: - “Agora terei de esperar mais de hora para tomar banho”! Ele, experiente responde: - Nada disso, bobagem, pode tomar seu banho sossegado!

 


Diante dessa “novidade”, vindo de um respeitável adulto e médico, acabou o temor, mas com ressalva, banho de chuveiro risco zero, imersão, não seja prolongado!

“O Sábio”: - Reunido com a Família da Elaine em uma área de lazer com piscina e farto almoço, o sobrinho Henry, um elogiável glutão, após a sobremesa se dirigia à piscina quando sua mãe interrompeu:

“Não senhor! Aguarda uma hora. Vou marcar no relógio...” 

Desespero do rebento, foi quando interferi dizendo convicto, não há problema algum! Isso é um mito! Podes deixar...

O sorriso do menino, cheio de alegria foi espetacular, para imediatamente afirmar cheio de felicidade – de sua conveniência, é claro – tio Fausto é um Sábio! Eu no caso, modéstia à parte! Evidentemente com o respaldo de sua mãe, ele se foi às águas, advertido da precaução de fazê-lo com alguns intervalos...

O sorriso de uma criança, é algo impagável, marcante como foi dessa feita, lembrada mesmo tendo ocorrido há tanto tempo! Quem já teve a oportunidade de acalentar o choro de um neném, subitamente revertido em sorriso – sorriso muitas vezes ainda de pura gengiva, sem dentes – sabe para onde nosso ego é conduzido! Vai às nuvens da felicidade!

Faça uma criança sorrir e seu dia se tornará muito bem compensado!

quarta-feira, 26 de março de 2025

196) Muitas Viagens!

Tenho escrito nesse blog, em sua segunda fase, abandonando um pouco o humor e auto gozação da primeira, focando múltiplos assuntos interpretados como interessantes, em especial a dividir as curiosidades em “muitas viagens”... Esse é um dos meus gloriosos prazeres, como já afirmei, não importa se for de ônibus, trem, avião, navio ou de carro. Já fiz até a cavalo, trecho noturno, mas curto de uns cinquenta quilômetros, enquanto Militar da Cavalaria em Serviço Obrigatório no Exército!

O restante sim, bem mais longo. Teve o primeiro, por mais simples eventualmente possa parecer, foi marcante, até por ser o primeiro internacional: Uruguai! Simples sim. Acompanhando minha irmã e cunhado, numa DKW Vemaguet, em viagem de 243 ks. de Santa Maria a Santana do Livramento, cidade gaúcha, curiosamente separada da uruguaia Rivera por uma simples praça, com um Monumento como um marco de pedra estabelecendo ser ali, a amigável e fraterna fronteira entre os dois Países.


Fiquei emocionado ao calor de meus dezoito anos. Estar literalmente com um pé no Brasil e outro no Uruguai, é pose obrigatória para fotos! O choque presencial é único. De um lado da rua todos falando português fluente e do outro, o espanhol com o significativo “sotaque uruguaio”, por óbvio! Os restaurantes, do “lado de lá” com expressivas diferenças onde se degustam as invejáveis “Parrilladas” – “imitamos” com o nome de churrasco - com as melhores carnes do mundo, “eu acho”!

Fomos também às compras! Roupas de lã pura mereciam destaque especial. Nessa época eu ainda era um fumante, então a oportunidade de comprar cigarros americanos (proibidos no Brasil) eram gloriosas! Mas ligado ainda a esse vício, me encantava o fósforo uruguaio, “La Luna”, de caixinhas azuis, pavios encerados substituíam os palitos. Só não acendiam na própria caixa, mas em qualquer outro lugar áspero, na parede, no chão, sola do sapato, enfim... O legal era imitar os faroestes americanos a riscar aquele palito em qualquer superfície e acender o cigarro! Era o puro charme de John Wayne!

Desde essa época, percebi o quanto é importante entender, falar outras línguas. Como autodidata procurei observar a entonação e a riqueza de vocabulário uruguaio! Espanhol foi meu primeiro desafio linguístico, desenvolvido muito mais com base a curiosidade do que propriamente ao estudo clássico. Isso só se deu com o idioma inglês, muitos anos mais tarde em escola especializada.

Repito convicto da importância de viajar e viajar muito, a conhecer não só outros idiomas, novas Culturas, Povos! Ouvir atentamente e tentar falar faz parte da aventura e coroa de sucesso quando “alguém” consegue te entender ou pelo menos te perdoar pelos equívocos da linguística!

Claro, podemos conceder exceções para nós mesmos, a exemplo de estar por período muito curto em Seul e Tókio... Lembro nessa ocasião, quando Professor Suzuki me acompanhou por um dia na capital japonesa, comentar de seu pai nascido e nunca abandonou aquela cidade, afirmando: -“Um dia saberei todas as palavras de minha língua mãe!” Se nem “eles” conseguem... A maior curiosidade no idioma japonês, corre por conta da Família Real, pois tem seu próprio vocabulário, onde só a Família Monarca, se entende!

Fiquei emocionado ao calor de meus dezoito anos. Estar literalmente com um pé no Brasil e outro no Uruguai, é pose obrigatória para fotos! O choque presencial é único. De um lado da rua todos falando português fluente e do outro, o espanhol com o significativo “sotaque uruguaio”, por óbvio! Os restaurantes, do “lado de lá” com expressivas diferenças onde se degustam as invejáveis “Parrilladas” – “imitamos” com o nome de churrasco - com as melhores carnes do mundo, “eu acho”!

Fomos também às compras! Roupas de lã pura mereciam destaque especial. Nessa época eu ainda era um fumante, então a oportunidade de comprar cigarros americanos (proibidos no Brasil) eram gloriosas! Mas ligado ainda a esse vício, me encantava o fósforo uruguaio, “La Luna”, de caixinhas azuis, pavios encerados substituíam os palitos. Só não acendiam na própria caixa, mas em qualquer outro lugar áspero, na parede, no chão, sola do sapato, enfim... O legal era imitar os faroestes americanos a riscar aquele palito em qualquer superfície e acender o cigarro! Era o puro charme de John Wayne!

Desde essa época, percebi o quanto é importante entender, falar outras línguas. Como autodidata procurei observar a entonação e a riqueza de vocabulário uruguaio! Espanhol foi meu primeiro desafio linguístico, desenvolvido muito mais com base a curiosidade do que propriamente ao estudo clássico. Isso só se deu com o idioma inglês, muitos anos mais tarde em escola especializada.

Repito convicto da importância de viajar e viajar muito, a conhecer não só outros idiomas, novas Culturas, Povos! Ouvir atentamente e tentar falar faz parte da aventura e coroa de sucesso quando “alguém” consegue te entender ou pelo menos te perdoar pelos equívocos da linguística!

Claro, podemos conceder exceções para nós mesmos, a exemplo de estar por período muito curto em Seul e Tókio... Lembro nessa ocasião, quando Professor Suzuki me acompanhou por um dia na capital japonesa, comentar de seu pai nascido e nunca abandonou aquela cidade, afirmando: -“Um dia saberei todas as palavras de minha língua mãe!” Se nem “eles” conseguem... A maior curiosidade no idioma japonês, corre por conta da Família Real, pois tem seu próprio vocabulário, onde só a Família Monarca, se entende!

quarta-feira, 19 de março de 2025

 195) O Muro de Jerusalém.

Muro de Jerusalém, Bíblico, Icônico, Símbolo Sagrado da Religião Judaico Cristã, também chamado Muro de Al-Buraq, foi destruído pelo menos três vezes quase por completo. Rei Davi o idealizou, mas foi seu filho Salomão a quem se atribui sua construção.

Quinhentos e oitenta e sete anos a.C., Nabucodonosor II, o maior Rei do Império Neobabilônico foi quem destruiu a maior parte da Muralha mais o Templo de Salomão, incendiado. Os Muros de Jerusalém reconstruídos, foram destruídos novamente durante a primeira guerra judaico-romana no ano de sessenta e seis d.C. e ainda foram destruídos mais vezes durante sucessivas invasões.

Por que trago isso à tona? Faço tendo em mente a visita feita a Israel em setembro de 2022 e evidentemente vivenciando a representatividade do lado Místico de uma pequena parte dessa Muralha, a que jamais fora destruída. É naquele Ponto Sagrado onde o Eterno reservou como o local onde a morte não chega! Preservada hoje como “O Muro das Lamentações”, irradia uma energia impressionante a comover a todos Fiéis lá presentes!

Estive lá numa tarde de sol, respeitando a devida separação de “cavalheiros para cá e damas para lá”, a tocar no Muro e como milhares de peregrinos, fazer pedidos ao Senhor! Foram pequenas folhas de papel a se colocar entre as fendas entre uma pedra e outra. A Fé Verdadeira impera entre todos alinhados naquela Região. São setenta metros de extensão por quarenta de altura de pura Adoração e Oração. O comprimento total é de quatrocentos e oitenta e oito metros, entretanto, somente esses setenta são visíveis.

Visitar esse Símbolo Religioso para os Judeus, faz valer toda uma viagem.   

  

Confesso muita tensão ao adentrar no País – fui advertido de severa inspeção de entrada – contrariado, fiz até a quarta vacina do Covid19, para “não me complicar” naquele momento... Muita tensão quando do controle de fronteira – entretanto num bom inglês - uma moça verificou a documentação, pergunta a razão da viagem, devolve o passaporte e dá boas vindas! Simples assim. Sem carimbo no passaporte, apenas um pequeno “tiket” é apenso em uma das folhas para garantir segurança aos viajantes supostamente interessados a outras visitas na Região, afinal de contas, essa é uma das Nações mais ameaçadas do Planeta.

Quando a Paz voltar à Região, faço dessa viagem convicto, amplamente recomendada. Embora o eventual atendimento de informação na rua, não espere cordialidade. Quando respondem, é de “cara feia” e alto risco de informação errada... Como tudo na Vida é composto de altos e baixos, a cordialidade fica longe do desejável, um ponto negativo, mas de pequena importância! Já na alimentação, prepare-se para pratos nunca imaginados, onde carne de gado é raro! Contente-se com frango e peixe condimentados sabor muito distante dos nossos mais tradicionais! 

quarta-feira, 12 de março de 2025

 194) Gaúchos, Muito Próximos das Fronteiras!

Em cinco de fevereiro passado, escrevi uma Crônica exaltando a cordialidade dos argentinos, em especial a um prestativo cavalheiro a me conduzir no confuso trânsito de Buenos Aires, (afinal, a Capital tem três milhões e duzentos mil habitantes), até meu destino daquele dia! Entusiasmado com minhas próprias palavras, fiz naquela crônica, uma “ode” a todos argentinos, indistintamente!

Nossa proximidade que Porto Alegre tem com as fronteiras do Uruguai e Argentina (quatrocentos quilômetros com o primeiro e seiscentos e trinta com o segundo) proporciona uma vantagem geográfica significativa concorrendo, em termos de turismo e sua distância, até com a Capital Brasileira mais próxima, Florianópolis (quatrocentos e sessenta quilômetros) e mais ainda do resto do Brasil.  Por consequência nos é comum viajar ao “exterior” e até ter certa intimidade com o Idioma local, o  Espanhol!

Há uns oito anos, passar um final de semana prolongado em Buenos Aires, era fácil, custo baixo e de grande prazer. Meu sobrinho Sérgio me deu uma “dica”, enquanto morou próximo a São Borja, e adaptei a Uruguaiana: Viajar de carro até a Fronteira e de lá tomar um excelente e barato ônibus de linha argentina, poltrona leito e com um bom jantar (Padrão Varig, para quem lembra!). Amanhece no centro de Buenos Aires. Fiz isso por quatro vezes! 

Comer bem com  suas carnes maravilhosas, pois a Capital Portenha oferece restaurantes com as melhores carnes do mundo. E dizer algo de seus vinhos?! Seria redação de um guloso se ficasse só nisso. A Cidade tem História e é contada em suas exuberantes casas de espetáculo com shows de seu celebrado ritmo, o tango, dançado artisticamente de forma encantadora. Cidade rica em museus, boutiques, zoológico, jardim botânico, estádios de futebol e até Cemitério! Sij, o visitadíssimo com destaque ao Mausoléu onde se encontram os Restos Mortais de Eva Peron, endeusada por quase todo argentino. Atualmente cobram ingresso para visitar o Recoleta!

Agora, respondo a muitos comentários no meu blog, quando elogiei um Cidadão Portenho: - Verdade. Nem todos tão cordiais e honestos, característica de qualquer Povo ao redor do Planeta. Mas também “um outro deles” merece destaque agora: Um taxista. Como escrevi acima, chegando na estação rodoviária, peguei um táxi. Esse fez um imenso trajeto inclusive me onerando com um pedágio até chegar ao hotel. Percebendo, por ter noção do mapa da região, ainda um pouco “zonzo” por uma noite a bordo,  paguei, foi uma boa quantia e só fui comentar o fato na recepção do hotel, onde ouvi apenas um triste lamento:

- Ah! Esses motoristas de táxi de Buenos Aires!

Entendi tudo! A malandragem não fica restrito ao nosso Povo. Parece fazer parte da postura latino americana, a se lamentar!

Viajar a lugares desconhecidos, nos ensina muito e desenvolve nossa “tolerância”, pois a cada lugar se apresenta um novo desafio, uma surpresa. Daí a razão de qualificar os amantes das viagens, como verdadeiros aventureiros e é aí onde está o grande prazer! Aproveitem e depois riam das erradas e gafes cometidas!

quinta-feira, 6 de março de 2025

193) Uma Viagem de Trem de Paris a Veneza!

Outubro de 1982 estava saindo de Paris, destino à encantadora Veneza. A aventura – numa época em que não existiam os trens de alta velocidade – esse era um trecho a ser coberto em doze horas de viagem. Fiquei encantado já no primeiro momento da emissão do bilhete ao perguntar da disponibilidade para aquele destino:

- Temos trens diários até para Istambul! Ou, toda Europa!

Contratei cabine leito de um trem das vinte e três horas. Excelente noite de bom sono! Ao amanhecer, o chefe de cabine abre a porta e desmonta o beliche transformando tudo numa cabine de duas poltronas para quatro passageiros cada lado. Logo lotado. Acabou todo o romantismo! E eu pensava ter a cabine exclusiva durante todo o período. Doce ilusão!

Mesmo com poltronas confortáveis, paisagens deslumbrantes, uma viagem longa naturalmente cansa.  A grande vantagem em viagem por esse meio, é a facilidade de se dar uma “esticadinha” nos corredores ou até ao vagão restaurante, onde lá tudo se encontra com a requintada cozinha à francesa!

São muitas paradas nas mais diversas estações ao longo do percurso. Numa delas, desci para caminhar um pouco na gare. Era um local simples pequeno, sem grandes atrativos voltei para o trem escolhendo aleatoriamente qualquer vagão. Foi quando senti um daqueles sacudidas dos trens ao iniciar movimento. O susto, fico por conta da desconexão do comboio exatamente onde eu estava. O trem abandonava o resto dos vagões e eu nem imaginava em qual vagão estava naquele trágico momento, muito menos, de onde "estaria" minha esposa... Pânico de secar a garganta!

Ela, ficara em nossa poltrona original enquanto eu dei aquela “fugidinha” do interior do trem. Detalhe fatal: - Ela não dominava idioma algum, não fosse o “nosso idioma”! Para ela, eu poderia ter simplesmente desaparecido sem a quem ou como questionar...

Minha falta de conhecimento, não contemplava o fato: Não há um trem fazendo esse percurso todo e sim um único vagão. Ao longo da viagem, esse se incorpora a outros vagões com destino comum, no fim todos se juntam e chegam em Veneza! Que ignorância!

Voltando aos meus curtos minutos de desespero por estar em vagão incerto e não sabido, a liquidar uma Lua-de-mel certamente desastrosa por um perigoso desencontro. Trôpego e com batimento cardíaco no limite, corri pelo corredor daquele estranho vagão e lá estava Martha! Olhou-me com total indiferença e eu explodindo de alegria por estar ao ACASO no mesmo vagão no momento daquele desligamento! Ufa!

Recomendo firmemente cautela a eventuais deslocamentos irresponsáveis, seja dentro do comboio ou pior, fora dele! E boa viagem, porque transitar em trem pelo continente Europeu, é um espetáculo à parte. Não faça isso de avião, pois o mais bonito passa desapercebido!