193) Uma Viagem de Trem de Paris a Veneza!
Outubro de 1982 estava saindo de Paris, destino à encantadora Veneza. A aventura – numa época em que não existiam os trens de alta velocidade – esse era um trecho a ser coberto em doze horas de viagem. Fiquei encantado já no primeiro momento da emissão do bilhete ao perguntar da disponibilidade para aquele destino:
- Temos trens diários até para Istambul! Ou, toda Europa!
Contratei cabine leito de um trem das vinte e três horas. Excelente noite de bom sono! Ao amanhecer, o chefe de cabine abre a porta e desmonta o beliche transformando tudo numa cabine de duas poltronas para quatro passageiros cada lado. Logo lotado. Acabou todo o romantismo! E eu pensava ter a cabine exclusiva durante todo o período. Doce ilusão!
Mesmo com poltronas confortáveis, paisagens deslumbrantes, uma viagem longa naturalmente cansa. A grande vantagem em viagem por esse meio, é a facilidade de se dar uma “esticadinha” nos corredores ou até ao vagão restaurante, onde lá tudo se encontra com a requintada cozinha à francesa!
São muitas paradas nas mais diversas
estações ao longo do percurso. Numa delas, desci para caminhar um pouco na gare.
Era um local simples pequeno, sem grandes atrativos voltei para o trem
escolhendo aleatoriamente qualquer vagão. Foi quando senti um daqueles
sacudidas dos trens ao iniciar movimento. O susto, fico por conta da
desconexão do comboio exatamente onde eu estava. O trem abandonava o resto dos
vagões e eu nem imaginava em qual vagão estava naquele trágico momento, muito menos, de onde "estaria" minha esposa... Pânico de secar a garganta!
Ela, ficara em nossa poltrona original
enquanto eu dei aquela “fugidinha” do interior do trem. Detalhe fatal: - Ela não
dominava idioma algum, não fosse o “nosso idioma”! Para ela, eu poderia ter simplesmente
desaparecido sem a quem ou como questionar...
Minha falta de conhecimento, não contemplava o fato: Não há um trem fazendo esse percurso todo e sim um único vagão. Ao
longo da viagem, esse se incorpora a outros vagões com destino comum, no fim
todos se juntam e chegam em Veneza! Que ignorância!
Voltando aos meus curtos minutos de desespero
por estar em vagão incerto e não sabido, a liquidar uma Lua-de-mel certamente
desastrosa por um perigoso desencontro. Trôpego e com batimento cardíaco no limite, corri pelo corredor daquele estranho vagão e lá estava Martha!
Olhou-me com total indiferença e eu explodindo de alegria por estar ao ACASO no
mesmo vagão no momento daquele desligamento! Ufa!
Recomendo firmemente cautela a eventuais deslocamentos irresponsáveis, seja dentro do comboio ou pior, fora dele! E boa viagem, porque transitar em trem pelo continente Europeu, é um espetáculo à parte. Não faça isso de avião, pois o mais bonito passa desapercebido!
Vagon-lit, prega essas peças de manhã....
ResponderExcluirBoa história Fausto. Ivan.
Que maravilha! Viagem boa é aquela que sempre tem uma confusão.
ResponderExcluirTida
Fausto, as viagens de trens pela Europa são fascinantes.
ResponderExcluirCerta vez, viajando com a minha mãe, entrou uma senhora africana com um bebê. Depois de um tempo ela perguntou se a mãe poderia ficar com o bebê que ela voltaria em seguida. O trem parou numa estação, partiu novamente e nada da senhora voltar. 🤭
Quando já estava falando com o comissário ela apareceu. Foi um susto?
Os passeios de trem pela Europa são magníficos, e suas histórias envolventes!!
ResponderExcluirBoa noite, Fausto. Ainda bem que tua aventura teve um final feliz. Abraço.
ResponderExcluirViajar de trem pela Europa é maravilhoso, são confortáveis e pontuais. Que baita susto, mas felizmente acabou bem.
ResponderExcluirMais uma vez, parabéns Fausto, bem descrito, sempre brilhante.
ResponderExcluirTá loco, vizinho Fausto, que susto, nessas situações bate o desespero, ainda bem que deu tudo certo!
ResponderExcluirHoje era só fazer uma video chamada e sem custo.
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