quinta-feira, 4 de junho de 2020

05 - Depende

Meus estimados Leitores,

Minha “Quinta Crônica” traz mais um conto dos bons tempos da minha Juventude em Jaguari, quando se tornou público na nossa “Rede de Amigos”, de que o Adão “andava aprontando”, na época em que a maioria dos amigos ainda virgens, provocava uma certa inveja o fato dele – tão feio - ter um “causo” com uma viúva!


PAlegre, 04/jun/2020.





05 - Depende...                                                                                   


Em Jaguari acompanhei a história de uma viúva de um pobre lenhador alcoólatra em último grau, se é que existe graduação para alcoólatra...
viúva se chamava Mary S., coitada, moravamiseravelmente num rancho ao pé do morro O Belisco. Adão, o “Peito de Pomba” era um moleque pós-adolescente, com o externo pronunciado - daí seu apelido – era um magrão, alto, feio uma barbaridade (também um coitado!), profissão engraxate. Pois o Adão era o “sortudo” garanhão, que comia a dita cuja! Aliás, acho que além do já falado externo bem pronunciado, tinha também um estômago privilegiado, porque a dona Mary era realmente algo difícil de se encarar, mesmo não sendo Adão, uma peça de “rara beleza”...
Até aí nenhuma novidade, personagens comuns. O inusitado era o rumo “sedutor” do idílio amoroso conduzido por Adão na abordagem de seus encontros e o charme do “contraposto” que ela jogava para cima dele se fazendo de difícil, toda a vez que ele a procurava para o ato em si. Bom, não era do tipo que iria desperdiçar carícias propostas por um guri disponível. Entretanto, por uma questão de autoproteção, valorização, charme, enfim, fazia seu ponto de dificuldade próprio dela para não se fazer “fácil”, pelo menos na resposta verbal.


Também muito criativo, romântico, sensual e inteligente era a sua aproximação, que exporei todo no diálogo pré-sexo logo a seguir. Mas quando o gajo chegava - deveria ter uns dezessete anos -contra uns sessenta e alguns indefinidos anos dela, ainda bem judiados e maltratados, diga-se de passagem. Ao chegar na porta do rancho, ele lançava seu olhar maroto, sorriso nos lábios e seu palito-de-dentes (imundo) em meio de seus poucos e amarelados dentes dizia cheio de si, seguro e em alto e bom tom:
-         E aí, Dona Mary, como é que eu tô neste corpo? Não lhe faço nada hoje?

A resposta, com firme segurança e invejável determinação:

-         Depende!


Nenhuma palavra mais. Assunto encerrado. Acontece, que quando ela pronunciava a palavra depende, supostamente exigia um misterioso “quid pro quó”. Entretanto já fazia com suas mãos levantando seu vestido, e onde estivesse se deitava de costas ao chão mesmo... Pronta para o que der e vier. Mais para dar do que qualquer outra coisa. Não importava se estava cozinhando próximo ao fogão, onde for. Simplesmente se jogava ao chão, voando panelas, bacias para tudo o que é lado se necessário fosse. Mesmo ao condicionando ao conquistador com aquela resistência resumida em uma única palavra, mais nada dizia, sequer justificava de que eventualmente dependia. Apenas agia. Creio que nem conhecia o que era uma calcinha. Totalmente livre para a “batalha”! Mas sempre lembrando a condição inicial, pois não se considerava uma mulher fácil. O que significava exatamente aquele “depende”, Adão nem ninguém nunca descobriu! A resistência toda estava na aquela palavra mágica e já de pernas abertas dava asas ao vilipêndio sexual!
- Depende!
  



Porto Alegre, 04/jun/2020.

16 comentários:

  1. O Fausto, que guardava a sete chaves estes contos, agora todas as semanas vem postando um que outro, que estavam em sua biblioteca. Da Série, como ele mesmo chama, "Contos de um Ridículo”, mas que de ridículo não vejo nada. O escritor Russo Fiódor Dostoiévski em 1877 escreveu "O Sonho de um Homem Ridículo" diferente destes do Fausto, o conto dele era uma ficção os do Fausto, mesmo parecendo irreal, sempre ao fundo se encontra um personagem que os mais próximos terminam identificando. São muito bons.

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    1. Pois é meu caro Dirceo, chega um tempo em que a vida nos mostra que tudo o que nos aconteceu, foi uma "Grande Festa"! Mesmo com gafes, erros, problemas diversos a vida foi muito boa e nos deixou um legado que nos deu a alegria de viver! Viva a Vida!

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  2. Como sempre excelente tuas estórias... me divirto!! esse personagem eu não lembro, acho que não era da "minha turma" kkkkk Essa tal Mary realmente era uma mulher "mui dificil"...

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  3. Essa certamente eu não conhecia! Mas o “depende” eu achei demais! ������������������

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  4. Brilhante, mais uma vez. O persobagem Adão me veio na lembrança.

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    1. Muito obrigado Tono! Jaguari era rico em seus "personagens especiais', do Cafunha ao Pé-Redondo a nossa História naquela "Terrinha", foi se compondo...

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  5. Parabéns por nos dar a possibilidade de conhecer tuas historias, mesmo usando um "laranja", como personagem...hahahah

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  6. Respostas
    1. Meu caríssimo Eduardo: Não remova seus comentários. Nesse espaço TUDO é permitido, nada ofende ou agride. O propósito é dar vigor a nossa alegria do dia-a-dia...

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  7. Gostei do "depende " e já se posicionando. Um herói esse Adão . Hehehehe

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  8. adolescentes são uns seres estranhos......

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