33) Meus estimados leitores,
Volto a falar de uma de tantas viagens para minha Terra Natal. Foram tantas e muitas com as gostosas aventuras decorrentes desse longo trecho de estrada ruim. Hoje seleciono uma delas, que divido, além da precariedade das rodovias, algo que já estávamos até acostumado, a falta de infra estrutura adequada com os postos de gasolina, lanchonetes etc...
O melhor de tudo isso, eram as companhias que eu escolhia a partilhar dessa aventura!
33) Cumi!
Nandinho, já
incluído em contos anteriores, além de velho amigo, morava junto comigo. Também
era colega de faculdade e na mesma situação, adorava visitar seus velhos
Fazíamos essa aventura de mais de seis horas de estrada, como disse, sofridas e poderia piorar ainda mais com chuva, que aí beirava a loucura, mas sempre com muita alegria. Habitualmente fazíamos um lanche frugal antes da aula e o jantar, aquele de encher o bucho de um pós-adolescente, acontecia depois da aula, , em plena estrada é claro!
Em viagem esse
jantar, que nos pegava faminto, era retardado ao máximo com o objetivo de lá
adiante distrair o cansaço e nos manter sem sono. Isso acontecia bem mais tarde
que o habitual, porque a inegável emoção da saída em viagem nos abrandava o
apetite. Lá pela uma ou duas da madrugada a fome vinha furiosa, então
jantávamos a bordo. Não era bem um jantar, mas sanduiche talvez uns pastéis
faziam o renascer em meio à estrada. No período em que Nandinho foi militar da
aeronáutica, trabalhava no cassino dos oficiais e aí o lanche vinha de lá!
Restaurantes abertos no meio do percurso eram raríssimos e implicava em investimento provavelmente pouco suportado pela dupla, se é que me entendem...
Numa destas oportunidades, Norbi, meu sobrinho de uns cinco anos, foi junto. Por essa razão, minha cunhada Su fez um “farnel” para levarmos, pelo que agradecemos entusiasmadamente!
- Norbi já jantou. Fiz uns sanduiches e uns pasteizinhos para vocês lancharem durante a viagem! Espero que gostem!
Um pacote enorme com uma bela quantidade de sanduíches – pareciam muito gostosos, presumi – e outros quitutes! Lá pela madrugada, quando a fome apertou, o Fernando olha pra trás, vê o Norbi, que ouvia tudo atentamente viajando o tempo todo em pé, com suas mãos apoiadas nos nossos bancos, que eram de sua altura, e ordena:
- Dá o lanche Norbi!
Ao que ele responde com uma adorável voz meiga, fininha, própria de criança tão amada que era. Criança nessa idade nos deixa inebriado de carinho e ternura:
- Cumi!
- Tá legal! Que bom que já comeu guri! Agora nós vamos comer, dá daí os sanduíches!
Norbi responde novamente com tom de voz mais fininho ainda, quase um miado:
- Cumi!
Nandinho incrédulo, enlouquecido examina o banco traseiro desesperado e não vê vestígio algum do pacotão de sanduíches! Talvez alguns farelos de pão espalhados junto com o pano de pratos e papeis da embalagem do NOSSO farnel.
- Comeu tudo seu bosta?
- Hum, hum!
Ele assentiu com a cabeça!
- Fausto, eu não acredito que esse monstro do teu sobrinho tenha comido todo nosso jantar. Puta-qui-pariu! Não podia ter feito isso conosco! Que merda tchê!
O danado ANTES tão amado, tinha devorado tudo! Não dava para acreditar mesmo que um menininho tão pequenino, tão franzino, mesmo que já tivesse jantado - conforme sua própria mãe nos afirmou - tinha “agasalhado” todo aquele pacotão de lanche feito para todos nós! Nosso jantar se foi. Ficamos completamente na mão, famintos. Pior: Àquela época – como já disse - não havia nenhum recurso de lanchonetes à beira da estrada, restaurante, muito menos um “general store” de hoje em postos de gasolina.
Paramos de falar. Silêncio sepulcral na cabine. Acabou a alegria da viagem. Com fome e calados até chegar às casas na alta madrugada!
Esse Norbi ainda me paga!
Kkkkkkkkkkkk morro de rir!! Cobra do Norberto! Com juros! Kkkkkk
ResponderExcluirHaha, criança feliz pela aventura,tinha que comer todos os pastéis, adulto não entende,haha.
ResponderExcluirDou risada dos teus contos, Fausto e admiro a tua escrita. :)
ResponderExcluirComo sempre tu me diverte Fausto. O melhor de tuas crônicas q eu sempre "participo" pois sempre conheço os personagens e cenários. Essas viagens sempre foram uma grande aventura pois as estradas da época não eram fáceis.
ResponderExcluirNessa história é de espantar
ResponderExcluiro tamanho do apetite do meu guri !
Kkkkk muito divertido!! Vcs ficaram a desejar, o garoto foi bem esperto.
ResponderExcluirMaravilha Mano Fausto. Parabéns.
ResponderExcluirBela lembrança Fausto. Em especial com a paticipação do saudoso Luiz Fernando.
ResponderExcluirDois lerdos, um guri de 5 anos passou a perna em vocês! Hehehe
ResponderExcluirComo criança consegue comer tanto????? KKKKKKK
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