quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

38) Elefante sofre crises de “mau humor”. 


Meus caros leitores,

Viajar sempre foi para mim, o melhor de todos hobbies! Mais compensador de todos os investimentos. Sempre que pude, estive na estrada, no avião ou num barco! Sem dúvidas o melhor meio de estar presente na História aperfeiçoando cultura! 

Hoje procurarei ilustrar uma das mais interessantes das viagens que já fiz e nada comum ao turista, não só ao brasileiro mas de todo Planeta: - A África do Sul.

Já contei na crônica vinte e três, da minha viagem à África o quão interessante é aquela Região e em especial a última Nação ao Sul do Continente, a África do Sul. Suas peculiaridades e sua Cultura fazem valer a pena cada centavo investido. Vejamos como são seus habitantes naturais, os mais antigos, os verdadeiros donos, os animais.

Não se trata de crônica engraçada como é o foco do meu blog, mas um fato!


Elefante sofre crises de “mau humor”.


Conheci essa curiosa realidade, em agosto de 1999. Como contei na Crônica 23, estive na África do Sul nessa época e no programa contava com cinco dias no Kruger National Park, reserva de 19.485 km quadrados [aproximadamente a dimensão do País de Gales ou Israel"] que detém um rebanho de animais nativos fantástico, além do “Big Five” (Leopardo, Rinoceronte, Leão, Elefante & Buffalo). Não entendo a razão de deixarem a Girafa fora do padrão “Big”! Conta numerosamente com Zebras, Jacarés, Crocodilo e diversos pequenos animais em abundância. 

Essas imensas reservas são cercadas para manutenção do equilíbrio de convivência do Reino Animal. Os animais vivem livres e independentes. Ninguém os alimenta. Quem for predador, caça. Quem não for, foge! Realidade desse Reino que conhecemos claramente.

Aos turistas, são disponíveis os “Louges” de alto padrão hoteleiro em meio à Savana, rigorosamente protegido com infraestrutura perfeita e paisagismo impecável. Acomodações cinco estrelas com pensão completa que surpreende a todo visitante!

Na programação regular dos Louges, são feitos dois Safaris por dia, um ao amanhecer e o segundo ao entardecer que vai noite adentro. O percurso é feito num grande jipe totalmente aberto com apenas um toldo para proteção do sol forte. Ao entardecer quando o Sol se põe, o Guia estaciona defronte a um imenso lago e serve um coquetel sobre o capô do carro, com direito à espumante e guloseimas num momento lúdico a observar um colorido crepúsculo sobre a água! Espetáculo único! Abruptamente é noite, e se inicia a fase de "caçada fotográfica" na escuridão.

Com potentes holofotes a procura do felino mais voraz, caçador, Rei das Selvas, o charmoso Leão e sua manada! Período inicialmente tenso, mas as feras estão tão concentradas na liderança do Rei, que nos ultrapassam correndo pelas mesmas trilhas que rodamos, sem nos dar a mínima... A autoconfiança dos leões causa inveja!

Num amanhecer desses durante o safari sr. Pizza, o Guia – cujo protocolo de segurança exige porte de um potente fuzil – acusou logo no início da jornada, a derrubada de alguns metros do alambrado/cercado, que é composto de grossos postes de concreto e tela de arame muito forte. Por rádio, comunicou à Central dando sinal de alerta. Então nos contou que aquilo era um sinal de que o Elefante, único animal que como o Homem, se dá ao “luxo” de ter mau humor! Mesmo sem nenhuma razão especial aparente, para nós Humanos! Tornam-se intolerantes, nervosos, brabos e perigosos. A Medicina Veterinária, segundo Pizza, não tem clareza sobre esse fenômeno tão comum entre nós os Humanos.

A busca prossegue e quilômetros depois avistamos a poderosa e irrequieta manada. de uns trinta indivíduos. Paramos há uns cem metros deles. Aproximação maior não é "conveniente"! Ao nos avistar, um dos animais provavelmente um adolescente, porte médio com pouco mais de um metro de altura, (adulto chega a 4 metros e até seis toneladas de peso, é o maior animal do nosso planeta) este se separa da manada, ergue elegantemente sua tromba, grita severamente conosco, alguma xingação que “não entendemos” e dispara em nossa direção. Chega a frente do veículo, dá uma laçada com sua tromba no “mata cachorro” do jipe e sacode o vigorosamente. Ficamos imóveis.

Obrek - que é um nativo da Região, extremamente franzino está conosco para rastrear animais – fica posicionado em um banco sobre o guarda lama dianteiro a esquerda do veículo, só observa a situação sem nenhum movimento. Acho que nem respirava.

A insistência do “menino elefante”, chama a atenção da Matriarca da manada e seu apelo funciona muito bem, pois subitamente essa faz o mesmo e já conhecido movimento de


estranha contestação, levanta a tromba, dá aquele grito estridente e vem em nossa direção apressadamente num trote decidido, fazendo grande alarido.  A manada inteira acompanha. Pizza, o guia coloca cuidadosamente a mão sobre seu fuzil preso ao painel do carro e murmura:

- Obrek?!

Esse, faz um sinal extremamente suave movimentando o braço a  orientar imobilidade total. Toda a manada, uns trinta animais vêm e cercam nosso veículo arfando, gritando com suas trombas levantadas e ameaçadoras.

Eu, no último banco de trás, batia fotos euforicamente o que fez Pizza me chamar atenção falando compassadamente sem mexer um músculo do corpo nem olhar para trás:

- "Keep quit!"

Pensei, mas “estou quieto”, ele está exagerando! Mantive-me fotografando alegremente. Sem medo? Claro! Absolutamente sem medo, havia alguns meses tinha ido a Disney World onde tudo é cuidadosamente programado para assustar e divertir... Aqui, deve ser igual, uma farsa programada com elefantes adestrados, pensei! Depois de muito escândalo, gritaria, “ofensas pessoais”, os elefantes que nos rodeavam cansaram e foram se acalmando e finalmente se retiraram.

Volta o silêncio e se ouve apenas as vigorosas pisadas dos animais de afastando. Pizza virou o pescoço lentamente para nós, deu um assovio de alívio e um profundo suspiro e disse;

- Em vinte anos de atividade, jamais enfrentei situação igual! 

Estava pálido, rosto coberto de suor! Obrek apenas pôs suas mãos em posição de Oração e falou alguma em um dos mais de vinte dialetos oficiais do País, olhando para o Céu! Meu colega, Anabol suado na testa, também pálido e mudo!


Só então que o “idiota aqui” – eu no caso - se deu conta do perigo real que nos rondava! Fiquei com a minha tradicional cara de bobo, enquanto os outros se enxugavam, riam, suspiravam e creio que pensando trocar as “roupas de baixo”! Lamentei não ter curtido a forte emoção que eles tiveram. Eu estivera inocentemente seguro que a brincadeira era plenamente inofensiva!

7 comentários:

  1. Pra quem desceu de pára-quedas,sem abrir,teve mais sorte do que juízo,hehe.Abreijão.

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    1. Pois o curioso Décio, é que somente três semanas depois desse susto, tive o acidente no pára-quedismo! Como diz um adágio popular: "Erva ruim não morre!"

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  2. Aí q susto! Tomei até um suador. Ufffa!

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  3. Que tremendo susto!! A sua ingenuidade de que era uma brincadeira lhe poupou do terror da situação!!

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  4. As vezes a inocência nos livra de algumas situações de stress. Mas eu já teria me borrado só de ver o pequena à frente , imagina a manada....

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  5. Meus Deus,foi um baita susto, mas deu tudo certo.

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  6. Agora não vai mais ter cobrador

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