quarta-feira, 14 de julho de 2021

62) Havia “coisa” melhor que Reunião Dançante?

62) Havia “coisa” melhor que Reunião Dançante?


É claro que não, já inicio respondendo por minha conta e risco, afinal, vou tratar da época em que era adolescente, puro, ingênuo, mas já o moleque de sempre, para não ficar com autoelogio muito longo.  A gurizada da época que morava em Jaguari 12 meses por ano, sim, porque tínhamos amigos que estudavam em Santa Maria, Passo Fundo ou na Capital, que só estariam lá nas férias escolares, e esses ainda traziam colegas de outras cidades para curtir o que tínhamos de melhor, isto é, as festas!

Meu sentimento é que nas férias com toda população jovem na  Terrinha, tudo era festa. A alegria reinante me dá imensa saudade até agora. Julho eram as fogueiras e festas do mês passado, as Festas Juninas que estávamos renovando-as em homenagem aos Santos!

No Verão, eram três meses de euforia, com a praia de águas limpas e cristalinas onde o flerte, o orgulho de mostrar trajes de banho inéditos era dominante! O burburinho entre gritaria das crianças e as gargalhadas soltas, faziam a melhor música aos meus ouvidos! Um banho de sol forte mas com  refresco das sombras dos Salsos Chorão, fumando um cigarro com filtro – status se eleva se for um Minister - era bom demais. Se tivesse mais alguns trocados no bolso, no meio da tarde era para subir até o bar, em forma de navio, onde o “seu Ney” fazia um pastel frito na hora, que ao comer somente um, lambia-se os dedos! Era gorduroso? Era sim. Um pouco talvez, mas quem dava bola para colesterol alto e pressão acima da média? Demorei mais de meio Século para saber o que era “pressão alta”! Ah! não posso esquecer o "cachorro quente", tinha cheiro de manjerona. Que delícia!

Foi lá que tomei minha primeira Pepsi-Cola e não gostei Guaraná ou uma Cyillinha, era muito melhor! (Santa Maria voltou a produzi-la, mas com casco diferente!)



Volto às Reuniões Dançantes, que só eram superadas pelos românticos “Bailes da Praia”! Quem assume ter idade para afirmar que viveu a emoção desses bailes, sabe do que estou falando! Inéditos: Salão coma pista de dança montada unicamente para esse evento, num tablado sobre colunas de madeira, geralmente construída com paus de eucaliptos, que uniam a margem do rio até a ilha. Época de ouro em que os organizadores conseguiam contratar Orquestras para um baile. Cassino de Santa Crua, Tupinambá, etc... Paro aqui senão vou lambuzar meu teclado com lágrimas.

Houve um ano com tudo pronto, pista construída e deu uma chuvarada imensa, enchente e o rio levou tudo água abaixo. Naquele ano, ficamos confinados às reuniões dançantes. Essas aconteciam na casa de amigos, no pátio, na sala ou até na garagem. Bastava arrumar um toca-discos. Nas boates dos clubes, eram mais raros, mas quando a Sociedade organizava, não tinha horário para começar! É. Realmente começar e podia ser às três da tarde que lá estávamos, “Gumex” no cabelo arrepiado, um perfume emprestado por alguma tia carinhosa e dançar por horas sem o menor cansaço! Juventude, é o Grande Prêmio do Criador!

Eram poucos os Pais que topavam fazer alguma celebração de aniversário nesse período, porque o risco de encher a casa até de desconhecidos, era imenso! Pois teve um aniversário de quinze anos de uma menina, que se notabilizou pelo número de “penetras”, os que passava pelo local e até de convidados...

Pois a mãe da aniversariante “Nequinha”, fez uma torta comemorativa e uma lista de convidados. Montou os equipamentos de som e no sábado a casa encheu. O irmão da Nequinha, também tinha muitos amigos, inclusive eu. Pois esses, evidentemente não foram convidados, afinal de contas a festa era da menina e suas amigas e alguns selecionados amigos, os mais bonitinhos, é claro!

Pela música reinante, que se ouvia lá da rua, “fomos” nos juntando num belo grupo de “desolados sem convite”, consolados ao prêmio de apenas ouvir... Pois lá pelas tantas passa o irmão da aniversariante, comunicativo e alegre e pergunta para a galera:

- O que estão fazendo aqui fora pessoal! Vamos subir!

Convite aceito de imediato e sem hesitação. E lá fomos todos nós! Dançamos até a madrugada alegres e contentes! No dia seguinte algumas mães dos que estavam na festa – naturalmente bisbilhotando – queriam saber, como foi a festa?! E daí diziam que a Anfitriã se regozijava orgulhosamente:

- Deu bem certinho a torta da Nequinha! Não sobrou nada!

Lógico, com toda aquela população festiva, o prato da torta ficou tão limpo quanto um instrumento cirúrgico! Sabe, aquelas marquinhas que ficam grudadas no prato, seja do glacê ou chocolate de cobertura? Nem esse sinal ficou para provar que ali houvera num passado recente, uma torta em comemoração dos quinze anos de alguém! Eu não vi nada lá para comer ou beber... Sinceramente, nem fazia questão, o que eu queria era dançar! "Bico seco!"

Ficou para sempre no adágio popular da cidade, de que ao fazer alguma recepção, jantar, seja o que for e NÃO SOBRA NADA para contar, (contar que faltou!) não se assume a miséria da preparação ou previsão errada. Justifica-se apenas com a célebre afirmação: “Deu bem certinho a torta da Nequinha!”

8 comentários:

  1. Anos dourados, essas festas eram inesquecíveis! Muito bom reviver essas lembranças! Isso é que era uma juventude saudável! Ambiente familiar, boa música, comidinha e muita dança! Bons tempos!

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  2. Era assim, todos amigos,e seus grupos.Maravilha.

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  3. Tempos bons!
    Vocês do interior tiveram mais desse convívio próximo.
    Na capital, era um pouco pouco diferente. Mas igualmente bom!
    Muito bem Fausto.

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    1. Foram meus primeiros 20 anos de Vida, naquela pequena e bucólica cidade, onde vivi meus melhores anos!

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  4. As reuniões dançantes! Aiiii como era bom! Ia no Clube União! No clube 7 ia escondida! Davi não deixava….
    O frio na barriga ao ver o „paquera“!! Bom demais! ❤️❤️❤️❤️

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  5. Anos inesquecíveis daquela êpoca dourada !
    O bolo da Nequinha até hoje é lembrado ,quando os comes dão certinho com
    o número de convidados, quando não faltam...

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