A
moda masculina mundial até metade da década de sessenta, exigia do cavalheiro
bem vestido, uso de chapéu! Recepções, eventos sociais, eventos políticos e até
mesmo o trânsito de pedestres indo a Bancos ou até mesmo um passeio menos
comprometido nas mais charmosas avenidas do Mundo, os homens, sempre de chapéu.
Até hoje, os chapéus “Pelo de Lebre”, se encontram no Mercado Livre por mais de
mil reais, mas rarissimamente se vê alguém usando. Na melhor das hipóteses, um
boné para proteger das agressões do sol direto na cabeça ou na “careca”!
Essa
moda – muito duradoura – foi derrubada por John F. Kennedy, Presidente
da República Americana, assassinado em 22 de novembro de 1963. Jovem Político,
homem charmoso transbordando carisma aparecia no meio da massa cheio de
sorrisos, esbanjando simpatia, geralmente ao lado de sua esposa Jakie, mas ele, SEM
CHAPÉU! Há até uma piada, provável brincadeira de que fora assassinado a mando de
fabricantes do então indispensável adereço masculino, o chapéu! Mesmo sendo
brincadeira, sabe-se lá, por de trás delas, as brincadeiras, pode-se sempre
encontrar algum fundo de verdade.
Pois
na Minha Terra, Jaguari, essa moda era tão reinante como em qualquer outra
cidade, tanto prova, que o principal clube local, à exemplo de outros tantos
clubes e casas de espetáculo em todo o Planeta, tinham à disposição dos
cavalheiros uma sala especial, denominada “Chapelaria”, onde alguém recebia a
tal cobertura para guardá-la cuidadosamente, até o encerramento da atividade.

Tive
um conterrâneo, de Família bem numerosa, homem “atarracado” de baixa estatura
física, pouco mais de um metro e meio de altura, proprietário de uma modesta fruteira
cuja atividade profissional complementar, era a de vender loteria nas ruas da
cidade, o chamado cambista. Economicamente hoje, seria qualificado como cidadão
de baixa renda. Não lhe era dado oportunidade a participar da Sociedade de
Classe Média para cima! Em função de sua primeira atividade profissional, a
fruteira, que a bem da verdade não se encontrava por lá, nada alem de algumas laranjas, sendo seu forte, as bananas daí seu apelido “João Banana”! Conhecido por toda a população da
cidade sempre com esse apelido fortemente ligado à sua pessoa. Homem de
limitada capacidade intelectual, mas honesto e correto na condução de sua vida.
Sabemos que loteria
nunca foi um produto de fácil comercialização dado a sua especificidade, no
entanto, João Banana era o único fornecedor local. Comprar loteria, só dele.
Num período qualquer, não conseguiu comercializar todo seu estoque, o que era
razoavelmente comum e frequente, entretanto nessa a que me refiro, um bilhete de seu
estoque foi premiado! Não foi para João Banana ficar rico, mas teve
inteligência rara e suficiente para aplicar aquele recurso na compra da sua casa
própria! Comunidade inteira o elogiou e passou a lhe dedicar um pouco mais de
respeito, afinal construiu merecido crédito para tanto!
O tempo passa a atividade continua e novamente um novo “bilhete premiado” em seu
estoque de rejeitados! Toda cidade se alegrou e vangloriou sua sorte, embora
dessa feita não o foi com o volume do prêmio tão generoso como o anterior, mas deu para mexer com sua vaidade pessoal. Comprou algumas roupas novas, um
chinelo e um chapéu novo!
Praticamente
vizinho do tio Reginatto, em apenas um dia depois de fazer suas compras e de
seu elegante chapéu, voltou à loja para falar sobre a cor e qualidade de
seu “adereço particular”:
- Seu José, quero
ver outra cor de chapéu!
- Claro, seu João.
Quer trocar por outro de cor diferente?
- Não, quero
comprar outro de cor diferente! Preciso ter dois chapéus!
E
fez sua nova compra. No dia subsequente voltou a loja para comprar mais um chapéu
no que foi satisfeito plenamente, pelo menos é o que parecia, no entanto volta
no quarto dia para compra do quarto chapéu!
Tio
José, homem de ilibado caráter percebeu que tinha alguma coisa errada com
aquele desejo compulsivo e o aconselhou moderação, já que com a quarta compra,
seu guarda-roupas estava em alto estilo, a ponto de ser reconhecido pelo Lojista
como a melhor coleção da Cidade. João Banana não aceitou a recusa e bradou
severamente, ainda que sempre fora um indivíduo tímido e contido:
- Quero comprar um chapéu! O senhor me vende ou procuro em outra loja!
- Mas seu João, o senhor já comprou tantos...
Procurou
outra loja. Lá, encontrou alguém disposto a vender quantos chapéus ele
desejava, pelo menos enquanto tinha dinheiro no bolso, mesmo reconhecendo seu insano desejo irrefreável! Mais um e muitos outros
até esgotar seus recursos financeiros advindo da “Sorte Grande”! Na sequência,
ficou pelado e pobre como sempre foi. Sua coleção de chapéus das mais
diversas cores, tecidos e formatos ficaram ocultos em algum armário da casa. Nunca mais foram
vistos!
Hoje, creio que nessa época ele estava disposto a salvar a moda decadente ou
talvez, quem sabe, desafiar e enfrentar John Fritzgerald Kennedy que solitário
e autoritariamente dispensou o uso de tão importante “enfeite masculino”!
Tadinho do João Banana! Desse eu não lembro! Mas a história tá ótima! Como sempre! Bjosss
ResponderExcluirQue história...a fixação dele por chapéu foi demais. Muito bom! Bjs
ResponderExcluirAcho elegante Homem de chapéu!
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