quarta-feira, 17 de novembro de 2021

80) Como o Brasil é Grande!


Brasil, um País de Dimensões Continentais! Quantas vezes vimos e estudamos essa afirmativa verdadeira. Seu tamanho coloca-o como a Quinta Nação no Planeta em extensão. Não é só imenso, mas de uma diversidade no amplo sentido da palavra. De norte a sul, o Chile é quase do mesmo “comprimento”, basta uma olhadela no Mapa Mundi para comprovar, no entanto, de leste a oeste, temos esse admirável tamanho!

Povos, biodiversidade e em tantas outras coisas somos enormes! Temos a maior Colônia Japonesa do Mundo, fora do Japão. Imagine que só não temos mais japoneses do que na Terra do Sol Nascente, o próprio Japão! Somos multirraciais, negros, brancos, caucasianos, amarelos de “zóinho puxado”, com porte físico tão variado quanto as Raças que nossa Pátria generosamente acolhe!

Los “Hermanos Argentinos”, sempre criando algum assunto para fazer uma piada sobre o


nós, dizem que não existe “Raça Genuinamente Brasileira”! De certa forma, estão corretos basta verificar o sobrenome da maioria dos nossos conterrâneos...

Felizmente nossos mais de duzentos e doze milhões de almas que vivem por aqui, conversam, com algum sotaque, mas se entendem claramente. Nem os 4.174 quilômetros que separam o Oiapoque do Chuí são suficientes para que nossos diversos sotaques impeçam um entendimento claro entre as Regiões. Algumas palavras mudam sim. Eu chamo meu tubérculo preferido de mandioca, lá para cima o chamam macaxera, outros de aipim e por ai vai... Mas no final todos nós entendemos muito bem obrigado! A mandioca, basta “cozinha-la” bem, que para o meu gosto é o melhor acompanhamento de um churrasco, especialmente se for de uma costela gorda!!!

Lá em Jaguari – apenas para variar de cidade – eu tinha um colega no Colégio Comercial de nome Plínio que por alguma necessidade profissional, teve que viajar a Santa Maria, pouco mais de cem quilômetros de distância, mas percurso demorado pela má qualidade da estrada sem asfalto. “Em compensação” cheia de buracos, pedras, pontes de madeira como pregos viçosos à exposição a furar pneus à vontade! O trecho é bonito pelos verdes campos e a deliciosa fragrância que as flores silvestres perfumam e decoram a estrada na Primavera!

O pai do Plínio tinha um armazém, daqueles que lá tudo se encontrava. Do feijão na tulha, enlatados, mortadela pendurada num barbante, bebidas e até sorvete! Esse último, tinha um feito de ameixas pretas, inesquecível! Não sei o porquê, era chamado de “Creme Russo”! Com nome adequado ou não, era de comer ajoelhado com os olhos fechados. Eu devorava até a “casquinha”, onde serviam aquela guloseima!

Nesse local, sempre se juntavam alguns clientes que iam ficando por ali durante horas. Desocupados ou não a sombra de um cinamomo em frente, era um convite irresistível ao ócio! Dentre os ociosos, tinha o Adão Martins de Sousa, que só trabalhava no horário do trem que vinha de Santa Maria ou de Santiago no sentido oposto, a carregar malas de quem chegava. Táxi tinha só o do seu Moneiro que também fazia uma corrida por vez.

Voltemos à viagem do Plínio: Como iria de carro próprio voltando no mesmo dia e para não ir sozinho, convidou o Adão para essa empreitada, no que foi aceito imediatamente coberto de alegria viva!

- Vamos sair amanhã cedo!

Mas não disse o horário com precisão. Assim encerrou seu dia e mais tarde foi dormir como de costume. Dado ao “silêncio sepulcral” da noite jaguariense, Plínio ouviu lá pelas duas da fria madrugada, uma tosse reincidente próxima à janela de seu quarto. Não deu bola. Quando amanheceu, dia claro lá pelas sete da manhã Plínio se levanta e vê que aquela tosse da noite pertencia ao ansioso Adão, que para não perder o horário da sonhada viagem, nem dormiu! Ficou acordado a noite inteira, fumou uma carteira de cigarros a conter sua angustiante espera!

Enfim, se dá o início da jornada. Ronca o motor, ou melhor, “gagueja o motor” de sua Ford 1929 e lá se foram estrada afora. Primeiros minutos de viagem, Plínio puxou conversa, mas sem retorno algum. Adão estava calado, mudo a olhar fixo na estrada. Mais de meia hora depois, percorrido uns vinte quilômetros, se avistava a cidade vizinha, General Vargas, depois São Vicente do Sul.

- Olha lá Adão. Estamos quase chegando em General Vargas!

- Mas bah, seu Plínio! Como esse Brasil é Grande!


Depois disso, Adão volta a ficar mudo e a observar o tamanho do Brasil. Só relaxou horas depois. Dado a noite em claro e com a injeção de adrenalina, depois endorfina no seu organismo, adormeceu profundamente só acordando na chegada em Santa Maria, onde novas e extravagantes novidades o mantiveram em sua contagiante alegria! 

6 comentários:

  1. Viajar sempre é bom. Com seu Adão melhor ainda

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  2. Não só o Adão sabe o quanto este Brasil é grande e diverso!!!

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  3. Não só grande. Mas rico em tudo! Água, alimentos, minérios,biodiversidade. E um povo maravilhoso!( Além de muito paciente)
    Excelente história.

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  4. Nosso país é gigante em tudo! Viajar de carro é a melhor maneira de conhece-lo. Boa narrativa, como sempre, descreves com perfeição.

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  5. Faltou o Adão levar sua gaitinha de boca,e tocar suas mazurcas,todos os domingos na Rádio Jaguari, pela manhã,tinha um programa ao vivo.Saudades dos sorvetes do Seu Bonato.

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  6. Como sempre otima crônica! Faço junto as viagens e aventuras por Jaguari. Mesmo o Brasil sendo grande e lindo, a vida em Jaguari é inesquecível... Saudades de tudo!

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