quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

85) Um Don Juan à Minha Moda!

Era uma vez num passado não muito remoto, eu com uns quarenta anos de idade e recém-saído do meu primeiro casamento, inundado do sentimento de liberdade, adquirindo o discutido status de "solteirisado", que demorou um pouco, mas chegou! Chegou forte e na volúpia de recuperar seis anos de “bom comportamento”, me larguei na vida e me enterrei no “mau comportamento”!

Transbordando testosterona, a chamada Idade do Lobo pulsava em meu coração, mente e outras regiões do corpo! Entretanto, o fato de viver solitário em uma casa razoavelmente espaçosa, fazia com que essa solidão me incomodasse um bocado. Ficar em casa em final de semana me entristecia muito, deprimia. Nunca tive muitos amigos, mas os que tive, sempre  de alta qualidade, daqueles que chamá-los de irmão, não tinha nenhum exagero! Os que moravam em Porto Alegre – todos bem casados - eu evitava sobrecarrega-los com meus assuntos de recém “solteirizado!”

Para variar apenas, minha melhor opção de final de semana, era sempre a minha Jaguari! Lá eu tinha acolhimento de Pai e Mãe muito carinhosos, um irmão, os mais antigos e leais amigos e nove sobrinhos que me davam alegria em alta densidade! Alguns desses sobrinhos – que não moravam lá -  eu os levava daqui de Porto Alegre para ter uma ótima parceria na viagem de 400 km com diversão garantida.  

E Don Juan? Bom, esse se manifestava no sábado à noite, quando eu sendo um “Coroa”, me somava a outros contemporâneos e com os jovens também, sem discriminação alguma, pelo contrário, recebido de braços abertos por todos. Tinha um dos amigos, casado há muitos anos, o Camotin, que pedia “licença temporária” a sua esposa, com o motivo de não me deixar sozinho naquela noite e me acompanhava, preservando rigorosamente sua fidelidade matrimonial, me deixando livre para eventuais incursões amorosas!

Numa noite ao sair de casa, minha mãe me chama atenção:

- Te comporta, hein?!

Parei. Voltei e olhei bem nos olhos dela:

- Eu sempre me comporto, mãe! Às vezes bem e outras vezes mal! Mas sempre me comporto, podes cofiar!

Ouvir sua rizada farta, valia o melhor prêmio da noite! Ela ainda completava:

- Homem separado e mulherengo é deselegante!

- É verdade mãe, entretanto homem separado e “homerengo”, acho que não aprovarias, né?!


Numa dessas noites teve baile no Clube União e lá estávamos. Todos meus sobrinhos e eu. Tudo ocorria leve e solto, mas a considerar minha idade provecta, naturalmente cansei antes de todos e decidi voltar para casa, no início da madrugada. Um dos sobrinhos, o Sé Ginho, me acompanhava até a saída do clube mas ao passar por uma linda menina, que fez um "olhar daqueles" nos deixou paralisados... Mandei que me deixasse e a capturasse, já! Foi e em segundos voltou trazendo-a pela mão, me apresentando e me falando ao pé do ouvido: 

- Aquele olhar, era prá ti...

Virou as costas me deixando às sós, se afastou olhando para trás, com um olhar insinuante, atrevido! Fiquei encantado! Aí abordagem de sedução se inicia! O desejo de tocar nos seus cabelos, me enfraquecia! A imaginação fértil de aproximação a sentir o toque em um quadril macio e uma coxa firme, o perfume da carne jovem era como o cheiro suave e quente extraído dos arbustos de pêssegos, aquecidos pelo Sol! Hummmm! As portas do Jardim do Édem se abrem generosamente!

Em meio a todos esses devaneios, não mais que devaneios, mas na prática já com o rosto quase encostado no dela sentindo sua respiração ofegante, com olhares cheios de promessas, surge abruptamente ao meu lado, minha sobrinha Sufla. Faz um quebra-gelos monumental, surpreendente! Simula cara de braba, coloca as duas mãos na cintura - fazendo aquela pose de açucareiro - que significa claramente uma mulher furiosa, prestes a agredir e vocifera convicta com extrema bravura:

- Muito bonito né, "seu" Fausto!? Eu em casa cuidando das crianças e tu aqui no Clube namorando!!!


Pasmo, aturdido como cachorro que caiu da mudança, me restou piscar os olhos lentamente, como uma tartaruga sem dizer uma palavra. Tentava entender o que estava acontecendo. A menina alvo da minha abordagem libidinosa, fugiu, simplesmente desapareceu, sumiu! Eu apenas mantinha aquele piscar de olhos lerdos, indefinidos. Sufla e as outras duas pestinhas, ou melhor, as outras duas sobrinhas, que espreitavam tudo aquilo, caíram na gargalhada e saíram correndo, olhando para trás gritando:

- Boa sorte "Tiufa"!  Traduzindo: - Tio Fausto!

Definitivamente aquela noite foi perdida, não estava boa para aquele Don Juan “de araque”! Ainda sem noção de espaço e tempo, baixei a cabeça e fui para casa dormir! Só fui tentar acerto de contas com elas no dia seguinte. Na verdade perdi. Elas gozaram com a minha cara de idiota por muitos anos sem que eu tivesse reação. Pior que - como o tempo passa rápido - não tive tempo para me vingar, pois as três, sem que eu me desse conta, amadureceram e ao sabor do tempo se casaram. Hoje, cada uma com dois filhos e eu nada fiz daquilo que meu "Espirito Vingativo da Maldade" queria fazer. Agora só me resta a saudades delas e suas brincadeiras com o "Tiufa" ! 

13 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Por certo estavam lá para dançar e não para arranjar namoradas! 🤣😘😘😘😘

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    1. Não Flávia o "Lobo Velho" estava lá para namorar, não paa dançar... Hehehehe...

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  3. Gde Alemão.
    Vc não era disso mesmo.
    Além do que, sem o SP2 vc ficava gago.
    Foi melhor assim

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  4. Kkkkk muito bom!! Posso imaginar a sua cara de espanto, quanta esperteza dela! Alguma coisa vc já tinha feito para ela querer se vingar.

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  5. Kkkk! Sobrinha Sufla danadinha,acabou com a festa.

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  6. Mazaaa garanhão hem? Dessa vez não deu mto certo...

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  7. Ricardo Marques da Silva5 de janeiro de 2022 às 17:58

    Muito Ruim, mais ou menos, bom ou excelente. KKKKK Quem sabe o que poderia acontecer..... KKKKKK

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  8. Kkkkkkkkkkkkkk esse espírito gozador da sobrinha vem de família! Não dá pra reclamar! Kkkkkkkkk

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  9. Lina, esses Marchiori são assim mesmo... Hehehehe...

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