quarta-feira, 29 de março de 2023

 

104) O Esporte Salva!

É verdade que o esporte salva, propõe mudança, coloca - em especial a Juventude - no caminho correto, afasta do vício e de tantas coisas e propostas que deslumbram, encantam e desviam nossos jovens. Entretanto como tudo na vida, tem preço e risco de posições extremas e fanatismo idiota, que se exacerbado, se desvia completamente de seus propósitos iniciais e da conduta madura.

Pois essa semana, conheci Elias de Lima Teixeira, jovem nascido em 13/fev/1988 em Porto Alegre, pai de Yarlei Torres Nascimento, que trabalhou em obra na minha casa. Gremista que aos 16 anos se associou à “Garra”, Torcida Organizada do Tricolor.

Em 15/mai/2001, teve um Grenal – que ficou no 0X0 – e a “Garra” caminhou em grupo, escoltada pela Brigada Militar do Estádio Olímpico até as proximidades de seu portão de acesso, no pátio do Beira Rio. Elias, em meio à galera, recorda que ao chegar no estádio, ouviu um estouro muito forte, como se uma bomba estivesse explodida próximo à sua orelha esquerda e tombou no chão! Não foi uma bomba. Foi uma pedra, basalto irregular de uns 6 kg (estavam sendo usadas para o calçamento do passeio na área) que lhe quebra a cabeça. Na sequência, tonto e com a cabeça ensanguentada, foi enxugado com sua própria camisa e levado as pressas a ser socorrido no “portão 7” onde teve atendimento de enfermaria, semiconsciente, depois disso, escuridão total! Coma!

Acordou três dias depois, no Pronto Socorro Municipal com 16 pontos internos, outros 16 externos e com dois coágulos no cérebro, resultado de uma fratura craniana grave. Médicos advertiram sua Família que sobrevivendo, teria sérias lesões permanentes, mas que a boa notícia é que estava vivo... Sobreviveu e vitoriosamente sem sequelas! Nunca mais voltou a frequentar estádios de futebol!

O tempo passa, as cicatrizes embora permanentes, remendam nossos ferimentos e suavizam traumas. Hoje, passados vinte e dois anos, é um jovem vigoroso, sorridente e trabalhador, sem maiores traumas. Para sua alegria, no domingo de 04 de março 2023, Grenal 438, tomei a iniciativa de levá-lo de volta a um campo de futebol! Vivenciou as emoções que só entende quem realmente gosta do "Esporte Bretão", sim, levei-o comigo na Arena do Grêmio!

A história é real, verdadeira e nos comove quando se trata de uma recuperação. No entanto são muitas as histórias que não tem esse final feliz e retratam a violência fora de controle entre nós, os Humanos. “Agressão gratuita” chamaria atenção até de outros animais, tidos como irracionais.

Essa postura ignorante não é exclusividade do Terceiro Mundo! Não é verdade que somente a educação latino-americana decadente, ser responsável por essa vergonhosa degradação dos Costumes. Não é apenas a nossa educação, pasmem que os “Educados Europeus” promovem nas torcidas de futebol selvagerias da pior espécie a ponto de produzir vergonhosos resultados inclusive com óbitos, em nome de um fanatismo clubístico burro,  injustificável.

Chama-me atenção de que aqui no Rio Grande do Sul, em março de 2015, foi criado a “torcida mista” para assistir aos Genais. Belo exemplo para todo o País e por alguns Estados copiado. Entretanto, passados apenas cinco anos, essa bela medida enfraqueceu, acabou. Talvez por conta da pandemia a procura perdeu expressão e foi condenada ao fim definitivo, a se lamentar.

Para nossa reflexão, temos uma correção de rumo a fazer, pois o esporte já foi muito bem respeitado e se conta na História de num passado não tão distantes, de que as guerras eram interrompidas para a execução das Olimpíadas e nos dá hoje um excelente exemplo de algo a se trazer de volta.

A responsabilidade não é só do desportista ou de sua fanática torcida, é de todos nós que possamos influenciar, liderar uma postura de que o esporte definitivamente é criado para tantas finalidades e jamais para acentuar diferenças naturais ou inventadas entre nós que compomos uma Sociedade Civilizada. Aí sim, poderemos validar o título dessa crônica, “O Esporte Salva! ”

 

 

 

quarta-feira, 22 de março de 2023

 


103) Mas qual a Razão de se Chamar “The Crasies Club”!

De fato, semana passada contei sobre o surgimento daquele “tão importante” Clube, suas origens, fundadores e mais detalhes, mas involuntariamente soneguei a origem de tão rebuscado nome, ainda por cima em inglês! Se fosse um clube de futebol amador, seria claramente entendido! Não sendo, devo justificar. Vamos aos fatos:

Naquela época, num gostoso anoitecer em Jaguari, final de primavera de temperatura amena, numa época em que a televisão AINDA não ditava nossos hábitos e costumes, as Famílias se reuniam sentadas à calçada pública, após o jantar a tomar um revigorante vento fresco e perfumado pela floração da época, vindo da verdejante margem do rio Jaguari, tão próximo, a tratar de seus assuntos do morno cotidiano e do tradicional “nada de novo”, mas sempre com a indispensável e enriquecida fofoca! Pois os cinco moleques - tamanho do grupo inicial - transitavam agitadamente pela Rua Sete de Setembro – que na verdade se trata de uma avenida, pelo florido de Extremosas do canteiro central da via pública - quando ao passar por um desses grupos familiares, num passo cadenciado, “quase militar” e estalando os dedos como no filme que tínhamos visto na semana, éramos obrigados a transitar em meio aqueles Grupos Familiares, então alguém comentou “nossa bateria” debochadamente:

- Hummmm... Imitando o filme! Gurizada boba! Um bando de loucos!

Ao ouvir aquilo, crítica maldosa, mas que na realidade só provocou ao mais exaltados de todos, o Xé

 num inesperado chilique, ataque de fúria simulada. Interrompeu a caminhada, deu um giro frenético de cento e oitenta graus, voltando-se por uns dois passos em direção ao “ofensor”, olhar de ódio, surpreendendo especialmente a nós, os inocentes envolvidos, e vociferou:

 - Loucos não senhora! Crasies!

Retornou em meia vota e se incorporou novamente a nós, peito para fora, pose sorridente de garbosa vitória! Era o próprio italiano de Gênova, Vittorio Gassmann, interpretando o “Incrível Exército de Brancaleone!” (*) Acolhemos o Xé, com salva de palmas! A partir daquele momento, estava formado o tão importante “The Crasies Club”! Momento glorioso de nossa Vida Adolescente!

Fomos seis e celebramos por mais de cinquenta anos com festivos encontros na cidade que cada um de nós que, depois de adultos, adotou e fixou diferentes cidades para nossas  moradias. Celebrações em Jaguari, Caxias Sul, Viamão, Santa Cruz, São Luiz Gonzaga e Porto Alegre! Ha seis anos, um pouco silenciosos guardando saudade de um tempo tão belo, alegre e de felicidade ímpar. Falta-nos por força do destino e a fatalidade que a vida nos impõe, por ser finita, o querido Fernando e o sempre risonho Gordo, o Luiz Emílio!

 

(*) O ator Victorio Gassmann, interpretou o primeiro filme “Perfume de Mulher,” em 1974.

 

 

 

 

 

quarta-feira, 15 de março de 2023

 

102)  The Crasies!



Pois “The Crasies” se trata de um Clube Masculino extremamente reservado, fundado em 02 de novembro de 1965 em Jaguari. “Talvez” ninguém o conheça, ou melhor, ninguém conhece mas existe de fato sem grandes registros oficiais, sem CNPJ, Ata de Fundação registrada no Cartório de Títulos e Documentos, nada além da memória de seus seis participantes, todos adolescentes na época, cheios de alegria e vontade de viver com aventuras, molecagens, gritaria fora de tom e outras aberrações próprias da fulgurante juventude de seus partícipes.

Foi num dois de novembro, Dia dos Finados, que tudo se iniciou com pelo menos cinco de um total de seis de seus definitivos associados: Xé, Camotim, Fausto (Eu), Fiorello & Nandinho. Dois anos depois, aceitamos o insistente assédio do Gordo e o associamos. Logicamente após passar por um período de teste e provações diversas dos mais cruéis que nossa mente adolescente criava, desde ser o primeiro a entrar no Rio Jaguari – em pleno mês de agosto – até o de carregar as panelas de ferro, trempe, chaleira e apetrechos para a “boia” que faríamos na ilha do Rio Jaguari e adjacências. Ah! Era ele que tinha que buscar lenha e gravetos para acender o fogo de chão! Se reclamasse, seria punido com a perda de pontos, e ele levou tão a sério que era muito difícil descontar seus pontos conquistados!

Como disse, o surgimento do Clube se formou naquele Dia dos Finados, enquanto ao copiar uma cena antológica do filme “Amor, Sublime Amor“, belíssimo musical americano, dirigido por Robert Wise interpretado, dentre bons artistas da época, Natalie Wood, cena que tinha sido recém visto no icônico filme, onde uma gang caminha pelas ruas de NYC, em estilo provocativo, ao estalar seus dedos num ritmo compassado, fazendo uma cadência militar. Éramos, a partir daquele dia, uma nova gangue, não de NYC, de Jaguari, cidade pouco menos conhecida!

 

quarta-feira, 8 de março de 2023

 

101) Retomando a Escrita

 

Conforme prometi há quase dez meses, eu voltaria a colocar no papel, no formato Crônica, algumas passagens vivenciadas na minha vida que tiveram significado, que mereçam minha própria atenção ao rememora-las e teclar a história no computador. Depois partilhar com alguns generosos amigos que me garantiram apreciar minhas “mal traçadas linhas”! Lembrando que preservarei a autenticidade e verdade dos fatos. Alguns exageros? Talvez, mas com a firme intenção de ser honesto...

Como interrompi na Crônica número noventa e nove, sem a intenção de chegar ao simbólico número CEM, retomo as crônicas no número 101, desprezando o “100”, porque ele representa conclusão, tipo missão cumprida e entendo que ao escrever, sempre ficará alguma coisa para trás, que não se deve descartar. A vida é uma “Coisa” contínua, cheia de vitórias e derrotas, mas não entro nessa ceara, por ser recorrente, muito batida por outros que também gostam de escrever.

Naquela sequência, nominada “Crônicas de um RIdículo” (assim mesmo com a primeira sílaba, “RI” em negrito e caracteres maiúsculos), porque foram de fato situações em que fui exposto ou auto exposto ao ridículo, ao riso e não existe coisa mais divertida do que rir de si mesmo. Já recomendei experimentar! Não tenham medo e eu posso garantir que é uma decisão no mínimo simpática. Enfatizo aqui nisso, porque também já comentei “daqueles gozadores”, que fazem piadas ridicularizando os outros, pelos seus hábitos, suas tradições e origens que na verdade esses gozadores não passam de um bando chatos!

Lembro meus primeiros meses morando no Rio de Janeiro, trabalhando em sala-de-aulas como Instrutor – muita exposição pública – entre colegas o quanto era provocado pelo meu forte sotaque de gaúcho! No início até me incomodava, mas com o tempo aproveitava para revidar cada sotaque, já que a Empresa de âmbito nacional (até internacional) trazia em sala, todo tipo de sotaque! Ao jogar para a plateia quem tinha a maior diferença, acabava sendo motivo de muita risada, o que tornava um momento único, divertido mesmo!

Hoje em total desuso e até “criminalizado”, a opção sexual, especialmente entre homens, era motivo para muitas piadas, gozações e até humilhações! Isso é passado, felizmente. Por outro lado, a brincadeira envolvendo raça e cor da pele, aí a situação se complica devastadoramente. Pode dar até cadeia!

Nessa fase que começo agora, trarei fatos independentes de serem engraçados ou não, mas que me causaram algum tipo de emoção que mereça ser dividido com mais gente. Então, na semana que vem retomo os trabalhos de escrever e divulgar nesse canal.

Lembrem que não pretendo nem tenho competência para produzir “peças literárias”, que se notabilize pelo uso do bom vernáculo e de um português requintado. Estarei trazendo em especial nos diálogos, aquilo que foi dito de verdade com construção de frases malformadas, que rogo não interpretarem como de “mau gosto”, mas ditos chulos, serão escritos na forma que ouvi, para dividir com todos com autenticidade e nos divertirmos!