116) Coincidências e Equilíbrio entre “The Crasies!”

Por outro lado, havia um equilíbrio de sentimentos e preferências antagônicas entre nós. Até nos “sentimentos clubísticos”, nota-se num Estado como o Rio Grande do Sul, que quando se quer usar um termo de radicalização, adjetiva-se a palavra “grenalização”! Pois dos seis, três colorados e três gremistas! Entretanto sem fanatismos acordamos que o assunto futebol jamais seria discutido entre nós, até porque, todos com apenas uma exceção, não passavam de meros torcedores, por que jogar futebol para nós, a bola era quadrada... Já o Xé, jogava muito, habilidoso, chute forte e desconcertante em seus dribles mágicos!
Partidos Políticos a mesma proporção, 50% de Direita e 50% esquerda. Da mesma forma assunto levemente tangenciado sem aprofundamento, até porque, de março de 1964 em diante esse assunto era muito delicado se discutir, pelo menos abertamente.
Mesmo em se tratando de adolescentes, creio firmemente que conduzíamos nossa relação com Sabedoria Madura, pois a ênfase era focada nas coisas que apreciávamos conjuntamente e as unanimidades eram muitas. Não existia parceria mais aliada às aventuras no Rio Jaguari – em especial nas épocas das ameaçadoras cheias – que não se restringia a nadar em águas revoltas e perigosas, mas o uso dos “barrancos”, pontes e árvores à margem, para saltar de alturas cada vez mais ameaçadoras.
Cabe ressaltar que saltos não eram de preferência unânime, alguns dos parceiros negavam o desafio de “voar” em direção a água... Lembrando que a física nos adverte, quanto mais alto o salto, “mais dura” se torna a água! O impacto a uns dez metros de altura, resulta como uma verdadeira paulada no coco da cabeça. Eu adorava isso e já dava para desconfiar que um dia, muitos anos mais tarde, fosse praticar para-quedismo! Incursões ao morro O Belisco e seu subsolo, quando o desafio era explorar as cavernas naturais formadas em meio a densa mata nativa.
Cabe registrar com entusiasmo, a maior, mais contundente coincidência de desejo comum: A “bóia” e os bailes, "até mesmo" os de Carnaval! Todos magros – com exceção do Gordo, que "incrivelmente" era gordo – mas todos de um apetite invejável. Interessante que nessa época não éramos afeitos ao churrasco, mas sempre a um “arroz com qualquer coisa”! Tempo em que nossas mesadas não eram milionárias – daí também a falta de prestígio do churrasco - éramos na verdade um bando de duros. O arroz com salsichas era infalível e providencial, logicamente pelo seu baixo investimento... Fogo de chão na ilha do rio Jaguari, nas suas margens ou ainda no galpão da minha casa, que servia de garagem para o caminhão da Família.
Luxo mesmo, era o Arroz com Galinha – que aprecio até hoje sem moderação – mas só era viabilizado em raras ocasiões, geralmente dependendo de algum furto do “objeto central”, também em Família! Jaguariense que disser nunca comeu um arroz com galinha roubada, também chamada de “galinhada”, grande possibilidade de estar mentindo... Hábito comum e marcante na cidade naqueles alegres tempos. Os organizadores, não só os Crasies, mas de diversos grupos de jovens e alguns de homens maduros e até já casados adoravam essa molecagem. O fundamental era o de convidar a vítima do furto ao jantar! Sempre com muito vinho Chapadão ou Jaguari – pratas da casa - queijo ralado, salada de radiche com rúcula as vezes até temperados com bacon! Discursos no final e tão somente no encerramento a confissão e agradecimento ao dono das “penosas” furtadas ali presente!
Fausto. Bela história!
ResponderExcluirNão te plotei nas fotos de quando jovem.
Na última foto, está mais que claro....
Bacana Alemão. E o mais importante para o momento: todos vivos e saudáveis. Que sigam por mais muito tempo curtindo a vida, degustando Galinhas com arroz!!
ResponderExcluirAdoro tuas crônicas qdo eu me localizo no ambiente... Embora não participasse das galinhadas lembro q isso era mto comum na terrinha. Hj são em 4 mas a amizade continua firme. Que maravilha!
ResponderExcluirMais uma bela crônica, meu amigo! Parabéns.
ResponderExcluirAs galinhadas, as pontas nas águas doces do rio Santa Maria e os bailes onde se dançava com todas as moças bonitas( só em pensamentos) pois a coragem era escassa para essa missão. Para essa tarefa não se fazia nem aposta pois não havia recursos para pagar o samba( cachaça com coca)
ResponderExcluirEu como era bonito elas me convidavam Para dançar. Kkkkkkkkkkk
Muito honrado em fazer parte desse grupo, junto com os demais membros da corte anarquista dos anos 60, onde depois de praticamente 45 anos voltamos a nos encontrar com pompa de clube bem organizado, sim, porque até camisetas comemorativas aos enocntros tinhamos.
ResponderExcluirBoas recordações de uma amizade duradoura !
ResponderExcluirQue beleza de crônica!! Muito legal essa amizade e o amadurecimento de vcs quando jovens de não entrarem em assuntos polêmicos como futebol e política. Adorei ver o grupo como estão atualmente, todos vivos!! Parabéns!!
ResponderExcluirBáh!!! Mais guris do que nunca essa gurizada medonha.....kkkkk
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