quarta-feira, 5 de junho de 2024

 157) Escrevendo Crônicas ou Contos?

Em uma das minhas recentes Crônicas, recebi um gentil comentário de um amigo leitor, dizendo “excelentes histórias ou seriam estórias?”... Garanto: São Histórias, quase todas elas, cujo “personagem central”, sou eu mesmo, contando algumas das minhas passagens curiosas, desafios, enfrentamentos, tropeços, gafes, grossuras, etc.

Então me cabe agora esclarecer que na minha loucura de colocar no papel fatos muitas vezes constrangedores em que vivi, que fi-lo por diletantismo na intenção de reviver memórias que me divertiram e por consequência partilhar essa diversão a quem tivesse disposto a ler no propósito de rirmos juntos da "minha cara"! No entanto, por muitos anos me mantive somente a  escrever sem publicá-las. Apenas para mim e para leitura dos mais próximos. Até o título que criei na época, Crônicas de um RIdículo, expressavam claramente do que se tratava. E fiz assim mesmo, com aquele RI em negrito e caixa alta, na intenção de chamar atenção de que era mesmo para rir desse “pobre coitado”!

Presunção minha de que seria engraçado! Mas foi meu vibrante amigo Dirceo Stona, captando meu objetivo, foi quem sugeriu publicar para que mais pessoas rissem das bobagens que escrevi! Das tantas coisas feitas, algumas perdoáveis, por se tratarem de “quand J’avais vingt ans!" É, na tenra idade de vinte anos, parece que tudo é permitido e a gente segue errando à vontade e geralmente perdoado! Felizmente!

Pois Dirceo criou meu blog, onde passei a publicá-las, escrever novas histórias e mais algumas, chegando ao expressivo número de noventa e nove crônicas publicadas. Aí eu parei. Fiz questão de evitar o número cem, para não parecer a mim mesmo de que havia encerrado uma História Completa. Sempre fica uma pendência...

Aceitei em meu subconsciente, ser apenas um ciclo se encerrando. Deixei um compromisso em mente de talvez um dia retornar. Boa decisão para uma mente agitada, visto que, entrávamos no período de isolamento social em virtude do Covid19. Colocar fatos e ideias através das minhas "mal traçadas linhas", serviu como um alívio, um bálsamo naquele grave período de sobrevivência da Humanidade.  Eu me confortava e acalmava em plena crise sanitária mundial, que tanto nos massacrou. Pois foram publicadas essas noventa e nove crônicas pelo mesmo número de semanas, quando parei por uns meses. 

Março de 2023 voltei a escrever e publicar toda quinta-feira e cá estou já com cinquenta e sete novas Crônicas publicadas e sigo, de certa forma, me divertindo e desabafando a alma sufocada dessas novas crises e ameaças, que sem encomenda nos surgem a todo o momento, como grave das enchentes que aniquilaram boa parte do nosso Rio Grande do Sul.

Humildemente sugiro mas com entusiasmo, que experimentem escrever um dia um pouco de sua Vida. Construirão um Legado aos seus amigos e parentes. Esse exercício, nem tão trabalhoso -  podem apostar - nos permite um expressivo relaxamento e mais importante ainda, provoca um bem-estar único, compensador, eu garanto! Bem melhor e infinitamente mais barato do que uma “Terapia”!

Pois há pouco mais de um ano voltei a escrever e publicar num conceito novo de múltiplos assuntos em crônicas. São verdadeiras pois naquele primeiro período eu até misturei crônicas com contos! Então entendamos essa diferença, razão da Crônica de hoje: - Crônica está para história assim como conto está para estória. Nessa nova fase, escrevo histórias reais, na verdade muito bem vividas, abandonei um pouco o hilário em favor de fatos reais, algumas vezes até dramáticas, sem um propósito “jornalístico", mas nada que ofenda a boa leitura.

Não há uma clara hierarquia entre uma e outra. Tanto isso é verdade que temos como exemplo em Jorge Amado, baiano de Itabuna (10/ago/1912 a 06/ago/2001), um de nossos mais notáveis escritores brasileiros, que fez ao longo de sua exitosa Vida de Escritor, uma imensa série de Estórias sobre o Nordeste e seu Povo, como palco principal. São dele as famosas “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, “Gabriela Cravo & Canela” e pelo menos mais umas doze obras que conheço de pleno sucesso. O que afirmo através desse exemplo, é que contando verdades ou “verdades com algum exagero” sempre é interessante, não necessariamente construtivo. Quase sempre educador e culturalmente enriquecedor, como sempre há de ser ao ler um livro. Um dia, quem sabe, ainda escreverei um!


Nos meus tempos de aluno no Mestrado em Educação na PUCRS, a leitura de um livro semanal era compulsória para discussão em sala de aulas na semana seguinte. Confesso que isso me cansava muito, era chato. Achava até  curioso quando alguém afirmava que adorava ler! Hoje consigo me identificar e viver os personagens nos livros que leio e isso, eu creio firmemente que é toque de Midas para melhor apreciar a leitura. Bom, a escolha própria é fundamental para esse “apreciar” e atribuir o elogioso qualificativo de "bom livro"! A propósito, acho que um mau livro, talvez nem exista. Alguns, possuem capítulos que não conseguimos aproveitar por uma ou outra razão! Como o comando da leitura pertence ao Leitor, esse pode descartar o capítulo ou até o livro inteiro. Já fiz isso. Nós podemos fazer isso, temos esse Direito!

8 comentários:

  1. Belo depoimento. Tuas crônicas são divertidas e com excelente conteúdo. Parabéns! Bidart

    ResponderExcluir
  2. Adoro, continua que viajo contigo e assim é muito melhor do que fazer terapia.

    ResponderExcluir
  3. Ótimas crônicas !
    Quanto a ler um livro, aquele que deixamos de lado.
    É porque talvez, não estejamos à altura daquela leitura naquele momento
    Larga-se e se retoma em outro momento da vida. Ivan

    ResponderExcluir
  4. Excelente depoimento. Continue escrevendo, vc é ótimo! Adoro viajar junto nas suas crônicas e/ou contos.

    ResponderExcluir
  5. Já Falei para o Fausto escrever um livro com suas crônicas ou fazer o livro sobre sonho de um paraquedista. E os seus leitores e um sobrinho especial o Waldermar sempre motivando continuar a escrita.

    ResponderExcluir
  6. Tida


    Fausto, concordo com a Nani quando ela diz que deverias transformar tuas crônicas em um livro

    ResponderExcluir
  7. Caro Fausto, eu diria que em nossa jornada o tempo nos ensina e cada um conta o que vivenciou do seu jeito, seja escrevendo ou não, sendo crônica ou conto.
    Gosto do Fausto escrevendo, do jeito que ele se sentir bem.
    Abraço, meu vizinho!

    ResponderExcluir
  8. Que doce elixir saborear suas crônicas meu querido Irmão, a gente vive e viaja contigo em tua narrativa, és muito bom em cativar leitores, pelo menos na minha modesta opinião, eu no momento estou do outro lado do Atlântico, em viagens cansativas mas me detenho lendo teus textos...Forte Abraço (3).

    ResponderExcluir