173) O Vinte de Setembro!
Evidente e, que tratar de uma data tão
relevante para o Rio Grande do Sul, em especial ao nosso orgulho, não se relata em única crônica, mas em muitos livros, em uma biblioteca inteira, talvez. Relatar um momento Épico de um Povo cheio de bravura, requer um conhecimento histórico de
dimensões de milhares de anos luz à frente da minha cultura e competência. Não é hipócrita modéstia desse que escreve, garanto! É História de um Povo Heroico e
Bravo em busca de uma Pátria Única, que pudesse ser chamada de Sua!
Historiadores de alta competência na
lide das letras, já perpetuaram os raros momentos de sofrimento, batalha e
muita dor desse Povo, do meu Povo e como todos “desse naipe”, às vezes
exagerando um pouco, onde conquista olhares de desconfiança do que crédito
e reverência que nos julgamos merecedores! Verdade. Muitas vezes a nossa
“faceirice” provoca dúvidas de até onde realmente fomos com as tais "peleias
heroicas"!
Vamos aos fatos: Semana passada – Gaúchos, com muitos Brasileiros acompanhando – celebraram data memorável de uma guerra fraticida, sangrenta que jamais em tempo algum, se crie motivo a repeti-la! De fato, não se comemora uma guerra, jamais, mas o fim dela e nesse caso com resultados práticos um tanto discutíveis, pois o verdadeiro objetivo dos Farrapos, assim chamados durante a guerra, dado ao estado deplorável de suas fardas, então liderados pelo General Bento Gonçalves, David Canabarro e outros tantos aguerridos, com apoio também do Guerreiro de Mar e Terra, o Italiano "mas" nascido em Nice - França, Giuseppe Garibaldi, assim sonhavam, todos eles, com a República de Piratini!
O adeus à Monarquia e a pesada carga tributária imposta pela Coroa, (algo em torno de 20%, apelidado de “quinto dos infernos”) foram os pontos de conflito e reivindicação furiosa de todo esse Povo, que se julgava oprimido e sem o devido e respeitoso retorno ao que produziam. Enfim, viver se imaginando injustiçado, tira o brilho de qualquer patriotismo e cria nesse Povo um sentimento de plena revolta. O resultado se converte em luta para uma separação definitiva e sua proclamação ocorrida em setembro de 1836 de um Estado Nação, a República de Piratini, ou ainda, a República Rio-Grandense!
Vamos à alegria da celebração, para
mim hoje, é o que mais conta. Já cumpri meu Dever Cívico Servindo a Exército
Brasileiro em época de Paz, quando muito se cantava: “Brasil, ame-o ou deixe-o!” Que bom, quase todos ficaram! A Monarquia acabou, Dom Pedro II foi triste e
vergonhosamente escorraçado do Brasil e a República nacionalmente tão reivindicada está aí
sólida, sobrevivendo aos trancos e barrancos, mas sobrevivendo!
Recomendo leitura do romance da Guerra dos Farrapos, intitulada “República das Carretas” de Barbosa Lessa, onde discorre com maestria a Gloriosa Época e quando surge a ideia do seu icônico Hino. Foi através de uma conversa informal ao lombo de seus cavalos, entre o maestro Joaquim Mendanha quando José Garcia provoca:
- Tive uma ideia companheiro. Já temos bandeira, brasão e
até mesmo o tope de lapela para identificar quem é do lado da República. Você
se anima a inventar um hino? A República pode até lhe pagar!
- Sou da terra de Tiradentes, o mártir da liberdade! Mas pensando
bem, é até capaz que eu faça de graça! Tentar não custa...
- Gostei de ouvir!
O assunto evoluiu, quem faria a
letra, ajustes e planejamentos necessários, com a conclusão final por Mendanha:
- Negócio fechado! Garanto que o Presidente Bento Gonçalves
vai se retouçar de alegria com esse baita presente: O Hino dos Rio-grandenses!
O canto, a música, sempre contribuíram para a alegria e
exaltação, gerando sentimento de conquista e glória! Foi nesse
momento, portanto, que se consagra o início do tão falado Hino que orgulha e dá
aos Gaúchos a razão e força para levantar, erguer a cabeça e ir em frente em
todos momentos, sejam de crises e ameaças mais sérias!
Ainda celebrando essa Paz reestabelecida e a consolidação de um Brasil só, sem separação, no último domingo, ao assistir a um disputado jogo de futebol em Porto Alegre, com um time do Rio de Janeiro, foi quando do meu encantamento aconteceu logo após o Hino Nacional protocolar, tradicionalmente entoado antes das partidas, pois foi seguido pelo Hino Rio-grandense! Ouvir dezoito mil vozes entoarem seu Hino a plenos pulmões, só estando presente para avaliar! Admirável, de encher o coração de emoção sincera: - “Como a aurora, precursora do farol da Divindade, foi o Vinte de Setembro o precursor da Liberdade”...