quinta-feira, 24 de abril de 2025

 199)  Pucon – Um Alemão pagou meu “Rafting”!

A cordialidade ultrapassa fronteiras! Retorno a comentar da minha última viagem ao Circuito Andino, onde uma das paradas para recuperação de tantas horas ao volante, fez valer toda a viagem! Trata-se de Pucón, uma pequena cidade ao sul do Chile – La Araucania - distante oitocentos quilômetros da Capital, localidade entre vulcão e lagos, amada por aventureiros do mundo inteiro.

Lá se encontra a oportunidade de explorar cenários naturais deslumbrantes e uma imersão na cultura andina autêntica. Natureza exuberante com o Parque Nacional Huerquehue com termas, cascatas, vulcão ativo, trilhas, rafting e outros tantos tesouros. Tudo isso e mais, se encontra nessa Porta de Entrada da Patagônica Chilena.

Reservamos um dia para fazer esse rafting, termo inglês para “descer um rio em balsa”, cuja primeira tarefa foi convencer Elaine de ser um esporte dinâmico, absolutamente seguro e até um pouco calmo! Canoagem tranquila, garanti a ela!. Ingenuamente acreditou! Gosto muito, já revelei diversas vezes, de esportes radicais, produtores de “derramamento de adrenalina” em abundância. Esse, foi exatamente assim, mas se eu não mentisse, perderia a companhia e fazê-lo sozinho, não teria com quem comentar depois as crises de medo com alguém. É onde está a graça de tudo, eu acho...

No entanto, essa mentirinha bem-intencionada me causou prejuízo mais adiante, em meio à aventura: - Uma das cascatas a descer era de um nível destinado à categoria mais alta da aventura. Tipo exclusiva para competidores profissionais. Nessa, o timoneiro fez todos desembarcarem e trilharem à margem do rio por uns cinquenta metros, descendo na rocha íngreme de uns seis metros de altura. A sugestão entusiasmada, foi a de saltarmos daquele ponto nas águas profundas e retomar o embarque na balsa. Todos saltaram de pé. Fiquei por último, só para ser “exibido”, pois fiz de ponta cabeça aguardando aplausos! Que evidentemente não aconteceram... Pois nesse momento Elaine deu o vexame de se negar a saltar! Optou por descer pela rocha cravando as unhas nas pedras molhadas e escorregadias, numa atitude muito mais perigosa, provocando uma expectativa de acidente a todos! Felizmente tudo transcorreu bem sem maiores dores, trazendo a “heroína” pálida, branca como uma vela de vota a bordo! Na foto, enquanto deslizava na água agitada, ela está rindo bem a frente da balsa!



Um dia antes da aventura, fomos até o escritório de turismo, fazer a contratação do programa. Ao pagar, o sinal internet da máquina de cartão de crédito não funcionou e eu não tinha dinheiro em espécie. Impasse criado, pois o pagamento antecipado era obrigatório, sem outra chance. Daí que um “Alemão” com sua reserva já confirmada, prontamente tirou do bolso algumas notas de dólar e pagou, para um “acerto” no dia seguinte! Claro, alegremente aceitei!

Agradecido, apenas troquei um olhar com a esposa, com vontade de dizer: “Nossa!” Cortesia gratuita, sem sinal de segurança a gente não está muito acostumada! Maravilhoso conhecer outras Culturas, outros Povos que sempre nos trazem algum aprendizado, algum enriquecimento cultural!

quarta-feira, 9 de abril de 2025

198) Para-quedismo: Queda Livre com Chuva?!

Inúmeras vezes amigos, conhecidos, leitores me perguntaram o quão complicado é saltar de para-quedas com chuva! Todos sabem da minha paixão nutrida por esse esporte radical (Escrevi livro, ainda “não publicado”, do acidente em 1999) e foram uns seis anos de intensa prática – acima de trezentos saltos – alguns inclusive, fora do País.

Como todo esporte radical, esse tem a capacidade de nos deixar inebriado pela forte injeção de adrenalina no sistema, que ocorre durante o salto. É tão forte a provocar dependência química. O estado de euforia durante o voo, proporciona um prazer tão intenso, a ponto de provocar ansiedade num final de semana de “abstinência” ao PQD! Hilário, mas muito real!

Já ao amanhecer de um sábado qualquer, ou domingo ensolarado, vê-se o céu azul (blue sky) com poucas nuvens a nos chamar! Daí é irresistível! Juntar o equipamento, pega o carro e se manda cheio de alegria rumo a “Área de Saltos”! No meu caso, cidade de Sapiranga – RS, pouco mais de cinquenta quilômetros de Porto Alegre. Próximo ao aeródromo, ao ouvir o vigoroso ronco do motor de um Cessna subindo, o batimento cardíaco já altera seu ritmo para o acelerado, cuja superação só ocorrerá quando estivermos voando “lá em cima”, aos dez mil pés de altura. Abre a porta da aeronave e o ar gelado invade a cabine ,(dois graus de diferença a cada mil pés de altura!) um forte estresse ao olhar para baixo e “desembarcar”!

 


O choque físico na saída aeronave com o ar, é uma "paulada"! Depois, durante a queda-livre o corpo cai em velocidade superior aos duzentos e cinquenta quilômetros por hora. Toda aquela aceleração do batimento cardíaco na hora de sair da aeronave, diminui consideravelmente. O medo – muito conveniente – da saída é imediatamente substituído por uma sensação prazer indescritível. Desaparece milagrosamente o temido sentimento de “estar caindo”! A sensação nítida é de estar como uma águia voando numa velocidade absurda com inexplicável sensação de segurança. Por segundos, suponho que a alma assume um “endeusamento” único, cheia de coragem, até soberba! Perdoem-me, meus colegas de esporte, mas o para-quedista se torna arrogante através de seu soberano domínio às altíssimas velocidades - sem motor - propiciadas por esse esporte muito louco!

E a chuva? Bom, se a meteorologia não for favorável, avião nem decola. Visualizando a ameaçadora nuvem, apelidada de “cebezão”, flutuando absoluto nos céus, fica quieto no solo, e pronto! Trata-se das escuras e temidas “Cumulus Plumbum”. Respeitadas até por grandes aeronaves. Algumas dessas nuvens possuem energia no seu interior produzindo perigosa eletricidade. Quanto mais distância, melhor!

Algumas vezes acontecem formações inesperada de algumas nuvens, quando já se está no ar em busca da altura ideal para o lançamento. São nuvens a se dissiparem facilmente e passar no seu interior, é como correr na estrada sob forte cerração, nada além isso e garanto, é um “barato extra”!  Nessa situação, se algum colega está próximo, cria-se uma ilusão de ótica, com aquele colega envolto em uma áurea de luz, semelhante ao arco-íris! Simplesmente encantador!  

Pode-se casualmente, ter contato com pequenas rajadas de chuva, e o sentimento – melhor se saltando sem capacete, só de óculos apropriado – é de as gotas baterem no rosto com força extrema, pequenas agulhas, talvez grãos de areia, nada tão agressivo a causar dano físico, apenas curioso, surpreendente aos neófitos!

Então é clara a viabilidade de pegarmos chuva sem problemas de navegação. O prejuízo maior fica por conta de molhar ou de sujar o velame para uma trabalhosa missão de limpar e secar todo o tecido. Afora isso, vamos saltar, porque o prazer de voar – tão desejado por Ícaro, como nos conta a Mitologia Grega – afirmo convicto: 

- “Quem nunca saltou, não imagina o tamanho do prazer e quem já saltou, jamais encontrará palavras suficientes para descreve-lo!”

 

 

quarta-feira, 2 de abril de 2025

 197) Um Milagre: Ele me Chamou de Sábio!

Verdade, há uns dois anos ou mais, o sobrinho da Elaine, Henri, no alto de sua sabedoria de seus dez anos de idade, disse com todas as letras: “Tio Fausto é um Sábio”! Evidente, cabe relatar a circunstância, no final, até mereci!

Desde criança sempre fui orientado a certas cautelas quanto as ameaças e ações de sobrevivência. Cuidados com alimentos selvagens, dentre tantas coisas interessantes – meu Pai, seu Waldemar, foi afinal um “Chefe de Escoteiros” – ele ensinou como fazer fogo no meio da mata em dia de chuva, evitar cobras, olhar para o chão a evitar espinhos, nadar no rio, fazer um carreteiro dentre tantas coisas verdadeiramente úteis. Ele sim, verdadeiramente Sábio!

Também apreendi, quando se come melancia não se come uva... Depois da refeição, esperar pelo menos uma hora para tomar banho e assim por diante... Quanto “mito”! Pois foi diante desse mito do banho após o “buxo cheio”, onde obtive o maior elogio em vida, ao lembrar como aprendi em uma preciosa ocasião, na adolescência, após me deliciar um lauto jantar, oferecido pelo Dr. Edu, Paraninfo da Formatura em Contabilidade: - Empanturrado, comentei com ele: - “Agora terei de esperar mais de hora para tomar banho”! Ele, experiente responde: - Nada disso, bobagem, pode tomar seu banho sossegado!

 


Diante dessa “novidade”, vindo de um respeitável adulto e médico, acabou o temor, mas com ressalva, banho de chuveiro risco zero, imersão, não seja prolongado!

“O Sábio”: - Reunido com a Família da Elaine em uma área de lazer com piscina e farto almoço, o sobrinho Henry, um elogiável glutão, após a sobremesa se dirigia à piscina quando sua mãe interrompeu:

“Não senhor! Aguarda uma hora. Vou marcar no relógio...” 

Desespero do rebento, foi quando interferi dizendo convicto, não há problema algum! Isso é um mito! Podes deixar...

O sorriso do menino, cheio de alegria foi espetacular, para imediatamente afirmar cheio de felicidade – de sua conveniência, é claro – tio Fausto é um Sábio! Eu no caso, modéstia à parte! Evidentemente com o respaldo de sua mãe, ele se foi às águas, advertido da precaução de fazê-lo com alguns intervalos...

O sorriso de uma criança, é algo impagável, marcante como foi dessa feita, lembrada mesmo tendo ocorrido há tanto tempo! Quem já teve a oportunidade de acalentar o choro de um neném, subitamente revertido em sorriso – sorriso muitas vezes ainda de pura gengiva, sem dentes – sabe para onde nosso ego é conduzido! Vai às nuvens da felicidade!

Faça uma criança sorrir e seu dia se tornará muito bem compensado!