quinta-feira, 11 de junho de 2020

06 - Deixa que eu chuto.

Meus queridos leitores, 
Nessa quinta-feira [11/jun/2020] vou contar na sexta crônica, um fato vivido, que na verdade considerando o “politicamente correto”, não teria crédito para o riso. No entanto, como o humor negro tem lá sua validade, me encorajo contar (o que fiz a poucos, pela cábula...) me “autoconcedo um perdão provisório! ” 
Saio um pouco dos meus bons tempos de Jaguari e vou para bem longe, New York City. Considerando que o objetivo central desse blog vem do seu título, “Crônicas de um Ridículo”, e como realmente me senti ridículo, passo a contar o “Deixa que eu Chuto!”:

06 - Deixa que eu chuto.                                                                                                 

Em fevereiro de 1995 eu acompanhava em Nova Iorque ao Patrô, meu amigo e antigo colega de uma Multinacional Americana, para um encontro com um executivo de um Banco Brasileiro, cuja Diretoria de Educação era na “Big Apple”!
Fomos apresentar um Programa de Educação através de Treinamento em Negociação para seus Executivos de Negócios. Estávamos, como diz na gíria, fazendo uma “cerca Lourenço”. Os americanos preferem chamar isso de “lobby” que é bem mais bonitinho! Pois reservamos uma semana para fazer a aproximação e abordagem, e finalmente um jantar de negócios com o futuro cliente.
Afortunadamente, o que mais nos sobrava era tempo a aguardar a oportunidade do encontro. Ótimo para quem está naquela exuberante e encantadora “City“, uma das minhas preferidas, talvez a melhor do mundo para jogar tempo fora em passeios dos mais variados gostos. Já perceberam o quanto gosto de NYC!
Numa tarde vagávamos a pé entre o Litlle Italy e China Town, bairros peculiares de Manhattan que misturam culturas latinas com orientais e também com bastante sujeira. Nada americana. 
Caminhávamos em uma calçada, que por razão de obras num prédio, havia um tapume de madeira com tela até o limite da calçada. Por questão de segurança os gringos constroem um estreito caminho – onde passa apenas uma pessoa por vez - com corrimão e tudo, paralelo ao meio-fio para o trânsito de pedestres daquele local, meio interditado. Como é construído na pista de rolamento, isto é, na rua muito estreito dando espaço como disse, para apenas uma
pessoa por vez. Naquele momento vinha no sentido contrário outro pedestre que possuía deficiência física e arrastava acentuadamente uma de suas pernas. Este defeito, algumas pessoas adeptas ao “humor negro”, maldosamente apelidam “deixa que eu chuto”. Patrô tinha essa frequentes brincadeiras. O jocoso apelido vem por parecer o movimento de atleta de futebol ao cobrar uma falta... Patrô, por educação - não se espantem, o brasileiro fora de seu país fica muito educado - cedeu à vez ao homem que vinha na nossa direção e como eu estava distraído, ele me segurou o braço e me chamou a atenção:

- Fausto, espera o “deixa que eu chuto” passar...

O cara estranhamente fez um olhar de brabo ao Patrô e se manteve com olhar fixo nele. (Cabe lembrar que americano não faz “olho- no-olho”, isso é tido como um atrevido desafio). Pois o cara veio caminhando em nossa direção, por aquele estreito corredor de uns seis metros, enquanto “educadamente” aguardávamos sua passagem. Penosamente mantinha aquele seu caminhar rengo e ao chegar a centímetros da nós, diz em alto e bom português:

- “Deixa que eu chuto é a puta que te pariu, porra! Educação não faz mal a ninguém né, o caralho! “

- Certamente senhor! Respondeu Patrô, já cabisbaixo...
Caímos no mais profundo silêncio por tudo o que ali tinha se passado! Retornamos ao hotel sem olhar um para o outro! Nova Iorque é mesmo sensacional. A gente encontra brasileiro onde menos espera, ou ainda, onde jamais gostaria de ter encontrado ou ser reconhecido. Só conseguimos rir da gafe cometida, quando de volta ao Brasil...

11/jun/2020

Observação: As imagens são meramente ilustrativas disponíveis na internet.

16 comentários:

  1. Só o Patro mesmo para cometer essa gafe...o inesperado sempre acontece quando estamos viajando, há brasileiros em todo lugar, principalmente NYC.

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    1. Posso imaginar a saia justa de vcs dois kkkkk

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    2. Verdade. Aquele menino, mesmo as vezes com "humor ácido", sempre aprontando! Hehehehehe..

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  2. Não consigo parar de rir, adoro tuas memórias.

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  3. Hahahaha sensacional, continues...és muito bom nisso. Se aceitas sugestão, gostaria de ler sobre as suas crónicas do "front ", claro, com essa pitada de humor...

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    1. Muito obrigado pelo comentário! Próxima quinta-feira terá mais! Se fores comentar - o que agradeço - assine por favor, para eu saber quem está comentando!

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    1. Muito obrigado pelo comentário! Próxima quinta-feira terá mais! Se fores comentar - o que agradeço - assine por favor, para eu saber quem está comentando!

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  6. Amigo Fausto! Deixa que eu chuto, este cara é um chato ou este cara é gay, são expressões, muitas vezes usadas por brasileiros e que são entendidas pelos outros que se pensa que não entendem. Realmente a gente passa uma situação constrangedora.

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  7. Que saia justa heim Fausto? A gente tem que se cuidar, tem brasileiros em todos os lugares!! ����

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  8. essas coisas acontecem com quem viaja, não é mesmo!!!!???

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