Na Crônica de hoje voltarei muitos anos na História da Minha Vida, quando criança. Quinto e último filho, com a “pecha” de mais
mimado - e certamente fui – era protegido pela Mãe, uma irmã e os três irmãos
de qualquer ameaça, no entanto, deles vinha a maioria das brincadeiras.
“Inticar” comigo era fácil, qualquer gozação eu reagia
com pedras e dentadas... Danilo me chamava de “oncinha”, virava uma fera em
fração de segundo. Bastava um apelido que eu não gostasse ou não entendesse, já ficava furioso!
Tudo é passado, mas como vale o passado. Recordo nosso
Poeta Mário Quintana: - “O passado não reconhece o seu lugar, está sempre
presente”! Boas lembranças são como uma bela música, a gente não quer que acabe!
13) O Galo
Comeu...
Eu era criança e meus irmãos mais velhos, já haviam
identificado no moleque, um gênio do cão para qualquer tipo de gozação. Um dia,
não sei por que razão, disseram que um galo havia comido o meu “Gulin”. Bem,
Gulin, era o nome ou apelido de infância daquele apêndice que caracteriza o
macho. Este apêndice é o “indivíduo” que têm mais nomes na História da
Humanidade! Em alguns livros o chamam de pênis, falo, piu-piu... Chega! Agora
todos sabem quem é o Gulin!
Pois o Flaco,
amigo da Família em especial do meu irmão mais velho, o Sérgio, sempre que me
via, cantava debochado uma musiquinha cuja letra dizia mais ou menos assim:
- “O galo comeu o Gulin
do Fausto...”
Eu surtava, babava de raiva, xingava, atirava pedras,
chorava enlouquecido... Socorri-me na mãe, que segundo ela, eu ficava branco e
com lábios roxos. Um dia, em minha defesa mamãe bondosamente foi recomendá-lo:
- Flaco, por favor, não
repita essa brincadeira com o guri. Ele é muito nervoso. Chora, fica muito
brabo. Um dia pode até dar um “troço” nele...
Concordou com a mãe, mas não mudou, até piorou.
Era um homem feito com mais de vinte anos, e quando de longe me avistava já vinha
com um sorriso gosmento, maldoso, cantarolando “aquilo”!
Se minha mãe estivesse por perto, só assobiava a
melodia. Como eu já conhecia a letra, surtava novamente! Pedra, tijolo, pedaço
de pau, esterco o que tivesse ao alcance atirava nele enlouquecidamente. A mãe
voltou a falar-lhe. Sem nenhum resultado prático. Então ela argumentou comigo,
tentando me convencer da possível Paz:
- É apenas uma música,
não é o que está pensando...
Era sim! Cabe lembrar agora, que nessa época, lá por 1954, a Cultura Local, estabelecia que o máximo de intimidade
que um noivo possuía, com sua noiva, era o de caminhar - de dia é claro - com
a mão sobre o ombro da noiva. Abraço, beijo em público, usar o banheiro na
casa da noiva, nem pensar. Pois o Flaco tinha uma noiva, a Mary.
Num rasgo de criatividade salpicado com certeira
maldade, bolei um plano de resposta como minha vingança letal. Quase letal. Num final de tarde, lá vinham
os dois pombinhos caminhando lentamente com a brisa suave de um belo
pôr-do-sol, atmosfera romântica e apaixonada que os inspirava, numa Primavera perfumada
e florida! Acho que nesse dia especificamente, ele nem pensava em me
atormentar. Mas o plano estava montado e eu tinha que executá-lo HOJE! Segui à
risca o protocolo daquele dito popular: “Não deixe para depois o que pode fazer agora! ”
Eu estava só, me remoendo pela expectativa do resultado que poderia produzir. Quando o casal estava ha poucos metros de mim, tirei o dedo no nariz e fiquei
desafiadoramente olhando-os com muita determinação! Hoje, ele será o meu
prato cheio! Bem próximo, ele me olhava com um desprezível sorriso debochado e
de uma antipatia colossal, se aproveitando da ocasião e minha disponibilidade, cantou:
- O galo comeu o...
- Comeu nada. Tá aqui
ele hó! O galo comeu foi o teu Gulin né. Me mostra aí vai. Vamos me mostra.
Garanto que o teu Gulin ainda é menor que o meu! Volta aqui! Olha aqui o meu Gulin Flacoooo!
Acompanhei-os meio de pernas abertas para manter as
calças arriadas por muitos passos, repetindo a “chamada” diversas vezes com voz
bem alta para não deixar dúvidas!
Coitado do Flaco! Acho que ele não gostou. Uma
melancia madura ficaria pálida se comparada à cor de seu rosto sem
sorriso, um rosto sério, olhar grave! Era um “vermelho Ferrari” de chamar
atenção! Parecia "estranhamente" que queria me estrangular. Não disse uma só palavra, apenas pigarreou e mudou seu olhar para o céu! Acho que rezava!
Aliás, ficou assim por muitos e muitos anos sem olhar
para baixo ou melhor, sem olhar para mim que era baixinho! Mas como disse no início, com o tempo
tudo passa e creio firmemente que um dia, não tão próximo, me perdoará! Afinal,
já fiz setenta anos e ele, nem sei!!!
Porto Alegre, 30 de julho de 2020.
Kkkk adorei!! Muito Bom!! Devolveu a gozação com esperteza!!
ResponderExcluirFantástico, belas historias de infância, com certeza o Flaco nunca mais deve ter mexido com ninguém...valeu.abs
ResponderExcluirEssa brincadeira era normal dos mais velhos.Mas os guris não aceitavam,e vinha a resposta.Hehe.
ResponderExcluirBoa primo! A vingança foi "maligrina" como dizia Chico Anisio...
ResponderExcluirMuito bom Fausto.
ResponderExcluirAdorei tua história! Kkkk também passei por isso,sou a última de cinco irmãs. Mas bem que a gente gostava de ser os queridinhos,né?
ResponderExcluirNão sei como são as "outras posições" da hierarquia familiar, mas acho que é ótimo ser o último filho! Pelo menos o "ranço" dos outros sobre algumas ações dos pais consideradas privilégios, prova isso! Próximo comentário, coloque seu nome, por favor!
ExcluirKkkkkk.... Sua estratégia foi fantástica....
ResponderExcluirMas na verdade, acho que o Galo já havia devorado o Guilin do Flaco...
Abraço
Tida
ResponderExcluirMuito boa kkkk
Kkkkkk nossa uma boa vingança
ResponderExcluirAinda bem que vc já é crescidinho e sou amiga kkkkkkk
Fausto! Bem feito pro Flaco! Mereceu! Kkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirAdorei bjos
Hahahaha
ResponderExcluirMereceu mesmo, abobado!!!!
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