55) Uma
Experiência Única em Amsterdam!
Conheci Reepl, o personagem central dessa crônica, ainda jovem de trinta e poucos anos de idade, maduro e de “muito boa cabeça”, que contou uma experiência única vivida na Holanda, ocasião em que visitou a Capital, Amsterdam.
Sem dúvida a cidade é encantadora. Reserva muitas surpresas a quem a visita. Desde seus canais caprichosamente desenhados em forma de espiral pela Mãe Natureza, mas que evidentemente não fica só nisso, o trabalho da Mão Humana também é fantástico. Comecemos pelo mais importante Museu da cidade com as incríveis obras de Vicent Van Gogh, gênio que em apenas 37 anos de vida, deixou um legado invejável de Arte. É local de visita obrigatória na cidade, mas com cuidado aos horários de visitação, que como em toda Europa, são muito rigorosos!
As tulipas! Ah as tulipas! Procure uma época do ano em que estejam floridas, mas saiba que sua floração exuberante acontece no mês de abril, embora que a temporada faz sua abertura oficial no mês de março.
Tudo muito lindo!? Não! Minha segunda visita a deslumbrante Amsterdam, aconteceu num momento inadequado pois coincidiu com greve dos garis e coletores de lixo na cidade! Montanhas, sem exagero, com cinco metros de altura de lixo misto em todas esquinas da cidade que traziam um odor de azedo imperdoável e isso já havia há uma semana, podem imaginar...
Depois,
reserve uma noite para visitar as “Vitrines de Luz Vermelha”, que ocupam um
bairro inteiro para essa curiosa atração! Trata-se da prostituição dando seu
sinal de vida muito às claras, sem nenhuma discrição! Literalmente vitrines que
expõe “alguém de programa” exposta ou exposto e disposta (o) à prática sexual.
O reservado em formato de vitrine, contém uma cama de casal para o ato e é fechada uma cortina quando
alguém da rua se dispõe a pagar e fazer o coito, que será consumando naquele
local mesmo que parece exibir as necessidades básicas.
Creiam-me, tem de tudo. Mulheres novas e lindas num quarteirão, outras bonitas de meia-idade e as gordinhas para quem gosta de mais volume! Há também espaço para as feias, um pouco mais afastado que por uma questão de mercado, são as de preços mais baixos, se é que me entendem...
Referi-me acima a “alguém”, por não ter convicção do sexo, isso ficou claro, eu sei. Têm “mulheres grandes” também muito bem vestidas com trajes mínimos, cobrindo o essencial, entretanto num dos quarteirões estão expostas e com frequência arriam sua calcinha exibindo a região ínfero-anterior do osso ilíaco, que um pouco abaixo se manifesta o que deveria ser um clitóris, um órgão copulador do macho, também de tamanho super avantajado!
(Ufa? Com um esforço enorme, consegui não escrever pênis!)
Deixando a zona da Luz Vermelha, encontra-se a região do fumo, de cigarro preparado na hora com a famosa maconha. São "bares" que organizadamente e legalmente comercializam a maconha para uso no local. Comprar para usar em casa ou no hotel, não é permitido.
Nominei organizado porque funciona como se fosse um bar regular mesmo, comum, isto é, o atendente traz o cardápio bem montado, com diversas opções do fumo aqui não proibido. Uma vez escolhido, o serviço é feito numa bandeja com todos apetrechos para montagem ritualística do cigarro. Aí é que entra o histórico do fato:
Como um principiante, um pouco temeroso, tímido, senta-se em uma mesa que por coincidência ou não, era naquele momento frequentado unicamente por homens que conversam descontraidamente sob música caribenha e por óbvio, fumaça com o tradicional cheiro da erva reinante.
Olha o cardápio e não entendendo bulhufas sobre o que está oferecendo, socorre-se ao atendente revelando seu total desconhecimento dos produtos e solicita o que tiver de mais brando, suave. Com um sorriso mostrando total compreensão de seu cliente e muita empatia, se retira voltando com uma bandeja com a erva desfiada, papel apropriado e um isqueiro. É hora de montar o cigarro! No entanto, dado sua falta de experiência chama de volta o atendente e se revela neófito no assunto e é prontamente atendido. Cigarro montado e aceso, delicia-se com sua inovadora experiência, sem sentimento de culpa!
Como afirmei anteriormente, só tem homens no local e ele percebe alguns minutos depois, pouco mais a sua frente, em uma mesa contra a parede um moreno alto, magro, escorado em uma guitarra que lhe observa atentamente. Não dá bola e prossegue sua aventura, no entanto em um segundo momento percebe que o moreno continua lhe observando. É um sujeito estranho, curioso, cabeleira extravagante e muito farta, estilo rastafári cheio de pequenas peças de tecido coloridas e adereços a decorá-la. Estrategicamente vira sua cadeira um pouco de lado para evitar o olho-no-olho, afinal de contas tudo que ele quer é evitar confusão, especialmente estando tão longe de casa.
Os
minutos vão passado, acaba o cigarro e a tentação de ver se aquele moreno continua
lhe cuidando ou se ainda está lá. Bingo, permanece com aquele mesmo olhar frio,
desafiador com meio sorriso debochado entre os dentes... Pior, o cara é alto,
grande. Mais tarde, tenta um olhar sobre o ombro e lá está ele que continua
teimosamente me olhando, com a mesma cara. Típico de indivíduo bêbado que gosta
de arruma encrenca e me elegeu como alvo da noite!
Vira sua cadeira completamente para ficar de costas para o cara. Incomodado perde a paciência e pede a conta:
- Desculpa-me, mas o senhor precisa ficar mais alguns minutos até suavizar o efeito do cigarro. Não deve sair à rua agora!
Diante dessa afirmação convicta, só resta esperar. Contando que aquele moreno vá embora logo. Passado algum tempo, o atendente com sua tradicional gentileza, serve um copo com um líquido bastante doce, um misto de refrigerante com algum xarope estranho. O sabor é agradável que eliminava a sensação de boca seca.
- O cavalheiro deve beber disso, vai lhe fazer bem e ajudará recuperar a normalidade de seus sentidos!
- Muito obrigado!
E bebeu todo, mais algum tempo o atendente volta com um largo sorriso e a conta numa bandejinha. Nada extravagante, mas longe se ser uma diversão barata!
- Agora o senhor pode ir. Mas se quiser mais alguma coisa é só me chamar! Ficamos honrados com sua visita!
Passa seu cartão de crédito, encerra a conta totalmente sóbrio mas antes de ir embora, a tentação de dar a última olhada aquele indivíduo indesejável, que o observara durante todo o tempo, percebe que na verdade, onde supostamente seria sua mesa, é na verdade apenas uma porta qualquer, onde está colado um enorme pôster tamanho natural, do Bob Marley, falecido há quarenta anos! Reepl se dá conta que esteve ameaçado durante toda noite por uma simples foto do famoso Jamaicano!
Retira-se e volta pacificamente ao hotel que o hospedara para um sono reparador! Viram? Amsterdam é encanadora de fato!