O que
aliviava, era quando no intervalo, que chamávamos de “recreio”, a alegria dos
novos estudantes tornava a vida estudantil mais descontraída! Tínhamos um
expoente, o sr. Trônio, cavalheiro de um humor refinado e inteligente. Até seu
tamanho, um italiano vigoroso e careca total, fazia de suas piadas ainda mais
engraçadas!
Não há quem não sinta saudades da época em que a sala de aulas tinha um “quadro negro” de cimento, que na verdade era verde onde o Mestre usava giz branco e apagador de feltro produzindo uma poeira de deixar todos grisalhos; os que ainda tinham cabelos, é claro. Embora que no primeiro ano só tinha uma turma, o intervalo era anunciado por um sino badalado pelo próprio Diretor da Escola! À medida em que os anos foram passando, novas turmas foram agregadas à primeira, formando um grande grupo de estudantes da noite.
Por ser noturno, minha mãe reservava o privilégio de na manhã seguinte ser poupado de levantar cedo! Lá estudei por sete anos, até me preparar, nem tão bem preparado, para o desafiante vestibular para Administração de Empresas.
Muitos anos
foram passados, eu já morando na Capital, em dois anos consegui ter meu “próprio
fusca”! Primeiro sonho realizado. Muitos anos depois tive um encontro ao acaso com o ex-colega,
o carismático Trônio. Ele me contou que também sonhara no passado com o tal fusca da
época, isso me aconteceu lá no início da Década de Setenta onde os “desejos
automobilísticos” também evoluíram bastante. Surgia o conforto de automóveis com
ar condicionado. Até então tínhamos apenas um aquecedor interno, muito bom no inverno que vinha do aquecimento
do motor, como disse, muito prestigiado no Inverno, entretanto nos dias quentes o recurso
era abrir o “quebra-vento”, para ter pelo menos um vento morno na cara!
Num início de Verão, já se anunciando muito quente, Trônio bem de vida, me contou que decidiu que na próxima troca de carro naqueles dias, adquiriria com o desejado ar condicionado.
Ao sair de Santa Maria, Verão se fazendo presente nos termômetros, carro todo fechado, Trônio liga sorrateiramente o aquecimento interno, aquele vindo diretamente do motor. Viagem que seque por uns cinquenta quilômetros ao sol, o interior da cabine do pequeno veículo com um calor insuportável, equivalente ao interior de uma chaleira ao fogo, quando se rompe o silêncio com ela tomando a iniciativa:
- Benhê!
- Fala! (Responde secamente!)
- Quando voltarmos a Santa Maria num outro dia, se tu realmente queres ter um carro com ar condicionado, acho que tens razão, deves comprar. Vai ser mais confortável, né?
- Tá bem. Se é o que tu queres. Semana que vem tenho que voltar, aí eu compro!!!
Carro novo com ar condicionado |
Como era bom naqueles tempos,saudades!!
ResponderExcluirGosta muito de carro e acordar tarde até hoje.
ResponderExcluirComo não sentir saudades ,daquele tempo?abraço..
ResponderExcluirHehehe bela vingança. Conseguiu convencer a esposa com sabedoria. No calor é insuportável um carro sem ar-condicionado. Objeto de consumo de muita gente na época.
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