51) Ovo cozido de um minuto!
Toda e qualquer Arte que queiramos desenvolver, é mandatório que se queira com todo entusiasmo. A frase é surrada, o que pode torna-la ainda mais verdadeira. Quem diz que não gosta de fritar um ovo, ao frita-lo, rompe a gema, gruda na frigideira, a clara fica líquida, enfim, um desastre de ovo frito, tão fácil de faze-lo!
Na cozinha tenho minhas manias o que me torna um cozinheiro categoria mediana. Faço tudo com medidas certas e tempo contado no cronômetro de pulso, que nunca abandono enquanto à frente do forno, fogão ou churrasqueira! André, meu sobrinho, diz que tenho “toque”! Que seja. Continuarei assim. Daí que faço um ovo cozido que fica com a clara sólida e a gema totalmente líquida para comer na casca, como minha mãe fazia! Segredo? Coloco em água fria e ao ferver por precisos 60 segundos, está no ponto, perfeito. Um choque com água fria para a casca ficar solta e se deliciar!
Inverno
de 1981 voltava de uma Convenção da IBM – num daqueles prêmios já contados em
proza e verso nesse canal – e tinha a parceria do Bicaco novamente, só que
dessa vez ele aproveitava a viagem para fazer sua Lua de Mel, recém-casado com
Lili!
De volta para casa, planejamos uma parada de duas noites em Manaus, para conhecer um pedaço do Brasil que provavelmente não passaria mais por um local tão distante de casa, mas não menos atraente!
Entretanto na saída da Ilha, destino a Bogotá – onde faríamos conexão em voo da Varig – voamos pela Colombiana Avianca, que atrasou muito e perdemos a Varig. Fiquei furioso e demonstrei isso claramente no balcão da Companhia, a ponto de chamar atenção de um “Agente do Governo”, trabalhando em nome do turismo que me abordou questionou meu grau de insatisfação. Disse que eu deveria “gritar mais alto” que ele estaria ao meu lado, até que Avianca resolvesse minha contrariedade! E resolveu muito bem:
Mandou-nos para um hotel, manhã seguinte nos trouxe de volta para o aeroporto e nos levou até o Panamá, onde esperamos por dois dias outro voo Varig que finalmente nos levaria a Manaus!
Nessa espera na cidade Panamá, capital do Panamá conhecemos o curioso Canal que une Oceano Atlântico ao Pacífico e curtimos enfim um belo passeio, com tudo “free”, pensão completa!
O
hotel reservado ficava fora da cidade, quase um sítio. Tinha tudo para o lazer: Campos de
golfe, futebol, tênis, piscina e tudo que um turista exigente quer. Café da
manhã numa área campestre a beira da piscina, com um “break fast” que inundava a área com o gostoso cheiro
de café colombiano! Serviço ao estilo americano que não pergunta se você quer
ovos, perguntam como quer! Se “broiled,
scramble, omelete ou up and down”, isto é, cozido na casca, mexido, omelete ou
frito!
Garçom pergunta como quero meu ovo cozido e pedi de um minuto! Ele retruca se eu quis dizer três minutos? Não, falei um minuto. Confesso que minha afirmação foi com convicção aguda, quase assusto o gentil garçom. Ele assentiu com a cabeça e foi providenciar. Volta com o pedido na bandeja, coloca a minha frente e fica me olhando com um sorrisinho debochado no rosto, aguardando, “não sei oque”!? Depois fiquei sabendo...
- Detalhamento com informação culinária: - O ovo que faço em casa de um minuto tem processo lento, e obviamente inviável em um restaurante ou hotel. Lá, eles não têm um profissional na cozinha que possa colocar aquele ovo na água fria e ficar sentado esperando até ferve-lo para daí então contar um minuto, ora bolas!
Para atender tantos pedidos diferentes, é óbvio que já tem um recipiente com água fervendo; é colocá-lo ali, só que em vez de um minuto, são três de espera e está pronto. O resultado é idêntico!
Voltando ao sorrisinho do garçom: Abro o ovo parcimoniosamente com uma pequena colher, removendo os pequenos cacos da casca - e o FDP me olhando - eis que o ovo está evidentemente cru! Cheiro forte de ovo cru, nada apetitoso! O garçom ainda mais sorridente, desafiador pergunta:
- É assim que o senhor gosta?
Debochado. Deu vontade de jogar na cara dele. "Depois", pedir humildemente outro ovo como só ele sabia fazer... Mas o orgulho do Escorpião que sou, não se deu por vencido, muito menos a alegrar aquele garçom antipático que disputava comigo o domínio da requintada, complicada, apurada técnica de cozinhar um ovo! Mas não me dei por vencido:
- Está perfeito! Excelente meu jovem! Exatamente como eu gosto! Muito obrigado!
Hoje em dia, aprendi com o Duda a comer ovos crus de fato. Só tirar da casca, colocar em um copo e engolir. Com algumas gotas de molho inglês, fica ótimo, creiam-me! Lembram do filme “Os Filhos do Francisco”? O pai fazia Luciano e Zezé de Camargo engolir um ovo cru para melhorarem suas vozes!
Mas naquele dia lá no Panamá, lembro até agora, comi o tal de ovo quase lacrimando! Renovo um adágio popular que diz “o apressado como cru” para: “O orgulhoso metido a besta, é quem come cru”, no caso eu mesmo!
Tudo é aprendizado!!!
Como sempre, Fausto.
ResponderExcluirDivertido e inteligente.
Boa Faustinho! Discordo da parte que fala que voce cozinha medianamente.Inúmeros sao os pratos que aprendi contigo e hoje replico com orgulho esta culinária que me ensinou de forma simples e desprentenciosa e por isso considero-a excepcional.
ResponderExcluirVídeo
Vídeo, vou te nomear meu Discípulo Culinário! Evidentemente durante um jantar feito por mim!
ExcluirEita alemão orgulhoso...É bem capaz que vai dar o braço a torcer né??? mas tudo faz parte das viagens maravilhosas q fizeste.
ResponderExcluirTânia, dou f
Excluiré a um ditado que diz: "Teimoso é quem teima com um alemão!"
Tá maluco Fausto?????
ResponderExcluirFazer uma viagem maravilhosa dessas, por lugares paradisíacos e com culinárias típicas de lamber os beiços. E trazer como recordação a história de um ovo cozido???
Kkkkkk
Preparar um ovo perfeito não é para qualquer um. Acontece tudo que vc narrou no seu conto. Tb sou exigente.
ResponderExcluirE fica muito bom o ovo ao ponto.E Seu irmão Sergio lembrou e fez um para vc junto com um café colomial em uma de nossas visitas a ele.
ResponderExcluirQueria ver tua cara! Kkkkkkkkkkk
ResponderExcluirNessa tu te “ferrou” heim? Muito divertido!