53) Um Doce Poeta Sentado a Praça!
Pensei muitas vezes no porquê deveria escrever sobre a vida de um personagem, que é parte de mim, portanto real, e chego à conclusão de que devo ir em frente. Basicamente porque apreendi bastante durante o tempo em que essa história se passou. Foram quase dez anos em que sofri, amei, fui muito feliz e amadureci. Se eu aprendi, então devo sair do meu egoísmo e arrogância de querer ficar somente para mim, todos os benefícios de que essa experiência me deu. Por que não partilhar com alguém? Pode ser que meus erros e acertos contribuam para um momento melhor para outros, se isso ocorrer, valeu a pena! Valho-me também de uma frase, de um italiano de Jaguari que ouvi, que traduzida diz:
“Quem não sabe contar sua história, não merece tê-la vivido e quem não tem história para contar, não merece ter nascido! ”
Vou usar linguagens simples, coloquiais às vezes, porque quando se trata de emoções, há que se pôr para fora tudo aquilo que está no coração, de forma pura e sincera. Linguagem complicada à moda Spinoza, traria requinte de um filósofo, mas hermético às emoções, razão principal da existência deste crônica.
De tudo o que se passa nessa crônica, creio que o mais importante é a percepção que tive dos bons momentos em que me reconheci feliz! É tão comum ouvir de pessoas dizer: “Eu era feliz e não sabia! ” Todas as pessoas que falam isso, deixam clara a frustração, a mágoa de que deixou que o presente se tornasse passado e ele se foi. Não dá mais para resgatar, acabou. A saudade é o ônus de quem viveu momentos importantes! É triste, tão triste como real.
Vemos em tantas filosofias e religiões a necessidade de viver o hoje, o “Carpen Die”; entretanto muitos não apreendem. A vida passa rápido demais - não falo assim por já ter morrido, estou vivo, eu acho – mas vejo tão nitidamente como etapas da nossa vida se foram tão rápido, que agora lamentamos: Significa que não as vivemos o suficiente! Ou pelo menos não as vivemos com a intensidade que hoje percebemos merecidas! O resultado se chama frustração.
Tantas pessoas se concentram em educar, disciplinar, preparar para a vida os seus filhos e acabam não curtindo o doce período de suas infâncias. Quando se dão contas, já são adolescentes, adultos, velhos. Onde andará aquela criança do sorriso mais lindo do mundo? Já passou! Agora tem um olhar sério, concentrado, responsável, exemplo profissional, como sempre o queríamos! Queríamos?
Espero que esta minha transferência de conhecimento a quem leia, possa um dia ser chamada de Livro! Então estarei realizado, era a obrigação dessa minha Vida, que me falta cumprir.
Como é importante o Livro! Eu tive um encontro casual, no início da década de oitenta, que atribuo ser um momento mágico, de rara sorte, pelo conhecimento de Marketing de Escritor mais fantástico que ouvi: Eu era um Representante de Vendas da IBM e trabalhava o centro de Porto Alegre. Ao meio dia costumava, após o almoço, descansar um pouco sentado em um banco qualquer da Praça da Alfândega à sombra de seus gigantescos Jacarandás. Um destes dias aproxima-se e escolhe o mesmo banco para sentar, um dos ícones da Literatura Gaúcha, o famoso e não menos querido Poeta Mário Quintana.
Eu estava só. Ele se senta, respira fundo soltando o ar pela boca, como se estivesse cansado e me olha acenando com a cabeça como que “concordando” com alguma coisa, no que respondi prontamente com o mesmo sinal, simbolicamente dizendo “sim”! Como eu não conseguia desviar o olhar, ele percebeu, me olhou novamente, e não me fiz de rogado e puxei assunto:
- Bom dia!!! - Já era de tarde, nem sei o porquê me escapou um “bom dia”!
- Sim, um lindo dia!!! – Respondeu-me, transbordando simpatia!
- Sim, sim, sim!!!
Acho que até repeti mais vezes o meu “sim”. Eu queria me garantir falando com o Poeta, mas sem saber precisamente o que dizer... Ele, acho que ficou com pena de mim e então puxou assunto, lógico que, assunto de seu total domínio e aí veio muito mais que poesia, conhecimento, Sabedoria Pura, inclusive de Marketing:
- Tu compras livro? – Falou meigamente, com sorriso peculiar!
Rimos! O Nosso Poeta, apesar de seus quase oitenta anos – à época – tinha seus olhos faiscando de tanta vitalidade e acabara de me dar uma goleada em Sabedoria e domínio da Arte do Marketing!
Vc disse muitas verdades nessa crônica, é sempre muito bom ler as suas estórias. Que privilégio sentar e aprender com o poeta Mário Quintana.
ResponderExcluirMuito lindo,o poeta,e o iniciante.Abreijão.
ResponderExcluirQue lindo e comovente texto Fausto. Tua latente verve de escriba te levará logo logo a escrever um livro, o qual certamente será um sucesso!!! Sim dizem que um homem se realiza totalmente na vida quando é pai, planta uma árvore, e escreve um livro...talento tens de sobra e já és um escritor...
ResponderExcluirObrigado "Zezinho", meu Irmão na Arte Real! Creia-me, tenho um livro pronto em Word, já uns dez anos. Romance que conta dentre outras coisas, o reflexo do meu acidente de para-quedas! Só está me faltando um pouco de coragem para publica-lo!
ExcluirQue privilégio ter conversado com o Mario Quintana.
ResponderExcluirÁlvaro (Vídeo )
Nossa que linda reflexão! Eu me imaginava conversando com ele, sou apaixonada pelo poeta e pela historia dele. Realmente, seria egoísmo você guardar isso só pra você. Gratidão 🙏 por compartilhar!!
ResponderExcluirNossa que linda reflexão! Eu me imaginava conversando com ele, sou apaixonada pelo poeta e pela historia dele. Realmente, seria egoísmo você guardar isso só pra você. Gratidão 🙏 por compartilhar!!
ResponderExcluirQue lindo! Tu foi privilegiado,ter falado com esse querido poeta,cheio de sabedoria.
ResponderExcluirEu ficaria muda se encontrasse com ele! Que privilégio ter tido esse encontro! ❤️
ResponderExcluirLina, nesse dia fui atingido por um curioso fenômeno: Fiquei um "MUDO falante"! Talvez um "mudo gaguejante"...
ExcluirNossa, conversar com um ícone, num local totalmente imparcial, numa conversa trivial e de lambuja ter uma aula de marketing! Ganhaste a década, a vida!
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