quarta-feira, 9 de junho de 2021

57) Ilhas Bermudas e a Febre Amarela!

 

57) Ilhas Bermudas e a Febre Amarela!

 Junho de 1981 tive o privilégio de participar do “Golden Circle” nas Ilhas Bermudas, lá no meio do Atlântico, um prêmio de destaque da IBM por superação de metas etc.... Uma das coisas que torna aquela viagem ainda mais interessante, é a exigência de um percurso que obriga uma interrupção de voo em NYC para um pernoite e seguir viagem no dia seguinte, posto que todas a companhias aéreas respeitam o tráfego aéreo no interior do temido “Triângulo das Bermudas”. Passar uma noite a mais na ida e outra na volta dessa tão encantadora Cidade que Nunca Dorme, é sempre uma enorme vantagem, em especial quando “outros” estão pagando sua conta!

A necessidade de passar em Nova Iorque é exigida, porque o vértice superior desse Triângulo, fica ao Norte e é exatamente no Arquipélago que lhe empresta o nome. O vértice oeste na cidade de Melbourne, na Flórida e ao leste em San Juan, capital de Porto Rico, a terra dos “Menudos”! Então, aeronaves sobem até NYC, evitando voo dentro do triângulo para descer até o Arquipélago, viagem de ida se completa!

Bermudas é uma Nação independente que ainda está ligada politicamente ao Reino Unido e composta de um arquipélago de 170 ilhas com pouco mais de 65.000 habitantes. Na ilha principal e maior, se situa sua Capital Hamilton, um local de rico turismo, mas bem menos visitado que a Região do Caribe, que fica bem mais ao sul e próxima do Continente americano.

O País é conhecido pelo seu curioso vestuário formal, em que aos cavalheiros lhes dá ao invés de calça normal, uma “calça curta”, que conhecemos e demos o apelido de “bermuda”, tão comumente usados em nossos dias mais quentes! De fato, chama atenção ver, por exemplo, militares em paradas oficiais trajando paletó, gravata, capacete, meias longas e aquela calça curta. O contraste sinceramente provoca risos! Interessante é que lá nem é tão quente que justifique esse hábito de ficar com as “canetas” de fora....

Para esse evento, o "Golden Circle" da multinacional americana, são eleitos os Representantes Campeões “top performance”, que ainda somava um prêmio adicional  dando o direito de se acompanhar de suas esposas, para merecidos cinco dias completos da melhor programação de festividade e cultura que se possa imaginar. De Porto Alegre, fui o único solteiro com mais quatro colegas, esses todos  casados. Detalhe: O Bicaco em Lua de Mel, um “recém-casado!”

Hospedagem no luxuoso Bermuda Princess Southampton Hotel. Um dia em que o grupo 



estava junto em atividade livre junto a piscina, com aquele gostoso cheiro de mar, ao encerrarmos aquela tarde de um Sol Glorioso, retornamos aos quartos, todos juntos. Foi quando o Bicaco convidou para um encontro em seu apartamento na sequência, a celebrar seu recente casamento, regado com um litro do Prince of Whiskies, Chivas Regal!

Não sei exatamente a razão, mas nós brasileiros fazemos a maior gritaria quando estamos fora do Brasil. É fácil identificar brasileiros ao falarmos tão alto e alegres, enquanto viajando. Acho que é a felicidade transbordando que nos dá “maior poder vocal”! Frequentemente nos dá vergonha perceber a aproximação de compatriotas, mas não aprendemos... Com um convite a dividir um “Blended Scotch Whisky Aged 12 Years”, a alegria virou euforia! Baderna mesmo!

Assim foi o grupo tomar o imenso elevador, que já vinha com três casais supostamente americanos embarcados, um deles com cigarro aceso na mão, mesmo sem fumar. Julguei-os americanos, pela cor de suas peles claras e estatura de todos acima de 1.90m. A algazarra continua até chegar ao andar da maioria que desembarca. Ficamos em silêncio, eu um colega com sua esposa e os americanos. Uma das delas muito próxima de mim, teve de seu parceiro uma advertência em tom musical:

- Honey! Don’t you stay so close! (Meu doce não fique tão próximo!)

- Why?

E o cara responde ainda cantando:

- Yellow fever!!! (Febre Amarela!)

Eu e a esposa do colega – que havia trabalhado por vinte anos, Chefe de Cabine da Varig para voos internacionais – empalidecemos. "Eles", prepotentes, acham que ninguém fala mais de uma língua. Trocamos olhares furiosos e ela fala bem baixinho:

- Não vamos deixar assim! Me ajuda!

- Claro!

Elevador para no nosso andar, descemos e eu segurei a porta com uma mão, provocando o olhar curioso com espanto de todos os gringos que permaneciam no elevador.  Ela diz em alto e bom inglês quase sem sotaque, com seus olhos azuis que soltavam faíscas de ódio:

- Don't you worry about yellow fever, sir... - "Não tema a febre amarela senhor, por sermos latinos, brasileiros! Essa febre amarela foi totalmente banida do nosso País! Preocupe-se mais com o fumo e o câncer que mata tantos americanos!"

- Certainly mam...


Soltei a porta e o elevador se fecha lentamente e eu mantendo meu olhar de nojo a eles. Aí eu me esforcei ao máximo...  Fechado, ouvimos uma sonora vaia entre eles, para nosso regozijo e sentimento de que com algumas poucas palavras derrotamos toda a exuberante soberba  americana daqueles idiotas!

Excelente forma de encerrarmos o dia cobertos de júbilo e plena felicidade nacionalista! Foi a melhor parte da viagem!

13 comentários:

  1. Boa foi necessario! O pior foi em nosso cruzeiro aquele Paulista sem Repeito faltou a responsta para ele.Acho que não pode fazer uma crônica.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É, no cruzeiro, que fizemos logo após a eleição do nosso Governador do Estado, tivemos uma abordagem preconceituosa de alguns brasileiros, moradores do Estado mais populoso do Brasil - mas que não dá para fazer crônica de assunto tão delicado nesse blog - questionando o estado civil do recém eleito... Pena que naqueles dias eu não tinha assistido nenhum show do "calça apertada" deles... Hehehehe...

      Excluir
  2. Excelente resposta.
    Ele Norte Americanos,
    Nem o inglês falam direito. Muito bem!

    ResponderExcluir
  3. Bom dia meu amigo. Que legal tuas histórias, abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado Coimbra, meu ex companheiro de Conselho Deliberativo Tricolor! Todds as quintas-feiras estaremos publicando nova Crônica! Abraço.

      Excluir
  4. Não sabia que o nome que damos às calças curtas provinha de lá. Boa! Abraço. Vídeo Air

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é meu caro amigo Álvaro, meu "blog" procura trazer pelo menos uma pitada de Cultura, mesmo que seja cultura inútil!!!

      Excluir
  5. Adorei! Bem feito pros americanos! 😂😂😂😂😂😂

    ResponderExcluir
  6. Amei!! Esses americanos pensam que somos índios e o Brasil é uma selva. Mandou bem!!

    ResponderExcluir
  7. Toma!!! tão pensando o quê dos brasileiros?? gente soberba...

    ResponderExcluir