A inexplicável necessidade de uma dose de álcool no cérebro, servia para os tímidos, que era francamente o meu caso nos primeiros bailes, a romper a cábula que construía uma vasta barreira de ser rompida. Pois o moço quando se deslocava em direção ao seu “alvo”, a moça que ele queria dançar se tornava objeto de observação por todo o salão – pelo menos era o que eu pensava – atravessar o salão e “tirar” a moça para dançar havia sempre em mente a hipótese de ser negado, felizmente nunca aconteceu comigo, mas o que passava na mente dizia que isso seria possível e então o vexame seria mortal, daí a necessidade do tal de “encorajador” ou anestesia prévia!
Todos nós
reconhecemos que uma pitada de álcool nos deixa alegres, mais relaxados,
descontraídos, românticos, menos responsável, um pouco atrevidos, brigão e por
aí vai...
E meu primeiro whisky nem foi em baile. Meu pai anunciou que estava vindo do exterior, “from Scotland”, a moda e a fórmula dessa iguaria alcoólica, muito superior às conhecidas bebidas que existiam por aqui, que se misturavam aos refrigerantes! Algo espetacular, fora da curva, como se diria hoje!
Fabricado em Bento Gonçalves pela “Dreher”, de seu tradicional conhaque e chega ao Mercado com a marca “Whisky Mansion House!” Provavelmente uma maravilha do Século Vinte! Meu pai comprou um litro naquele frasco “barrigudinho”, mesmo de seu famoso conhaque e programou uma noite especial para todos nós provarmos! Antes de conhecer, cheguei a conversar com minha mana, de que eu achava difícil ter uma bebida ser melhor do que Vermute!
Meu velho era um grande conhecedor de música erudita, possuía muitos discos de doze polegadas como obras de Chopin, Bach, Ludwig Beethoven, Franz Liszt, Wofgang Amadeus Mozart dentre tantos, num tempo em que após o jantar ouvíamos algumas obras – hoje substituídas por algumas horas de novelas na TV, infelizmente – e estabeleceu que numa determina noite, todos nós teremos oportunidade de conhecer esse tão esperado néctar dos deuses.
Reunidos Pai, Mãe, minha irmã, meu único irmão que ainda morava por lá e eu. Eu, talvez com uns quatorze anos e pela idade fui agraciado a beber uma quantia equivalente à metade de um dedal!
Todos com seus copos apropriados a postos, três pedras de gelo cada, servida a dose
- Nossa! Essa coisa tem gosto de iodo com pau podre!
O riso geral e a decepção estampada em todos os rostos. Como meu velho tinha hábito de leitura muito profunda, teve argumento desafiante para defender tal sabor:
- Trata-se de uma bebida alcoólica
envelhecida em barris de carvalho por longo tempo, daí a obter esse sabor, que não é de pau podre, como exagera o Fausto, mas um sabor suave de madeira de Lei, o
Carvalho!
Que iniciação mais desastrada, mesmo com a brilhane defesa do seu Waldemar! Acreditem, já apostei em marcas de grande nome mundial, sem jamais dar o crédito merecido que meu Pai reivindicava! Também nunca mais tomei Vermute para uma impossível comparação.
Realmente o primeiro gole de whisky não é nada agradável quando somos muito jovens. Dançar de rosto colado era o máximo, bons tempos!
ResponderExcluirTomávamos com bastante gelo para durar.
ResponderExcluirMais uma vez um relato veridico deste nobre e erudito prosador que nos brinda com histórias brilhantes. Eu particularmente sou adepto do whisky caubói, não adiciono gelo para preservar sua essência....
ResponderExcluirProsador por causa da prosa.
ResponderExcluirDepois de ter o paladar bem curtido com samba e vermute, foi uma experiência bem ruim tomar a primeira dose de whisky. Ainda prefiro uma boa cachaça e um bom vinho.
ResponderExcluirSensacional kkk! Que memória Fausto bons tempos aqueles, adoro teus contos! Continuas
ResponderExcluirBons tempos Fausto, lembro de todas estas bebidas, e lembro muito da minha timidez para convidar uma moça para dançar, então se apelava para bebida nos encorajar. Bom demais,viajei no tempo..abs meu conterrâneo e amigo
ResponderExcluirAdorei!Hoje dançamos em casa é só tocar uma boa música e fala que eu não posso falar que não me leva para dançar.
ResponderExcluirDançar foi, é e será sempre um prazer. Com um incentivo ai fica muito mais fácil. Mas ainda bem que neste aspecto da bebida hoje em dia para os iniciantes temos algumas dicas mais suaves como Jack Danieis Original Recipe Tennessee Honey. KKKKKKK
ResponderExcluirÓtima história Fausto. Era bem assim no passado.
ResponderExcluirSó mudava a querência.
Bons tempos aqueles de dançar de rosto colado. E vamos combinar... Até hj esse whisky é uma mistura de iodo com pau podre...num eh? Kkkk
ResponderExcluirAhhhh Jaguari ! Era o mundo pra mim também! Adorei a história e lembrar de dançar! Muito bommm
ResponderExcluirWhisky deve ter melhores né? 😜