São tantas e generosas teorias que abordam as chamadas “Técnicas de Vendas” que não cabem em uma biblioteca comum. Trabalhei por diversos anos nessa atividade, muitas vezes bem-sucedido e em outras tantas sem atingir o resultado trabalhado. Como se trata de Relacionamento Humano, as variações são imensas. Se falarmos de “Venda Pessoal”, que requer o contato direto entre os dois interessados na negociação, a multiplicação se vai ao infinito. Em poucas palavras, vele dizer que uma abordagem funcional para uma determinada perspectiva de venda dá certo, para outro, o fracasso é retumbante.
Essa identificação clara, não precisa vir de um Psicólogo ou de um exímio “fechador de negócios”, ela é muito evidente e por mais que se estude – no genérico – não se obtém uma conclusão concreta. Muitos teóricos escrevem da necessidade de uma boa rede de relacionamento e mais modernamente os grupos de comunicação usadas nas tais Redes Sociais etc. Tudo é válido e o rumo ao bom relacionamento se torna mais que óbvio. O assunto negociação, trabalhei em sala de aulas para Instituições como PUCRS, SICREDI, FGV, SEBRAE, etc. Elas me ensinaram muito mais do que ensinei! A atividade docente é assim mesmo, rica e aprende-se mais...
Trabalhei o tema também em algumas Organizações Privadas, treinando equipes de venda como seu Gerente ou como Consultor. O tema mais discutido e com profundidade é de qual tipo de relação se deve manter com o futuro cliente. Amizade? Não, seguramente não. Esse sentimento amigo, deve-se reservar para pessoas comuns que nossa aproximação acontece por empatia, simpatia e até amor. Com o Cliente a seriedade, serenidade e respeito devem ser substancialmente reforçados. O Cliente é quase um “Sua Majestade” sem entretanto, dar crédito a uma antiga chamada que dizia “o cliente sempre tem razão”! É sério. Nem sempre ele tem essa razão. Toda relação respeitosa deve dar espaço de igualdade entre as partes. Sem ingenuidade e sem hierarquia.
Há ocasiões em que o “Executivo de Vendas” estará em contato com uma perspectiva a se tornar um Cliente, cuja pessoa detenha um posto, um cargo de alta relevância inclusive com cargos nominados de forma pomposa, mas que não devem oprimir, causar insegurança, medo. Pode-se superar tudo isso auto questionando e se afirmando de que sobre o produto em negociação, quem o conhece “na intimidade” é você! Definitivamente importante se sentir Autoridade no assunto e bola prá frente!
Tive um cliente governamental nos tempos de IBM, pertencente ao Poder Legislativo cuja sede suportava mais de mil funcionários. O potencial era enorme pelo seu contingente dependente da ferramenta que eu negociava, além de possuir recurso orçamentário e exigência de produtos de alta qualidade se encaixava precisamente da minha área, no meu produto. A grande dificuldade era por onde começar a abordagrem para uma venda consistente. Por onde? Comprador, gerente de compras etc. Tomei uma decisão arrojada, nenhum cargo subalterno daria a real importância ao assunto que preparei para apresentar. O ideal era falar diretamente com o Diretor! Então, foco nele! É nele que invessti. Marcado entrevista por telefone com uns dez dias de antecedência, portando o importante documento com o Orçamento do Estado, onde as verbas estavam alocadas precisamente em área que me interessava e lá fui eu!
Tradicional "charmosa espera" por uns quinze minutos na recepção e finalmente chamado a entrar na sala do Diretor. Sala imensa, requintada, mesa enorme com o tradicional “risque-e-rabisque” todo em couro e suas páginas alvas sem anotações, um porta-canetas com diversas peças e alguns lápis muito bem apontados, alguns com o grafite para cima, sua poltrona vistosa mais as duas menores de aproximação. Ao entrar caminhei com passos firmes, batendo forte o calcanhar no chão em sua direção, com um discreto sorriso. Ele me esperava sentado, sério e sem nenhum sinal de que levantaria para receber meus cumprimentos iniciais. Confesso que eu estava bastante tenso para tão esperada visita ao “cara”!
Ao tomar-lhe a mão, o fiz com firmeza dando um rápido movimento para baixo e o desastre aconteceu. Fiz com que sua mão fosse espetada naquele maldito lápis com a ponta para cima. Na fração de segundo enquanto eu lhe desejava uma “boa tarde” ele me respondia com um som gutural:
- HÃÃÃE!
Puxou sua mão velozmente, deixando um risco de sangue naquele alvo “risque-e-rabisque”. Segurou o sangramento com um lenço, sem me olhar no rosto e com sua fisionomia de dor muito clara, num semblante de ódio explícito, querendo me matar!
Senti meu batimento cardíaco subir para uma frequência “pré infarto”, a ponto de percebê-la no pescoço, garganta. A cabeça pulsava como se minhas e veias se dilatassem a ponto romper. Algumas gotas de suor correram instantaneamente da nuca até a cintura tamanha a vergonha e a total ignorância de como prosseguir! Então ele me olha e diz:
- Parece que não começamos muito bem!
E largou um
amplo sorriso que até então não existia. Eu e o seu assessor imediato, que
acompanhava minha entrada caímos na rizada. A minha de nervoso, é
claro! Mesmo assim e Inacreditavelmente, firmamos um vínculo profissional de lealdade por
mais de cinco anos, a ponto de parecer amizade, pois até para jantar em sua
casa, fui convidado! Conheci sua Família e tivemos um relacionamento profissional duradouro, até quando me despedi de Porto Alegre a morar no Rio de Janeiro!
PARABÉNS Grande Fausto,...para o bom vendedor nunca tem bola perdida ...suas histórias foram todas muito boas....e enriquecedoras..."só vende quem quer vender"...por isso você se tornou um vencedor... abraços.
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ResponderExcluirEu leio com o máximo de atenção a cada detalhe, vc é um excelente contador de história (a verdade enriquecida de uma pitada de necessário humor). Realmente um prazer ler teus posts caro amigo
ResponderExcluirGrande Fausto Gaston, abreijão.
ResponderExcluirQuerido amigo, Parabéns por mais este belo relato de fato, mas se entendi bem esse é o último de uma série, não seremos privados de ler suas crônicas? Espero sempre pela próxima...Grande Abraço...
ResponderExcluirÉ meu caro "Zezinho", estamos chegando ao final dessa série, pretendendo na próxima quinta-feira escrever o "Epílogo" com uma breve exposição dos motivos do seu necessário encerramento. Agradeço sinceramente e sua leitura!
ResponderExcluirMuito bom, como sempre! Vc é um vendedor nato e, com certeza, nenhum empecilho lhe tiraria o foco. Além da sua simpatia e carisma. Suas crônicas são excelentes!
ResponderExcluirÉ muito bom ler teus textos.
ResponderExcluirAmigo Fausto saúde!
ResponderExcluirAgradeço sobremaneira toda a dedicação e competência tua, que permitiu minha grande e prazerosa satisfação ao me deliciiar na leitura de tuas postagens
Li todas e algumas até comentei. Mas todas são ótimas para leitura e reflexão, mostrando tua enorme bagagem de vida. Em muitas viajei no tempo, lembrando minha infância e adolescência.
Parabéns, és um craque do blog.
Só fico triste por saber da possibilidade de ficar sem tão grande satisfação doravante. Queira Deus que resolva o contrário.
Parabéns, muito obrigado e baita abraço.
José Antônio meus entuiasmados agradecimentos por dedicares tantas linhas - elogiosas - ao meu blog. Quinta-feira próxima exp
ResponderExcluirlico melhor minha saída e a promessa de voltar, graças aos leitores que me honram com suas leituras! Forte abraço.
Parabéns, Fausto. Ler as tuas histórias são uma viagem.
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