151) Pilotar uma Moto é Seguro, Mesmo Assim...
Ter minha própria moto, nunca foi um sonho equiparável a obter meu primeiro automóvel, talvez com o da primeira bicicleta, mas com o passar dos tempos e influenciado pelo Cezar Marson – amigo e colega de trabalho que adorava moto – fui desenvolvendo uma atração pelo veículo e as possibilidades de grandiosos passeios e esplêndidas paisagens que o veículo oferece a algumas estradas para esse tipo de “motor”!
Pois foi dele que em dezembro de 1978, comprei a “Beth”, uma moto pequena, Yamaha 125 cc “Enduro”! Modelo ainda importado adequado a terrenos irregulares, mas sem potência para competições “cross”! Por ser a primeira moto, também foi nela que fui treinado a dirigir esse desafiador tipo de condução. Comprei com a única intenção de passear, apesar de constantes reclamações da namorada da época, pelo fato de que motores dois tempos – cuja lubrificação é adicionada na gasolina – produz uma fumaça infernal que “perfuma” terrivelmente os cabelos de quem nela viajava.
Precisamente dois anos depois, entusiasmado pelas opções que uma moto de fato dá, comprei uma CB400 da Honda, na época de seu lançamento. Essa foi de plena realização, pois não produzia aquela “fumaça bagaceira”, que me permitia passeios mais limpos e até atividade profissional em visita a clientes. Mais motor, muito mais motor com o seus potente 400cc, se comparado com a "pobrezinha de motor 125cc"!
Quando me mudei para o Rio de Janeiro em
1982, transportei-a comigo no caminhão de mudanças. Lá, com trânsito mais
respeitador ao se manter dirigindo cada um em sua faixa demarcada no asfalto,
me senti bem mais seguro como piloto! Rodar no Aterro do Flamengo era maravilhoso, todo mundo andava em desafiadora 120 km por hora!
Comentei isso com Cezar da minha alegria
em poder rodar livremente com o refrescante ar marinho ao rosto – na época não
era obrigatório o uso de capacetes – ao que ele me repreendeu severamente,
num singelo diálogo ao contar a ele:
- Bicaco, (esse era seu apelido) estou finalmente me sentindo seguro. Ando até em alta velocidade, sinto que domino a moto e...
- Ah é?! Então vais morrer!
Recebi esse alerta como uma paulada na cabeça. Um susto! Minimizou sua advertência me passando uma boa argumentação de quão era verdadeiro o seu “exagero” verbal! De fato, soou
forte aos meus ouvidos me provocando a consciência do perigo que existe no
excesso de confiança. Sabedoria essa que passei adiante, inclusive aos meus alunos
na Faculdade, sobre qualquer situação de risco. Não ouse em área de perigo. Não
confunda coragem com ausência do medo, essa segunda é letal!
Nesse último domingo 07/abr/2024, na Comunidade Evangélica da Cruz, o Pastor Jordan Madia - também motociclista - Pregou sobre o medo e tudo o que esse sentimento reserva em nossa Alma e o quanto representa na nossa Vida! Como nos postamos e nos meios de buscar junto ao Eterno a pacificação da nossa Alma, sistematicamente ameaçada, angustiada!
O relaxamento, tranquilidade nos coloca
em uma situação de conforto temerária. O descuido ocorre com frequência, não
importa se é no ciclismo, paraquedismo e até o simples correr em estradas, que
de simples não tem nada, lembrando que o primeiro – o ciclismo – é o
esporte/transporte que mais mata no mundo inteiro. Nas vezes que dei
instrução no paraquedismo, também afirmava com veemência de que nunca se deve perder o medo de saltar, pelas mesmas razões elencadas pelo meu amigo Cezar! Muito obrigado Bicaco!!!
Exemplo prático, no paraquedismo, ocorreu com Patrick de Gayardon, um notável paraquedista francês, skysurfer e BASE jumper, famoso por romper limites no paraquedismo. Foi um dos primeiros a desenvolver o estilo único de skysurf, em que o atleta usa uma prancha no ar a fazer manobras acrobáticas. Foi também um dos primeiros a desenvolver o estilo “Wingsuit” com um novo conceito de ter asas flexíveis no próprio macacão, por vezes referido como “terno de morcego”. Considerávamos o verdadeiro “Papa” do paraquedismo, no entanto, em 1998 aos trinta e oito anos de idade, Patrick morre no Havaí, em acidente de paraquedas atribuído a um erro de manipulação no seu equipamento com algo extremamente elementar! Descuido, óbito!
Na Mitologia Grega - na Ilha de Creta -
essa advertência ao excesso de confiança, à soberba, já advertiu Dédalo, famoso Arquiteto Grego, ao seu
filho Ícaro, que ao se prepararem a fugir de suas prisões perpétuas condenadas no intransponível labirinto. Com asas construídas com penas de pássaros e cera, alçariam voo. Foi quando do sábio
conselho observando que quando os limites não são visíveis, esses se tornam os
mais perigosos. Frequentemente não os levamos a sério, simplesmente o desconsideramos. A Sabedoria de Dédalo disse: “Nem muito ao
céu, nem muito ao mar”! Foi essa a advertência ao seu filho, ao cuidado de se
ficar no intermediário, longe dos excessos que geram resultados desastrosos. Nesse ato da Mitologia, afirmava Dédalo que ao subir demais a aproximação com o Sol, derreteria suas asas de cera. Muito próximo ao Mar, essas ficariam molhadas, pesadas e ele sucumbiria. Ícaro não leva a sério e encantado sobe às alturas mais e mais! Seu voo em elevada altura se aproxima do Sol e suas asas derretem e Ícaro cai, morre!
Grandiosa Sabedoria aplicável não só no esporte de alta performance, vale também para relações profissionais, esportivas, familiares e por que não afirmar nas relações de amor?! Todo excesso, mais cedo ou mais tarde, será punido. A soberba pune. Sem se deixar paralisar pelo medo, como tudo o que é perigoso, deve-se manter distância com uma bem medida cautela e coragem revestida de inteligência.
Parabéns por mais uma linda descrição de tuas experiências! Também tive moto (CB 125, 400, 450, 750) e adorava, mas seguia rigorosamente os ensinamentos do pai de Ícaro. Abração. Bidart
ResponderExcluirparabéns amigo fausto, sempre uma pela historia! e como sou um apaixonado por moto, me identifico com o assunto, kk
ResponderExcluirabraço...Vedoi
Bacana Fausto ! Ivan
ResponderExcluirExcelente texto! Tive o privilégio de receber estes carinhosos alertas do autor pessoalmente! Abreijo
ResponderExcluirÓtimo texto. Ótimo conselho para tudo.
ResponderExcluirAdorei a citação da Mitologia, assunto que me apaixona.
Arrasou na conclusão! Anotado e compartilhado 😁😁😁
ResponderExcluirSomos formados por dois elementos. O material e o espiritual.
ResponderExcluirO material é transitório,o espiritual é imortal.
Porque temos tanto medo da morte?
Somos formados por dois elementos,o material e o espiritual. Um é transitorio ,o espiritual é eterno. Porque tememos tanto a morte do corpo ,se o espírito é eterno ?
ResponderExcluirParabéns, amigo ! Sempre belos textos!!
ResponderExcluirExcelente texto!! Gostei dos ensinamentos citados na Mitologia! Muito importante ter cautela e respeitar os alertas.
ResponderExcluirEscreve tão próximo aos q já tiveram moto 🏍 como eu, q nem parece q nunca tivesse tido essa máquina d rodas…
ResponderExcluir… quis dizer acima ⬆️d 2 rodas Isso é saber comunicar-se
ExcluirThuya… Abreijos com Deus e 🥂🙏
Parabéns Fausto!!! Sempre um aprendizado 👏👏👏👏
ExcluirComo sempre, meu amigo Fausto, primando pela comunicação da escrita, hoje discorrendo sobre sobre suas experiências com moto.
ResponderExcluirNunca pilotei moto, talvez porque via o meu pai caindo com Lambreta dele na estrada cascalhada lá no interior.
Um abraço!
Estavamos juntos no culto uma palavra pequena mas com uma importância enorme em nossas vidas. Parabéns ao meus escritor favorito.
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