quarta-feira, 31 de julho de 2024

 165) Os Passos Largos da Tecnologia!

Há uma semana escrevi crônica tentando obter uma visão de futuro com base na evolução de alguns Países do Oriente e seu sucesso, quando Culturas disputam posição no Mercado com pesados investimentos e importação de novas ideias consolidando poderio comercial, invadindo nossas prateleiras e pátios com produtos da mais variada utilidade e tecnologia.

Quando o primeiro norte-americano, Alan Shepard Jr., foi ao Espaço Sideral em cinco de maio de 1961, em voo sub-orbital, que durou pouco mais de quinze minutos a uma altitude de 187,5 km, dentre tantas missões a bordo, levava o desafio de anotá-las todas em folhas de papel, numa época em que não existiam os recursos de hoje a dispor de um teclado de pequenos computadores para registro de tantas e importantes informações... A caneta tinteiro ou esferográfica, pela ausência da gravidade, simplesmente não funcionavam. Pois a NASA investiu cinco milhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento de uma caneta que pudesse escrever naquele ambiente.

Um mês antes, Yuri Gagarin da Rússia foi o percursor em viagens ao Espaço, em 12 de abril de 1961, dando três voltas no Planeta para então voltar, enquanto o americano fez apenas a subida e decida, sem circular a Terra. Mas de todas dificuldades em especial ao da escrita, que exigiu investimento naquela fortuna dos americanos, o Russo levou um bucólico e simples lápis, que tudo escreveu sem nenhuma "briga" com a falta de gravidade!

 

Nesse quesito, a disputa entre as duas Grandes Potências Mundiais, foi hilária, diante desse fato. Os americanos só conseguiram ter uma posição de vantagem em vinte de julho 1969, quando conseguiram a primeira alunissagem (pouso na lua) na História da Humanidade. Fato transmitido pela TV ao Mundo todo, com imagens que mostravam Neil Armstrong dando seus primeiros passos em solo lunar.

- “Pequeno passo para um Homem, mas enorme passo para a Humanidade! ”

Nossa expectativa de hoje é de que esses avanços tecnológicos não cessem jamais, em especial na busca de melhor qualidade de vida, com foco muito concentrado na saúde, boa alimentação e paz entre os Povos! Vimos com frequência alguns recuos ameaçadores e perigosos quando subitamente novas doenças e até epidemias surgem em nosso Meio, somados aos Conflitos Bélicos tão letais, tão graves!

Notável citar em apenas uma área de franca melhoria, que é a alimentar, quando vimos nessa semana, publicação na mídia televisiva de quando o pecuarista ao final da Segunda Grande Guerra, tirava uma média de até três litros de leite por dia em uma vaca leiteira.  Hoje se obtém a gloriosa quantidade de setenta a cento e vinte litros de um mesmo animal! As lavouras? Nem comento, é de conhecimento comum, amplamente divulgado na mídia tradicional, com alguns elogios e pesadas críticas! 

Eu aplaudo! Pois sem comida na mesa não há saúde e os animais, TODOS, lutam entre si e se matam pela sua "presa", pelo seu alimento! E por fim, com fome, não há ânimo/energia para estudar e a educação, o desenvolvimento regride!

quarta-feira, 24 de julho de 2024

 164) A Tela Azul da Morte.

Semana passada fui ao laboratório da Empresa que tenho Seguro Saúde, e havia uma multidão aguardando atendimento e apesar de umas dez grandes poltronas coloridas disponíveis, todas lotadas. Evidente, parte dessa galera toda aguardando em pé com visível semblante de má vontade e cansaço. Consegui sentar quando uma executiva falou para todos ouvirem, como se portasse um microfone:

- Lamentamos o inconveniente, mas nosso sistema está em “Tela Azul”! Por favor aguardem, porque logo que consigamos blá blá blá...

Fiquei disfarçadamente indignado, especialmente por não entender nada. Será que é alguma coisa que o Grêmio andou fazendo? As cores soaram como uma acusação! Senti isso. Afinal, azul é a cor do meu Clube! Não basta a má fase no Campeonato brasileiro?! Como um “burro calado parece inteligente”, permaneci sentado em silencio. Serenamente abri meu whatsup, fazendo cara de quem tinha entendido tudo e como o “paciente tem que ser paciente”, aguardei mantendo ar de tranquilidade! Mas desconfiado de o Grêmio ainda ter alguma culpa!

Mais adiante tudo regularizado, fui cordialmente atendido e “causa finita”! Na busca de informação e atualização, ficou tudo muito claro: O técnico do Tricolor não tinha culpa em nada... Então socorrido por amigos conhecedores de informática, soube da tal tela azul da morte, (BSOD) Trata-se apenas de uma tela de erro exibida quando o sistema operacional Windows encontra um erro fatal e acaba travando.

Aeroportos pararam, cartões de crédito e saques pararam, hospitais em alerta, afinal, o Mundo parou. Caos Global. Prejuízos bilionários foram contabilizados e solução factível ficou absurdamente distante dos melhores técnicos do Planeta. Como resolver rapidamente uma falha de hardware, corrupção de arquivos do sistema ou encerramento de um processo crítico? Demorou. Resolveram, mas custou muito caro, podem apostar.

 


Esse é seguramente o resultado da evolução da Raça Humana no avanço da tecnologia e do uso mais massivo dos computadores, que tudo facilitam, agilizam, simplificam e barateiam, mas se subitamente nos tiram tudo isso de uma só vez, o caos se instala de forma aguda, assustadora e nos desesperamos, pois, o Mundo acabou...

Início da Década de Noventa escrevi por dois anos, uma coluna semanal sobre Marketing Básico, para um jornal da Região Metropolitana de Porto Alegre. Fiquei extasiado quando após DATILOGRAFAR a matéria, tive a novidade de envia-la via “fax”! Que maravilha aquela velocidade da informação, quase instantânea de sua origem à redação do Jornal!

Na minha visão de presente e futuro, é reconhecer todo o novo será revolucionário, provocando resistência inicial, adaptação e na sequência profunda dependência! Aqui eu insisto, exija-se da boa administração de qualquer empreendimento: “Temos que desenvolver habilidades para transitar no caos!

quarta-feira, 17 de julho de 2024

 163) Pão com Mortadela!

Tenho lido com frequência do medo que os Homens em geral, ficam assustados, com a tal de Terceira Idade, forma polida de nominar a “velhice chegando”! As diversas limitações com o avançar da idade e ao que tudo indica, despertando cada vez mais a saudade da juventude. Essa saudade tem uma inspiração negativa interpretada pelo inigualável Charles Aznavour, com uma de suas melodiosas canções com o verso “quando j’avais vingt ans”! Vinte anos! Ah vinte anos! Será que era uma época de nossas vidas tão brilhante assim? Minha juventude foi admirável, extremamente feliz em tudo! E não é quase tudo, é tudo mesmo! "Thanks Lord!"

Nessa época fiz parte de um movimento migratório, isto é,  final da década de sessenta, deixando o interior do Rio Grande do Sul – Jaguari – rumo à Capital na busca de um Curso Superior, que se impunha obrigatório. Fiz a Faculdade de Administração de Empresas e mais adiante segui em frente em outros patamares, felizmente!

Chegando ainda "guri" na Capital Gaúcha, com poucos “pilas” no bolso, fui correndo atrás de emprego. Tive o cuidado de catalogar, em vinte e um dias,  três “balcões” de emprego a cada dia, quando ao cabo desse período, estava empregado. Trabalhava na Contabilidade da GB-Cia. de Crédito Imobiliário, como Técnico em Contabilidade fazendo lançamentos contábeis, datilografando-os em “slips”, na minha Olivetti manual em que era muito rápido. Tinha um ganho bruto de dois e meio salários mínimos.

Suficiente, mas absurdamente apertado para "dividir" o quarto de uma pensão, vales para refeição no RU, “cursinho pré-vestibular” e auto exigia uma quantia mensal destinada a poupança, que julgava compulsória! A coi$a era difícil mas factível! Morava pouco mais de três quilômetros do trabalho e me impus uma regra inegociável: ”Dia em que vem de ônibus, não toma café da manhã!” Guardo em mente dos dias da caminhada, quando chegava na Confeitaria Matheus, no centro da cidade, pedia um delicioso pão com manteiga e uma taça de café com leite! Ia trabalhar regozijado e feliz, bem melhor de trabalhar do que dos dias de jejum obrigatório!

Era até romântico era, só que no mesmo momento, chegava ao balcão um moço, talvez da minha idade, elegantemente engravatado e pedia um invejável “farroupilha” e um café com leite! O farroupilha era o apelido de nada mais nada menos do que um pão com mortadela! Lá, o pão francês era de pequeno porte, crocante, maravilhoso! Cabe um comentário à parte de que só aqui em Porto Alegre o chamam de “cacetinho”! (Esse apelido do pão, já causou muito embaraço, por óbvio!) Pois bem, confesso minha sincera inveja daquele cara! Imaginava, "com essa pedida, esse cara deve estar muito bem empregado ou é rico, muito rico!”

Lá se vão mais de meio Século e as lembranças desse período feliz, não me abandonaram jamais! Mesmo como as avaliações que fizemos do passado e projeções de vida com um futuro melhor, que muitas vezes mudam prioridades com o passar dos dias. Toda aquela dificuldade, foi construtiva até para a dificuldade para comer bem, nos remete a um tempo bom e alegre e era de fato tudo isso! Vivia coberto de esperança pelo amanhã que eu ia conquistar! É admirável como o crescer com dureza nos adiciona coisas preciosas, não só a Sabedoria, mas o reconhecimento das coisas boas que a Vida nos dá!

Eram tantos os sonhos. Prioridade o de entrar numa Faculdade e depois ter um carro. Esses conquistados, vieram os outros e mais outros que com paciência ou até mesmo SEM paciência foram chegando! Tropeços? Muitos, até no quesito do primeiro carro, que durou somente quarenta dias para eu me acidentar e destruí-lo completamente. Graciosamente foi só prejuízo material. Sai ileso depois de uma capotagem de quatro voltas! Drama? Trauma? Claro que não! Tive muito mais lágrimas por excesso de riso do que por tristeza! Entendo que aceitar o infortúnio e buscar obstinadamente por recuperação, faz parte da construção da felicidade em sensação de êxito! 

Não me sinto preparado para discurso e uma abordagem motivacional, mas tenho clara percepção de como reclamar da vida, torna-a ainda mais trabalhosa, ácida! Creio firmemente que o “Carpe Diem” em nada resolve, mas torna a Vida mais colorida!

Hoje não me furto em atender um curioso desejo: Morando em Porto Alegre há cinquenta e cinco anos, em primeiro lugar o tenho o Direito de chamar aquele pãozinho francês de “cacetinho”! Então, acontece que ao passar por uma padaria, seja do supermercado, quando exala aquele perfume maravilhoso do pão feito na hora, empacoto alguns deles, crocantes cacetinhos, que lambuzado de uma generosa manteiga devoro uma, duas ou mais fatias de mortadela e fazem do lanche, uma deliciosa memória de saudades da juventude! Ademais, prefiro a idade que tenho hoje com meus setenta e seis anos incompletos, quando saboreio rindo, um “Pão com Mortadela”, e melhor ainda: Posso comer quanto e quando bem entender!

quarta-feira, 10 de julho de 2024

162) Segunda fase dos Saltos no Festival de Balonismo!

Na sequência do Festival de Balonismo, iniciada na crônica da semana passada, vamos para o quarto e último salto de paraquedas do Evento. Desta feita, o amigo Adir estava novamente comigo. Nesse salto, me foi passada a honrosa responsabilidade de comandar como Mestre de Salto! Lasiê é quem tudo definia e em terra e decidia. Foi quando teve um cuidadoso e eloquente “briefing” comigo:

- O Fausto: “Pelamordideus” não me faz cagada! Se o PS não for bem definido, que não saia, não lança ninguém, OK?! Olha prá mim porra! Não me erra o alvo! Entendeu?

- Siiiimmm chefe!

Todos os procedimentos de voo deveriam se repetir, com o máximo cuidado do tão desafiador "PS". Revelo humildemente que minha tensão nervosa e o batimento cardíaco estavam no limite tolerável... Entretanto, com a licença da Confederação de Paraquedismo em dia e os exames cardiológicos todos em perfeita condição de saúde para aquela prática, fui sem um medo tão grande que me paralisasse!

Novamente cinco paraquedistas embarcados na mesma aeronave, um Cessna 210, de fabricação americana, ronca com seu monomotor a pistão, asa alta de construção metálica convencional e trem de pouso não retrátil, que além do Piloto, acomoda – com a remoção dos bancos - cinco PQD’s, naturalmente todos muito apertados dentro da cabine. Seu possante motor dispara pista afora com bravura exalando o cheiro forte de gasolina de aviação, rolando na pista até atingir alta velocidade e é quando o descolamento do solo acontece e a emocionante sensação é de que é o chão quem está nos abandonando...

A visualização do alto é inebriante pela paisagem que se descortina! Com a adrenalina já “lá em cima”, subimos e a vista da Região nos encanta. Um pouco da Mata Atlântica, as curvas do rio Mampituba, que separa o Rio Grande do Sul de Santa Catarina, aquele Mar de cor verde escuro definem a encantadora paisagem aérea! Enquanto dentro da aeronave, o curtir das alturas é vivido num raro momento de alegria e tensão, até que se atinja a altura prevista para a saída: Os sete mil pés.

Altímetro indica os sete mil pés de altura, então é hora de voar na reta do eixo da pista, abrir a porta e receber o choque térmico ao sentir a súbita invasão do vento com uma diferença de uns quinze graus centígrados a menos. É a temperatura que gela o interior da cabine. Cabeça prá fora a localizar o alvo, e determina o “PS”:

- Chegamos! 

Coração sobe seu batimento a um ritmo que é melhor não medir, melhor nem saber... Ordem ao Piloto de cortar o giro do motor. Diminui a velocidade para que o choque com o ar lá fora não seja tão agressivo! Sai o primeiro atleta. Sua saída emite um som de uma pancada contra o ar que se ouve o curioso "estouro"! Som surdo de uma batida de um corpo contra o vento lá!


 

Tudo regular e perfeito e lá se vão os dois primeiros a uns duzentos e cinquenta quilômetros por hora, caindo rumo ao solo. É momento de rara emoção e júbilo. Em círculos, a aeronave veio adquirindo altura até o combinado. Serão dois lançamentos, saíram os dois primeiros e os restantes, onde me incluo, como o último a abandonar a aeronave. Na primeira passada, o abrir a porta é acionando de baixo para cima até um gancho que a sustenta contra a asa e ali permanece presa.

Mais um círculo completo de seus trezentos e sessenta graus e vamos para última saída dos três restantes, entretanto nessa vez, ao chegar próximo à saída, o Piloto não foi preciso na linha do eixo da pista, a reta final, errou. Lembrando a convincente recomendação do Professor Lasiê, abortei o lançamento e mandei o piloto a fazer novo procedimento, novo giro o que o deixou muito indignado. Toda aquela segunda volta significava mais um bom volume da caríssima gasolina consumida...

Ao fazer toda essa nova volta, foi minha vez de errar: - Deixei a porta aberta durante todo aquele novo percurso sofrendo a natural trepidação de voo, própria daquela velocidade. Quando novamente na reta final, por ação desse forte vento, a porta de pouco mais de um metro quadrado, talvez com seus cinquenta quilos ou mais, trepidou tanto que se rompeu ao meio fazendo um barulho assustador. Esse pedaço ao se partir, foi batendo em toda a fuselagem da aeronave nos assustando muito! O piloto enlouqueceu! Desesperado com o provável estrago que esse pedaço de porta possa ter causado ao corpo da aeronave e principalmente ao profundor, o que dificultaria severamente sua navegação e em especial, o seu pouso, berrava desesperado:

- Meu Deus! A porta rebentou o profundor! Eu vou cair!

Também aos berros procurei acalmá-lo assegurando que iria “lá fora” fazer a verificação. Lancei os dois paraquedistas e fiquei sozinho com o piloto. Lá fui eu os estragos causados! “Cravando as unhas” na fuselagem, procurando ficar preso nela a não cair, até que visse da regularidade ou não do “bendito” profundor. Verificação visual me pareceu que não tinha nenhum dano. Voltei ao interior da aeronave, tranquilizei-o afirmando que estava tudo inteiro e “desembarquei”! Comandei abertura do velame imediatamente para observar como prosseguia o voo, mesmo sem mais nada a fazer, senão simplesmente ficar olhando... 

Seguiu seu voo, pelo menos nos primeiros segundos que o observei, retornando a Porto Alegre regularmente sem novos sustos e ameaças. Meu pouso foi normal, fomos aplaudidos e o piloto voltou a Porto Alegre e nunca mais nos falamos. Acho que vai bem, obrigado! 

quarta-feira, 3 de julho de 2024

 161) Festival de Balonismo em Torres!

Todo ano ocorre um movimentado e lindo Festival de Balonismo no RS, junto a cidade litorânea de Torres. Certamente a mais bela praia de mar do nosso Estado, com suas rochas que muito se assemelham às rochas de Cape Town, cidade ao Extremo Sul da África do Sul. Se observarmos no “Mapa Mundi”, há uma clara identificação de contornos litorâneos e comprovada semelhança ao tipo de rocha à beira mar das duas cidades nesses dois Continentes, que naquele ponto facilmente se percebe que num passado remoto foram unidos, deixando evidências de que a separação há milhões de anos aconteceu de fato, na remota América do Sul com o Continente Africano.

 


O balonismo: Na verdade, nem sempre a meteorologia coopera com esse magnífico Festival de Torres. Entretanto a Comissão que organiza, nunca deixou faltar atrativos dos mais variados a complementar – não a concorrer – com opções de lazer e outros tipos de visuais interessantes e um deles é a tradicional demonstração de paraquedismo. Nesse quesito, já estive "intimamente" inserido! E aqui começa mais uma crônica de minhas loucas aventuras pelo Céus e nuvens que tanto me encantam!

A Escola Evolução de Paraquedismo, a que pertenci, foi convidada a fazer parte desse festival, executando saltos de paraquedas no aeroporto de Torres, de onde os balões se organizam em suas coloridas decolagens. No primeiro dia, um lindo sábado ensolarado, ainda sem definição das revoadas de balões em virtude do vento reinante e por essa razão, para alegria dos paraquedistas, o foco se deu às nossas decolagens no ruidoso Cesna 210 a inundar com seu gostoso cheiro da queima de gasolina de aviação, a subir aos sete mil pés, para a "saída" dos atletas em seus paraquedas!  Esse tipo de "espetáculo", propicia um visual lindo. São os coloridos velames abertos e a excitante velocidade no momento dos pousos, a ponto de causar correria da meninada a assistir e vibar!

Nesse primeiro dia, foram programadas quatro decolagens com lançamento de cinco atletas em cada vez. Na primeira decolagem eu estava dentro. Seriam duas passagens numa altura de sete mil pés sobre o “alvo”. Esse, exatamente sobre o local do aeroporto onde a assistência estava postada a assistir ao espetáculo! Nessa decolagem a responsabilidade de Mestre de Salto, foi do experiente Chimendez. Foi dele a definição do PS (ponto de saída) decidido antes da decolagem, é claro. O Mestre de Salto, como regra, sempre será o último a sair da aeronave.

Esse PS, definido de acordo com os ventos “lá em cima”, a ponto de que se pouse com segurança no alvo desejado. De mão num pequeno mapa da área, ficou definido ser num ponto que se visualizava uma “determinada curva” do rio Mampituba, que marca a divisa entre os Estados de Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.

Decolamos e nuns quinze minutos atingido os sete mil pés de altura desejados. Chegando - supostamente - no PS, Chimenez “lançou” os dois atletas e na segunda passagem, depois de um círculo de trezentos e sessenta graus, voltávamos provavelmente ao mesmo PS e saímos os três restantes a voar.

Como diz na gíria popular: “Só que não”! Fomos visualmente enganados por "outra" curva do rio Mampituba, semelhante a planejada entretanto distante do aeroporto, muito próximo ao centro da cidade de Torres! Longe do alvo, longe do aeroporto!



Fizemos uma rápida “queda livre” e ao comandar abertura do velame, esse com aberto com perfeição, limpo com todas linhas esticadas! Passamos então à procurar o alvo para pouso quando surge uma dúvida cruel: “Cadê você, aeroporto?" Sumiu! Se escondeu da gente???Abaixo de mim e dos outros dois paraquedistas, Adir e o Mestre de Salto, só havia uma colorida cidade compacta de edifícios, casas e centenas de telhados, redes de eletrificação, ruas, automóveis, sem aquela maravilhosa área verde tão esperada e até do "amado" aeroporto. Naquelas alturas dos acontecimentos, só um aeroporto nos concede a tranquilidade de um pouso pacífico!

Inegavelmente, segundos de pânico, segundos sim, pois nesse ponto, as coisas tomam uma velocidade absurda... Uma decisão deve ser tomada, rápida! Não sei como exatamente, mas o cérebro alimentado por tanta adrenalina responde espontaneamente, com muita eficiência, felizmente!

Eis uma visão que tive uma visão fantástica, alvissareira propiciando uma identificação milagrosa: - Uma praça. Ou um pequeno campo de futebol em meio às casas com uma meninada jogando bola. Campinho pouco menor que uma praça de verdade! Se der tempo, é para lá que eu vou, e fui. Seguido pelos outros, rumei esperando que a altura restante fossem suficiente - e foi -  para meu voo chegar até o “novo alvo”! Creio que há uns trezentos pés de altura - aproximadamente cem metros - aliviado, cheguei, mas por óbvio os meninos jogando, não me viam, afinal de contas quem está jogando futebol, não olha para cima, olha para a bola e seus adversários! Fiz uma gritaria enlouquecida para chamar atenção dos pequenos atletas a  evitar choque:

- Sai de baixo gurizada!!!

E eles não deram a mínima ao inesperado aviso! Alguns até trocaram olhares curiosos, mas o jogo prosseguia inalterado, já desesperado, vociferei a plenos pulmões com palavrões para que dessem espaço para o pouso:

- Olhem para cima seus FDP!!!

Olharam! Deu correria e debandada geral do campo! Pouso tranquilo e a meninada nos cercando, “quase” pedindo autógrafos... A receptividade dos praticantes do esporte bretão foi alegre e alguns até com sinais de histeria! Afinal de contas, interromper um jogo em função de alguém estar pousando no campo era inédito. Raro, eu suponho... Nessas alturas dos acontecimentos, até nós achamos divertido!

Enquanto que o Adir pousou no pátio de uma casa ao lado da praça, na horta, para ser mais preciso! O “alemãozinho” veio ao nosso encontro num vermelhidão de tomate maduro. Sujo de terra, folhas de alface e couve esmagadas pelo seu macacão! Contou que a proprietária, sem nada entender, deu-lhe um severo “corridão”!

Desafio seguinte foi conseguir espaço em um coletivo, para viajarmos por mais de três quilômetros retornando ao aeroporto, sem pagar passagem pois não carregávamos recur$o$ naquela curiosa viagem! Na sequência, prosseguimos executando os saltos seguintes da programação, com a mesma alegria de sempre! Ficou mais um "salto curioso, que conto na "próxima quinta-feira" conto o resto!