161) Festival de Balonismo em
Torres!
Todo ano ocorre um movimentado e lindo
Festival de Balonismo no RS, junto a cidade litorânea de Torres. Certamente a
mais bela praia de mar do nosso Estado, com suas rochas que muito se assemelham
às rochas de Cape Town, cidade ao Extremo Sul da África do Sul. Se observarmos
no “Mapa Mundi”, há uma clara identificação de contornos litorâneos e comprovada semelhança ao tipo de rocha à beira mar das duas cidades nesses dois
Continentes, que naquele ponto facilmente se percebe que num passado remoto
foram unidos, deixando evidências de que a separação há milhões de anos aconteceu de fato, na remota América do Sul com o
Continente Africano.

O balonismo: Na verdade, nem sempre a
meteorologia coopera com esse magnífico Festival de Torres. Entretanto a
Comissão que organiza, nunca deixou faltar atrativos dos mais variados a
complementar – não a concorrer – com opções de lazer e outros tipos de visuais
interessantes e um deles é a tradicional demonstração de paraquedismo. Nesse quesito, já estive "intimamente" inserido! E aqui começa mais uma crônica de minhas loucas aventuras pelo Céus e nuvens que tanto me encantam!
A
Escola Evolução de Paraquedismo, a que pertenci, foi convidada a fazer
parte desse festival, executando saltos de paraquedas no aeroporto de Torres, de onde os balões se organizam em suas coloridas decolagens. No primeiro dia, um lindo sábado ensolarado, ainda sem
definição das revoadas de balões em virtude do vento reinante e por essa razão, para alegria dos paraquedistas, o foco se deu às nossas decolagens no ruidoso Cesna 210 a inundar com seu gostoso cheiro da queima de gasolina de aviação, a subir aos sete mil pés, para a "saída" dos atletas em seus paraquedas! Esse tipo de "espetáculo", propicia um visual lindo. São os coloridos velames abertos e a excitante velocidade no momento dos pousos, a ponto de causar correria da meninada a assistir e vibar!
Nesse primeiro dia, foram programadas quatro decolagens com
lançamento de cinco atletas em cada vez. Na primeira decolagem eu estava dentro. Seriam duas passagens numa altura de sete
mil pés sobre o “alvo”. Esse, exatamente sobre o local do aeroporto onde a
assistência estava postada a assistir ao espetáculo! Nessa decolagem a
responsabilidade de Mestre de Salto, foi do experiente Chimendez. Foi dele a definição do PS (ponto de saída) decidido antes da decolagem, é claro. O Mestre de Salto,
como regra, sempre será o último a sair da aeronave.
Esse PS, definido de acordo com os
ventos “lá em cima”, a ponto de que se pouse com segurança no alvo desejado. De
mão num pequeno mapa da área, ficou definido ser num ponto que se visualizava uma
“determinada curva” do rio Mampituba, que marca a divisa entre os Estados de
Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.
Decolamos e nuns quinze minutos atingido os sete mil pés de altura desejados. Chegando - supostamente - no PS, Chimenez “lançou”
os dois atletas e na segunda passagem, depois de um círculo de trezentos e
sessenta graus, voltávamos provavelmente ao mesmo PS e saímos os três restantes
a voar.
Como diz na gíria popular: “Só que não”!
Fomos visualmente enganados por "outra" curva do rio Mampituba, semelhante a planejada entretanto distante do aeroporto, muito próximo ao
centro da cidade de Torres! Longe do alvo, longe do aeroporto!
Fizemos uma rápida “queda
livre” e ao comandar abertura do velame, esse com aberto com perfeição, limpo com
todas linhas esticadas! Passamos então à procurar o alvo para pouso quando surge
uma dúvida cruel: “Cadê você, aeroporto?" Sumiu! Se escondeu da gente???Abaixo de mim e dos outros dois paraquedistas, Adir
e o Mestre de Salto, só havia uma colorida cidade compacta de edifícios, casas e centenas de telhados, redes de eletrificação, ruas, automóveis, sem aquela maravilhosa área verde tão esperada e até do "amado" aeroporto. Naquelas alturas dos acontecimentos, só um aeroporto nos
concede a tranquilidade de um pouso pacífico!
Inegavelmente, segundos de pânico,
segundos sim, pois nesse ponto, as coisas tomam uma velocidade absurda... Uma
decisão deve ser tomada, rápida! Não sei como exatamente, mas o cérebro alimentado por tanta adrenalina responde espontaneamente, com muita eficiência, felizmente!
Eis uma visão que tive uma visão fantástica, alvissareira propiciando uma identificação
milagrosa: - Uma praça. Ou um pequeno campo de futebol em meio às casas com uma
meninada jogando bola. Campinho pouco menor que uma praça de verdade! Se der tempo, é para lá que eu
vou, e fui. Seguido pelos outros, rumei esperando que a altura restante fossem
suficiente - e foi - para meu voo chegar até o “novo alvo”! Creio que há uns trezentos pés de altura - aproximadamente cem metros - aliviado, cheguei, mas por óbvio os meninos jogando, não me viam, afinal de
contas quem está jogando futebol, não olha para cima, olha para a bola e seus adversários! Fiz uma gritaria enlouquecida para chamar atenção dos pequenos atletas a evitar
choque:
- Sai de baixo gurizada!!!
E eles não deram a mínima ao inesperado aviso! Alguns até trocaram olhares curiosos, mas o jogo prosseguia inalterado, já desesperado, vociferei a plenos pulmões com palavrões
para que dessem espaço para o pouso:
- Olhem para cima seus FDP!!!
Olharam! Deu correria e debandada geral
do campo! Pouso tranquilo e a meninada nos cercando, “quase” pedindo
autógrafos... A receptividade dos praticantes do
esporte bretão foi alegre e alguns até com sinais de histeria! Afinal de
contas, interromper um jogo em função de alguém estar pousando no campo era
inédito. Raro, eu suponho... Nessas alturas dos acontecimentos, até nós achamos divertido!
Enquanto que o Adir pousou no pátio de uma casa ao lado da praça, na horta, para ser mais preciso! O “alemãozinho” veio ao nosso encontro num vermelhidão de tomate maduro. Sujo de terra, folhas de alface e couve esmagadas pelo seu macacão! Contou que a proprietária, sem nada entender, deu-lhe um severo “corridão”!
Desafio seguinte foi conseguir espaço em
um coletivo, para viajarmos por mais de três quilômetros retornando ao
aeroporto, sem pagar passagem pois não carregávamos recur$o$ naquela curiosa
viagem! Na sequência, prosseguimos executando os saltos seguintes da
programação, com a mesma alegria de sempre! Ficou mais um "salto curioso, que conto na "próxima quinta-feira" conto o resto!