162) Segunda fase dos Saltos no Festival de
Balonismo!
Na sequência do Festival
de Balonismo, iniciada na crônica da semana passada, vamos para o quarto e último salto de paraquedas do Evento. Desta feita, o amigo Adir
estava novamente comigo. Nesse salto, me foi passada a honrosa responsabilidade de
comandar como Mestre de Salto! Lasiê é quem tudo definia e em terra e decidia. Foi quando teve um
cuidadoso e eloquente “briefing” comigo:
- O Fausto: “Pelamordideus” não me faz cagada! Se
o PS não for bem definido, que não saia, não lança ninguém, OK?! Olha prá mim porra!
Não me erra o alvo! Entendeu?
- Siiiimmm chefe!
Todos os procedimentos de voo deveriam se repetir, com o máximo cuidado do tão desafiador "PS". Revelo humildemente que minha tensão nervosa e o batimento cardíaco estavam no limite tolerável... Entretanto, com a licença da Confederação de Paraquedismo em dia e os exames cardiológicos todos em perfeita condição de saúde para aquela prática, fui sem um medo tão grande que me paralisasse!
Novamente cinco
paraquedistas embarcados na mesma aeronave, um Cessna 210, de fabricação
americana, ronca com seu monomotor a pistão, asa alta de construção metálica
convencional e trem de pouso não retrátil, que além do Piloto, acomoda – com a
remoção dos bancos - cinco PQD’s, naturalmente todos muito apertados dentro da cabine. Seu
possante motor dispara pista afora com bravura exalando o cheiro forte de
gasolina de aviação, rolando na pista até atingir alta velocidade e é quando o
descolamento do solo acontece e a emocionante sensação é de que é o chão quem está nos
abandonando...
A visualização do alto é
inebriante pela paisagem que se descortina! Com a adrenalina já “lá em cima”, subimos
e a vista da Região nos encanta. Um pouco da Mata Atlântica, as curvas do rio
Mampituba, que separa o Rio Grande do Sul de Santa Catarina, aquele Mar de cor
verde escuro definem a encantadora paisagem aérea! Enquanto dentro da
aeronave, o curtir das alturas é vivido num raro momento de alegria e tensão,
até que se atinja a altura prevista para a saída: Os sete mil pés.
Altímetro indica os sete
mil pés de altura, então é hora de voar na reta do eixo da pista, abrir a porta e receber o choque térmico ao sentir a súbita invasão do vento com uma diferença de uns
quinze graus centígrados a menos. É a temperatura que gela o interior da
cabine. Cabeça prá fora a localizar o alvo, e determina o “PS”:
- Chegamos!
Coração sobe
seu batimento a um ritmo que é melhor não medir, melhor nem saber... Ordem ao Piloto de cortar o
giro do motor. Diminui a velocidade para que o choque com o ar lá fora não seja tão
agressivo! Sai o primeiro atleta. Sua saída emite um som de uma pancada contra o ar que se ouve o curioso "estouro"! Som surdo de uma batida de um corpo contra o vento lá!
Tudo regular e perfeito
e lá se vão os dois primeiros a uns duzentos e cinquenta quilômetros por hora, caindo rumo ao solo. É momento de rara emoção e júbilo. Em
círculos, a aeronave veio adquirindo altura até o combinado. Serão dois
lançamentos, saíram os dois primeiros e os restantes, onde me incluo, como o
último a abandonar a aeronave. Na primeira passada, o abrir a porta é acionando
de baixo para cima até um gancho que a sustenta contra a asa e ali permanece presa.
Mais um círculo completo
de seus trezentos e sessenta graus e vamos para última saída dos três
restantes, entretanto nessa vez, ao chegar próximo à saída, o Piloto não foi
preciso na linha do eixo da pista, a reta final, errou. Lembrando a convincente recomendação do Professor
Lasiê, abortei o lançamento e mandei o piloto a fazer
novo procedimento, novo giro o que o deixou muito indignado. Toda aquela segunda
volta significava mais um bom volume da caríssima gasolina consumida...
Ao fazer toda essa nova volta, foi minha vez de errar: - Deixei
a porta aberta durante todo aquele novo percurso sofrendo a natural trepidação de voo, própria daquela velocidade. Quando novamente na reta final, por
ação desse forte vento, a porta de pouco mais de um metro quadrado, talvez com seus cinquenta quilos ou mais, trepidou tanto que se rompeu ao meio fazendo
um barulho assustador. Esse pedaço ao se partir, foi batendo em toda a fuselagem da
aeronave nos assustando muito! O piloto enlouqueceu! Desesperado com o provável
estrago que esse pedaço de porta possa ter causado ao corpo da aeronave e
principalmente ao profundor, o que dificultaria severamente sua navegação e em
especial, o seu pouso, berrava desesperado:
- Meu Deus! A porta
rebentou o profundor! Eu vou cair!
Também aos berros procurei acalmá-lo assegurando que iria “lá fora” fazer a verificação. Lancei os dois paraquedistas e fiquei sozinho com o piloto. Lá fui eu os estragos causados! “Cravando as unhas” na fuselagem, procurando ficar preso nela a não cair, até que visse da regularidade ou não do “bendito” profundor. Verificação visual me pareceu que não tinha nenhum dano. Voltei ao interior da aeronave, tranquilizei-o afirmando que estava tudo inteiro e “desembarquei”! Comandei abertura do velame imediatamente para observar como prosseguia o voo, mesmo sem mais nada a fazer, senão simplesmente ficar olhando...
Seguiu seu voo, pelo menos nos primeiros segundos que o observei, retornando a Porto Alegre regularmente sem novos sustos e ameaças. Meu pouso foi normal, fomos aplaudidos e o piloto voltou a Porto Alegre e nunca mais nos falamos. Acho que vai bem, obrigado!
Acho que emoções mais fortes que essa só em combate na frente de batalha com pouca munição. Mauro
ResponderExcluirMuito bom! Ivan
ResponderExcluirBelo relato...mas que tensão e pressão hein...
ResponderExcluirBons tempos Faustinho.
ResponderExcluirAbraço, Video
Só lendo já tenho arritmias... Kkk
ResponderExcluirHaja coração p tantas emoções,!
Bom é o tanto de causos p excelentes crônicas . Abç
Que horror ! Faustinho gosta de fortes emoções.
ResponderExcluirCruzes, essa foi forte! Meu amigo, vc tem uma coleção de casos que são pura emoção, muita adrenalina ....
ResponderExcluirDessas emoções tô fora! Sou uma covarde convicta em relação a altura... Mas admiro a tua coragem, parabéns!
ResponderExcluirSensacional!!!!!! Kkkkkkk
ResponderExcluirMuito bom.
ResponderExcluirConfesso que tive uma taquicardia lendo a tua história.
Ainda não saltei de paraquedas. Será que é muito tarde???
Que tensão Fausto, só de ler teu relato já fico apreensivo, haja coração!
ResponderExcluirSó de andar no Barco Wiking já fiquei todo ruim, imagina numa circunstância dessas.
Excelente narrativa!
Muito bom. Só aventuras!
ResponderExcluirE as grandes emoções continuamos! Mais uma belíssima crônica! Parabéns! Bidart
ResponderExcluirAdrenalina pura!
ResponderExcluirTida
Muita coragem.
ResponderExcluirEssa foi demais, estou rindo até agora, que venha o próximo conto kkkkkkk
ResponderExcluirBaita aventura, meu amigo. E muito sangue frio!!!
ResponderExcluirET: Sou o último "anônimo"
ResponderExcluirTa doido Fausto! Eu infartava!
ResponderExcluir