158) Afinal, o Cigarro é Perigoso?
Eis um assunto que devo uma resposta à Sociedade Fumante da minha
Terra Natal, uma vez que meu pai, Waldemar Diefenbach foi representante da Cia.
De Fumos Santa Cruz enquanto eu e meus irmãos trabalhávamos com ele em venda,
distribuição de pronta entrega aos bares, restaurantes e cigarrarias da cidade.
Como organização comercial, tínhamos pleno sucesso, a imaginar em uma cidade
que hoje, passados mais de meio Século, Jaguari tem 10.765 habitantes e o
resultado em vendas naquela época, em um mês qualquer, meu Velho foi destacado
como “Representante Milionário”, cuja soma de cigarros vendidos em um
único mês, foi de um milhão de cigarros!
Nessa época, todos fumavam! Era considerado elegante, charmoso!
Para a meninada significava ter finalmente se tornado um homenzinho! Chegávamos
ao ridículo de durante um baile, ao dançar, quando nos curtos períodos entre
uma música e outra, o cavalheiro (cavalheiro?) acender um cigarro e após poucas
baforadas, jogar o a "bitoca" quase inteira ao chão e pisar a
extinguir a brasa e continuava a dançar! A moça, pobrezinha já "estava
habituada" ao bafo horroroso do cara!
Lembro que enquanto moleque, não tinha permissão de fumar antes de
completar meus dezoito anos. Foi assim também com meus três irmãos e uma irmã.
Entretanto, diante dos meus amigos tinha que mostrar que já era o tal de “homenzinho”,
então fumava mesmo sendo escondido! Felizmente – embora tenha insistido muito –
não criei dependência, isto é, não viciei ao tão agressivo tóxico.
Hoje temos uma noção muito clara e amplamente divulgada dos
malefícios do tabagismo, tanto que o ato de demonstração atual de que o fumante
é “homenzinho”, há que mostrar sua força precisamente abandonando o tal vício
fumacento e mal-cheiroso! Alguns não conseguem evitar, tamanha dependência
desenvolvida, o que é lamentável!
Hoje parece uma peça de brincadeira, lembrar que minha mãe, uma italiana vigorosa, bem-humorada, mas extremamente nervosa, dentre tantas razões certamente a cuidar seus cinco “maravilhosos filhinhos”, frequentemente consultava Médico para com calmantes controlar seu “estado de nervos”... Numa dessas consultas foi em Santa Maria, onde o Dr. Caio, dentre algumas recomendações, fez a de que devia fumar!!!
- Um cigarrinho, de vez enquanto, há de lhe acalmar um pouco!
Fume!
Disciplinada e sempre rigorosamente obediente às ordens médicas,
acatou a receita e ficou por anos fumando e se tornou dependente da tal droga,
a ponto de levantar na madrugada para fumar um cigarro na janela do quarto. Por
um tempo até que ajudou, eu acho! O hilário foi comentar com uma “concunhada”
do efeito calmante e essa foi ter com o mesmo Médico em busca dessa “receita
milagrosa” e a obteve. No entanto, passado uma semana fumando, voltou a minha
mãe com um comentário, a mim inesquecível:
- Olga, tu nem vai acreditar,
essa semana já chupei duas carteiras de cigarro e não adiantou nada!
Doce inocência! Não sei por quanto tempo durou esse tratamento, mas
os resultados práticos, pode se imaginar...
Como se eu fosse um traficante de entorpecentes (Correção
imediata: - Em um Meio Social requintado, não se fala a palavra traficante, mas “Mercador de
Especiarias para a Mente!”), eu sinto certa responsabilidade relativa ao
ter conduzido tão alto grau de dependência, aqueles que nos compravam o hoje
famigerado cigarro. Pior, a venda de cigarros representava para toda Família do
meu Pai, o sustento, nossa manutenção! A conclusão não poderia ser diferente: O
Cigarro é perigoso sim! Como qualquer
tóxico, entorpecente, melhor nem de brincadeira experimentar uma vez, senão...
Agora, nem eu nem meus irmãos, e há anos, não trabalhamos com fumo, ao contrário, sempre que posso insisto em chamar atenção dos mais próximos, do malefício dessa droga!
Realmente Fausto.
ResponderExcluirPouco inteligente, queimar dinheiro....
Não tens que ter nenhum sentimento de culpa, ninguém sabia dos malefícios do cigarro!!! Aliás, hoje já sabemos, mas na história da humanidade sempre houve algum tipo de vício! Tem coisas bem piores!!! Quero ouvir mais da tua mãe… muito bom!👏👏👏
ResponderExcluirGuillermo cabrera infante, escritor cubano e naturalizado inglês, escreveu o livro Fumaça Pura que conta a história da descoberta do tabaco em 1496 e suas histórias. A glamorização veio através de filmes.
ResponderExcluirBons conselhos. Depois de 30 anos fumando já vou para 9 sem o vício.
ResponderExcluirMuito bom, Fausto!
Faustinho, boa! Que bom que nao fumas ha muitos e muitos anos.
ResponderExcluirVídeo
Naquela época era glamouroso fumar. Eu tb nunca consegui, sempre odiei. Meus pais foram vítimas dos malefícios do cigarro, ambos contraíram enfizema. Que bom que vc abandonou esse vício.
ResponderExcluirNaquela época era chic e charmoso fumar. Felizmente eu nunca tive esse vício e bom q tu não fuma mais.
ResponderExcluirContinue com tuas belas crônicas... Adoro!
Cresci no meio de fumantes! Por opção, os apelos não me "tocaram", pois nunca coloquei um cigarro sequer na boca. Parabéns por mais uma excelente crônica! Bidart
ResponderExcluirNunca gostei... meu pai e, mais tarde, meu irmão, fumavam mas eu nunca quis. Fui fumante passiva...
ResponderExcluirBoa como sempre Fausto!! Eu achei o máximo com 18 anos acender um cigarro na frente dos meus pais, que não fumavam!! Ahhh que glória! Ainda bem que logo cai na real e nunca mais fumei….
ResponderExcluirQuero mais crônicas com a tia Olga
Beijos
Que loucura, recomendação médica kkkkkkk
ResponderExcluirLembro bem dessa época em que essa plantação era uma forma de sobrevivência para muitos agricultores.
ResponderExcluirUm vizinho do meu pai fazia fumo em corda para o famoso palheiro que era mais forte que charuto
Eram outros tempos.
Maravilhoso, até hoje eu luto para largar o maldito. Fiquei imaginando tua mãe fumando na janela e pensando: “Finalmente um pouco de sossego!”
ResponderExcluirTida
Eu não fumo mas já perdi pessoas queridas com doenças de resultado do cigarro.
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