quinta-feira, 24 de abril de 2025

 199)  Pucon – Um Alemão pagou meu “Rafting”!

A cordialidade ultrapassa fronteiras! Retorno a comentar da minha última viagem ao Circuito Andino, onde uma das paradas para recuperação de tantas horas ao volante, fez valer toda a viagem! Trata-se de Pucón, uma pequena cidade ao sul do Chile – La Araucania - distante oitocentos quilômetros da Capital, localidade entre vulcão e lagos, amada por aventureiros do mundo inteiro.

Lá se encontra a oportunidade de explorar cenários naturais deslumbrantes e uma imersão na cultura andina autêntica. Natureza exuberante com o Parque Nacional Huerquehue com termas, cascatas, vulcão ativo, trilhas, rafting e outros tantos tesouros. Tudo isso e mais, se encontra nessa Porta de Entrada da Patagônica Chilena.

Reservamos um dia para fazer esse rafting, termo inglês para “descer um rio em balsa”, cuja primeira tarefa foi convencer Elaine de ser um esporte dinâmico, absolutamente seguro e até um pouco calmo! Canoagem tranquila, garanti a ela!. Ingenuamente acreditou! Gosto muito, já revelei diversas vezes, de esportes radicais, produtores de “derramamento de adrenalina” em abundância. Esse, foi exatamente assim, mas se eu não mentisse, perderia a companhia e fazê-lo sozinho, não teria com quem comentar depois as crises de medo com alguém. É onde está a graça de tudo, eu acho...

No entanto, essa mentirinha bem-intencionada me causou prejuízo mais adiante, em meio à aventura: - Uma das cascatas a descer era de um nível destinado à categoria mais alta da aventura. Tipo exclusiva para competidores profissionais. Nessa, o timoneiro fez todos desembarcarem e trilharem à margem do rio por uns cinquenta metros, descendo na rocha íngreme de uns seis metros de altura. A sugestão entusiasmada, foi a de saltarmos daquele ponto nas águas profundas e retomar o embarque na balsa. Todos saltaram de pé. Fiquei por último, só para ser “exibido”, pois fiz de ponta cabeça aguardando aplausos! Que evidentemente não aconteceram... Pois nesse momento Elaine deu o vexame de se negar a saltar! Optou por descer pela rocha cravando as unhas nas pedras molhadas e escorregadias, numa atitude muito mais perigosa, provocando uma expectativa de acidente a todos! Felizmente tudo transcorreu bem sem maiores dores, trazendo a “heroína” pálida, branca como uma vela de vota a bordo! Na foto, enquanto deslizava na água agitada, ela está rindo bem a frente da balsa!



Um dia antes da aventura, fomos até o escritório de turismo, fazer a contratação do programa. Ao pagar, o sinal internet da máquina de cartão de crédito não funcionou e eu não tinha dinheiro em espécie. Impasse criado, pois o pagamento antecipado era obrigatório, sem outra chance. Daí que um “Alemão” com sua reserva já confirmada, prontamente tirou do bolso algumas notas de dólar e pagou, para um “acerto” no dia seguinte! Claro, alegremente aceitei!

Agradecido, apenas troquei um olhar com a esposa, com vontade de dizer: “Nossa!” Cortesia gratuita, sem sinal de segurança a gente não está muito acostumada! Maravilhoso conhecer outras Culturas, outros Povos que sempre nos trazem algum aprendizado, algum enriquecimento cultural!

quarta-feira, 9 de abril de 2025

198) Para-quedismo: Queda Livre com Chuva?!

Inúmeras vezes amigos, conhecidos, leitores me perguntaram o quão complicado é saltar de para-quedas com chuva! Todos sabem da minha paixão nutrida por esse esporte radical (Escrevi livro, ainda “não publicado”, do acidente em 1999) e foram uns seis anos de intensa prática – acima de trezentos saltos – alguns inclusive, fora do País.

Como todo esporte radical, esse tem a capacidade de nos deixar inebriado pela forte injeção de adrenalina no sistema, que ocorre durante o salto. É tão forte a provocar dependência química. O estado de euforia durante o voo, proporciona um prazer tão intenso, a ponto de provocar ansiedade num final de semana de “abstinência” ao PQD! Hilário, mas muito real!

Já ao amanhecer de um sábado qualquer, ou domingo ensolarado, vê-se o céu azul (blue sky) com poucas nuvens a nos chamar! Daí é irresistível! Juntar o equipamento, pega o carro e se manda cheio de alegria rumo a “Área de Saltos”! No meu caso, cidade de Sapiranga – RS, pouco mais de cinquenta quilômetros de Porto Alegre. Próximo ao aeródromo, ao ouvir o vigoroso ronco do motor de um Cessna subindo, o batimento cardíaco já altera seu ritmo para o acelerado, cuja superação só ocorrerá quando estivermos voando “lá em cima”, aos dez mil pés de altura. Abre a porta da aeronave e o ar gelado invade a cabine ,(dois graus de diferença a cada mil pés de altura!) um forte estresse ao olhar para baixo e “desembarcar”!

 


O choque físico na saída aeronave com o ar, é uma "paulada"! Depois, durante a queda-livre o corpo cai em velocidade superior aos duzentos e cinquenta quilômetros por hora. Toda aquela aceleração do batimento cardíaco na hora de sair da aeronave, diminui consideravelmente. O medo – muito conveniente – da saída é imediatamente substituído por uma sensação prazer indescritível. Desaparece milagrosamente o temido sentimento de “estar caindo”! A sensação nítida é de estar como uma águia voando numa velocidade absurda com inexplicável sensação de segurança. Por segundos, suponho que a alma assume um “endeusamento” único, cheia de coragem, até soberba! Perdoem-me, meus colegas de esporte, mas o para-quedista se torna arrogante através de seu soberano domínio às altíssimas velocidades - sem motor - propiciadas por esse esporte muito louco!

E a chuva? Bom, se a meteorologia não for favorável, avião nem decola. Visualizando a ameaçadora nuvem, apelidada de “cebezão”, flutuando absoluto nos céus, fica quieto no solo, e pronto! Trata-se das escuras e temidas “Cumulus Plumbum”. Respeitadas até por grandes aeronaves. Algumas dessas nuvens possuem energia no seu interior produzindo perigosa eletricidade. Quanto mais distância, melhor!

Algumas vezes acontecem formações inesperada de algumas nuvens, quando já se está no ar em busca da altura ideal para o lançamento. São nuvens a se dissiparem facilmente e passar no seu interior, é como correr na estrada sob forte cerração, nada além isso e garanto, é um “barato extra”!  Nessa situação, se algum colega está próximo, cria-se uma ilusão de ótica, com aquele colega envolto em uma áurea de luz, semelhante ao arco-íris! Simplesmente encantador!  

Pode-se casualmente, ter contato com pequenas rajadas de chuva, e o sentimento – melhor se saltando sem capacete, só de óculos apropriado – é de as gotas baterem no rosto com força extrema, pequenas agulhas, talvez grãos de areia, nada tão agressivo a causar dano físico, apenas curioso, surpreendente aos neófitos!

Então é clara a viabilidade de pegarmos chuva sem problemas de navegação. O prejuízo maior fica por conta de molhar ou de sujar o velame para uma trabalhosa missão de limpar e secar todo o tecido. Afora isso, vamos saltar, porque o prazer de voar – tão desejado por Ícaro, como nos conta a Mitologia Grega – afirmo convicto: 

- “Quem nunca saltou, não imagina o tamanho do prazer e quem já saltou, jamais encontrará palavras suficientes para descreve-lo!”

 

 

quarta-feira, 2 de abril de 2025

 197) Um Milagre: Ele me Chamou de Sábio!

Verdade, há uns dois anos ou mais, o sobrinho da Elaine, Henri, no alto de sua sabedoria de seus dez anos de idade, disse com todas as letras: “Tio Fausto é um Sábio”! Evidente, cabe relatar a circunstância, no final, até mereci!

Desde criança sempre fui orientado a certas cautelas quanto as ameaças e ações de sobrevivência. Cuidados com alimentos selvagens, dentre tantas coisas interessantes – meu Pai, seu Waldemar, foi afinal um “Chefe de Escoteiros” – ele ensinou como fazer fogo no meio da mata em dia de chuva, evitar cobras, olhar para o chão a evitar espinhos, nadar no rio, fazer um carreteiro dentre tantas coisas verdadeiramente úteis. Ele sim, verdadeiramente Sábio!

Também apreendi, quando se come melancia não se come uva... Depois da refeição, esperar pelo menos uma hora para tomar banho e assim por diante... Quanto “mito”! Pois foi diante desse mito do banho após o “buxo cheio”, onde obtive o maior elogio em vida, ao lembrar como aprendi em uma preciosa ocasião, na adolescência, após me deliciar um lauto jantar, oferecido pelo Dr. Edu, Paraninfo da Formatura em Contabilidade: - Empanturrado, comentei com ele: - “Agora terei de esperar mais de hora para tomar banho”! Ele, experiente responde: - Nada disso, bobagem, pode tomar seu banho sossegado!

 


Diante dessa “novidade”, vindo de um respeitável adulto e médico, acabou o temor, mas com ressalva, banho de chuveiro risco zero, imersão, não seja prolongado!

“O Sábio”: - Reunido com a Família da Elaine em uma área de lazer com piscina e farto almoço, o sobrinho Henry, um elogiável glutão, após a sobremesa se dirigia à piscina quando sua mãe interrompeu:

“Não senhor! Aguarda uma hora. Vou marcar no relógio...” 

Desespero do rebento, foi quando interferi dizendo convicto, não há problema algum! Isso é um mito! Podes deixar...

O sorriso do menino, cheio de alegria foi espetacular, para imediatamente afirmar cheio de felicidade – de sua conveniência, é claro – tio Fausto é um Sábio! Eu no caso, modéstia à parte! Evidentemente com o respaldo de sua mãe, ele se foi às águas, advertido da precaução de fazê-lo com alguns intervalos...

O sorriso de uma criança, é algo impagável, marcante como foi dessa feita, lembrada mesmo tendo ocorrido há tanto tempo! Quem já teve a oportunidade de acalentar o choro de um neném, subitamente revertido em sorriso – sorriso muitas vezes ainda de pura gengiva, sem dentes – sabe para onde nosso ego é conduzido! Vai às nuvens da felicidade!

Faça uma criança sorrir e seu dia se tornará muito bem compensado!

quarta-feira, 26 de março de 2025

196) Muitas Viagens!

Tenho escrito nesse blog, em sua segunda fase, abandonando um pouco o humor e auto gozação da primeira, focando múltiplos assuntos interpretados como interessantes, em especial a dividir as curiosidades em “muitas viagens”... Esse é um dos meus gloriosos prazeres, como já afirmei, não importa se for de ônibus, trem, avião, navio ou de carro. Já fiz até a cavalo, trecho noturno, mas curto de uns cinquenta quilômetros, enquanto Militar da Cavalaria em Serviço Obrigatório no Exército!

O restante sim, bem mais longo. Teve o primeiro, por mais simples eventualmente possa parecer, foi marcante, até por ser o primeiro internacional: Uruguai! Simples sim. Acompanhando minha irmã e cunhado, numa DKW Vemaguet, em viagem de 243 ks. de Santa Maria a Santana do Livramento, cidade gaúcha, curiosamente separada da uruguaia Rivera por uma simples praça, com um Monumento como um marco de pedra estabelecendo ser ali, a amigável e fraterna fronteira entre os dois Países.


Fiquei emocionado ao calor de meus dezoito anos. Estar literalmente com um pé no Brasil e outro no Uruguai, é pose obrigatória para fotos! O choque presencial é único. De um lado da rua todos falando português fluente e do outro, o espanhol com o significativo “sotaque uruguaio”, por óbvio! Os restaurantes, do “lado de lá” com expressivas diferenças onde se degustam as invejáveis “Parrilladas” – “imitamos” com o nome de churrasco - com as melhores carnes do mundo, “eu acho”!

Fomos também às compras! Roupas de lã pura mereciam destaque especial. Nessa época eu ainda era um fumante, então a oportunidade de comprar cigarros americanos (proibidos no Brasil) eram gloriosas! Mas ligado ainda a esse vício, me encantava o fósforo uruguaio, “La Luna”, de caixinhas azuis, pavios encerados substituíam os palitos. Só não acendiam na própria caixa, mas em qualquer outro lugar áspero, na parede, no chão, sola do sapato, enfim... O legal era imitar os faroestes americanos a riscar aquele palito em qualquer superfície e acender o cigarro! Era o puro charme de John Wayne!

Desde essa época, percebi o quanto é importante entender, falar outras línguas. Como autodidata procurei observar a entonação e a riqueza de vocabulário uruguaio! Espanhol foi meu primeiro desafio linguístico, desenvolvido muito mais com base a curiosidade do que propriamente ao estudo clássico. Isso só se deu com o idioma inglês, muitos anos mais tarde em escola especializada.

Repito convicto da importância de viajar e viajar muito, a conhecer não só outros idiomas, novas Culturas, Povos! Ouvir atentamente e tentar falar faz parte da aventura e coroa de sucesso quando “alguém” consegue te entender ou pelo menos te perdoar pelos equívocos da linguística!

Claro, podemos conceder exceções para nós mesmos, a exemplo de estar por período muito curto em Seul e Tókio... Lembro nessa ocasião, quando Professor Suzuki me acompanhou por um dia na capital japonesa, comentar de seu pai nascido e nunca abandonou aquela cidade, afirmando: -“Um dia saberei todas as palavras de minha língua mãe!” Se nem “eles” conseguem... A maior curiosidade no idioma japonês, corre por conta da Família Real, pois tem seu próprio vocabulário, onde só a Família Monarca, se entende!

Fiquei emocionado ao calor de meus dezoito anos. Estar literalmente com um pé no Brasil e outro no Uruguai, é pose obrigatória para fotos! O choque presencial é único. De um lado da rua todos falando português fluente e do outro, o espanhol com o significativo “sotaque uruguaio”, por óbvio! Os restaurantes, do “lado de lá” com expressivas diferenças onde se degustam as invejáveis “Parrilladas” – “imitamos” com o nome de churrasco - com as melhores carnes do mundo, “eu acho”!

Fomos também às compras! Roupas de lã pura mereciam destaque especial. Nessa época eu ainda era um fumante, então a oportunidade de comprar cigarros americanos (proibidos no Brasil) eram gloriosas! Mas ligado ainda a esse vício, me encantava o fósforo uruguaio, “La Luna”, de caixinhas azuis, pavios encerados substituíam os palitos. Só não acendiam na própria caixa, mas em qualquer outro lugar áspero, na parede, no chão, sola do sapato, enfim... O legal era imitar os faroestes americanos a riscar aquele palito em qualquer superfície e acender o cigarro! Era o puro charme de John Wayne!

Desde essa época, percebi o quanto é importante entender, falar outras línguas. Como autodidata procurei observar a entonação e a riqueza de vocabulário uruguaio! Espanhol foi meu primeiro desafio linguístico, desenvolvido muito mais com base a curiosidade do que propriamente ao estudo clássico. Isso só se deu com o idioma inglês, muitos anos mais tarde em escola especializada.

Repito convicto da importância de viajar e viajar muito, a conhecer não só outros idiomas, novas Culturas, Povos! Ouvir atentamente e tentar falar faz parte da aventura e coroa de sucesso quando “alguém” consegue te entender ou pelo menos te perdoar pelos equívocos da linguística!

Claro, podemos conceder exceções para nós mesmos, a exemplo de estar por período muito curto em Seul e Tókio... Lembro nessa ocasião, quando Professor Suzuki me acompanhou por um dia na capital japonesa, comentar de seu pai nascido e nunca abandonou aquela cidade, afirmando: -“Um dia saberei todas as palavras de minha língua mãe!” Se nem “eles” conseguem... A maior curiosidade no idioma japonês, corre por conta da Família Real, pois tem seu próprio vocabulário, onde só a Família Monarca, se entende!

quarta-feira, 19 de março de 2025

 195) O Muro de Jerusalém.

Muro de Jerusalém, Bíblico, Icônico, Símbolo Sagrado da Religião Judaico Cristã, também chamado Muro de Al-Buraq, foi destruído pelo menos três vezes quase por completo. Rei Davi o idealizou, mas foi seu filho Salomão a quem se atribui sua construção.

Quinhentos e oitenta e sete anos a.C., Nabucodonosor II, o maior Rei do Império Neobabilônico foi quem destruiu a maior parte da Muralha mais o Templo de Salomão, incendiado. Os Muros de Jerusalém reconstruídos, foram destruídos novamente durante a primeira guerra judaico-romana no ano de sessenta e seis d.C. e ainda foram destruídos mais vezes durante sucessivas invasões.

Por que trago isso à tona? Faço tendo em mente a visita feita a Israel em setembro de 2022 e evidentemente vivenciando a representatividade do lado Místico de uma pequena parte dessa Muralha, a que jamais fora destruída. É naquele Ponto Sagrado onde o Eterno reservou como o local onde a morte não chega! Preservada hoje como “O Muro das Lamentações”, irradia uma energia impressionante a comover a todos Fiéis lá presentes!

Estive lá numa tarde de sol, respeitando a devida separação de “cavalheiros para cá e damas para lá”, a tocar no Muro e como milhares de peregrinos, fazer pedidos ao Senhor! Foram pequenas folhas de papel a se colocar entre as fendas entre uma pedra e outra. A Fé Verdadeira impera entre todos alinhados naquela Região. São setenta metros de extensão por quarenta de altura de pura Adoração e Oração. O comprimento total é de quatrocentos e oitenta e oito metros, entretanto, somente esses setenta são visíveis.

Visitar esse Símbolo Religioso para os Judeus, faz valer toda uma viagem.   

  

Confesso muita tensão ao adentrar no País – fui advertido de severa inspeção de entrada – contrariado, fiz até a quarta vacina do Covid19, para “não me complicar” naquele momento... Muita tensão quando do controle de fronteira – entretanto num bom inglês - uma moça verificou a documentação, pergunta a razão da viagem, devolve o passaporte e dá boas vindas! Simples assim. Sem carimbo no passaporte, apenas um pequeno “tiket” é apenso em uma das folhas para garantir segurança aos viajantes supostamente interessados a outras visitas na Região, afinal de contas, essa é uma das Nações mais ameaçadas do Planeta.

Quando a Paz voltar à Região, faço dessa viagem convicto, amplamente recomendada. Embora o eventual atendimento de informação na rua, não espere cordialidade. Quando respondem, é de “cara feia” e alto risco de informação errada... Como tudo na Vida é composto de altos e baixos, a cordialidade fica longe do desejável, um ponto negativo, mas de pequena importância! Já na alimentação, prepare-se para pratos nunca imaginados, onde carne de gado é raro! Contente-se com frango e peixe condimentados sabor muito distante dos nossos mais tradicionais! 

quarta-feira, 12 de março de 2025

 194) Gaúchos, Muito Próximos das Fronteiras!

Em cinco de fevereiro passado, escrevi uma Crônica exaltando a cordialidade dos argentinos, em especial a um prestativo cavalheiro a me conduzir no confuso trânsito de Buenos Aires, (afinal, a Capital tem três milhões e duzentos mil habitantes), até meu destino daquele dia! Entusiasmado com minhas próprias palavras, fiz naquela crônica, uma “ode” a todos argentinos, indistintamente!

Nossa proximidade que Porto Alegre tem com as fronteiras do Uruguai e Argentina (quatrocentos quilômetros com o primeiro e seiscentos e trinta com o segundo) proporciona uma vantagem geográfica significativa concorrendo, em termos de turismo e sua distância, até com a Capital Brasileira mais próxima, Florianópolis (quatrocentos e sessenta quilômetros) e mais ainda do resto do Brasil.  Por consequência nos é comum viajar ao “exterior” e até ter certa intimidade com o Idioma local, o  Espanhol!

Há uns oito anos, passar um final de semana prolongado em Buenos Aires, era fácil, custo baixo e de grande prazer. Meu sobrinho Sérgio me deu uma “dica”, enquanto morou próximo a São Borja, e adaptei a Uruguaiana: Viajar de carro até a Fronteira e de lá tomar um excelente e barato ônibus de linha argentina, poltrona leito e com um bom jantar (Padrão Varig, para quem lembra!). Amanhece no centro de Buenos Aires. Fiz isso por quatro vezes! 

Comer bem com  suas carnes maravilhosas, pois a Capital Portenha oferece restaurantes com as melhores carnes do mundo. E dizer algo de seus vinhos?! Seria redação de um guloso se ficasse só nisso. A Cidade tem História e é contada em suas exuberantes casas de espetáculo com shows de seu celebrado ritmo, o tango, dançado artisticamente de forma encantadora. Cidade rica em museus, boutiques, zoológico, jardim botânico, estádios de futebol e até Cemitério! Sij, o visitadíssimo com destaque ao Mausoléu onde se encontram os Restos Mortais de Eva Peron, endeusada por quase todo argentino. Atualmente cobram ingresso para visitar o Recoleta!

Agora, respondo a muitos comentários no meu blog, quando elogiei um Cidadão Portenho: - Verdade. Nem todos tão cordiais e honestos, característica de qualquer Povo ao redor do Planeta. Mas também “um outro deles” merece destaque agora: Um taxista. Como escrevi acima, chegando na estação rodoviária, peguei um táxi. Esse fez um imenso trajeto inclusive me onerando com um pedágio até chegar ao hotel. Percebendo, por ter noção do mapa da região, ainda um pouco “zonzo” por uma noite a bordo,  paguei, foi uma boa quantia e só fui comentar o fato na recepção do hotel, onde ouvi apenas um triste lamento:

- Ah! Esses motoristas de táxi de Buenos Aires!

Entendi tudo! A malandragem não fica restrito ao nosso Povo. Parece fazer parte da postura latino americana, a se lamentar!

Viajar a lugares desconhecidos, nos ensina muito e desenvolve nossa “tolerância”, pois a cada lugar se apresenta um novo desafio, uma surpresa. Daí a razão de qualificar os amantes das viagens, como verdadeiros aventureiros e é aí onde está o grande prazer! Aproveitem e depois riam das erradas e gafes cometidas!

quinta-feira, 6 de março de 2025

193) Uma Viagem de Trem de Paris a Veneza!

Outubro de 1982 estava saindo de Paris, destino à encantadora Veneza. A aventura – numa época em que não existiam os trens de alta velocidade – esse era um trecho a ser coberto em doze horas de viagem. Fiquei encantado já no primeiro momento da emissão do bilhete ao perguntar da disponibilidade para aquele destino:

- Temos trens diários até para Istambul! Ou, toda Europa!

Contratei cabine leito de um trem das vinte e três horas. Excelente noite de bom sono! Ao amanhecer, o chefe de cabine abre a porta e desmonta o beliche transformando tudo numa cabine de duas poltronas para quatro passageiros cada lado. Logo lotado. Acabou todo o romantismo! E eu pensava ter a cabine exclusiva durante todo o período. Doce ilusão!

Mesmo com poltronas confortáveis, paisagens deslumbrantes, uma viagem longa naturalmente cansa.  A grande vantagem em viagem por esse meio, é a facilidade de se dar uma “esticadinha” nos corredores ou até ao vagão restaurante, onde lá tudo se encontra com a requintada cozinha à francesa!

São muitas paradas nas mais diversas estações ao longo do percurso. Numa delas, desci para caminhar um pouco na gare. Era um local simples pequeno, sem grandes atrativos voltei para o trem escolhendo aleatoriamente qualquer vagão. Foi quando senti um daqueles sacudidas dos trens ao iniciar movimento. O susto, fico por conta da desconexão do comboio exatamente onde eu estava. O trem abandonava o resto dos vagões e eu nem imaginava em qual vagão estava naquele trágico momento, muito menos, de onde "estaria" minha esposa... Pânico de secar a garganta!

Ela, ficara em nossa poltrona original enquanto eu dei aquela “fugidinha” do interior do trem. Detalhe fatal: - Ela não dominava idioma algum, não fosse o “nosso idioma”! Para ela, eu poderia ter simplesmente desaparecido sem a quem ou como questionar...

Minha falta de conhecimento, não contemplava o fato: Não há um trem fazendo esse percurso todo e sim um único vagão. Ao longo da viagem, esse se incorpora a outros vagões com destino comum, no fim todos se juntam e chegam em Veneza! Que ignorância!

Voltando aos meus curtos minutos de desespero por estar em vagão incerto e não sabido, a liquidar uma Lua-de-mel certamente desastrosa por um perigoso desencontro. Trôpego e com batimento cardíaco no limite, corri pelo corredor daquele estranho vagão e lá estava Martha! Olhou-me com total indiferença e eu explodindo de alegria por estar ao ACASO no mesmo vagão no momento daquele desligamento! Ufa!

Recomendo firmemente cautela a eventuais deslocamentos irresponsáveis, seja dentro do comboio ou pior, fora dele! E boa viagem, porque transitar em trem pelo continente Europeu, é um espetáculo à parte. Não faça isso de avião, pois o mais bonito passa desapercebido!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

192) Dor Fortíssima, Lancinante? Tem Solução Prática! Será?

Talvez estaria diante de uma pergunta, sem resposta, mas o curioso em experiência própria, afirmo ser praticamente indolor, quando a agressão passa dos "limites do absurdo"! Isso é perfeitamente possível e no meu caso com uma fratura exposta do calcanhar, outra exposta do fêmur esquerdo e mais uma fratura cominutiva do fêmur direito, partido em dezoito peças apenas de sua metade até o joelho, fica fácil imaginar o quanto doeria!

Dores terríveis no momento do acidente? Nada disso. Por incrível que pareça, nenhuma dor no momento das “quebrações”. Tenham certeza, foi um acidente, cuja dor “passaria dos limites de tolerância”! Um absurdo. Tinha obrigação de dores tão intensas e sua ausência, é uma defesa do cérebro a trabalhar isenção de traumas maiores a certa forma ignorar a dimensão da agressão. Então não se sente nada? Não é bem assim. No momento do acidente, parece - e é verdade - nada demais aconteceu!

Já contei aqui algumas vezes, foi em doze de setembro de 1999, participando de um show de paraquedismo no Estádio Olímpico do Grêmio, em Porto Alegre minutos antes de um Grenal. Problemas de navegação aconteceram com meu equipamento nos momentos finais do voo, já na "rampa" para o pouso, um "nada comum" colapso no velame e batida forte no solo. É passado, sem trauma, pois três anos depois, voltei a saltar, sem um medo a bloquear o raciocínio necessário para um esporte exigente de decisões rápidas e precisas!

Após hospitalização, cirurgia de redução, acordei no dia seguinte e até para respirar, tudo doía. Dias depois, mais duas cirurgias a colocar hastes, pinos e parafusos de aço cirúrgico e por vinte e dois dias deitado numa cama de hospital. Acabou! Não, nada disso. Começam as retiradas dessas pecinhas:

Mais três cirurgias com direito a anestesia geral, para remoção daqueles parafusos, placas e tentativa de retirar haste do fêmur da fratura exposta, sem sucesso. Fiquei com ela até hoje! Essa última com bastante sofrimento, no entanto o “melhor” estava por vir: O pé, com fratura exposta no calcanhar, era afixado com dois parafusos finos de vinte e cinco centímetros (aquelas duas mais longas da foto!), atravessavam o pé, para ter em suas extremidades duas hastes unidas. Vamos removê-los, disse Dr. João Gomes, e lá fui eu, dessa vez em um ambulatório e minutos antes com diálogo muito interessante, "esclarecedor":

- Vais me sedar! É claro, né!?

- Não. Não vou te sedar. Tirar parafuso em osso não dói!

Com um instrumento assemelhado a uma chave de fenda giratória, removia aquele parafuso desgraçado, "na lata"! Nunca mais na vida chamei a dor, de dor. Tudo passou a ser chamado de dorzinha! Num suador imenso a olhar o Enfermeiro com globo ocular fora de órbita, num visível ódio mortal, quando gentilmente me perguntou:

- Quer morder uma toalha?

- Siiimmm!  (respondi num gemido alto e rouco!)

Deu-me uma grossa toalha de banho branca. Agarrei-a com raiva e mordi com toda a força de minha arcada dentária a rosnar como um cão raivoso! 

Assim, fica respondido o questionamento inicial dessa crônica: Dor muito forte? Simples: Morda uma toalha e passará! Pois sim, mentiroso!!!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

 191) Filhos, melhor não tê-los! Mas se não os..

A frase antológica, é um verso e faz parte do poema “Enjoadinho” de Vinicius de Moraes: - “Filhos, melhor não tê-los! Mas se não os temos, como sabê-los?” É de uma profundidade imensa a bater nas mentes e corações daqueles prestes a contrair essa enorme responsabilidade! Sei. Tem alguns, nascem como resultado de acidente em "carinhos arrojados", sem as devidas precauções... Daí a brincadeira surpreende e se torna muito perigosa!

Tratando-se do grande poeta da nossa Literatura, merece respeito e reflexão constante de quem está a se decidir de ter ou não ter seus filhos. Tenho convicção de ser essa, a maior e mais importante decisão a ser tomada por um casal, ou por um dos dois... O trabalho infindável de educar e se manter ocupado para o resto da vida, é o ônus de maior expressão daqueles corajosos ao assumir essa tremenda Missão!



Tive único filho, o Northon. Sérios conflitos com a matriz, me isolaram completamente de sua educação e até de um afeto mais apropriado. Restou unicamente a responsabilidade material de seu desenvolvimento. Pobre menino. Na sequência ocorreram seus desvios - sem responsabilizar absolutamente ninguém - e lhe deram vida muito curta. Apenas quarenta anos, para então tristemente partir. Embora sendo um passado próximo de uma década, minha vida com herdeiros se sustenta em quatro netos, um bisneto e meus sobrinhos. 

Sobrinhos, de quem sou muito próximo, são nove deles! Esses, herdei de três irmãos e cada um deles, deram três sobrinhos, curiosamente as tríades de diferente distribuição. O irmão mais velho, três varões, o segundo dois varões e uma menina e o último um varão e duas meninas. Distribuição perfeita e uma oportunidade única de afeto por esse “titio tão zeloso”!

Nas suas infâncias, seis residiam como eu em Porto Alegre, logo me acompanhavam em alegres incursões a Jaguari, notadamente no Verão a curtir o balneário e atividades das mais diversas naquela bucólica cidade, onde as precauções naturais exigidas num grande centro inexistiam por lá. As eventuais preocupações eram dispensáveis, então era um entusiasmado viva a liberdade! Até o de engravidar namoradas e depois assumir matrimônio precoce! (Disso não tive nenhuma participação direta ou indireta...)

Apesar “daquelas crianças” ficarem sob minha responsabilidade por alguns finais de semana, todos se desenvolveram muito bem, tomando excelentes rumos morais e profissionais: Médico, Promotor de Justiça, Delegado de Polícia, Dentista, Advogados e Administrador, sem nenhum mérito a mim, mas pelo menos não “desviei” nenhum deles!

Na minha visão de Vida, identifico aos negados o privilégio de ser Pai ou Mãe, a oportunidade de ser um Titio (a) o mais próximo possível, eu garanto, se trata de uma excelente alternativa de ter nosso Sangue Familiar por perto, pulsando no mesmo ritmo e de rumo já decidido pelos nossos Pais! É garantia de orgulho ao nome e manutenção da honra de nossos Antepassados! Valho-me também de uma brincadeira a transitar nas redes sociais, dizendo uma verdade incontestável, com boa dose de humor refinado: - “Trate bem seus sobrinhos... Talvez sejam eles quem levarão um vinho escondido para você, no Asilo!”

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

190) Pedindo Informação no Trânsito de Buenos Aires!

Eu voltava da Villa La Angostura – Argentina, encerrando o “Circuito Andino” em dezembro de 2013, dirigindo um Cerato da Kya Motors, comprado meses antes com o objetivo de fazer essa viagem de quase sete mil quilômetros! Em crônicas anteriores já escrevi algumas coisas daquela aventura a cortar a América do Sul de Leste a Oeste (Porto Alegre a Santiago), com diversas paradas além da espetacular travessia dos Andes em Mendonça – Argentina, a chegar no Chile sob seu pesado túnel. Depois da travessia, rumo ao Sul contemplando os deslumbrantes Lagos Andinos de uma beleza a comparar aos famosos lagos da Suíça e Áustria, não perdem em nada com sua extraordinária beleza !  

Passando pela bucólica Villa La Angostura, onde parada por algumas noites refaz energia e os ânimos voltam para mais algumas centenas de quilômetros de estrada pela frente. Que vila espetacular, faz valer toda a viagem, por mais longa que seja! Durante todo o percurso, tudo é coroado de tantas atrações, a merecer – deve existir muitos – um livro completo, não apenas uma crônica!

Na sequência o alvo seguinte é de uma passagem sem parada por San Carlo de Bariloche, na outra ponta do Lago Nahuel Huapi, (foto) de azul intenso cristalino, origem glacial com quinhentos e cinquenta mil metros quadrados de lago e fica setecentos metros acima do nível do Mar. É compartilhado com as Províncias de Rio Negro e Neuquén, Região da Patagônia.

 

Dessa feita, como se tratava da quarta vez a fazer esse Circuito Andino, dispensei chegada à famosa Bariloche, porque o encantamento maior esteve por conta das estadas anteriores desde Pucon, San Martin de Los Andes, Sete Lagos e Villa La Angostura, já citada! Julguei melhor partir direto a Buenos Aires, afinal tinha ainda, mil quinhentos e oitenta e oito quilômetros – com uma parada para dormir em Bahia Blanca – e depois pouco mais de seiscentos quilômetros até a Capital Portenha!

Excelentes são as rodovias, permitindo altas velocidades com segurança, cheguei em Buenos Aires. Os viadutos e elevadas circunscrevem a Capital e eu abaixo de intensa chuva, temporal com assustadoras pancadas impedindo visão da sinalização de trânsito e de suas saídas a entrar no interior da cidade. Arrisquei uma qualquer e me meti num trânsito confuso até parar num posto de gasolina e pedir informação do endereço do hotel, Holiday Inn, onde hospedaria.

Um cavalheiro muito cordial e falante, ao perceber meu “sotaque brasileiro”, fez questão de comentar e enaltecer a melhor fase de sua vida, enquanto jovem e fiel frequentador das praias do Brasil, mais precisamente, as de Santa Catarina! Sim, o argentino tinha muito bom gosto!

Quando revelei minha necessidade ele fez uma expressão estranha, afirmando ser longe demais para me explicar. Mão no queixo, pensativo, olha sério contra o chão e disse:

- Me sigam!

Segui. Rodou uns quarenta minutos em pesado trânsito de final de tarde com chuva, até o endereço requerido. Parou defronte ao hotel fez sinal com o braço apontando a portaria do hotel, me abanou e se foi embora! Sequer aguardou para eu ao menos lhe agradecer! Fiquei admirado com a determinação espontânea e trabalhosa daquele anônimo cavalheiro argentino, tão gentil!

Em BUE curtindo essa gloriosa Capital por alguns dias sem compromisso algum, encerrava o passeio, agora, voltar para casa. Tinha de ser assim! Depois de tantos deslumbres geográficos, o “Grand Finale” foi com encantamento com pessoas de boa vontade! Diante de tudo isso, Argentinos: Meu aplauso sincero à postura de um Cidadão e vale para todos! por consequência afetiva, fiquei até gostando de Diego Maradona!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

 189) Será, Algum Povo, Independe de “Outro”?

A resposta se dá pronta em poucas palavras: - Todos dependemos de alguém! Nenhuma Nação, nenhuma cidade, nenhuma Família é totalmente independente. Agora, se abre um "caso internacional", no segundo mandato de Donald Trump. Seu esforço político e econômico desde o primeiro mandado, ficou por conta de construir aquela imensa muralha separando o México, a impedir ou pelo menos diminuir a imigração ilegal. Funcionou? Claro que sim. E ainda assim alguns conseguiram burlar o controle e capturados na sequência sofrendo punições com prisões em celas de baixa adaptação e agora todos sofrendo vexatória extradição. Trump não é exclusivo nas extradições, por óbvio, na Presidência americana anterior, não foi nada diferente, então não quero tomar aqui nenhum rumo político partidário. Ficaria parecido com a grande imprensa discutindo num terreno alheio a nossas decisões, apenas temas muito chatos...

Mas como seriam feitos os trabalhos desempenhados por mão-de-obra de “modesta qualificação”? O americano nato não faz, o imigrante legal portador do cobiçado “green card” quer trabalhar na Wall Street ou alguma outra profissão qualificada! Ficam os americanos carentes do gari, do  carga pesada, pedreiro, porteiro, faxineira e por aí vai...

 


Assim são todas as Nações e não é de hoje, o escravagismo disfarçado - alguns nem tanto -  atuam entre os Povos conquistados. A História conta desde as Grandes Conquistas Romanas a dominar o Mundo Antigo com base nessa subjugação e o saque aos moradores do Território Conquistado!

Não se trata apenas de terceirizar as tarefas mais árduas e menos saudáveis. Existem algumas Religiões a exigir e ditar descanso total de suas atividades laboriosas a determinadas datas ou celebrações, até nos “serviços essenciais”! Então, como fazer?

Setembro de 2022 estive em Israel por uma semana e meu retorno agendado para a tarde de um sábado. Ao meio dia, eu e Elaine procuramos fazer um lanche com alguma semelhança a uma lanchonete brasileira. (Excesso de presunção!) Mas a procura de algo similar, pelo menos com sabor conhecido, encontramos uma perfeita, idêntica, com zero por cento de diferença das “nossas lanchonetes”: - Ironicamente, o velho McDonald’s, sempre presente em todo Brasil! Ótimo BigMc, idêntico ao nosso!!!

Nessa lanchonete, TODOS atendentes vestiam trajes árabes, com seus caracterizados turbantes, lenços e adereços próprios. Até o idioma – falado em todo País – de um inglês carregado de curioso sotaque, tornando difícil entendimento. Mas estavam lá, empenhados num trabalho “quase atencioso”... Corrigindo: Nada atencioso!

Ao retornar ao hotel, comentamos isso com o encarregado da recepção, onde faríamos o “check-out”, ele com ar de deboche perguntou:

- Como irão ao aeroporto?

- Bem! Do meio como chegamos: Ônibus!

- Não. Nada disso! Hoje não tem nem ônibus, nem táxi...

Ora, distância entre a cidade de Tel Aviv e o Aeroporto de Ben-Gurion são de quinze quilômetros. Até chegar ao hotel, nem imagino quantos mais... O desespero nem se instalou pois imediatamente nos vendeu o serviço de táxi de seu primo, evidentemente Muçulmano. Revelou na sequência, ser proprietário do hotel e num sábado, todo trabalho era executado por Muçulmanos de Gaza!

Como a companhia aérea era italiana, sua tripulação de igual origem, voltamos para casa com a segurança necessária e agora afirmo convicto: Ninguém é independente! Sempre teremos alguém para trabalhar nos horários e dias mais difíceis a nos socorrer, desde o hospital ao supermercado em pleno domingo.

Dez anos antes, retornando de Madri, em Lua de Mel, no dia do Natal, tripulação integralmente chinesa! Tá bem, é verdade, se tratava da "Air China"!!!