133) Estive a margem do Vulcão Villarica!
Sim. Eu estive na “boca” de um vulcão ativo, o Villarica em Pucón, no Chile. Mas
antes de descrevê-lo, afirmo que foi uma experiência real em que vivi e descreverei onde fica e como cheguei até lá, voltando tão carregado de fortes
emoções por um contato direto com a Natureza. Na verdade, Natureza Furiosa, Bravia, Indomável!
Dezembro de 1997, a bordo do Honda Civic, ano 1992, quatro portas,
fiz meu segundo “Circuito Andino” completo, que por algumas vezes comentei
aqui nesse blog, de outras tantas idas pelos Andes, de carro, para
melhor curtir as belíssimas paisagens que se descortinam nessa bela travessia. Já enfatizei minha fanática admiração pela Região dos Lagos em especial
aos lagos andinos.
Roteiro de saída sempre fiz encurtando bons duzentos quilômetros, para
entrar na Argentina, cortando o oeste uruguaio desde Rivera até Paysandu e ali
então adentrar no trecho mais longo em direção inicialmente a Mendoza. Mendoza é parada
obrigatória para um bom e restaurador repouso depois de 1994 km rodados. Lá, duas ou três
noites são muito bem aproveitadas pelo que a cidade oferece, desde o bom restaurante,
suas “Caves” (aproveite para comprar 16 garrafas de vinho por CPF) e ter a
vista do maior “papel de parede” do mundo, com a paisagem deslumbrante da "grisalha" Cordilheira
dos Andes.
Na sequência, desafiante travessia de 360 km dessa respeitável Cordilheira onde se cruza
a fronteira pelo Túnel Del Cristo Redentor – de quase três quilômetros – e
se toma, já em território chileno a descida de trinta quilômetros no curioso “Los
Caracoles” e suas 23 curvas de 180 graus! Honestamente, até aqui, já valeu a viagem!
No ponto de inspeção e controle da fronteira, o essencial é estar com seguro em dia,
a "Carta Verde”, que se adquire no Brasil, cobrindo precisamente os
dias em viagem no exterior, para não sair tão caro... Outras coisinhas como ter
dois triângulos de advertência para eventual troca de pneus, etc. É bom verificar
alguns dias antes da partida, esses detalhes. Talvez por sorte, em quatro dessas minhas
incursões ao Circuito Andino, fui “mordido” apenas uma vez na Argentina na busca de uma safada “propina”... Lá se foram US$ 20.00!
Uma vez no chile – todos pedágios pagáveis através de cartão de crédito –
o destino do dia é Pucón, em estradas de ótima qualidade, tanto que se passa praticamente
dentro da capital, Santiago sem tráfego urbano. São viadutos e túneis
que nos permitem passar a cidade a 110km por hora sem retardo nem preocupação. Serão nesse trecho, 1.138 km até o
destino que se faz em 12hs30min. Como sempre fiz esse trecho a passeio, a
pressa não viaja comigo! Então um pernoite em Talca ou arredores é bem conveniente!
Na bucólica Pucón recomendo ir com reserva de hotel – bom fazê-lo em
todas paradas, é claro - muitas pousadas com pensão completa ou apenas com café
da manhã incluso. A cidade por si só, é uma graça. Arquitetura colonial de procedência
alemã, bem mais bonita e elegante do que a tão badalada Bariloche na Argentina, quase quatrocentos quilômetros à frente!
Pucón é uma localidade que podemos reservar quatro a cinco noites de estada, tamanho cardápio de atrações existentes. Rafting, riachos de águas quentes, vertentes de pequenos rios, enfim! Mas a mais desafiante aventura está em escalar o Villarica!
A escalada exige um bom preparo físico. Trata-se de um “trekking” muito bem acompanhado por agências que fornecem todo material necessário e guias bem
treinados. São umas cinco horas de subida e recomendo fazer durante o
Verão, para que fique apenas uns 25% sobre a neve pesada. Maior parte em pedregulho áspero, mas ainda mais leve do que caminhar sobre sobre a neve fofa, podem apostar!
Chega-se ao cume exausto. São 2.847 metros acima do nível do mar e a falta oxigênio é muito marcante. O ar rarefeito produz uma falta de ar massacrante. Na chegada ao cume a euforia coletiva é indescritível. Uma “injeção de endorfina no sistema” leva a Alma a uma alegria e um espírito de vitória impressionante! Apesar da subida ser orientada por profissionais do ramo, tive uma surpresa negativa com um susto real na sequência. Os diversos grupos que por lá chegaram, tomados de cansaço, se jogaram ao chão e deitados, relaxam a contemplar a vista espetacular da cidade! Sensação de estar a bordo de uma aeronave.
O susto: Pois minha curiosidade me levou adiante. Segui a buscar a origem daquela nuvem de fumaça – na verdade um vapor com forte cheiro de enxofre – e me deparei sem nenhum aviso, nenhuma plaquinha de advertência sequer e eu estava diante de um buraco de duzentos metros de diâmetro e um penhasco aos meus pés assustador em solo de puro gelo. Ali, uma cratera com 100 metros de profundidade, de pura brasa e um “resmungar de voz grossa” com estalos de eletricidade terríveis! Trovoadas como os raios em tempestade severa vindas com aquela fumaça entorpecedora! A fúria de um vulcão, nos faz sentir minúsculos diante de tamanha força, tamanha energia! Uma das minhas mais incríveis experiências! Aventura imperdível!
Ainda voltei a Pucón anos depois, dezembro de 2005 com Elaine, mas sem tornar a escalar, que curiosamente dez anos mais adiante - março de 2015 - teve sua última e perigosa erupção! Todo aquele mar de fogo, a magma, assim que atinge a superfície e se derrama pelos lados da montanha (passa a se chamar de "lava"!), essa, quanto mais distante, melhor!
Maravilhoso relato. O Fausto é um globe troter!
ResponderExcluirMais um relato maravilhoso! Parabéns! "Viajei" junto contigo. Bidart
ResponderExcluirSempre boas viagens
ResponderExcluirUau, que viagem fantástica! E vc teve mais um livramento! Bom demais ler as suas crônicas, vc escreve muito bem.
ResponderExcluirInteressantíssimo !! Adorei !!
ResponderExcluirÉs um aventureiro... Que continues a narrar tuas excitantes viagens ...
ResponderExcluirSó aventura! Delicia! Adoro teus relatos! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻🥰🥰🥰🥰
ResponderExcluirBeijos Lina
Sensacional, uma aventura e tanto.
ResponderExcluirLindíssimo lugar!
Obrigado por compartilhar 👍🙏