Como prometido, estou enviando agora meu primeiro Conto de uma série que pretendo fazê-lo todas as quintas-feiras.
Minha proposta de hoje é um fato real, verdadeiro vivido por mim há quase cinquenta anos, um ano e pouco da minha vinda de Jaguari-RS para a capital Porto Alegre, na conhecida migração gaúcha em busca do Curso Superior, a almejada Faculdade!
Na próxima semana estarei contando das minhas primeiras "Férias Profissionais na Praia de Capão da Canoa"!
01 - O
490 e poucos da Rua dos Andradas
Durante alguns anos morei no modesto apartamento 902 de um quarto e sala na Rua da Praia
em Porto Alegre. Início da década de 70, dividia o custo com “Ike” e JED. O edifício até era novo. Quinze
andares com vinte apartamentos por andar. Era quase uma cidade. Apenas uma Família morava no prédio: Dona Helly, uma senhora respeitável e seus três filhos. O resto do edifício solteiros.
Predominava moças da difícil “vida fácil”, trabalhadoras em boates na Av.. Farrapos
e adjacências, putas mesmo. O sexto e sétimo andares eram exclusivos para viados,
lésbicas, frescos, sapatões, travestis, bichas e outras opções sexuais, que
respeito muito pela coragem e força ao superarem o preconceito comum, o que agora não vem ao caso.
Sem dúvida, o edifício era maravilhoso, honrava seu apelido de “Balança, Mas
Não Cai”, uma alegre, jovial e divertida espelunca...
Um
dia Ike e eu, aguardando o elevador, surge no do corredor de uns trinta metros –
chão molhado - uma bicha enorme. Coitado, quando a desgraça é pouca, nem vale a
pena! Imaginem duas características: Feio e pobre! Vinha cantarolando uma
musiqueta qualquer sem letra, só um:
“Lá-lá-lá”!
Sua voz fininha e delicada. Percebe-se quando uma mulher é exageradamente feminina, na cara que é traveco! "Ela" percebendo
que a observávamos com o canto dos olhos, reforçou sua vaidade no seu viés
feminino e cheia de graça, sensualidade, contrapondo com seus grossos e largos ombros
de atleta halterofilista. Braços de estivador, 1,90 m . de altura, biotipo
certo para segurança de deputado nordestino, comandante de milícia ou dono de
boca de fumo! Calça de brim suja, surrada e desfiada ao meio da canela. Delicada
blusinha branca transparente minúscula para aquele corpanzil atlético,
mostrando seus sutiens cor de rosa de adolescente, cabelos amarelos desfiados, maltratados
e amarrados com borrachinha de dinheiro, tipo “rabo de cavalo”. Os pés, ah os
pés! Uns 44 imundos em chinelo de dedos de borracha bem vagabundos comprados em
loja barata da Rua Voluntários da Pátria e em “fase terminal” de tão gastos. Os
dedões enormes, unhas pintadas em vermelho, ficavam fora do chinelo arrastando no chão
molhado.
Ao
chegar próximo de nós, que o observávamos em silêncio, a luz do corredor -
acionada no sistema “minuteiro” - se apagou ao que ele, ou ela, delicadamente
levou sua enorme mão a acendê-lo novamente.
- ÂÂÂÂÂIII!!!
Azar: Interruptor quebrado, fio
elétrico solto: Um puta choque elétrico que quase lhe arranca a mão. A
“mocinha” berrou uma vigorosa, manifestação! Vozeirão de trovoada a tremer parede. Foi-se a farsa! Entramos no elevador mudos.
Engolimos a risada cheios de medo daquele Hercules contemporâneo em cor de rosa!
Sim a Rua dos Andrada foi palco de muitas aventuras
ResponderExcluirMuito legal o teu texto e eu nem sabia que tinhas essa grande habilidade. Parabéns. Manda mais. Abs
ResponderExcluirBoa! Sou fã do Autor, conheço todos e garanto que a próxima vcs vão gostar.
ResponderExcluirParabéns Fausto. Excelente texto. Grande abraço.
ResponderExcluirAdorei, dei boas risadas.
ResponderExcluirMuito bom 😂😂😂😂
ResponderExcluirPróxima quinta-feira, dia 14/maio teremos mais e assim repetirei por algum tempo!
ExcluirDei muita risada imaginando vc nessa cena e a sua cara segurando o riso.
ResponderExcluirMuito obrigado. Pena que o blog não identificou teu nome... Amanhã estarei postando o segundo "Conto!"
ExcluirFausto, fiquei imagindo essa cena e a cena do chinelo,me lembra aquela máxima que diz- "colocar Porto Algre dentro de Viamão".ecreva mais meu caro amigo. Estou adorando.
ResponderExcluirBem escrito. Fausto.
ResponderExcluirAguardando o próximo.