quarta-feira, 3 de julho de 2024

 161) Festival de Balonismo em Torres!

Todo ano ocorre um movimentado e lindo Festival de Balonismo no RS, junto a cidade litorânea de Torres. Certamente a mais bela praia de mar do nosso Estado, com suas rochas que muito se assemelham às rochas de Cape Town, cidade ao Extremo Sul da África do Sul. Se observarmos no “Mapa Mundi”, há uma clara identificação de contornos litorâneos e comprovada semelhança ao tipo de rocha à beira mar das duas cidades nesses dois Continentes, que naquele ponto facilmente se percebe que num passado remoto foram unidos, deixando evidências de que a separação há milhões de anos aconteceu de fato, na remota América do Sul com o Continente Africano.

 


O balonismo: Na verdade, nem sempre a meteorologia coopera com esse magnífico Festival de Torres. Entretanto a Comissão que organiza, nunca deixou faltar atrativos dos mais variados a complementar – não a concorrer – com opções de lazer e outros tipos de visuais interessantes e um deles é a tradicional demonstração de paraquedismo. Nesse quesito, já estive "intimamente" inserido! E aqui começa mais uma crônica de minhas loucas aventuras pelo Céus e nuvens que tanto me encantam!

A Escola Evolução de Paraquedismo, a que pertenci, foi convidada a fazer parte desse festival, executando saltos de paraquedas no aeroporto de Torres, de onde os balões se organizam em suas coloridas decolagens. No primeiro dia, um lindo sábado ensolarado, ainda sem definição das revoadas de balões em virtude do vento reinante e por essa razão, para alegria dos paraquedistas, o foco se deu às nossas decolagens no ruidoso Cesna 210 a inundar com seu gostoso cheiro da queima de gasolina de aviação, a subir aos sete mil pés, para a "saída" dos atletas em seus paraquedas!  Esse tipo de "espetáculo", propicia um visual lindo. São os coloridos velames abertos e a excitante velocidade no momento dos pousos, a ponto de causar correria da meninada a assistir e vibar!

Nesse primeiro dia, foram programadas quatro decolagens com lançamento de cinco atletas em cada vez. Na primeira decolagem eu estava dentro. Seriam duas passagens numa altura de sete mil pés sobre o “alvo”. Esse, exatamente sobre o local do aeroporto onde a assistência estava postada a assistir ao espetáculo! Nessa decolagem a responsabilidade de Mestre de Salto, foi do experiente Chimendez. Foi dele a definição do PS (ponto de saída) decidido antes da decolagem, é claro. O Mestre de Salto, como regra, sempre será o último a sair da aeronave.

Esse PS, definido de acordo com os ventos “lá em cima”, a ponto de que se pouse com segurança no alvo desejado. De mão num pequeno mapa da área, ficou definido ser num ponto que se visualizava uma “determinada curva” do rio Mampituba, que marca a divisa entre os Estados de Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.

Decolamos e nuns quinze minutos atingido os sete mil pés de altura desejados. Chegando - supostamente - no PS, Chimenez “lançou” os dois atletas e na segunda passagem, depois de um círculo de trezentos e sessenta graus, voltávamos provavelmente ao mesmo PS e saímos os três restantes a voar.

Como diz na gíria popular: “Só que não”! Fomos visualmente enganados por "outra" curva do rio Mampituba, semelhante a planejada entretanto distante do aeroporto, muito próximo ao centro da cidade de Torres! Longe do alvo, longe do aeroporto!



Fizemos uma rápida “queda livre” e ao comandar abertura do velame, esse com aberto com perfeição, limpo com todas linhas esticadas! Passamos então à procurar o alvo para pouso quando surge uma dúvida cruel: “Cadê você, aeroporto?" Sumiu! Se escondeu da gente???Abaixo de mim e dos outros dois paraquedistas, Adir e o Mestre de Salto, só havia uma colorida cidade compacta de edifícios, casas e centenas de telhados, redes de eletrificação, ruas, automóveis, sem aquela maravilhosa área verde tão esperada e até do "amado" aeroporto. Naquelas alturas dos acontecimentos, só um aeroporto nos concede a tranquilidade de um pouso pacífico!

Inegavelmente, segundos de pânico, segundos sim, pois nesse ponto, as coisas tomam uma velocidade absurda... Uma decisão deve ser tomada, rápida! Não sei como exatamente, mas o cérebro alimentado por tanta adrenalina responde espontaneamente, com muita eficiência, felizmente!

Eis uma visão que tive uma visão fantástica, alvissareira propiciando uma identificação milagrosa: - Uma praça. Ou um pequeno campo de futebol em meio às casas com uma meninada jogando bola. Campinho pouco menor que uma praça de verdade! Se der tempo, é para lá que eu vou, e fui. Seguido pelos outros, rumei esperando que a altura restante fossem suficiente - e foi -  para meu voo chegar até o “novo alvo”! Creio que há uns trezentos pés de altura - aproximadamente cem metros - aliviado, cheguei, mas por óbvio os meninos jogando, não me viam, afinal de contas quem está jogando futebol, não olha para cima, olha para a bola e seus adversários! Fiz uma gritaria enlouquecida para chamar atenção dos pequenos atletas a  evitar choque:

- Sai de baixo gurizada!!!

E eles não deram a mínima ao inesperado aviso! Alguns até trocaram olhares curiosos, mas o jogo prosseguia inalterado, já desesperado, vociferei a plenos pulmões com palavrões para que dessem espaço para o pouso:

- Olhem para cima seus FDP!!!

Olharam! Deu correria e debandada geral do campo! Pouso tranquilo e a meninada nos cercando, “quase” pedindo autógrafos... A receptividade dos praticantes do esporte bretão foi alegre e alguns até com sinais de histeria! Afinal de contas, interromper um jogo em função de alguém estar pousando no campo era inédito. Raro, eu suponho... Nessas alturas dos acontecimentos, até nós achamos divertido!

Enquanto que o Adir pousou no pátio de uma casa ao lado da praça, na horta, para ser mais preciso! O “alemãozinho” veio ao nosso encontro num vermelhidão de tomate maduro. Sujo de terra, folhas de alface e couve esmagadas pelo seu macacão! Contou que a proprietária, sem nada entender, deu-lhe um severo “corridão”!

Desafio seguinte foi conseguir espaço em um coletivo, para viajarmos por mais de três quilômetros retornando ao aeroporto, sem pagar passagem pois não carregávamos recur$o$ naquela curiosa viagem! Na sequência, prosseguimos executando os saltos seguintes da programação, com a mesma alegria de sempre! Ficou mais um "salto curioso, que conto na "próxima quinta-feira" conto o resto!

12 comentários:

  1. Excelente. Fausto!
    Grande CHIMENDEZ,mais de 5.000 saltos.
    Completou 80 anos e. Janeiro. Saltando.
    Ivan.

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  2. Carlos Roberto Schnorr4 de julho de 2024 às 08:24

    Tudo uma loucura com muita adrenalina, foi mais forte que as rodas soltas do Sentra em Antônio Prado, naquela noite geladissima, também daria uma ótima crônica.
    Abraços fraternos

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  3. Deve ter sido um baita susto no primeiro momento, mas a sorte anda com os doidos.. rsss

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  4. Boa tarde “aventureiro dos ares”. Desconhecia essa sua qualificação. Meus cumprimentos, querido irmão Fausto. TFA . ‘ . Vilela. Cap. Aer. QATCV

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  5. Mas é arteiro esse menino..!
    Tem mais sorte que juízo... São muitas emoções q alimentam assuntos p teus "causos". Aguardando a próxima façanha... Abç

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  6. Haja adrenalina!! Essas suas aventuras são cheias de emoção! Suas vivências podem fazer parte de um livro...pense nisso.

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  7. Fausto, que adrenalina, haja coração!
    Vamos esperar a conclusão dessa aventura espacial.

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  8. Bahh Fausto!!!E
    Que baita e linda experiência de vida!!!
    São momentos que marcam e fazem valer a passagem por este mundo.
    A adrenalina deve ser insuperável, apesar de sabermos que as leis da física, a evolução da qualidade dos equipamentos e a técnica aprimorada tornam o esporte muito seguro.
    Valeu até pela façanha de bagunça com a pelada da gurizada. Assim como tu, nunca eles vão esquecer.
    Forte abraço

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  9. Não é só aqui que acontece sumiço da pista. Douglas Corrigan saiu de Nova York com destino a Los Angeles e foi parar na Irlanda. Uma experiência espetacular que para entender será preciso conhecer toda a história dele. Tua experiência tbm é espetacular.

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  10. Eu quero participar deste evento um dia deve ser lindo imagina com paraquedismo. O Fausto tem 7 vidas igual gato.

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  11. Kkkkkk, muito boa essa aventura, querendo saber o restante.

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  12. Excelente, Fausto! Aventuras inesquecíveis. Parabéns por mais um belo texto! Bidart

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